Doce Implicância escrita por MayonakaTV


Capítulo 2
II- Sobre lábios, nomes e café


Notas iniciais do capítulo

Uma vida depois... ;A;



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- Continue calado - disse Ai, autoritário, ao puxar a cadeira vazia ao lado do igualmente vocalista.

O sorriso se manteve a adornar os lábios de Tatsurou.

- Eu não ia dizer nada.

- Mas pensou que eu sei.

Para espanto (e desespero) de Ai, o moreno nada fez além de continuar balançando o copo, observando sem muito interesse o sutil mover do líquido escuro dentro dele. Era estranho estarem em silêncio, aquilo nunca acontecia a menos que alguém os mandasse calar a boca durante uma gravação. Por que sentia uma horrível vontade de provocá-lo, e uma estranha necessidade de ouvir a bela voz de Tatsurou a lhe fazer comentários ácidos?

- Ok, vamos falar sobre hoje de manhã – Começou autoritário.

Tatsurou apenas deu de ombros.

- Você estava certo.

- Cala a boca e me dei-- O que você disse?

- Essa roupa foge um pouco da proposta do single. E mesmo que seja meu gosto, não é este Tatsurou que estou querendo passar no nosso trabalho. Vou fazer umas mudanças. - Piscou brevemente o olho esquerdo, sorrindo-lhe com ternura pela primeira vez na vida. - Obrigado pela dica.

A sobrancelha arqueada ainda não era suficiente para demonstrar sua estranheza ao dito alheio.

- Por que raios está me dizendo isso agora?

- Sabe Ai, é um saco ter que trabalhar com você. Não nos damos bem e todo mundo sabe disso. Mas pelo menos uma vez na vida acho que vai fazer bem a nós dois passar alguns dias no mesmo estúdio sem tentar matar um ao outro. Sei que você também já está cansado de tanta falação.

A boca entreaberta não emitiu qualquer som. Afundou na cadeira, fitando a tampa do copo sobre a mesa. Ele tinha razão.

Silêncio. E desta vez, mais do que irritante, era constrangedor.

“Quem cala, consente” pensou Tatsurou ao erguer o olhar na direção do rapaz, que circundava distraidamente a tampa do copo com o indicador. Os lábios cheios se repuxaram em um sorriso involuntário. Aquele jeito durão que, no fim das contas, só servia para esconder sua fragilidade. Era tão capaz de sentir vergonha quanto era incapaz de fingir que não.

E por mais bonito que fosse daquela forma, era maior a necessidade de Tatsurou de brincar de ação e reação.

- Seu nome...

- O que tem ele? – Indagou Ai com aspereza, semicerrando os olhos ao fitá-lo, desconfiado.

- Ai... - O olhar se perdeu nos traços do rosto alheio que, inconscientemente, aproximava-se de seu semelhante.

"É ridículo", podia ver as palavras sendo jogadas em sua cara, como todo e qualquer comentário de Tatsurou a seu respeito. Trégua? Como fora capaz de acreditar que haveria algo assim entre os dois? Já tinha uma resposta na ponta da língua, seria suficiente para tirar aquele olhar curioso e desejoso de cima de si...

Os rostos se aproximavam inconscientemente. A cada segundo, Tatsurou parecia tão mais perto... Mais perto...

... O que queria dizer mesmo?

- Sim...? - Ai estava receoso, os olhos oscilando entre o olhar frio do moreno e seus lábios, que pareciam tão quentes...

“Faça algo, rápido!”

Mesmo que quisesse resistir, o tempo não lhe fora favorável; o mundo pareceu parar junto com seu coração. Os olhos abertos, surpresos, encarando a face masculina frente à sua. Aquelas pálpebras docemente cerradas, e os lábios que tocavam os seus com tanta gentileza, tanto carinho, em nada se assemelhando com a boca venenosa que vivia a lhe cuspir provocações. Nenhum movimento exagerado, apenas uma pressão gostosa e um sutil gosto de café e açúcar. Por fim a distântia e nada mais que um olhar profundo acompanhado de um singelo curvar de canto dos lábios que se partiram num sussurro rouco.

-... Shiteru.

As faces arderam como se estivesse com a mais alta febre. Devia estar com uma cara de bobo que certamente estava matando de rir o interior de Tatsurou. Estava tão confuso que todo o ambiente ao redor embaçou, permitindo-o ver apenas a face sorridente do moreno.

- P-p-por... Ahn?

- Implicância é um belo modo de chamar a atenção, certo, Ai? – Pôs-se a explicar Tatsurou, endireitando-se em sua cadeira e colocando o cotovelo sobre a mesa, apoiando o queixo na palma destra. - Se eu odiava sua presença... É porque, no fundo, gostava de você.

- Estamos... Numa trégua agora? – Perguntou Ai, desajeitado.

- É – Riu-se o moreno, pendendo a cabeça para trás. - Acho que agora o single vai sair!

O loiro restringiu-se a observar cada movimento do acompanhante. Ao vê-lo levar o copo à boca e ingerir uma pequena quantia do café já frio, sorriu, deixando o comentário sair livre antes que um terceiro silêncio se instalasse.

- Hn, Tatsu...

- Oi.

- Sempre gostei da sua boca – Desviou o olhar, levemente corado. - Só não sabia que ela tinha gosto de café.

- Oh – Um riso baixo e gostoso se fez presente, logo contagiando o outro vocalista. - Às vezes a implicância pode ser doce, não acha?

- Acho, Tatsu – Assentira Ai em meio aos risos, cerrando o punho esquerdo e deixando um leve soco contra o ombro do maior. - Acho sim.


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Notas finais do capítulo

oiq :3



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