Π Rachel Elizabeth Dare – Conhecemos a Morte em pessoa.

Frio.

Estranho.

Sombrio.

Bem, se você não gosta dessas três palavras com certeza não vai se simpatizar com o Mundo Inferior. Ele é desse jeito que eu descrevi ai em cima, talvez um pouco pior.

– Argh, como aqui é frio. Nico, peça para seu pai comprar um aquecedor. – Grover resmungou. – Béééé! Como vamos achar Tânatos no meio desse corredor enevoado?

– BEM-VINDOS! – uma voz forte e imponente ecoou pelo espaço, vindo atrás de nós. Viramo-nos e um homem encapuzado apareceu diante das portas. Ele usava um manto escuro por cima dos ombros e caia até seus pés roçando de leve o chão. Parecia flutuar graciosamente em meio a escuridão. Ficamos todos preparados para uma possível batalha, porém ele não demonstrava agressividade, só continuou a falar. – Bem-vindos ao Mundo Inferior. Vi que vocês passaram por muitas dificuldades pelo caminho, mas agora... Sou eu quem decide. É a minha escolha. Quem passa pelos portões e quem fica pra trás. Eu sou Tânatos, o deus da Morte.

Ele deu mais alguns passos para frente e deixou seu manto cair, revelando como era realmente: ele usava somente uma calça de linho branca, estava descalço e sem camisa. Enquanto eu o observava, os outros faziam o mesmo, mas eu estava me perguntando por que, de repente, ele me parecia, de um modo muito estranho, tão familiar.

Sua pele era um marrom brilhante, parecia ser completamente macia e aveludada. Seus olhos eram grandes e castanhos, pareciam quase me convidar a chegar mais perto. Seus cabelos eram castanhos e caiam como se fossem dreads de um surfista sarado. Perfeito. Essa era a palavra que descrevia o deus. Ele respirava calmamente, fazendo os músculos de seu abdômen contraírem e relaxarem, parecendo muito convidativos.

Estava quase dando um passo quando me lembrei: foco. Missão. Salvar o mundo.

Balancei a cabeça e me concentrei no que importava. Nico deu um passo a frente e fez uma reverencia.

– Tânatos.

– Continue a falar, filho de Hades.

– O senhor já está sabendo de nossa missão. E também deve saber que ela já está quase concluída. Mas para nós acharmos as portas da Morte, precisaríamos se sua ajuda. O senhor é o deus da Morte e é quem cuida dos portões. Se nos ajudasse, não ficaríamos por muito tempo invadindo o Mundo Inferior e meu pai poderia não gostar muito disso.

Tânatos parou a nossa frente e andou de um lado a outro.

– 4 meios-sangues, um sátiro, o Oráculo de Delfos, a garota da Ilha – filha de Atlas e, bem... Três mediadores... Bem-vindos novamente ao Mundo Inferior. Bem-vindos de volta a Terra Das Sombras. Suzannah Simon, Paul Slater e... – ele parou por alguns segundos antes de pronunciar o nome de Jesse. – Hector de Silva.

E foi então eu algo me ocorreu: quando ele parou na frente dos mediadores e ficou encarando-os, eu percebi porque achava ele tão familiar. De repente não era sua beleza que me chamava a atenção. Eu fiquei extremamente curiosa e apavorada.

Tânatos era muito parecido com Jesse. O modo como andava confiante e as feições. Quero dizer, não eram extremamente iguais: o tom da pele, o porte físico [apesar de Jesse parecer bem forte, não se podia comparar ele com o deus da Morte. O deus da morte era forte e parecia ser feroz como um animal selvagem, como se esperasse um ataque surpresa. Já Jesse, era leve, muito ágil e rápido como um pássaro alçando voo, como já tínhamos percebido pelo modo que ele lutava] e até mesmo um olhar.

Mas não havia duvida, quando se olhava para os dois: eles pareciam ter um parentesco, mesmo sendo impossível.

– Bem, minha presença não será possível. Tenho muitas mortes para cuidar. Mas eu posso dar uma dica: em cada lugar do Hades há uma porta. Vocês acharão seus piores medos e duvidas por lá. Se conseguirem passar por todos os problemas, terão a glória e a admiração dos deuses. Se falharem, bem, eu acho que não precisarei dizer que os esperarei nas fronteiras da vida, porque vocês já estão na Terra Das Sombras.

E do mesmo modo que chegou, ele se foi.

Silenciosa e graciosamente.

Deixando-nos no corredor enevoado com uma duvida na cabeça. Será que conseguiríamos voltar?

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