Aquele primeiro beijo foi interrompido. Caspian subiu uma de suas mãos até minha nuca, aproximando-me dele novamente agora num beijo mais sedento, mais intenso e capaz de despertar desejos quase que irresistíveis. Caspian fez-me recuar até me pôr contra a parede, mas então me lembrei de onde estávamos e, usando o pouco de raciocínio que ainda me restava, eu interrompi o beijo antes que ele saísse de meu controle. Nós estávamos ofegantes quando ele acabou e Caspian encostou sua testa na minha.

            - Alguém pode nos ver aqui... – sussurrei, afagando o rosto dele.

            - Todos já foram dormir... – argumentou.

            - E nós também devemos.

            Ele ficou em silêncio por alguns segundos, olhando-me nos olhos.

            - Não quero me despedir de você... Não agora... – aproximou seu rosto do meu novamente envolvendo-me em mais um beijo arrebatador.

            - Mas não podemos ficar aqui no corredor... – arfei quando seus lábios desceram por meu pescoço. Caspian parou e olhou-me nos olhos com certo ressentimento. Suspirou.

            - Tudo bem, já entendi... Vou deixar você sozinha...

            - Não! – segurei sua mão antes que ele se afastasse, tratando logo de esclarecer. – Eu não quis dizer isso... Só acho que devíamos ir para um lugar mais... Reservado. – corei esticando o braço e abrindo a porta de meu quarto, deixando-a aberta, sem tirar os olhos de Caspian. Ele olhou para a porta, depois para mim. Palavras não eram necessárias por enquanto. Caspian voltou a me beijar intensamente, me pegou no colo e levou-me para dentro do quarto, fechando a porta atrás de si. Ele me pôs no chão e quebrou o beijo.

            - Você tem certeza disso? – perguntou ele, ofegante. Segurei seu rosto delicadamente entre minhas mãos, olhando em meus olhos.

            - Eu amo você, Caspian, e isso para mim é mais do que suficiente... – sussurrei. Ele passou a chave na porta, com agilidade despiu a camisa e jogou-a no chão antes de me abraçar novamente, reiniciando o beijo ardente.

             Suas mãos percorriam minhas costas até encontrarem o laço que prendia o delicado cinto dourado a minha cintura, ele desfez o laço e jogou o cinto no chão, no mesmo rumo de sua camisa, sem o cinto, o vestido caia livremente por meu corpo. As mãos de Caspian, então, desceram as alças de meus ombros fazendo com que o tecido branco e delicado deslizasse por meu corpo até cair aos meus pés, despindo-me. Caspian pegou-me no colo outra vez, seguindo até a cama onde me deitou com cuidado, fazendo o mesmo sobre mim. Foi quando quebrou o beijo.

            - Eu também amo você, Susana, muito... Muito... Muito... – seus lábios desceram por meu pescoço novamente.

            É complicado descrever ou nomear tudo o que aconteceu naquela noite... Tudo o que Caspian me fez sentir...

            Eu com certeza jamais esquecerei a noite mais feliz de toda a minha vida. Já não tinha mais duvidas do amor que sentia por ele, do sentimento verdadeiro que me unia a ele, que me fazia deseja-lo tanto. Entreguei-me a Caspian naquela noite movida por nosso amor. Queria ouvi-lo dizer que me amava... Senti-lo... Beija-lo... Abraçá-lo... Ama-lo.

[...]

            Senti um toque gentil em meu ombro, depois na clavícula então veio subindo por meu pescoço até a região entre minha orelha, o pescoço e o maxilar, onde permaneceu. Fui acordada aos beijos. Abri os olhos e vi que o sol já havia nascido, logo identifiquei o autor dos toques. Caspian havia passado o braço por cima de mim, buscando apoio na cama enquanto concentrava seus lábios em meu pescoço.

            - Bom dia... – sussurrou em minha orelha, com a voz rouca de quem acordou há pouco tempo.

            - Bom dia... – sussurrei, abraçando-o com um sorriso enquanto sentia um frio na barriga que os beijos me causavam. Caspian me envolveu num abraço quente do qual eu não podia escapar, e nem queria. Fez-se silencio por alguns minutos e a única coisa que se podia ouvir era o canto suave dos pássaros. Caspian ergueu-se para me olhar. Seu rosto estava diferente, havia doçura e tranquilidade em sua expressão e serenidade em seus olhos brilhantes, além do leve sorriso em seus lábios. Ele me fitou por incontáveis segundos.

            - O que foi...? – perguntei corando.

            - Nada... – sussurrou ele tocando com o polegar a área de meu rosto que devia estar vermelha. – Eu ainda me surpreendo com o que você me faz sentir... – olhava intensamente em meus olhos. Eu sorri.

            Caspian, após alguns segundos, desviou o olhar, sentando na cama, ao meu lado, bufando aborrecido, sentei também.

            - O que houve Caspian?

            - E agora? – perguntou. Uni as sobrancelhas, mas logo a confusão se desfez e eu entendi do que ele estava falando. – Não dá... Não dá, Su... – suspirou. – Eu... Nós não... Somos de reinos diferentes e inimigos... E tem essa profecia também... Acho que não há chances de continuarmos... Eu sou o rei telmarino que invadiu o seu reino e você a rainha que veio para libertar seu povo...

            Dei um leve sorriso.

            - Caspian – aproximei-me dele, interrompendo-o e tocando seu braço – Eu não me apaixonei por esse rei.

            - Mas eu sou esse rei.

            - Mas eu não sabia disso quando conheci você, e você também não sabia que eu sou uma Rainha narniana, agora sabe... E isso faz alguma diferença para você?

            Caspian ficou em silencio por alguns instantes e então respondeu.

            - Não...

            - Então, Caspian... – eu sorri. Ele me surpreendeu com um beijo. Beijou-me lentamente enquanto esticava-me sobre a cama. Minhas mãos estavam em sua nuca e uma das dele em meu rosto, trocamos carícias até que os lábios de Caspian deixaram os meus, retornaram uma, duas, três vezes e então desceu pelo maxilar, traçou um caminho pelo pescoço e colo antes de voltar aos meus. Meus dedos subiram por entre os fios de seu cabelo, agora era um beijo mais cheio de desejo. Caspian interrompeu o beijo voltando a me olhar. Afaguei a lateral de seu rosto.

            - Susana?

            - Hm...

            Ele hesitou.

            - Aceita se casar comigo?