Capítulo 4

Green Eyes (Pt. 2)

Gerard piscou os olhos lentamente. Continuava com as mãos no rosto deixando apenas os belos olhos verde serem visualizados pelo dono da doce voz rouca e dos olhos hipnotizantes que tinha a feição preocupada. O garoto estava ajoelhado no chão ao lado de si, tinha a pele também alva, mas não tanto quanto a de Gerard, e a mesma era coberta por algumas linhas coloridas no braço, as de suas tatuagens. O cabelo negro era curto e sua franja tampava um dos apaixonantes olhos. Vestia uma calça jeans preta, uma camiseta de bandae calçava seus all stars, também surrado. Seus lábios rosados e cheios possuíam um piercing na lateral esquerda, seu nariz no lado direito e um alargador não muito grande em cada orelha. O garoto levou as mãos até as de Gerard e as tirou de seu rosto, vendo cada detalhe de seu rosto,assim como Gerard havia feito consigo, por mais que ele não soubesse. Olhou nos olhos do garoto e ao notar que as lagrimas ainda manchavam seu belo rosto, levou o polegar até o mesmo e limpou-as delicadamente. Mordeu o lábio inferior e continuava preocupado, mas decidiu conversar antes com o garoto para tranquilizá-lo.

– Você está bem? – disse ao segurar as mãos do garoto, que antes estavam frias e agora quentes como todo o resto de si e que retribuirá. – Por Favor, não chore mais. Aqueles garotos são uns idiotas, não ligue para o que eles dizem. Não quero te ver mal.

Gerard fungou. Não acreditava que aquilo fosse real, mas a forma com que o toque das mãos agiam sobre si fazia uma confusão em sua mente. Soluçou e continuou a encarar os belos olhos. Prendeu a respiração tentando se acalmar e quando possibilitado,se pronunciou

– Por que está querendo me ajudar? – disse baixo. entre soluços, olhando para o chão. Ainda segurava as mãos do garoto, porém, ainda mais forte. Uma lágrima escapou de seus olhos já marejados e fungou novamente. – Ninguém sequer quer me ver por perto, imagine bem... Ninguém se importa com o idiota aqui e eu concordo plenamente com essa história de que eu mereço a morte–

– Shiiu – o garoto pressionou o indicador sobre os lábios finos e esbranquiçados de Gerard, enquanto balançava a cabeça negativamente. – Primeiramente, Você NÃO é um idiota; Segundo: EU me importo, EU quero te ver bem; Terceiro: Você merecer a morte é totalmente fora de cogitação, afinal, quem está errando aqui são eles, não você ; e por ultimo: Estou te ajudando pois sei muito bem o que é ser perseguido por valentões da escola, tanto que esses garotos já vieram me infernizar logo no meu primeiro dia aqui e porque algo me disse que deveria te ajudar, então não questionei. Agora, por favor, pare de chorar... – o garoto levou as mãos até o rosto de Gerard para limpar as lágrimas que caiam sobre seu rosto. Queria abraçá-lo e nunca mais deixá-lo chorar ou sofrer, mas conteve a vontade que tinha, afinal, tinham acabado de se conhecer e a situação do garoto á sua frente não estava nada boa. Gerard fungou e respirou profundamente, levantando o rosto manchado por suas lágrimas para encarar os olhos do garoto novamente.

– Isso é real? Não é um sonho? – disse com a voz falha, entre soluços e lágrimas. – Você não está aqui a mando de James ou por vontade própria para depois me fazer algum mal?

– Se eu fizesse isso algum dia, seja lá com quem, me mataria em seguida. Não tenho motivos para isso, tenho motivos apenas para te ajudar e dizer que eu estou aqui caso você precisar. Podemos ter nos conhecido á alguns minutos e de uma forma trágica, mas não é por isso que eu devo te ignorar e ver você sentindo dor sendo que eu posso, pelo menos, ajudar. – levantou enquanto balançava negativamente a cabeça e mergulhou na imensidão verde dos belos olhos a sua frente. Gerard não era o único que tinha o coração disparado ali, não era o único que sentia um calor por seu corpo e uma sensação boa que passava por si quando olhavam nos olhos uns dos outros. – e me juntar a alguém dessa escola exceto você está completamente fora dos meus planos.  Ninguém sequer ligou para você ali, caído no chão e ainda por cima te olharam com desprezo! Bando de Idiotas! – o garoto caminhava em frente ao outro e suas expressão era de indignação pelo o que estava acontecendo ali. Gerard levantou-se fungando e quando o garoto fora olhar-lhe novamente, sua cintura já estava fortemente envolvida nos braços do mais velho, que chorava baixinho com a cabeça apoiada em seu ombro e sentindo sua camiseta logo se tornar levemente úmida. Retribui o abraço em imediato, em seguida mexendo num gesto carinhoso nos cabelos negros. Gerard soluçava e o garoto fechou os olhos, aproveitando o momento. Ambos nunca mais queriam sair daquela posição, exceto pelo fato de Gerard estar chorando. Dividiam a mesma dor, mas um simples abraço já resolveria tudo.

– Shh... Vai ficar tudo bem, não se preocupe. Lembre-se que eu estou aqui... – susurrou o de olhos esverdeados.

– Obrigado. – a voz de Gerard saiu falha. Levantou o rosto manchado de lágrimas para olhar o garoto que logo lhe lançou um sorriso triste.

– Não, não... Não precisa me agradecer por nada. – ainda sussurrava enquanto retirava os fios que atrapalhava a visão dos belos olhos verdes á sua frente.

– Você me ajudando e eu ainda sujo sua camiseta de sangue... Me desculpe–

– Não se preocupe, tenho outras e também é só lavar. – o garoto balançou os ombros e lançou um sorriso a Gerard. Desviou o olhar para o relógio no centro da sala que permanecia vazia. Ainda tinha tempo até o sinal do inicio da primeira aula soar. Os garotos permaneciam abraçados,e nem ligaram para o que pensariam de ambos quando vissem tal cena. O garoto de baixa estatura tirou as mãos que envolviam o pescoço do mais alto e limpou as lagrimas do rosto do mesmo. Em um gesto, Gerard soltou a cintura do outro que logo puxou seu pulso, o mesmo possuía um corte leve, porém recente, o que fez com que o mais alto gemesse baixinho para o outro não ouvir, porém este sentiu uma textura áspera na parte que segurava. Não questionou e logo soltou do pulso do mesmo, agora segurando em sua mão. Gerard suspirou aliviado ao que o outro soltou, mas continuava em duvida. Apressou o passo até alcançar um pouco o outro de forma que ele ouvisse o que diria

– Onde estamos indo? – perguntou baixinho, com um tom doce em sua voz.

– Cuidar de seus machucados, oras... ou você acha que eu vou deixar você desse jeito na aula? – o garoto continuou caminhando rápido e Gerard deu um leve sorriso. Alguém se preocupava consigo, e não era um simples alguém, ele supunha.

Os dois viraram um corredor que dava em direção ao banheiro. Enquanto caminhavam, recebiam olhares desgostosos e enojados, principalmente Gerard e ao notar tal fato, o de olhos esverdeados puxava levemente o braço do outro e lhe abraçava pelo ombro, escondendo-o desses que lhe encaravam.

Adentraram o banheiro dos professores, afinal, os mesmos nunca o usavam. O mais baixo puxou a mão de Gerard calmamente para não lhe machucar. Cada movimento do garoto em relação a Gerard era realizado com delicadeza e calma, fazendo com que Gerard se sentisse nas nuvens.

– Se importa em sentar no chão? – perguntou o de olhos esverdeados com doçura em sua voz rouca, olhando nos olhos verdes. Seus olhos pareciam que possuíam imas, não importava qual situação, sempre acabavam se encontrando e daquela forma ficavam por um bom tempo, os esverdeados mergulhando nos verdes, os verdes nos esverdeados. Gerard fez um gesto negativo com a cabeça e observou cada movimento do garoto. Como se sentia dolorido pelos chutes e socos, o menor segurou em sua mão servindo como apoio para se sentar no chão e assim fizera.

– Bem, como não tenho nada para curativos aqui, vou pedir a alguma inspetora, não demoro muito–

–N-não precisa, eu estou bem–

– Não, você não está... A propósito, desculpe-me a falta de educação por perguntar isso apenas agora, mas qual seu nome?

–G-Gerard... Gerard Way. - gaguejou e corou levemente. Não sabia o por quê disso, mas o garoto lhe causava nervosismo, não no sentido ruim, mas sim no melhor sentido possível.

– Hum... prazer em conhecê-lo, Gerard. Se importa se eu te chamar de Gee ou Gerd?

– P-pode... - corou ainda mais.

– Bem, eu sou Frank, Frank Iero – Sorriu simpático o de olhos esverdeados. Por mais que não demonstrasse, Gerard lhe causava – no melhor sentido possível – nervosismo.

– Prazer, Frankie... – ao notar que já dera um apelido ao garoto, corou fortemente fazendo com que o outro, também corado, percebesse e rirá um de leve. – Me desculpe, é que–

– Não, Gee, tudo bem... Afinal, você é a primeira pessoa além da minha mãe que me chama assim e eu realmente amo esse apelido... - ficou pensativo – okay, minha mãe é a única pessoa que eu tenho contato além de você, mas sem problemas. – deu de ombros e um sorriso bobo surgiu em seus lábios cheios ao ver que o outro rirá com o que dissera. ”Esse sorriso...” pensou, mas logo saiu de seus pensamentos ao se lembrar o por que de estarem ali. – enfim, Gee, espere aqui, eu não demoro okay? Vou levar a chave comigo para que ninguém entre aqui e te infernize.

– Mas Frank–

– Sem mais, Gerard – disse se indo em direção ao maior que sentava no chão ajoelhando ao lado seu lado. – Por favor, deixe-me cuidar de você...

O maior suspirou resignado e revirou os olhos, derrotado pelas simples palavras que o outro proferira com tanta doçura mesmo que não fosse sua intenção.

– Okay! Mas eu te disse,não precisa de nada. – cruzou os braços e tentou ignorar os olhos esverdeados que o puxavam, olhando para o outro lado do banheiro.

– Precisa sim, Sr. Eu-Estou-Perfeitamente-Bem. – disse Frank rindo ao tocar com o dedo indicador na ponta do nariz de Gerard que riu enquanto corava, logo se levantando e indo em direção á porta, abrindo a mesma e trancando, em seguida adentrando o corredor.

“Como ele consegue ser tão adorável?” Ambos se questionavam enquanto Frank ia até o “hospital” da escola. Passou pelo jardim do colégio e avistara uma pequena casinha amarela bem clara com portas de madeira bege – Por mais que fosse seu primeiro dia na escola, já havia visitado a mesma e decorado os pontos importantes de lá e sua localização – Ao entrar avistou uma senhora com seus 70 anos que vestia uma roupa branca com detalhes em vermelho e usava óculos que aparentavam ter o grau alto. Seu cabelo grisalho era preso por um pequeno coque e a mesma arrumava alguns remédios na prateleira. Frank, ao ver que a mesma não notara sua presença, pigarreou. Logo a senhora se virou e lhe deu um sorriso amigável. Frank correspondeu e foi até o balcão.

– Com licença, a senhora poderia me arrumar algo para fazer curativos e passar a dor e a marca de machucados?

– Curativos, dor e machucados. Hum... – a senhora se agachou e começou a procurar algo sobre o balcão. Ao subir tinha em suas mãos gaze, bandaids, algodões e água boricada e colocou os mesmos sobre o balcão. Foi até a prateleira e subiu a pequena escada para alcançar uma caixinha. Desceu e colocou sobre o balcão. Caminhou até um pequeno armário pegando uma pequena bolsa sem alça branca e colocou tudo o que pegara dentro da mesma. Entregou a Frank e sorriu.

– Prontinho, Garoto. Tudo o que me pedira está aqui, use direito.

–Muito obrigado, Senhora – e saiu em disparada em direção ao banheiro dos professores. Alguns alunos que se encontravam no jardim o olhavam com uma expressão confusa mas o mesmo não ligara. Chegou ao banheiro e tirou a chave do bolso, abrindo a porta enquanto respirava aceleradamente. Entrou e trancou-a, guardando novamente a chave no bolso.

–Wow, que bom que não fugiu! – disse entre pausas devido sua falta de ar.

– Nossa, você veio correndo... Acalme-se Frank, eu não vou fugir de você... - disse Gerard rindo. Era incrível como apenas a presença do garoto fazia com que toda a dor que já tivera um dia sumisse.

– Bom saber... – disse Frank tentando parecer bravo, mas falhando. Ajoelhou-se ao lado do maior que tinha um sorriso bobo no rosto. – Enfim, tenho tudo aqui. Serei seu médico hoje!

Gerard riu. Ficaram em silêncio enquanto Frank fazia os curativos com o maximo de calma e delicadeza possível. Ambos se olhavam as vezes, era impossível evitar aquilo. Alguns minutos se passaram e Gerard já tinha os curativos feitos.

– Pronto! – disse Frank pegando os algodões que deixara cair no chão e jogando fora. Ajudou Gerard a se levantar, e quando fizera foi novamente surpreendido com um abraço.

–Obrigado, Frankie, de verdade

–Não foi nada, Gerd, é mais que minha obrigação como amigo. - disse ao corresponder o ato do garoto

Amigo. Gerard nunca havia conhecido o significado de tal palavra, pois nunca tivera algum, assim como Frank. Se abraçaram ainda mais forte. Frank, devido a baixa estatura, ficava na ponta dos pés para ficar da altura do novo e único melhor amigo.

E ambos sabiam que continuariam sendo amigos apesar de tudo, mas que aquela amizade evoluiriam para algo mais forte, pois o coração acelerado, o nervosismo, o calor que passava pelo corpo de ambos significava algo que não sabiam o que era até aquele momento.

Significavam, simplesmente, que os dois estavam apaixonados.