Era tarde de domingo, o sol estava se pondo e eu estava me preparando para ir à praia com meus amigos. Liguei para uma das minhas melhores amigas, Valéria. O telefone chamou várias vezes, estava quase desistindo quando ela atendeu:

- Alô - falou Valéria com uma voz de sono.

- Oi Vá, é a Vick.

- Oi amiga.

- Então, já está pronta? 

- Estou sim e você?

- Estou.

- O Eder já está aqui.

- Ok.

- Tá bom, pego vocês mais tarde, beijos.

- Beijos, tchau.

Liguei para minha outra amiga, Vivian.

- Alô.

- Oi Vi.

- Oi Vick, tudo bem?

- Tudo e você?

- Estou bem. Já está pronta? 

- Sim.

- Já estou passando aí.

- Ok, até mais.

- Tchau.

  Passei na casa da Valéria, ela estava com o Eder na frente da casa. Eles entraram no carro. O Eder já ia se sentando no banco da frente, quando dei um berro:

- Nem ouse sentar aí.  Esqueceu da Vivian? 

- Chata! - ele fez uma cara feia e me empurrou levemente.

Chegando na casa da Vivian, logo a avistamos na frente do portão super entusiasmada com nossa viagem. Ela deu um pulo para dentro do carro, deu um "oi geral" e disse:

- Está faltando alguém, não está?

- O Lucas.  Ele já está vindo. – Respondi.

O Eder não deixou por menos e disse bufando:

- Já sei que vou ter que cuidar dessas crianças para não se afogarem.

- Acho mais fácil nós cuidarmos de você - Falei na brincadeira. Acho que já estava claro que o Eder e eu vivíamos em guerra.

- Já podem parar né?! - Gritou Valéria.

  Lucas chegou logo com uma enorme mala nas costas. E, ao ver a Vivian sentada no banco do passageiro, foi falando com ar de deboche:

- Crianças devem ir no banco de trás.

- Então passa logo pra trás. - Disse Vivian rindo. E todos riram também

  Partimos logo para nosso destino. Mas no meio do caminho, começou a chover e trovejar. Passamos na frente de uma casa velha e assustadora que fez Valéria tremer. Meu carro de repente começou a parar sem nenhuma explicação. Pois o tanque estava cheio e eu havia feito uma revisão, por segurança.

- Droga! - Eu disse completamente frustrada. – O que está acontecendo?!

- Parabéns. Agora todos nós ficaremos aqui no meio do nada e na chuva. - Falou Lucas nervoso. 

- Só podia ser ela - Disse Eder para me irritar. Achando que eu havia esquecido de abastecer.

- Cala boca. - Gritei

- CHEGA! - Valéria gritou também.

- Olhem aquela casa velha. Podemos pedir ajuda. - Sugeriu Vivian. 

- Gostei da casa – disse com ar debochado.

- Dá um pouco de medo. - falou Lucas aparentemente pálido e assustado.

- Eu não vou entrar aí - Disse Valéria muito assustada.

- Calma amor. É só uma casa velha, nada mais. - Eder tentou tranqüilizá-la dando um abraço.

- Vamos logo gente, estou curiosa e com frio na barriga. - Disse Vivian que estava gostando do nosso passeio.

  Passamos pelo portão enferrujado, depois pelo jardim de árvores mortas. Vivian abriu a porta e todos nós entramos. Entramos em uma grande sala, onde se encontrava uma estante de livros cheios de pó, um sofá velho coberto com um lençol e marcas vermelhas no chão. Parecia sangue. Valéria deu um grito e falou que havia visto um vulto preto. Tentamos acalmá-la e não prestávamos atenção em mais nada.

- Calma aí - Falou Vivian interrompendo o drama da Valéria - Cadê o Lucas?

  Todos se olharam, completamente apavorados. Ouvimos um grito alto e agudo, tínhamos certeza que era de Lucas. Vivian e Valéria estavam chorando e afirmavam que não queriam morrer. Eu estava completamente apavorada. Eder estava tentando nos tranqüilizar, mas também estava muito apavorado. 

  Vimos a mochila do Lucas jogada no chão. Seguimos uma trilha de sangue que levava até um quarto escuro, mas no meio do caminho encontramos suas roupas rasgadas e encharcadas de sangue com alguns pedaços de pele. Todos começamos a chorar quando entramos naquele quarto e o vimos em pedaços. De repente, somos surpreendidos com a Valéria sendo puxada pelos cabelos. Eder entra em completo desespero por sua namorada. Eder, Vivian e eu descemos correndo para tentar alcançar Valéria, mas quando chegamos à sala, Valéria está pendurada no teto, morta. Eder dá um grito de desespero e chora como se estivesse sendo torturado. Desesperadas, Vivian e eu tentávamos abrir a porta para pedir ajuda, a porta se abre, Vivian sai correndo para o carro, quando um homem baixo, mais ou menos do tamanho dela a ataca com uma faca, e ele sai correndo enquanto Vivian cai morta no chão, separada de sua cabeça.

  Dei um enorme grito. A porta se fechou.

  Quando o Eder viu Vivian morta pela janela, se desesperou, caindo no chão sendo devastado pela dor da perda de seus amigos e seu amor.

  Um novo ataque estava para acontecer. Eder e eu ficamos juntos e paralisados enquanto aquele ser assustador e macabro foi se aproximando. Aí ele levantou um machado grande e afiado. Olhávamos fixamente nos seus olhos. Então ele falou:

- Agora tudo vai acabar!

  Eu tinha certeza de que conhecia aquela voz. 

  De repente, sem nenhuma explicação, Eder parte para cima do carrasco, ele cai no chão e quando puxamos o capuz de sua cabeça, ficamos completamente chocados. Nada descrevia aquele sentimento de dor e angustia que eu sentia naquele momento.

- Não acredito - disse Eder com uma voz de choro e decepção. -É o Lucas!

- Como ele pôde?! - Gritei completamente furiosa e triste.

  De repente acordo em meu quarto, com o telefone tocando.  Era a Vivian querendo saber a que horas eu iria passar para pegar o pessoal.