Changed escrita por Shiroyuki


Capítulo 13
Capítulo 13 - Eu queria ser o primeiro!


Notas iniciais do capítulo

" Não consigo acompanhar essas mudanças tão bruscas"



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/168480/chapter/13


O vento de outono soprava, varrendo as folhas secas para cima. Estava frio ali, principalmente na beira do rio, e as nuvens escuras anunciava a chuva iminente. Pessoas sensatas já deveriam ter ido para as suas casas, protegendo-se do mau tempo, caso não tivessem nada a fazer na rua. No entanto, ainda assim, havia dois jovens sentados na escada que descia até a margem do rio, olhando para as ondas calmas que corriam para a mesma direção. Eles estava assim há alguns minutos, ambos mantendo o incômodo silêncio que se instalou, até que qualquer um tivesse coragem para falar alguma coisa.

O garoto, ruivo de brilhantes olhos verdes, esperava uma resposta à sua confissão desajeitada e improvisada, de minutos antes.

E a loira, com suas duas marias-chiquinhas bagunçadas, pensava em uma maneira de dizer o que queria sem parecer uma garotinha patética e apaixonada.

E assim, nenhum dos dois avançava em direção alguma.


Depois que as lágrimas secaram, Utau finalmente se soltara de Kukai. Não sabia o que dizer, nem o que pensar, depois daquelas palavras que ouvira dele. Podia mesmo confiar em seus sentidos?? Kukai… ele havia mesmo dito que se apaixonara por ela? Nunca, nem em um milhão de anos, ela estaria preparada para enfrentar essa situação. Mas… por um breve momento, ela pensou em agradecer aquela Ojou-sama Yamato Nadeshiko, por ter dado a ela essa oportunidade. Se não fosse pela desmedida crise de ciúmes causada por uma rival em potencial, talvez ela não tivesse ouvido aquelas palavras.

De qualquer forma, ela tinha coisas mais importantes para tratar. Como por exemplo, como iniciar um assunto depois de toda aquela cena dramática. Nos filmes americanos de comédia romântica, tudo parece tão mais fácil! Os casais berram algumas poucas frases constrangedoras, se beijam, e vão viver suas vidas felizes para sempre. Maldita propaganda enganosa, que faz parecer que é fácil dizer “eu te amo” para alguém. Isso não é nem um pouco simples!!! Utau tinha vontade de morder a língua, cada vez que pensava em uma maneira diferente de falar. Uma parecia mais clichê e patética do que a outra! Se continuassem assim, eles seriam levados pela chuva até a correnteza do rio, antes que pudessem sair dali com alguma coisa resolvida.


— Utau… - Kukai ensaiou chamá-la, depois de abrir e fechar a boca sem dizer nada várias vezes, mas foi mais um assopro do que uma palavra propriamente dita. Naquele momento, seu coração batia tão descompassado, que a simples menção ao nome dela já demandava um esforço descomunal;

— Sim? – ela milagrosamente havia ouvido o chamado, talvez por que estivesse atenta aos movimentos do garoto desde que se sentaram ali. Seus olhos ainda estavam vermelhos por causa da crise de choro anterior, mas ela fazia o possível para parecer perfeitamente bem agora.

— B-bem… e-eu… - ele moveu os olhos por todos os lugares, tentando em vão não encarar Utau de frente naquele momento. Queria uma resposta clara ao que tinha dito… ou melhor, queria poder dizer apropriadamente o que sentia… no entanto, era difícil se concentrar quando tinha a certeza de que os grandes olhos púrpura dela estavam inteiramente focados nele – Eu queria dizer que eu… a-aquilo que eu disse antes, sabe… e-eu q-quero…

Ela levantou, parecendo impaciente. Kukai pensou que talvez ela fosse bater nele, ou empurrá-lo escada abaixo. Era algo que ela faria sem hesitar, e ele sentia que merecia algo assim, por tê-la feito chorar. Mas ela apenas olhou para frente, vendo as nuvens escuras movendo-se depressa ao longe.

— Eu te amo, idiota! – ela quase gritou, num ímpeto de impaciência e coragem. Os punhos estavam cerrados, e seu corpo inteiro tremia de nervosismo. Não foi uma cena épica e cinematográfica. Não foi nem bonito de se ver! Mas apesar disso, ela se sentia absolutamente bem consigo mesma, depois de falar aquilo que estava travado na sua garganta há tanto tempo em voz alta. Podia até mesmo sair voando com aquele vento que assobiava, de tão leve que estava.

— Eu queria dizer isso primeiro! – Kukai reclamou, como uma criança que perde uma aposta injusta. Um biquinho irritado se projetou, enquanto ele virava o rosto para o outro lado. Utau teve uma estranha vontade de rir.

— Perdeu sua chance! – ela virou de costas, decidida, pronta para subir as escadas de volta à rua – Agora, me deixa ir, que ainda dá tempo de…

Kukai, mais uma vez, a impediu de fugir. Ainda sentado, ele levantou a mão e a segurou pelo pulso. Utau estancou, a meio caminho de subir o degrau, mesmo que Kukai não estivesse realmente fazendo força para mantê-la ali. Sentiu a mão dele deslizando, até se encaixar com a sua, e seu coração deu um salto perigoso.

— Espera, Utau, fica aqui.... Nós temos que conversar. – ele pediu, carinhoso, e Utau tornou a sentar, soltando a mão de Kukai, sem conseguir dizer nada. Aquele tom de voz com que ele a pediu para ficar… ele nunca havia usado antes. Ela engoliu em seco, percebendo mais uma vez, o poder de atração que Kukai exercia sobre ela. Com apenas algumas palavras… Ele continuou – Você… você disse que me a-amava… isso é mesmo verdade? – ele não olhava para ela nesse momento, e seu rosto estava ruborizado, o que era absolutamente raro. Utau o fitou de soslaio, identificando uma insegurança que nunca pensou que veria naquele garoto.

— Claro que é! Acha que eu diria essas coisas, e choraria na frente de alguém dessa maneira por nada? – Utau tentou parecer segura e confiante, mas sua voz falhou miseravelmente. Ela se encolheu, abraçando os próprios joelhos, e fitou o rio cinzento, tentando pensar em algo que pudesse dizer, e que faria as coisas se ajeitarem de uma vez.

— Foi o que eu pensei… - Kukai baixou a voz. Respirando fundo para tomar coragem, ele deslizou lentamente a sua mão na direção da de Utau, e a trouxe para seu lado, segurando-a firmemente sobre o concreto da escada. Não houve nenhuma resistência por parte dela. – Você acha que é possível alguém se apaixonar em tão pouco tempo? – ele indagou, com uma curiosidade quase infantil. Utau sentiu seu rosto corar ao ouvi-lo falar com tanta naturalidade.

— Está duvidando de mim? – ela replicou, arqueando a sobrancelha e baixando as pernas.

— Claro que não. Eu estou falando de mim… Não consigo acompanhar essas mudanças tão bruscas… - ele comentou com surpresa. Na sua simples concepção, Utau havia orquestrado uma verdadeira revolução no seu estilo de vida pacato e sem grandes eventos. Ainda não sabia avaliar se isso era realmente algo positivo, mas não havia como algo que o fazia se sentir tão vivo não fosse.

— Isso é por que você é meio lento… – ela comentou, e antes que Kukai pudesse reclamar, desferiu um pequeno peteleco na testa do garoto, que o deixou completamente sem resposta – Acho que eu gosto disso também… embora tenha sido absolutamente irritante muitas vezes… - ela reclamou, arqueando as sobrancelhas para baixo.

— Você também é irritante… - ele replicou, esfregando local onde ela o cutucara.

— Mas… eu acho que essas mudanças súbitas não são assim tão inacreditáveis… olha só para mim! Quatro meses nessa cidade, e eu me apaixono pelo primeiro que aparece! – exclamou de propósito, com ampla exageração nos gestos – Eu costumava ser mais seleta quando morava na capital…

— É? E deixou muitos garotos ricos, bonitos e educados para trás, foi? – Kukai balbuciou com irritação, fitando-a furiosamente. Utau riu alto, o deixando ainda mais irritado.

— Claro que não, baka! Eu estava só brincando! – ela riu, feliz por ver algum sinal de ciúmes vindo de Kukai, só para variar. Ele bufou, desviando o olhar para a grama que crescia desparelha ao lado da escada. – Eu só quis dizer… que eu também mudei bastante só por ter vindo para cá… sabe, faz quatro meses que eu não compro nenhuma roupa nova! – ela anunciou com certo tom de orgulho. – Você sabe o que é isso?

— Pra falar a verdade, eu não sei não. – ele riu sem graça, bagunçando os cabelos da nuca. – Eu sou o irmão mais novo então… a maior parte do tempo, eu fico com as sobras dos meus irmãos…

— Ah, verdade… - ela se lembrou das sacolas que os irmãos de Kukai trouxeram quando vieram de visita. Eram roupas para ele…

Isso era realmente algo inconcebível para a antiga Utau, que comprava coisas novas todas as semanas, e não chegava a usá-las mais do que duas vezes. Isso só mostrava o quão grande eram as diferenças entre eles. Mas, pela primeira vez, isso não a incomodou. Ela ficava feliz por ter se transformado na garota que usava moletons grandes demais, e tênis sujos. Essa garota combinava muito mais com Kukai do que a Utau de antes, das festas, das roupas de marca e das intrigas. E ela tinha a nítida impressão de que Kukai não iria gostar nada daquela Utau. Sim… assim era bem melhor…

Ela suspirou, descansando a cabeça no ombro do garoto. Ele sobressaltou, apertando os lábios nervosamente ao senti-la tão perto. Sua cara de inquietação era tão exagerada que chegava a ser cômica, mas Utau nada viu, pois fechara os olhos, sentindo uma onda de felicidade e calma preenchendo seu ser. Queria apenas ficar assim para sempre, sentindo a presença e o perfume dele invadindo seus sentidos…

— Quando foi? – ela soprou aquelas palavras, sem mudar em nada sua posição tranquila.

— O que?

— Quando foi que você se apaixonou por mim? – ela realmente queria saber. Sentia que era cedo demais para esse tipo de pergunta, Kukai podia se irritar, achar que ela era o tipo de garota grudenta e tudo mais… mas Utau realmente não conseguia evitar. Kukai a fazia se sentir boba, e ela só conseguia agir assim perto dele.

— Não sei… – ele parecia seriamente estar pensando na resposta, e apesar do constrangimento, aquela também era uma questão importante para ele – Pode ter sido… quando nós subimos do telhado… - ele riu – Nenhuma garota se jogaria lá de cima daquele jeito!... Pode ter sido também quando você cantou na festa da Yaya, aquilo lá foi realmente incrível! Ou, quem sabe, naquela vez em que você ficou presa na árvore. Aquela calcinha cor-de-rosa realmente me conquistou…

— Imbecil! – ela deu um soco bem dado no ombro do garoto, e se endireitou. Kukai esfregou o local atingido, e então sorriu.

— Falando sério… Acho que foi naquele primeiro dia. Em que você contou para mim suas preocupações, e nós conversamos direito pela primeira vez. Antes disso, eu achei que você fosse uma garota chata mimada, mas… quando você me falou o que pensava, sobre a sua preocupação com sua mãe… acho que eu gostei de você naquele momento. – ele baixou os olhos, juntando as mãos em frente às pernas. Utau o fitava com espanto. Não esperava por uma revelação daquelas. – E durante a noite… - ele continuou – Eu vi você dormindo ali no meu lado e… e pensei… Eu quero proteger essa garota…

— Kukai…! – ela exclamou, com a mente completamente em branco. Nem conseguia se surpreender com o fato de Kukai a observá-la enquanto dormia, afinal, ela mesma já havia feito isso incontáveis vezes nesse tempo. Agora, parecia que todo o ar havia sido roubado do seu pulmão, pois ela mal conseguia respirar, sufocada com tantas coisas para dizer ao mesmo tempo.

— Então… o que a gente faz agora? – ele indagou, erguendo a mão para acariciar o rosto ruborizado da loira, afastando as mechas de cabelo que insistiam em esconder o rosto dela. Ela não esperava por aquela carícia repentina e tão natural, mas não conseguiu se desvencilhar.

— Eu não sei… - ela foi sincera – Talvez… falar com nossos pais…

— É, nós temos que fazer isso!. – ele se levantou, e o brilho nos seus olhos se assemelhava àquele que ele possuía quando estava motivado a fazer algo grande. Era como ele se parecia antes dos seus jogos. – Vamos agora, então?

— O que, você tá doido? – ela quase engasgou, sem forças nem para levantar.

— Claro que sim! Eu quero poder… ficar ao seu lado o mais rápido possível! – ele disse sem pensar, e Utau sentiu que entraria em combustão espontânea.

— Não fale dessas coisas tão facilmente! – ela resmungou, erguendo-se – Você está rápido demais para alguém que acabou de descobrir o que sentia…

— Fazer o que? Eu tenho uma grande capacidade de adaptação! – ele bradou, como se isso fosse motivo de orgulho. Para Utau, era sinal de que ele tinha uma mente simples demais… mas ela não via como pará-lo, quando estava tão motivado.

— Então vamos… - suspirou, cansada. – Ah, está começando a chover!! – ela sentiu as gotas geladas caírem esparsamente, quase sem serem notadas. Kukai também sentiu, e riu alto. Segurou a mão de Utau, e os dois começaram a caminhar na direção de casa. No entanto, foi sem nenhuma pressa que os dois tomaram o seu caminho, num acordo mútuo e silencioso de prolongar o quanto fosse possível aquele pequeno momento de felicidade.


——————————————————————————————————————————


— Aah… Onii-chan, esse lugar não mudou nada desde que eu fui para a Inglaterra… - Nadeshiko comentou, olhando melancolicamente pela janela do seu antigo quarto, que estava exatamente da maneira que ela havia deixado, três anos atrás – Eu senti tanta falta de tudo isso… - ela deitou o rosto entre os braços apoiados na janela, deixando escapar um sorriso em meio ao suspiro.

— Você fez falta aqui também, Nadeshiko. – Nagihiko respondeu, sorrindo, feliz por ver novamente a irmã em casa. Aproximou-se, acariciando de leve a cabeça dela. Nem lembrava mais qual foi a última que a teve por perto, mas isso era muito reconfortante. Eles só se falavam pela internet, durante esses três anos, ou por cartas, já que Nadeshiko preferia muito mais os métodos tradicionais. Encontravam-se apenas uma vez por ano, em seu aniversário, mas era sempre ele quem ia para Londres visitá-la. Durante todo esse tempo, Nadeshiko não viera para casa nenhuma única vez… e por isso, era tão estranho aquele pedido repentino que ela fez, de querer voltar a estudar no Japão.

— Hm… nós podemos passear na rua um pouco? – ela pediu, erguendo o rosto – Eu quero ver os lugares que costumava frequentar antes…

— Claro – ele sorriu para ela, segurando sua mão e preparando-se para sair. – Nós podemos ir na padaria… você lembra de lá? Ainda está aberto…

— Tudo bem – ela aquiesceu, seguindo o irmão com os passos curtos – Mas… não vai ser a mesma coisa se ele não estiver lá… - ela disse, tão baixo que ninguém poderia ouvir.


Nagihiko estava preocupado com a irmã, mas não iria questioná-la sobre os motivos que a fizeram querer retornar tão repentinamente para casa. Esperaria até que ela mesma tivesse a iniciativa de procurá-lo para desabafar, e então tomaria alguma atitude, ou a aconselharia caso fosse necessário. Nadeshiko nunca tivera segredos a esconder dele, e eles tinham uma ligação incrivelmente forte. Um sabia quando o outro precisava de espaço, quando era melhor conversar, ou quando era melhor ouvir. Entre os dois, a comunicação nunca havia sido um problema, e por isso, Nagihiko estava tranquilo de que Nadeshiko contaria a ele o que a afligia no momento certo.

Os dois desceram a colina que levava até a mansão dos Fujisaki, de mãos dadas como nos velhos tempos, quando Nagihiko segurava Nadeshiko para que ela não tropeçasse nas pedras com suas pernas curtas de criança. As coisas mudaram bastante nesses três anos. Agora, Nadeshiko já não tropeçava mais ao caminhar, e Nagihiko não precisava mais cuidar os dois lados da rua para ela.

Nagihiko estava bem mais alto do que ela lembrava, e tinha um porte mais atlético e desenvolvido. Nadeshiko havia crescido também, embora em pontos diferentes, e agora tinha o corpo curvilíneo de uma mulher do qual podia se orgulhar. Seria mais difícil confundi-los, como acontecia com frequência quanto eram menores, embora seus rostos continuassem sendo idênticos.

Enquanto andavam, conversando amenidades que podiam ter sido esquecidas de ser mencionadas nas incontáveis cartas que trocaram, sentiram fracas gotas de chuva começando a cair, e apressaram seus passos.

Depois de algumas quadras, os irmãos Fujisaki enfim chegaram à padaria, que não mudara absolutamente nada desde que Nadeshiko lembrava.

A padaria Amakawa ficava no centro da cidade, assim como todos os estabelecimentos comerciais, entre um velho restaurante de rámen, e uma boutique de roupas usadas. O toldo de lona vermelha desbotada que cobria a entrada ainda era o mesmo, e as vitrines onde os bolos decorados estavam expostos também não se alteraram em nada. Do lado de dentro, quatro pequenas mesinhas redondas de madeira escura, com suas cadeiras altas ficavam postas perto das janelas. Nas paredes laterais, as prateleiras iluminadas exibiam todo tipo de bolinhos, pães, doces, e variados, com plaquinhas em forma de gatinhos informando os preços.

O cheiro de pão doce que impregnava o local era tão nostálgico que Nadeshiko sentiu lágrimas se juntando nas bordas dos seus olhos. Ela costumava vir ali todos os dias depois da escola. Seu melhor amigo de infância, e do seu irmão também, era sobrinho do dono da loja, e eles vinham brincar com ele sempre que podiam. Nadeshiko ainda lembrava com clareza do garotinho loiro, de olhos gentis e aparência inocente, que ficava irritado por ser mais baixo do que ela. Seu nome era Hotori Tadase. Mas, quando eles tinham 8 anos, ele se mudou com os pais para a capital, e eles perderam contato. Antes disso, Nadeshiko havia ido estudar na Europa… e eles nunca mais se encontraram. Tantas coisas aconteceram, até chegar a isso... Mas ela nunca se esqueceu da época em que eles corriam livremente pelas ruas da cidade, sem nada a se preocupar. Nunca se esqueceu das brincadeiras, das brigas bobas, e das vezes em que ele a presenteou com flores da beira do rio para pedir desculpas. Das promessas infantis, das esperanças, dos sonhos… Mesmo depois de cinco anos… Como ela poderia esquecer? Afinal, Hotori Tadase… foi o seu primeiro amor.

— Nadeshiko-chan! – uma voz familiar daquele local a saudou, de trás do balcão. Nadeshiko tomou um susto, e enxugou as lágrimas discretas que se evidenciavam, sorrindo logo depois – Você por aqui?? Eu não esperava por isso!

Quem a chamara era Amakawa Tsukasa, dono da loja e tio de Tadase. A semelhança entre ele e o sobrinho eram assustadoras, e Nadeshiko sentiu algo se agitar ao perceber isso. Será que Tadase estava ainda mais parecido com o tio, depois de todo esse tempo? Ela não tinha como saber, mas apenas a possibilidade, e o fato de ver alguém parecido com Tadase, já a fizeram sentir uma agitação estranha no estômago, que ela nunca sentira antes.

Tsukasa rodeou o balcão para vê-la melhor, enquanto Nagihiko explicava com poucas palavras os motivos pela irmã ter retornado. Tsukasa sorriu ainda mais abertamente ao saber que ela ficaria na cidade, e então estendeu um pão doce para a garota, sorrindo afavelmente.

— Para você, Hime-chan! - ele sorriu, usando o tom de voz que normalmente reservava às crianças pequenas.

— Ah, você ainda lembra? – ela pareceu realmente surpresa, aceitando o pão – Naquele tempo… você me dava um desses todas as vezes que eu vinha aqui… - ela sorriu para aquela lembrança tão doce, e novamente sentiu que poderia chorar. Por sorte, tinha perfeito controle dos seus canais lacrimais, e decidiu que não faria nenhuma cena vexaminosa por agora.

— Você cresceu tanto, Nadeshiko-chan! – Tsukasa admirou-se, adiantando-se e oferecendo aos irmãos uma das mesas, que estava inteiramente vagas há essa hora – Quase não acreditei quando a vi entrar. Você está linda! Tadase vai ficar feliz demais quando ver você novamente!

— T-tadase… o… o Hotori-kun está aqui? – ela quase deixou cair o pão que segurava. Suas mãos começaram a tremer, e ela encarou Tsukasa com quase aflição, deixando transparecer completamente sua ansiedade apenas em ouvir o nome dele.

— Sim, ele está me ajudando com a padaria. Deve estar lá dentro agora, eu vou chama-lo…

Tsukasa se levantou, antes que Nadeshiko pudesse dizer qualquer coisa, mas seu esforço não foi necessário. Parado a meio caminho de fechar a porta que dava acesso à cozinha, e equilibrando uma bandeja de cupcakes na mão, Tadase encarava a sua frente, boquiaberto e estático, sem conseguir mover um único músculo. Seu semblante era de incredulidade, mas aos poucos, foi suavizando até se tornar absolutamente alegre. Ele deixou a bandeja de lado, e correu na direção de Nadeshiko que estava paralisada pelo encontro inesperado com aquela figura do passado.

Hotori Tadase não havia mudado em nada, assim como a cidade que ela tanto amava. Seus cabelos loiros, refletindo a luz do sol, seus olhos escarlates, gentis e preocupados, seu rosto que ficava corado com facilidade… ele estava mais alto, era verdade, e parecia estar um pouquinho mais forte também. Tinha a mesma altura que ela, agora. Mas ainda emanava aquela mesma aura de inocência e pureza de sempre. De repente, era como se o tempo não tivesse passado, e ali estavam Nadeshiko no seu vestido vermelho, com o pequeno Tadase em suas bermudas curtas, ambos em seus seis anos de idade, comendo pães doces e brincando com o gatinho de estimação de Tsukasa.

— F-fujisaki-san… - a voz dele estava um pouco mais grave, mas ainda tinha aquele timbre doce e agradável de ouvir, do qual Nadeshiko nunca se esquecera – V-você está aqui… você está mesmo aqui!

— Hai, Hotori-kun… - ela não conseguiu evitar aquele sorriso, sincero e espontâneo, que só conseguia dar quando estava com ele – Tadaima…




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Yoooo~ você devem estar impressionados com a minha rapidez dessa vez, heeinn?? Até eu estou '-'
Mas bem, como eu estou enfim de férias o// pode acontecer de haverem postagens mais frequentes... tinha também o fato de eu já ter planejado esse capítulo com antecedência, e eu estava realmente ansiosa pra postar ele... mas então, só não se acostumem com esse ritmo, eu não prometo nada, okee?
Bom, vou indo~ é uma da manhã e eu to querendo ir ver anime~
bye byee bee~~