The Stripper escrita por Annye, Raah Lima


Capítulo 9
Capítulo 8 – Boa Pessoa... Eu acho...


Notas iniciais do capítulo

Notas lá embaixo...



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P.O.V Bella


– Filha, você tá mesmo grávida? Quer dizer, do stripper? – perguntou mamãe se aproximando. Eu apenas neguei com a cabeça, enquanto ainda encarava os testes. Ela então arregalou os olhos, abriu a boca e encarou Alice.


– Allie, você está grávida? – Ela também negou com a cabeça. Ela fez uma careta, como se ainda não tivesse entendido. – Então o que deu nesse teste? – Ela foi até Alice que estava do lado dela, e quase caiu pra trás. – O-o-o-o-me-me-meu-te-teste-de-de-deu-po-po-si…

– Yeah. Você tá gravida tia. – Alice confirmou, e minha mãe foi até a cama e sentou lá com um baque. Eu fiquei parada no batente da porta do banheiro, sem saber o que fazer. Quer dizer, minha mãe, gravida? De repente ela começou a rir. Não, rir era pouco, gargalhar era mais correto.


– Tudo bem, a piada foi engraçada, mas já chega. Você trocou os adesivos né Alice? – Ela apenas negou de novo, fazendo minha mãe parar de rir. – Olha, tem alguma coisa errada. Definitivamente eu não estou gravida. Eu não posso estar gravida, eu… - Ouvimos alguém bater na porta.


– Bella? – Maria sussurrou (acho que com medo de eu estar dormindo ainda). – Dona Renée, a senhora esta ai? – Dizia ela ainda sussurrando.


– Er… Sim, ela está aqui Maria. – Eu disse alto, e sai do batente da porta do banheiro entrando nele, e me livrando dos testes. Allie veio logo atrás fazer o mesmo.


– Seu pai tá esperando vocês duas para o café.


– Já-já estamos descendo. – Eu respondi, e logo ouvi os passos de Maria se afastando. Minha mãe ainda estava na cama com uma cara perplexa no rosto, Allie estava sentada em seu pufe, e eu nem sabia o que fazer. Decidi ir lá consola-la.


– Eu não posso acreditar que vou ser mãe. Quer dizer, eu tenho idade pra ser avó! – Disse ela se levantando e parando em frente ao meu espelho. Ficamos em silêncio por uns segundos, até que minha mãe de repente mudou sua expressão de perplexa, para maravilhada, e disse com as mãos no ventre: - Ai meu Deus eu não posso acreditar que vou ser mãe! Céus, eu esperando ser avó, e me descubro mãe! – Ela agora não parava de sorrir.


Eu não gostei nada disso. Não que eu não estivesse gostando da alegria de minha mãe, mas e se fosse um engano? Criar expectativas e descobrir que fora um erro a deixaria muito mal. Eu não era tonta, sabia que Renée sempre quisera outros filhos, e não me opunha de forma alguma a eles. Mas ela não era tão novinha, e eu não me lembrava de muitas gravidezes na idade dela. Não me lembrava de nenhuma na verdade. Imagina se quando ela for ao médico ela descobre foi engano? Ou pior, que está na menopausa (Que pra Renée seria duas vezes pior, já significaria sua velhice avançando mais um estagio).


– É verdade tia… Um bebê. – Disse Allie se levantando do pufe. – Um bebezinho lindo, gordo, com cheirinho de bebê… Aiii Meu Deuuuus um bebêeeeeeee!!! – Para o meu desespero ficha de Allie caiu, e ela quando se empolgava com alguma coisa era impossível de parar. Céus, agora mesmo que eu não podia se quer imaginar que essa gravidez pudesse ser engano – Ai que lindo, tia, um bebê, e com um pai que não é um stripper. – Revirei meus olhos; eu ainda pegava aquela baixinha no tapa. – Céus, nós vamos precisar de roupinhas, muitas delas, e o quarto. Ah, tia você vai me deixar fazer o quarto né? – Minha mãe apenas assentiu, enquanto fazia carinho na barriga e olhava no espelho. Ai, agora mesmo que eu estava muitíssimo preocupada. Só falta mamãe falar que já pode sentir o bebê. – Bom primeiro nós temos que ver o sexo, mas se for menino nós podemos fazer azul; pensando bem, melhor não, é muito cliché. Eu li em uma revista que cores vivas eram boas em quartos de porque passavam energia, então que tal laranja? Mesmo que clarinho sabe? Eu acho que ficaria legal, e podemos colocar um papel de parede pra…


– PARA! – Eu disse enquanto Allie ainda tagarelava, e mamãe agora prestava atenção nela.


– Não se preocupe Bells, eu posso renovar seu quarto também. – Allie disse pra mim, e antes que ela voltasse a tagarelar eu continuei.


– Alice, quieta. Gente, vocês não acham que isso é assim, só um teste de farmácia pra confirmar tudo. Esses testes dão errado as vezes.


– Bella, mas foram três, e…


– Alice, ainda são só testes de farmácia. Mãe, a senhora não quer confirmar em um médico primeiro? – Minha mãe, que não tinha parado de sorrir, desde que tinha aceitado (muito bem, até) que estava gravida. Mas ela parou de sorrir, um tempo depois que eu disse isso. Acho que ela entendeu minha intenção…


– Você acha mesmo que pode ser um engano? – Ela dizia com a voz triste. Nossa, eu odiei ver ela triste. Até me deu vontade de dizer pra ela esquecer o que eu falei; mas eu sabia que seria bem pior se ela criasse sonhos e mais sonhos com uma criança e no final ela não tivesse uma. Tentei então falar com jeitinho

.

– Mãe, vem cá. – Disse puxando ela pra cama. – Olha mãe, não estou dizendo que você não está gravida; quer dizer, pode acontecer não é? – Eu disse olhando para Allie, e ela apenas assentiu, e ao julgar por sua cara, ela também tinha entendido minha preocupação. – É só que… Bem, se você estiver gravida, precisamos cuidar desse bebê, certo? Uma gravidez depois dos quarenta deve ser de risco…


– É tia, a Bella tem razão. – Allie logo veio em minha ajuda (depois de ter me atrapalhado, mas ok). – Eu sei o quanto é animador um bebê, mais antes de qualquer coisa, vamos checar sua saúde. Vamos hoje mesmo, Bella, você e eu no hospital.


– Certo meninas. Vocês estão certas. Quer dizer, eu sou uma velha, é bem mais provável que eu esteja na menopausa do que gravida não é? – Ela disse começando a chorar. Eu ainda temia uma gravidez falsa, mais uma coisa era certeza: minha mãe nunca mudara tanto de humor em tão pouco espaço de tempo.

– Mãe, sem conclusões precipitadas, tá? – Eu disse tentando acalma-la.


– É tia, a única coisa que temos que nos apressar agora, é pra descer e tomar café. E antes do almoço nós falamos para o tio Charlie que vamos ao “shopping” – Allie disse fazendo aspas no ar. – E aí sim resolvemos esse assunto.


– Certo. Vamos meninas. – E então nós descemos pra tomar café.


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– Falta quanto tempo Bella? – Mamãe me perguntou de novo. O exame demorava entre uma e duas horas pra ficar pronto, mas minha mãe insistia em me perguntar o tempo de três em três minutos.


– Acalme-se mamãe! Ficar nesse nervosismo todo não ajuda nada. – Ela não parou quieta nem pra tirar sangue (o pobre enfermeiro não sabia nem o que fazer com os roxos que ficavam no braço dela quando ela resolvia se mexer com a agulha espetada. Fiquei com dó dele). Nós tínhamos que esperar algumas horas, e quando pegássemos o exame iriamos voltar para o consultório da Dra. Rachel Black. Eu particularmente gostava muito de Rachel, mas devido aos… problemas com sua família eu não me senti confortável de pedir pra eu fazer um exame de sangue que me deixasse livre da minha possível gravidez – eu na verdade me sentia tão desconfortável que nem eu, nem Allie entraríamos com minha mãe no consultório (apesar da curiosidade de Allie estar nas alturas).


Nesse instante, eu além de nervosa e impaciente, tinha que lidar com mamãe e Alice que estavam euforicamente esperançosas por um bebê, e por isso não paravam no lugar. Nós já tínhamos andado o primeiro andar de um shopping inteiro, e elas não aguentando de ansiedade voltaram para o hospital; agora Allie andava pelo corredor da sala de espera do laboratório do hospital, enquanto mamãe sentada ficava se remexendo na cadeira, estralando os dedos, fazendo sons irritantes e tudo mais que ela fazia quando estava apreensiva.


– Sra. Swan? – Chamou a secretaria assim que o enfermeiro deixou alguns envelopes em sua mesa. – Aqui está o da senhora. Espero que dê tudo certo. – Disse a moça sorrindo.


– Obrigada. – Minha mãe também sorriu para ela assim que pegou o resultado. – Você tem certeza que não quer tirar a duvida? – Disse minha mãe olhando para mim enquanto balançava o envelope branco em suas mãos. Revirei os olhos.

– Como se você e Alice pudessem esperar um segundo mais por alguma coisa. – Eu disse e dei um pequeno riso. Na verdade, o que eu mais queria era a confirmação (ou melhor, a negativa) de que Edward – o jardineiro, também conhecido como o Sr. Stripper. – seria pai. Mas era melhor lidar primeiro com a possível gravidez de minha mãe.

– Tudo bem então. Vocês me esperam no carro? – Minha mãe nos perguntou, e Allie e eu apenas assentimos.



P.O.V Rosalie


Eu tinha a mais absoluta certeza que conhecia o atendente mal educado de algum lugar, mais de onde? Será que ele tinha feito faculdade comigo?


– Rose querida, eu acho que ainda não fomos por aquele lado. – A tia Esme disse chegando e apontando na direção do parque. Ela pegou uma das águas que estavam sobre o balcão, enquanto eu ainda estava parada tentando ligar alguém ao atendente. – Ué, querida o que está esperando? – Ela me questionou. Sai do transe e achei melhor continuar a busca.


– Er… Um atendente. – Eu disse, mas reparando que ele não estava em lugar nenhum na minha frente. Hã? Será que ele era mutante? – Ele deve ter ido pra outro lugar. – Disse balançando minha cabeça. – Vamos logo que eu quero achar o cabeça de ovo do Edwa… - Nessa hora uma lâmpada acendeu em minha cabeça. Burra, burra! Era ele. Era o Edward bem naquele quiosque. Não interessava quantos anos eu não o via, o cabelo jamais mentia.


Assim que virei pra trás ele se levantava aos poucos do balcão. Eu olhei feio pra ele. Não sabia se ele se lembrava de mim ou não, o que interessava é que ele lembrava muito bem de tia Esme, e por isso levaria uns bons tapas pra aprender a não magoa-la. Ele se virou pra mim e fez um sinal pra eu ficar em silencio e depois apontou pra titia. Eu apenas arqueei uma sobrancelha e fiquei com um olhar questionador. Ele me implorava por meio de sinais, e eu fiz um sinal de depois.


– Rose? Querida, vamos? – Disse minha tia, já longe.


– Já estou indo tia. – Eu falei também e ela se virou e continuou andando. Virei-me para Edward, fazendo sinais, (hoje, mais tarde). Eu ia tirar aquela historia a limpo, ah se ia.


P.O.V Renée.


– Com licença? – Eu disse entrando no consultório de Rachel; foi um alivio para mim que ela estivesse atendendo hoje. Bella não gostou nada da minha escolha, mas eu não consegui pensar em alguém melhor do que ela para confirmar minha possível gravidez (afinal de contas, Rachel era minha amiga há anos). Eu queria ter certeza de que não iriam rir da minha cara, ou me internarem ou acharem que eu estava bêbada quando eu pedisse para fazer o exame de sangue para confirmar minha gravidez – porque alguém da minha idade engravidar e ainda por cima de forma natural era uma loucura. Eu mesma quase não acreditava.


– Sente-se logo Renée, sem firulas. Eu estou tão empolgada! – Dizia a Rachel. Por incrível que pareça ela não estranhou nem um pouco. Talvez não fosse tão estranho quanto eu pensava.


– Você acha possível? Quer dizer, eu tenho a idade que mostra a ficha. Eu sei que parece que eu tenho bem menos, mas a realidade é essa. – Rachel riu.


– É possível sim Renée. Mas antes de qualquer coisa, vamos para confirmação definitiva. Posso? – Ela perguntou pegando o envelope lacrado que estava com o resultado do meu exame dentro. Eu apenas assenti enquanto mordia os lábios.


E expressão dela – que estava animada – ficou ainda maior com um sorriso, e ela logo deu a confirmação que eu precisava.


– Parabéns Renée. Eu fico muito feliz por você. – Disse Rachel dando a volta na mesa e me abraçando.

Eu continuei inerte e algumas lagrimas rolaram pelo meu rosto. Eu estava gravida. Céus, eu estava mesmo gravida. Eu mal conseguia caber em mim de tanta felicidade. O sonho que eu abandonara a quatorze anos atrás, finalmente realizado. Ah, Charlie ficaria tão feliz! Eu estava tão feliz!


– Renée, está passando mal? – Rachel com uma cara preocupada, bem próxima a mim me despertou do meu momento feliz.


– Não, na verdade eu estou tão feliz que mal consigo expressar. Serei mãe Rachel! – Eu disse me levantando e indo abraça-la. Ela correspondeu o abraço prontamente.


– Eu estou muitíssimo feliz por você Renée. Mas agora se sente, vamos tratar da saúde sua, e do bebê. – Enquanto eu me sentava e Rachel dava a volta na mesa um pensamento me dominou. Eu não sabia o porquê desse pensamento, só sabia que agora eu já não suportaria a ideia de não ter um bebê comigo daqui a nove meses. Eu já ansiava por ele, e pensar que eu não conseguiria trazê-lo ao mundo me apavorou.


– Rachel, antes de tudo – eu disparei assim que ela se sentou – queria saber se… - Eu hesitei. Quase não me restou coragem para falar meu pensamento, de tão forte que foi o frio em minha espinha (e só por cogitar a ideia). – Se… Se eu tenho boas chances de levar essa gravidez até o fim. – Soltei de uma vez. Eu não conhecia ninguém que tivesse tido um filho na minha idade. Talvez eu pudesse ter visto isso em alguma novela, mais de vista mesmo, ninguém. E então de repente o arrepio ficou mais forte. Eu queria tanto esse filho, uma dadiva que me foi dada de uma hora para outra – e que me deixou mais surpresa até que minha primeira gravidez. Eu levei minhas mãos para o meu ventre, como se assim eu pudesse proteger meu bebê. Eu me sentia muito confusa e com medo, mas eu estava disposta a qualquer coisa por meu bebezinho.


– Querida, - disse Rachel me tirando de devaneios – eu não vou mentir para você. Gravidez depois dos quarenta é mais arriscado do que uma aos vinte e cinco. Mas se a gravida de vinte cinco não tomar os devidos cuidados, e a de quarenta sim, as duas vão estar empatadas. É tudo uma questão de se cuidar. – Ela disse para me confortar, e adiantou. O medo foi embora da mesma forma que chegou, afinal de contas eu faria tudo pelo meu bebê e temores infundados não me fariam nada bem agora.


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Assim que eu encontrei Allie e Bella na recepção com a confirmação definitiva da minha gravidez foi uma barulheira, e por incrível que pareça, nem mesmo Bella se segurou e deu um show junto comigo e Alice. Mas é claro que assim que a recepcionista veio nos alertar que estávamos em um hospital ela se recompôs rapidamente e conseguiu conter nós duas. Às vezes até parecia que ela era a mãe, e não eu. Bom, por via das duvidas eu tinha que fazer essa criança ser mais irresponsável que eu, assim pareceria apenas que a Bella que era muito chata.


Assim que saímos do hospital Alice queria ir ao shopping comprar algumas coisas para o bebê – confesso que só de pensar em roupinhas de bebê meus olhos brilhavam, dava vontade de chorar de emoção e ir correndo comprar um monte de todas as cores para garantir. Porem, Bella disse que eu não devia me esforçar muito, e quando eu e Alice saiamos para as compras, não acabava antes de todas as lojas fecharem e os seguranças do shopping ter que nos expulsarem. Dessa vez eu tive que concordar com ela, até porque uma das recomendações de Rachel foi de que eu não me esforçasse muito – exercícios físicos foram cortados, até que ela fizesse os primeiros exames e o ultrassom (que foi marcado já para segunda-feira).


O que me faz lembrar que eu tenho que contar hoje mesmo pro Charlie.


No fim das contas meu consumismo junto do de Alice venceu. Nós estávamos indo em direção da mansão quando vimos uma loja de artigos infantis – com uma vitrine com muito de vestidinhos e macacãozinhos para bebês. Allie que estava dirigindo, então foi muito fácil parar.

Bella não nos deixou nem começar a fazer compras, ela disse que só tínhamos meia hora, e ela ficou em cima pra cumprir sua palavra. No fim Allie tinha pegado um body branco com a estampa da turma do Ursinho Pooh (numa versão também infantil), uma calça laranja (não forte, da cor da pele do ursinho) e um arquinho com as orelhas do urso (no caso de ser uma menina – disse Alice). “Não é muito original, nem tão bonito, mas e unissex e é o que podemos fazer com o tempo que a Bella nos deu.” Disse Alice ranzinza. Eu ri, na verdade eu tinha adorado. Eu podia imaginar meu bebê – fosse menino ou menina – usando essa roupinha. Já Bella, apesar de fingir não gostar estava adorando. Os olhos até brilhavam. E enquanto estávamos nos dirigindo para o caixa com as compras de Alice, ela viu a sessão das pelúcias. Bella sempre gostou de ursinhos de pelúcia, e se agora o quarto dela estava vazio deles, e porque ela levara todos para o apartamento dela (os tadinhos devem ter morrido afogados). Então inspirada por Alice, ela comprou um ursinho Pooh com traços infantis, só que de um tamanho grande demais pra um bebê – serio mesmo, acho que só daria pro meu filho ficar no tamanho daquilo quando tivesse uns três anos.

Eu não ia comprar nada, mas assim que chegamos à fila do caixa e eu olhei para o lado vi uma prateleira de sapatinhos. Meu primeiro pensamento foi “Que merda uma prateleira de sapatos faz aqui?!”. Mas assim que prestei mais atenção o vi: o par de sapatos mais fofo do mundo. Tá, com certeza não era o mais fofo do mundo, mas assim que eu olhei pra ele pensei no meu bebê usando. Tive que segurar minhas lagrimas bobas. O sapatinho era a coisa mais pequena e delicada que eu já vira – amarelinho de lã. Nem pensei duas vezes, e comprei o sapatinho. Agora eu entendia a prateleira de sapatos: uma armadilha para mães descontroladas nas compras e instáveis emocionalmente. Perspicaz.


Eu não podia estar mais feliz com os primeiros presentes do meu bebê.


Principalmente pelas pessoas que o presenteou. Nos primeiros instantes eu fiquei preocupada com a reação de Bella quanto minha gravidez, mas depois da minha confirmação definitiva, pude ver que era só preocupação da parte dela e que ela estava realmente feliz e me apoiava. Alice era como uma segunda filha, uma extensão dos Swan’s; e graças a Deus ela é a pessoa mais positiva do mundo – como eu. Na verdade acho que seria muito difícil Allie desaprovar alguma coisa – principalmente se ela envolve montar enxovais, guarda-roupas e quartos.


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– Filha, mamãe está gravida. Por favor. – Eu fazia um bico enquanto jogava muito sujo. Estávamos eu, Allie e Bella na mesa do jantar (onde eu esperava Charlie para contar a novidade). Eu tentava a todo custo convencer ela a ir comigo no meu primeiro ultrassom, eu queria muito ela lá. No entanto Bella resistia por causa de Rachel. Claro o problema não estava exatamente em Rachel, e sim no filho dela, mas eu já tinha desistido dessa história faz tempo.


– Mãe, para com isso, eu já te disse que pra mim seria muito… complicado.


– O que seria complicado? – Meu marido chegou, nos assustando.


– Er… Nada não papai, nada não. – Bella deu um sorriso amarelo.


– Hum… Sei. Ah Bella, falando em complicado, depois passe em meu escritório que eu preciso falar com você. – Alguma coisa sobre os negócios provavelmente. Ele ainda não tinha passado nada de sua empresa pra Bella ainda porque queria que ela se concentrasse totalmente nos estudos. Ele mimou tanto ela, que eu sentia muito orgulho da minha filha por ela ainda querer trabalhar. – Pensei que vocês tinham ido ao shopping. Porque voltaram tão cedo?


– Resolvemos economizar. – Allie revirou os olhos, provavelmente se lembrando de Bella na loja, cronometrando cada segundo. Nessa hora Maria chegou com o jantar que eu mandei fazer especialmente para Charlie. Confesso que eu estava muito nervosa para

contar pra ele, e como tinha que ser rápido resolvi fazer isso de uma maneira simples.

– Palm Beach Fish e o Fusili especial Swan? O que está acontecendo aqui? – Charlie perguntou assustado. – Céus, deixe-me adivinhar, eu vou chorar na próxima fatura do cartão de credito, não é? – Perguntou ele resignado olhando pra mim e pra Bella.


– Na verdade não papai. Não é nada que use dinheiro… diretamente… ainda.


– Bella, do que você está falando? – Charlie perguntou com os olhos arregalados e ela apenas olhou pra mim sorrindo, como se tivesse me encorajando.


– Bom… Er… Hum… Como vou te dizer? – Eu enrolei.


– O que aconteceu? Vocês estão me deixando muito preocupado. Digam-me logo o motivo de não ter ido ao shopping e ainda por cima ter feito Palm Beach Fish. – Ele me conhecia muito bem. Sabia que eu não recusava compras, nem gostava daquele peixe com gosto de areia. Então porque eu estava tão hesitante em contar?


– Na verdade tio Charlie, nós não fomos para o shopping hoje, e sim para o hospital. – Disse Allie, com um olhar que dizia “agora é só terminar”.


– Hospital? O que vocês foram fazer lá? Tem alguém doente? – Ele disse perguntando para mim e Bella. Puxei o folego e decidi que ia falar. Um, dois, três e já.


– Na verdade fomos fazer um teste de gravidez. – Eu disse e ele arregalou os olhos. – E deu positivo. – Emendei. Nesse momento eu pude ver Charlie começar a ficar vermelho, depois roxo, depois azul. Nossa, começou a me dar enjoo ver ele com aquela aparência de quem estava se sufocando, mais eu aguardei pacientemente até ele aceitar a ideia. Então ele soltou de uma vez:


– EU NÃO POSSO ACREDITAR NISSO ISABELLA MARIE SWAN! Como você engravida agora? Mal começou a trabalhar, e… Não tem idade pra ser mãe ainda! Quem é o pai, me diz?


– Pai, eu não estou gravida! – Bella gritou de volta, mais não tão alto como ele.


– Não? – Ele disse já começando a se acalmar.


– Não, mais se eu quisesse… Argh, eu não vou discutir agora, sorte sua ter coisas mais importantes. – Ela disse pra ele, do mesmo jeito que ele tinha brigado com ela. Os dois eram tão parecidos que até me emocionava. Charlie então se acalmou, voltou a sua cadeira (da qual ele tinha pulado na hora da explosão) e então veio à expressão de entendimento junto com outa expressão (eu esperava felicidade, mas estava mais pra compaixão).


– Alice querida, você está… Quer dizer, já contou para os seus pais? Já contou para Jasper? – Ele soltou as perguntas de uma vez, do mesmo jeito que fez com Bella, só que dessa vez com a voz totalmente calma.

– Er… Tio, eu não estou gravida. – Allie respondeu. Charlie então se perdeu em pensamentos, como se tentasse organiza-los para entender.


– Hãn, espere, Rose foi com vocês? – Ele perguntou e todas nós negamos com a cabeça. – Jessica? Lauren? Alguma menina nova?


– Não papai. As únicas que foram foi eu, Alice e a mamãe. – Bella sorriu, pela resposta que deu para o enigma do Charlie. Eu também sorri pra ele, em expectativa. Ele olhou para mim, para Bella, para Alice, olhou para frente, e começou a me encarar, e de repente desceu os olhos para minha barriga, como se estivesse se perguntando. Eu apenas assenti para a pergunta que ele fez com o olhar, e ele ficou simplesmente congelado. A sala estava em silencio, todas nós esperávamos a reação dele.


– Renée vo-você está…?


– Gravida. – Afirmei, com um sorriso. Charlie ficou imóvel, enquanto processava a informação. Depois de um minuto – que pareceram horas, devido minha ansiedade – Charlie finalmente fez alguma coisa. Ele saiu de sua cadeira, com um enorme sorriso, veio até a mim e me beijou – como se pudesse expressar toda a sua felicidade nesse beijo. As meninas também sorriam enormemente. Elas também estavam felizes. E eu, não tinha nem como expressar minha felicidade. E tudo por causa de meu bebê. Tinha como não ama-lo?


P.O.V Edward


Eu realmente estava preocupado quanto à ‘visita’ que eu receberia mais tarde. Rose – agora confirmado que era a minha priminha que eu não via há uns dez anos – tinha me visto, e ela estava com minha mãe. Eu esperava que ela não tivesse contado nada, eu ainda não queria ver minha mãe. Se ela me visse e visse meus trabalhos, não ia parecer que eu tinha conseguido me virar bem quando decidi sair de casa – nos meus parâmetros antigos, eu estava mau mesmo, mas se tratando de jovens da minha idade que não nasceram em berço de ouro, eu estava bem.


Passei o dia inteiro preocupado, que quando fui notar já era hora de fechar o quiosque – e o vagabundo do Emmett não tinha aparecido aqui hoje. Quando estava caminhando entre as mesas fixas na areia, pude ver os cabelos loiros que eu temi o dia inteiro. Respirei fundo e fui lá de uma vez falar com ela.


– Acho que alguém tomou fermento com agua oxigenada. – Eu cheguei brincando com ela. Ela me encarou com a cara fechada e falou:


– Não estou com graça para você Edward Cullen! O que você pensa? Viu sua mãe hoje? Sabia que ela está preocupada com você? Como você some por um ano, sua besta? – Ela dizia brava, e a cada insulto ela gesticulava e tentava me acertar com um tapa. –E ah, quem devia tomar agua oxigenada é você, pra ver se chega ao cérebro e melhora a sua capacidade.


– E isso é jeito de me tratar Rosalie? Quando foi a ultima vez que nos vimos? Isso é jeito de falar com a família? Tenho certeza que tia Lily ficaria bem desapontada com sua atitude agora. – Eu disse pra ela.


– Ah, quer falar de tias desapontadas? Tinha que ver como está tia Esme. Eu ainda não acredito que você teve coragem!


– Olha Rose, você não sabe de nada, tá legal? – Eu explodi. – Não saí de casa por causa de minha mãe, e eu não fico nada feliz de saber que eu a magoei, mas foi preciso ok? – Eu disse pra ela. Eu não tinha noticias de minha mãe há muito tempo, mas eu não precisava ser muito inteligente pra saber que ela tinha ficado péssima com minha ida. E agora ter essa confirmação inesperada me fazia ficar pior.


– Hum… Me… Me desculpe Edward. É que… hoje eu falei com tia Esme, e ela estava mesmo mau. Eu só queria entender o motivo de você ter saído desse jeito da casa de seus pais…


– Você já contou pra Esme que eu estou aqui?


– Não. Na verdade, você que disse que vinha todos os sábados a Santa Monica. – Eu olhei de forma questionadora.


– Longa historia… Aliás… Er... E você tem trabalhado de que? – Ela pareceu fazer uma piada. Eu achei melhor acreditar que ela estava falando do trabalho no quiosque.


– Que tal uma troca justa? Eu te conto o que aconteceu e você não me entrega pra Esme. Feito? – Disse estendendo a mão pra ela.


– Isso vai depender de quanto sua historia me comover.






Eu tinha ficado muito feliz de ter conversado com Rose. Era como ter uma parte da minha infância e adolescência de volta.


Claro que meu momento de lembranças felizes acabou assim que ela me contou do motivo de minha mãe estar em LA. Por um momento eu até quis ir atrás de minha mãe e dizer pra ela não ligar, e que com certeza ela seria muito mais feliz sozinha. Porém mudei de ideia assim que Rose me contou aonde eu tinha encontrado minha mãe. Cara, só eu mesmo pra conseguir ser stripper na despedida de solteira da minha prima e não ter notado. Confesso que senti até um frio na espinha de pensar que Rosalie na verdade era a noiva – e não Bella, - logo, em tese, era pra eu ter transado com ela. Eu tinha ficado feliz com o que quer que tenha acontecido para Bella ter trocado de lugar com Rose; e eu tentava a todo custo convencer a mim mesmo que minha felicidade tinha a ver com o fato de que agora eu tinha certeza que eu não era um tarado que não perdoava nem as primas, e não pelo fato de que se fosse diferente eu não teria conhecido Bella. No fim das contas combinamos que ela não falaria sobre minha “profissão” mais apelativa e eu não comentaria sobre a sua despedida.


Por fim ela disse que daria um tempo, tentaria distrair Esme, mas que não iria me esconder dela por mais de um mês. Eu concordei com isso também. Eu queria mesmo falar com minha mãe, mas quando isso acontecesse eu queria estar preparado.


Despedimo-nos já de noite, mas não sem antes Rosalie perguntar de novo sobre a exposição; dessa vez eu fui mais educado, e disse pra ela passar aqui amanhã, Emm estaria aqui – e sozinho pra aprender a não sair pra vadiar enquanto eu cuidava da espelunca.


Foi estranho e bom conversar daquele jeito com Rose. Acho que a ultima vez que nos vimos foi em um natal. Eu devia ter uns treze ou quatorze anos, e minha diversão era atazanar ela, e Jazz é claro me ajudava. E por incrível que pareça, nossas mães preferiam se um estivesse implicando com o outro, porque quando juntava nos três, mas algumas crianças da vizinhança… Era terrível. Até hoje me lembro do dia em que colocamos fogo no jardim da vizinha deles – Sra. Margareth, uma velinha. Eu sei, foi vandalismo dos fortes, não era pra ser engraçado. Mas nos éramos aprendizes de playboys e patricinhas, e a velha era muito chata. Ela tinha um quê de mulher francesa, que fazia biquinho pra tudo, e gostava de nos encarar de cima a baixo, e chamava as crianças de “pequeninos desastres da natureza”. Faze-la sair gritando “FOGO! FOGE! FIFIIIIIII!” (Fifi era uma cadela feia pra burro que a velha tinha), foi à coisa mais engraçada da minha vida. Bons tempos.





Como prometido, eu não fiz nada no domingo, fora dormir, assistir os Giants contra os Dallas, beber e me preparar psicologicamente para o que tipo de tortura a “Srta. Swan” planejava para amanhã.


Quando Emmett chegou estava feliz. Muito feliz pro meu gosto

.

– E ai cara, como vai levar a ideia maluca pra frente? – Eu perguntei assim que ele se sentou na poltrona e pegou uma garrafa de cerveja.


– Vou sim. – Ele dizia com uma cara mais besta que o normal.


– E porque você está parecendo um idiota?


– Olha, eu só não fico bravo por você ter me chamado de idiota, por causa de Rose. Foi muito bom reencontra-la. – Arqueei a sobrancelha.


– Rose? Minha prima Rose? Posso saber de onde você a conhecia?


– Ora da despedida de solteira. – Ele dizia como se fosse obvio. Espera ai, Bella tinha dito que a noiva também tinha transado com um stripper (para o bem de Rosalie só tinha me lembrado agora) e se Rose era a “amiga” que Emm tinha falado…


– EU NÃO ACREDITO EMMETT! VOCÊ TRANSOU COM MINHA PRIMA??? – Eu disse muito puto num surto

.

– Ah, pela segunda vez no dia, não, eu não transei com ela… Historia longa. Mas me diz, vocês eram próximos? – Ele me perguntou, com segundas intenções.


– Olha, tira o seu pangaré da chuva. Rosalie está noiva, e mesmo que não estivesse jamais teria alguma coisa com um stripper/dono de quiosque falido sei lá o que você faz da sua vida. – Eu disse rindo dele. Desde criança as opções de casamento de Rosalie são atores, empresários, herdeiros ou o príncipe Harry.


– Ah Edward, não se mete nisso tá. Eu não fico me metendo no lance entre você e a patricinha louca.


– Bella e eu não temos nenhum lance. Ela não gosta de mim e quer me ver morto. Ponto final.


– Ah, nem vem. Ela faz isso pra chamar a sua atenção e você a chama de louca porque tem medo que ela te dê um fora, mas a grande verdade é que vocês querem é repetir a dose.


– O que tem dose é remédio Emmett; Bella já deixou bem claro que o que aconteceu entre nós foi um acidente. E para de falar de mim que o alvo em questão é você. Nada de gracinhas com Rosalie. Família sempre é família, e não quero minha priminha perdendo sua honra e caindo na lábia de um Emmett ou o sinônimo: qualquer merda.


– Há, tá engraçadinho né Edward. Mas não se preocupe, eu prometo que não quero fazer graça com ela. – Ele dizia com um sorriso estranho no rosto. Eu não gostei nada…


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Segunda-feira eu tive as maiores surpresas da minha vida. Logo que cheguei notei de Johnson e Maria estavam com caras preocupadas que permaneceram o dia inteiro. Eu trabalhei muito, e nem tive sinal de nenhum Swan. Então na hora do almoço não aguentei mais minha curiosidade e perguntei de uma vez:


– O que está acontecendo aqui? – Foi Maria quem respondeu.

– Achamos que tem alguém doente.


– Vocês dois? – Eu perguntei um pouco preocupado.


– Não, dona Renée, ou Bella. Não sabemos quem, só sabemos que ontem elas foram ao medico, e hoje elas foram de novo. – Eu fiquei muito preocupado com Bella. O que será que ela tinha? Ela ficaria bem? … Por uma questão pessoal, é claro. Eu e Bella tínhamos ficado muito “próximos” nesses dias então se ela estivesse doente, eu também poderia estar. Mas era só por isso.


– Vocês sabem de algo? O que é?


– Não. Estou muito preocupada. – Maria dizia.


– Você se preocupa demais. Não caia na dela Edward, se estiver acontecendo alguma coisa vão nos contar, então não adianta sofrer por adiantamento. E deve ser só uma gripe… - Johnson falava olhando para Maria.


– Está certo, mas gripe também mata. – Ela respondeu. Confesso que engoli em seco nessa hora.


O resto do dia se passou comigo trabalhando e preocupado. Lá pela uma da tarde Renée e Bella chegaram; Renée parecia bem saudável, mas Bella tinha uma cara preocupada – tal como a minha a de Johnson ou Maria. Aquilo me preocupou muito mais. Preocupou-me tanto que eu me perdi totalmente no tempo e em pensamentos.


Eram oito da noite, e teoricamente meu serviço já tinha acabado há três horas. Mas me empolguei no trabalho de Johnson – estávamos regando a parte com grama no jardim e ele começou a me ensinar o jeito certo de cortar alguns tipos de arbustos. Ele já tinha tanto costume de cuidar dos jardins que mesmo agora já escuro ele nem notara a diferença. Mas eu fiquei bem cansado, então decidi me trocar para ir embora. Johnson apenas se desculpou pelo trabalho escravo de hoje, e disse que amanhã eu podia entrar depois do almoço. Mas eu não queria. Eu realmente gostava de trabalhar ali, com ele. E sem a Srta. Swan para me atazanar, foi tão fácil que paria um hobbie, e não um emprego.


Mas eu devo confessar que eu senti um pouco da falta dela falando e fazendo maluquices. Para uma patricinha, fútil e mimada, ela tinha um grande senso de humor e era espontânea. Isso era legal. Espantei esse pensamento ridículo sobre Bella, e decidi entrar logo para me trocar.


Quando entrei na cozinha, já estava tudo apagado. Estranho, eu esperava que ficasse tudo aceso naquela casa sempre – confesso que nos tempos de playboy eu era mesmo um esbanjador que não ligava pra bobeiras tipo contas de luz. Um ponto ecológico e econômico para os Swan’s. Consegui achar o banheiro para me trocar, mas na ora de voltar eu acabei ficando desnorteado com o escuro. Droga, pra que tantas portas e corredores mesmo? Menos cinco pontos para os Swan’s por não saberem construir mansões em vez de castelos.

Eu tinha aprendido que o lado que tivesse mais luz era o lado dos empregados, logo era a minha saída. Fui então para a esquerda. Tinham duas portas e uma grande porta lá no fim – mesmo no escuro dava para ver a maçaneta brilhando, como tudo que era perfeitamente limpo naquele castelo. Abri a porta que eu considerava ser a cozinha e me deparei com uma cena que eu não esperava: um notebook iluminava o quarto, e uma mulher estava sentada na mesa, em frente a ele, e tinha uma garrafa de vinho com uma taça cheia ao lado.

Eu sei que deveria ter ido embora assim que vi que aquela não era a cozinha. Mas quando eu reconheci ser Bella, eu não pude não entrar na sala.


– Toc, toc. – Eu disse fingindo estar batendo na porta. Não queria que ela se assustasse. Acho que funcionou porque ela apenas disse um “Entra”. – Hum… Tudo bem com você? – Ela ainda estava de costas para mim e encarando o notebook – numa sala escura, que quando eu reparei mais um pouco, parecia ser própria para fazer ballet. Tinha espelho nas paredes, o chão era de linóleo (mas quando eu percebi já era tarde e meus sapatos estavam sujando o piso preto) e tinha uma barra na parede leste da sala. – parecia até cena de filme de terror. Quando eu percebi já estava bem próximo a ela, então pude ver ela apenas negando a minha pergunta, e logo depois pegando a taça e virando de uma vez. Ela ia por mais, mas eu fui mais rápido que ela e peguei a garrafa de vinho que estava quase vazia. – O que aconteceu Bella, você está doente? – Eu disse agora perto e tentando ver o rosto dela.


– Minha garrafa, pela historia. – Ela disse já meio mole, olhando para mim. Pensei um pouco; ela já estava bêbada, e estava em casa. Acho que não corria nenhum risco ela beber o resto que tinha na garrafa (que não devia ser nem um terço da taça). Então eu assenti e entreguei a garrafa pra ela. Ela logo virou o resto na sua taça e começou a falar.


– Primeiro só pra saber, as coisas têm sido tão loucas para você tanto quanto estão sendo pra mim, desde que nos conhecemos? – Ela disse, se levantando e indo até a parede leste, e se se encostando à barra, enquanto olhava pelo o grande vidro que de primeira me parecera um espelho, mas agora estava nítido que era como um “aquário” pra quem estivesse do jardim. Respirei de fundo e respondi.


– Sim. As coisas tem sido difíceis. E sinto lhe informar que desde sábado você deixou de ser o meu pior problema. – Eu disse com tom de humor me aproximando dela. Parei do lado dela, também observando o jardim. Pude perceber que ainda não tinha visto esse lado do jardim – o que não era de se espantar pelo tamanho dessa casa. Eu provavelmente demoraria umas cinco horas para correr pelo perímetro dela.


– Bom, considere-se sortudo. Você também deixou de ser meu alvo. – Ela sorriu e bebericou o vinho. – O que você acha de bebê Edward? – Ela perguntou depois de um tempo em silencio. Pergunta estranha, a menos que ela me chamasse para ir para um bar (provavelmente tinha um no segundo andar).


– Hum… Eu gosto de vez em quando. Mais você com certeza ganha de mim. – Ela deu uma risadinha.


– Não beber Edward. Bebês. Do tipo que usam fralda, choram e são fofos.


– Porque você está me perguntando isso Bella? – Eu perguntei curioso, e um pouco assustado.


– Sabe... Eu gosto de bebês. Mas estou tão preocupada. Eu só tragédias e mais tragédias em tudo que eu li sobre gravidez… - Parei de ouvir em gravidez. Ela estava dizendo que estava gravida? Era isso mesmo? Ela estava esperando um filho meu?


– Bella, você esta me dizendo que… Você tem certeza? – Eu olhei questionador para ela.


– Absoluta. Eu também não acreditava, mas sábado eu fui com minha mãe e Allie e tive a confirmação. – Eu não conseguia falar nada, estava chocado. Acho que meus olhos arregalaram e eu comecei a suar frio. Era isso mesmo? Eu iria ser pai? Agora? – Hoje fui de novo com a minha mãe, e dessa vez no obstetra. A médica me disse que vai ser uma gravidez difícil, e que eu preciso ter forças. – Ela disse terminando o ultimo gole de vinho. Ainda não tinha concluído cem por cento que eu iria ser pai, mas eu tive noção que ela não podia estar bebendo.


– Você… Você… Porque você está bebendo Bella, isso vai fazer mal para o bebê! – Disse de uma forma firme, mas que não a assustasse. Até porque de assustado já bastava eu.


– AUSHAUHSUHSAUSHAUH – Ela gargalhou. – EU não estou gravida. Não se preocupe Sr. Stripper, não vamos ter uma miniatura de bombeiro correndo pela casa. – Eu olhei para ela, mais confuso do que antes. Ela me encarou e disse: - Minha mãe está gravida. – Só faltou um ‘’dã’’ no final. Alivio. Sério, eu acho que foi a melhor noticia que eu tive esses dias. Quer dizer, seria uma loucura ter um filho com Bella agora. Em um futuro, talvez – digo, em um universo paralelo construído de hipóteses.


– Nossa. Você me assustou. – Ela riu alto, de novo. – Sério. Não faça isso. – Ela então começou a me encarar enquanto eu olhava de volta pra ela. – Devo parabenizar sua mãe então?


– Sim. – Ela desviou o olhar, para trás de mim, mas era nítido que estava perdida em pensamentos.


– O que foi então? Você está com ciúme de seu irmãozinho? – Disse um pouco debochado, e ela esboçou um sorriso.


– Não. Mas é inevitável não se preocupar com mamãe. Eu estava pesquisando um pouco na internet. É muito difícil engravidar na idade dela, e pior: ela tem altas probabilidades de sofrer aborto espontâneo. Um em sete, pra ser exata. – Ela disse voltando a olhar para janela. – E mesmo que ela não sora um aborto espontâneo, ela ainda corre riscos altos durante toda a gravidez, e o parto são os mais difíceis. O que eu faço se acontecer alguma coisa com minha mãe? – Quando ela terminou de falar escorreu uma lagrima dos olhos dela, e eu prontamente limpei, o que a fez me encarar.


Era estranho olhar aqueles olhos da cor de chocolate. Aquele foi o primeiro momento que eu vi Bella de uma forma que eu ainda não tinha visto. Ela tinha sentimentos, e nesse momento, mais do que nunca, estava sofrendo. Ela temia pela mãe, e dava para ver só de olhar nos olhos dela. E se eu tinha ficado arrependido quando havia a chamado de mesquinha naquele encontro surpresa, agora eu estava ainda mais. Não tinha como duvidar de seu amor por aquela família. Naquele momento eu só queria reparar as palavras e os pensamentos ruins que eu já tive dela.


– Bella… - Eu disse colocando a mão em seu rosto. – Vai ficar tudo bem. – Eu disse olhando fundo nos seus olhos, enquanto ela retribuía meu olhar.


– Será mesmo Edward? Nada tem dado certo, pra mim. Vai que minha urucubaca passa para minha mãe. – Eu dei um riso com que ela disse, mais não desviei o olhar, nem tirei a mão de seu rosto, apenas me aproximei ainda mais.


– Coisas boas acontecem com pessoas boas.


– E se eu não estiver sendo uma pessoa boa? – Ela aproximou ainda mais nossos rostos, deixando nossas bocas a poucos centímetros.


– Bom, sempre é hora para fazer diferente. – Assim que eu terminei de dizer, ela capturou meus lábios. No momento eu não pensei o quanto era errado me aproveitar da fraqueza dela. Eu apenas a puxei pela cintura para ficar ainda mais próximo dela.


Ao explorar seus lábios – macios e com gosto vinho – eu me sentia ainda mais idiota só de pensar que eu já tive isso e muito mais e mal conseguia lembrar. Bella estava mexendo na bagunça dos meus cabelos, e eu nunca gostei que fizessem isso, mas eu estava gostando dela fazendo. Sinceramente estava começando a achar que gostaria de qualquer coisa que viesse dela.


O beijo continuou calmo, mais intenso, até que o ar nos faltou e então nos separamos, mas continuamos com as testas coladas. Nós ofegávamos um pouco, e eu olhava para ela – que continuava com os olhos fechados. Assim que ela abriu os olhos eu podia ver que eles estavam diferentes. Mais abertos e confiantes. Como se eu tivesse a confortado – sorri por dentro com essa ideia. Mas do nada Bella saiu dos meus braços, e cambaleou até a porta da saída. Antes de ir ela olhou para trás e disse:


– Isso não devia ter acontecido Edward. Desculpe-me. – E foi embora. Eu não sabia se eu ficava preocupado por não saber como sair dessa casa, desnorteado pela cena que eu acabara de presenciar ou totalmente desapontado por no fim das contas ter sido mais uma vez só um erro para Bella.


Provavelmente eu não estava sendo uma boa pessoa.



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Notas finais do capítulo

(N/A: Pessoal agora eu virei Beta da Mari, sim. Eu adorei esse capitulo, foi emocionante! kkkk esse Edward tava bastante palhaço e a Bella bêbada só me fez rir. Bom pessoa. DEIXEM REVIEWS! E SE QUISEREM DEIXA RECOMENDAÇÕES A MARII MERECE! KKKK! Até a proxima... Ah a Mari mandou um beijãoooo e um bom domingo)