MANUELA

Correr para a floresta talvez não tenha sido a coisa mais heroica a se fazer, mas eu sabia que Hécate não jogaria limpo, ela usaria a magia e quando ela fizesse eu teria um pouco do meu elemento para ajudar. O rio se abriu na minha frente, não era uma grande quantidade de água mais tinha que servir. Hécate corria feio louca atrás de mim, senti a ponta da lança tocar meu calcanhar o que me fez desequilibrar, e se não fosse por uma árvore eu estaria nesse momento com a cara no chão. Hécate deu risada enquanto eu tocava meu pé que estaca vermelho de sangue agora, mas mordi a língua engolindo a dor, eu não daria esse gostinho para Hécate, eu me coloquei perto da árvore e ergui minha foice, mesmo me assustando eu sabia que a foice seria a minha salvação, mesmo eu achando que ela ainda criaria perninhas e virá me matar de noite enquanto eu não aprender a controla-la. O barulho do rio já me acalmava, Hécate parou na minha frente me apontando a lança, que eu fiz o favor de afastar com minha foice, ela tentou outro ataque, mas acabou acertando a árvore, então praguejou em grego antigo e olhou para mim.

-Não cansa de fugir, semideusa? Pensei que teríamos uma boa luta.

-Estava aquecendo.

Falei enquanto lhe desferia um golpe, ela se afastou e tentou me acertar com a lança, mas eu rolei para o lado e a bati com a foice, Hécate não estava conseguindo me acertar isso parecia estar a irritando. Ela suspirou olhando para mim.

-Se eu não ver sangue não tem graça.

Ergui uma sobrancelha.

-Você quis dizer meu sangue?

-É lógico.

A deusa falou tentando me acertar desprevenida, mas rolei para o lado como havia treinado com Murilo na arena.

-Acho que vai ser uma luta bem chata para você.

Falei com um sorriso no rosto, ela ia responder, mas aproveitei esse meu tempo para acertar seu braço com a foice, a verdade é que eu nunca tinha visto cortes tão legais como aqueles que minha foice conseguia fazer, e ela parecia ser leve, ela pegava impulso, mas deixava que eu a dominasse completamente, como se o balanço fosse feito para mim. Hécate olhou para mim dessa vez com os olhos sedentos de sangue.

-Chega de brincadeiras.

Ela chutou minha barriga que por sorte estava coberta pela armadura, mas isso fez com que eu me desequilibrasse, caí de costas no chão (muito heroico) e ela caminhou tentando me furar ao meio com a lança, mas eu colei para o lado e enrosquei minha perna no cabo da lança conseguindo a partir ao meio, nesse momento pulei dando um chute do lado esquerdo da coxa de Hécate lhe tirando o equilíbrio também, mas ela conseguiu se manter em pé. Outro corte em sua perna foi feita, eu estava cansada e dolorida, mas Hécate não parecia estar diferente... Só com algumas vantagens. Ela me segurou pelo braço e então gritou:

-JÁ CHEGA, SEMIDEUSA!

Meus pés não tocavam mais o chão, Hécate estava me levantando, ela tinha apertado meu pulso tão forte que fez a minha foice cair, eu tinha que achar algum jeito para recuperar a foice, ela era minha única chance, mas eu não tinha como alcançar ela, mas Hécate foi mais rápida, ela usou seus poderes para a foice flutuar ate sua mão.

- Voce acha mesmo que poderia me derrotar usando isso? E preciso ser poderoso para manipular essa foice, um ser poderoso que nem eu.

Falou Hecate enquanto abria um sorriso.

-Você... Disse... Que não usaria magia.

Falei enquanto me contorcia tentando me soltar, eu perdi minha esperancas, eu estava muito cansada para fazer qualquer coisa, e eu estava longe do lago para tentar recuperar minha forças, eu fechei meus olhos esperando a morte certa, entao eu cai no chao, bem acho que era um sinal bom eu estar no chao e nao no mundo inferior, eu abri os olhos e vi uma espada atravessada na barriga de Hecate, eu tentei olhar para ver quem tinha a atacado, mas não tinha ninguém.

-Sentiu minha falta, cabeça de alga?

Ouvi a voz de Murilo vindo do lado de trás, Hécate estava com uma expressão fria e dolorida, ela caiu de joelhos sangrando tanto dourado que poderíamos fazer uma piscina, mesmo assim ela não parecia morta, e sim abatida.

-Maldito presente de Atena.

Ela resmungou, eu ainda estava um pouco atônita olhando para Murilo que tirou o chapéu com aquele sorriso no rosto e uma das lentes dos seus óculos quebradas, me apoiei na arvore tomando ar tentando me sentir aliviada, mas eu ainda não me sentia cem por cento bem. Hécate começou a retirar a espada O-ou, eu não iria ficar assistindo, corri para o rio e fiz a coisa mais estranha para quem assistia: Pulei dentro da água. Senti o meu corpo se tornando mais forte na hora, os machucados não doíam mais e eu sentia como se eles se cicatrizassem. Agradeci a meu pai e a Atena por ter mandado o enxerido do Murilo me seguir, mesmo eu querendo ter derrotado Hécate. Saí do rio olhando para meu pé que estava com nada mais do que uma pequena cicatriz, ok, agora eu teria uma pequena chance contra a deusa. Caminhei em direção a onde eles estavam e agarrei minha foice.

-Pronta para o segundo round?

-Vocês... Semideuses... São umas pestes... Mesmo. -A deusa falou enquanto tentava se levantar. - Voces sempre ajudaram os deuses quando eles pedem, mas acho que primeiro devo destruir e depois aos deuses.

Balancei a cabeça negativamente.

-Falou a deusa com um buraco na barriga. Nem falar você consegue!

Murilo reclamou tirando sarro da situação, revirei os olhos.

-Essa “guerra” já foi perdida, Hécate. Acho melhor se recolher antes que eu te corte em pedaços.

Ameacei quase determinada a deixar a deusa fugir como estava.

-Pense duas vezes antes de atacar o olimpo na próxima vez.

Falei fincando o resto de sua lança no chão e olhando para o Murilo que parecia exausto também.

-Vamos corujinha.

Falei enquanto nós dois saíamos em direção ao acampamento, paramos no mesmo momento em que uma luz forte se explodiu atrás de nós, Murilo e eu fechamos os olhos por impulso, já que Nico havia nos explicado o que acontecia quando um semideus olhava para a forma divina de um deus.

Ao chegarmos no acampamento, o dano nao parecia tão grande, o Chalé de Hefesto parecia ter se transformado de um chalé em um tanque de guerra, o pessoal de Ares estava fazendo a farra matando o resto dos monstros, já que não tinham muito monstros agora, e chalé de Apolo na enfermaria cuidando dos feridos, bem acho que ainda não tínhamos muitos feridos... Digo, os monstros saíram na pior. Pela primeira vez nessa semana, eu estava em paz, deuses! Nem sei dizer como eu me sentia, eu me sentia tranquila, leve, eu sabia que tinha acabado... Ou eu achava. Tudo estava silencioso, algumas risadas ecoavam, todos pareciam estar felizes e para dizer a verdade a destruição era pouquíssima, eu demoraria mais tempo para me recuperar do que o acampamento. Murilo e eu estávamos nos arrastando praticamente, estávamos bem feridos e agora que estava longe do rio, não me sentia tão bem assim. Tudo parecia normal, eu estava quase desmaiando de tanto cansaco, a foice que estava na minha mao ja havia voltado a sua forma normal, eu estava segurando a mordecosta, eu nao sabia como eu tinha feito aquilo e nem sabia se iria conseguir fazer aquilo denovo. Mas na real, eu não tenho certeza se gostaria de fazer de novo, aquela foice me dava arrepios.

- Acho que esta tudo normal agora. Falou o Murilo do meu lado.

 Olhei para Murilo com os olhos estreitos.

-É... Acho que sim.

Ele olhou para o fim da colina e soltou um longo suspiro.

-Vamos viver mais um ano.

Falou, dessa vez abri um sorriso.

-É... Acho que sim.

Vimos o Nico e o Percy descendo em nossa direção, Percy estava com as roupas toda rasgada, mas não tinha nenhum tipo de cicatriz, acho que aquilo era graças a tal maldição de Aquiles, Nico por outro lado não estava com tanta sorte, ele estava todo sangrando e machucado, não sabia como ele ainda conseguia andar. Nós dois corremos em direção aa eles e quando os alcanssamos Nico so disse uma coisa.

- Bem acho que nao foi tao ruim quanto eu imaginei.

Então desabou, ele estava prestes a bater com a cabeça em uma pedra quando Murilo o segurou, olhei para Percy que mesmo sem machucados parecia completamente cansado.

-Acho melhor leva-lo a enfermaria.

Murilo falou, mas quando ele deu o primeiro passo, tudo a nossa volta começou a rodar... E quando eu digo rodar, é literalmente, como se estivéssemos em um carrossel em alta velocidade e quando parou prendi a respiração. Ok, aquele não era o acampamento meio sangue... Estávamos no... Olimpo?

-What the...

-Murilo, nossa língua!

Corrigi olhando um pouco atônita, eu não sabia o que estávamos fazendo lá, Nico não estava mais nos braços de Murilo e estávamos parados no meio de um salão, onde doze olimpianos enormes nos encarava, como se estivessem com raiva e pode apostar, isso foi muito mais assustador do que parece ser.

-Pois bem. –O deus sentado no trono de ouro, Zeus claro, falou. –O concelho olimpiano está aqui reunido para debater a execução dos semideuses.

-O-o-ou! –Não pude evitar de falar. –Como é que é?

Zeus me olhou por um momento como se me examinasse, então olhou para os outros deuses.

-Vejam só a insolência.

-Como assim?

Murilo perguntou tão atônito quanto eu, Atena fez um gesto triste para Murilo como se dissesse que já havia feito o que pode. Olhei para Zeus ainda esperando uma resposta, só que ele não me dava uma resposta! Odiava ser ignorada.

-Como eu disse... –Zeus continuou. –Temos por votação se deixaremos viver os semideuses de nomes...

-Hey hey hey! –Gritei. –Nós salvamos a pele de vocês, e vocês querem nos matar?!

-Manuela... –Meu pai olhou para mim, falando com voz em tom delicado, em seguida olhando para Zeus. –Deixe-o terminar.

Aquilo era sério? Meu pai não estava me defendendo?! Era uma piada?! Eu não acreditava, como os deuses eram veados! Que absurdo! Não acredito! Fiquei vários dias em perigo de morte para isso?! Talvez Hécate estivesse certa! Mas que droga!

-É o seguinte, aqui no Olimpo sempre fazemos assim: uma votação e por que... Começaremos com a votação por Manuela Costa. –Zeus falou se levantando. –Ela tem uma arma de um titã, foi uma traidora, e filha de um dos três grandes em campo inimigo seria um grande problema, e inda que nos recuperamos de uma guerra com titãs. Quem é a favor de mata-la?

Murilo ia levantar a mão, olhei para ele tipo “O QUE?”, só então que ele viu abaixou tão rápido quanto um raio, e começou a assoviar. Revirei os olhos.

-Isso não é possível!

Falei batendo o pé, Percy tocou meu ombro e balançou a cabeça.

-Isso só vai piorar.

Então ele olhou para Poseidon, mas o deus ignorou, bati o pé, eu não me importava se o que eu falasse a seguir me transformasse em cinzas, mas eu ia morrer deixando os deuses sabendo disso.

-Zeus! Olhe, eu sei que ninguém se refere a você desse jeito, ok, me desculpe, traí, mas eu tive o bom senso de saber o meu lado... Sabe como teria sido fácil a vitória de Hécate caso eu tenha ficado do seu lado?! EU PODERIA TER UM TRONO AÍ AGORA! Mas não. Não. Eu fiquei dos lados dos deuses, e eu vou morrer por isso, agora?! Sério?! –Meu coração estava aos pulos e todos os olimpianos me observavam atentamente. –Ok, me matem, deuses não tem peso na consciência, certo?

- Como voce ousa a falar assim com os deuses?

O olhar de Zeus era furioso e estava direcionado diretamente até mim, aquilo me deixava um pouco desconfortavel... Ok, MUITO desconfortável. Respirei fundo.

-Acho que nunca escutaram isso, certo? Bom, agora eu vou morrer e vocês sabendo o que eu pensava. Os dois ganhamos... Sabe? A profecia se tratava de uma escolha... Se essa escolha foi a minha... EU não me arrependo de nada do que fiz.

Falei retirando toda a coragem de dentro de mim, mesmo que minha vontade naquele momento fosse de deitar em posição fetal e começar a chorar.

- Garota insolente, como se atrave, mas so para sua informacao voce nao foi a unica.

 Ele apontou para Percy do meu lado. Não pude deixar de sorrir, mesmo em pânico. Acho que ser petulante era coisa de família. Olhei para Zeus e engoli em seco.

-Eu deixei Hécate ir, porque não acho que ela vá dar problemas tão cedo. –Falei. –Eu uso sim Mordecostas, mas achei que meu ato de hoje provaria que eu não seria capaz de trair aos deuses.

- Silencio humanos. Conselho vamos votar a morte de Manuela Costa.

Então Zeus bateu as duas mãos no trono e só se ouviu silêncio. Zeus olhou em volta, eu não sei por que, mas acho que minha ultima frase havia feito algum efeito, pois os deuses começaram a trocar olhares confusos se votavam contra ou a favor da minha morte. Zeus se sentou se colocando reto no trono e então falou:

-Levante a mão quem é a favor da execução.

Meu coração disparou, alguns deuses levantaram a mão como Atena, Hermes, Ártemis, Ares, Demeter. Meu coração ainda estava acelerado, Zeus olhou em volta parecendo meio chateado e em seguida suspirou.

-Levante a mão quem é contra.

Então Poseidon, Hera, Afrodite, Hefesto, Apolo ergueram a mão. Para ser sincera, meu pânico cresceu, porque Dionísio não havia levantado a mão, deixando empatado cinco e cinco, então logo em seguida ele mudou de posição desconfortável. meu coração estava pulando, ótimo! Minha vida estava anos mãos do Sr. D. Zeus olhou para Dionísio, então ergueu uma sobrancelha.

-Dionísio?

Ele pareceu acordar de um transe.

-Hein?

-A favor ou contra?

Zeus perguntou sem paciência, Dionísio olhou para mim analisando, meu peito estava em chamas, eu sabia como Sr. D era contra todos nós no acampamento e eu não podia acreditar que tudo acabava ali... Não podia acabar ali.

-Eu voto a favor, assim é menos um para olhar no acampa...

Olhei para o chão, a tensão tomou conta do ar, Percy olhou para mim com os olhos arregalados, ele parecia a ponto de cair de costas como eu, até Murilo estava muito abalado. Eu não acreditava, todo aquele esforço para nada, tudo isso para morrer no final por votação... Bom, eu ia para um lugar melhor... Esperava, eu sabia que não. Segurei as lágrimas atrás dos olhos. Eu estava prestes a ter um ataque cardíaco quando a porta se abriu e um homem enorme entrou seguido de uma mulher, os dois se sentaram nos tronos da ponta e falou em um tom sério e frio.

-Hades.

Zeus falou em um tom um pouco frio, o deus que era Hades olhou por um minuto para o irmão, mas não se sentiu obrigado a observa-lo.

-Zeus.

Zeus suspirou olhando para Perséfone e Hades.

-A decisão estava encerrada, mas como chegaram e fazem parte do concelho podem votar. Contra ou a favor da morte de Manuela?

-A semideusa da foice? Sou contra.

Hades falou decidido, devo admitir que fiquei surpresa, e um pingo de esperança cresceu dentro de mim, Perséfone se virou em minha direção e abriu um sorriso.

-Ela adora natureza, é claro que sou contra.

Soltei um suspiro quase caindo de costas aliviada, eu não acreditava que Hades e Perséfone haviam salvado a minha vida. Zeus assentiu e suspirou batendo no trono com a mão.

-Primeiro debate fechado. Execução negada pela maioria.

Abri um sorriso e suspirei ao mesmo tempo, eu não acreditava, eu estava imensamente feliz, Percy me abraçou e Murilo fez o mesmo, eu estava aliviada, eu não morreria... Por sorte. Mas minha alegria durou pouco porque foi quando Zeus disse.

-Murilo Regis, um passo à frente.

Murilo olhou para mim nervoso, eu tentei abrir um sorriso para encoraja-lo, mas o que saiu foi uma boca torta que deve mais tê-lo assustado. Mordi o lábio prendendo a respiração.

-Murilo Regis, bom, não temos um semideus com certos poderes, como o dom dado ao filho de Atena. Entramos em discussão e não tivemos certeza do que fazer, pois isso pode ser... Uma ameaça... Então Olimpianos, levante a mão os a favor da execução do semideus.

Olhei em volta nervosa, eu nãi sabia que os deuses me odiavam a ponto de ficarem meio a meio contra, mas com Murilo foi um pouco mais complicado, digo, alguns deuses olhavam para Atena em dúvida, as mãos erguidas eram as do Sr. D, Ares, Afrodite e Apolo. Quatro contra o resto, Hades levantou a mão, mas cá entre nós, acho que só fez isso para contrariar Poseidon que permaneceu com as mãos abaixadas. 5 deuses a favor. Apertei a mão de Percy, a verdade é que alguns deuses ainda estavam confusos. Zeus olhou para os deuses como se dissesse "Sério? Nenhuma morte? Assim deixaremos de ser temidos!", mas o que na verdade saiu de sua boca foi:

-Os contra a execução levante a mão.

Nesse momento o meu coração parou, Atena foi a primeira a levantar a mão,  logo seguida de Ártemis, Hefesto, Hermes, Perséfone, mas os outros deuses ainda se olhavam, um para o outro confusos. Olhei para o meu pai com vontade de esganar todos os deuses, mas logo que nossos olhares se cruzaram ele ergueu a mão, suspirei aliviada, por enquanto era uma vitória. Assim que Poseidon levantou as mãos, o resto dos olimpianos fizeram o mesmo, Murilo estava salvo, a não ser que mais algum deus atrasado aparecesse, mas não acho que isso pudesse acontecer. Zeus suspirou parecendo mal humorado, então se sentou no trono novamente.

-Murilo, execução negada pela maioria.

Ok, quando você vê seu amigo de cabelos castanhos e óculos correndo a toda velocidade pra cima de você seu primeiro pensamento é: "Fu..." Ta, eu não completei meu pensamento porque nesse momento eu estava sendo esmagada em um abraço, mas eu ainda não estava aliviada, eu precisava sair daqui. Percy olhou para Zeus e Poseidon por um momento.

-Acabamos?

Zeus balançou a cabeça negativamente.

-Não foi chamado em vão, Jackson.

Espremi os olhos para Zeus, como é que é? Iam votar pla morte de Percy também? Zeus se sentou no trono e dessa vez foi Poseidon quem se levantou, meu coração disparou, o que nosso pai estava fazendo. Então ele olhou para Percy e em seguida para mim.

-Ouve muita conversa por aqui... E precisamos decidir quando ao... Hã... Relacionamento de vocês.

Engasguei. O que era aquilo? Meu pai estava se intrometendo em minha vida amorosa? Eu não o conhecia até meia hora atrás quando estava prestes a morrer e ele já queria vir falar sobre namoro? Percy me olhou parecendo tão constrangido quanto eu.

-Acabamos decidindo, que Manu, você deverá deixar o acampamento.

Dessa vez formamos um coro triplo, Percy, Murilo e eu.

-O que?

Eu? Deixar o acampamento? Não era justo! Poseidon deu de ombros como se não pudesse fazer nada a respeito, então a deusa que eu já conhecia, Afrodite, se levantou.

-Poseidon, não conversamos sobre isso.

Poseidon olhou para ela por um minuto tentando entender se eles realmente teriam aquela conversa aquela hora. Eu estava bem desconfortável recebendo os olhares de alguns deuses, principalmente Atena que nos fuzilava com os olhos... Annabeth não havia ficado muito bem com o término, e não me surpreendia se ela me culpava por isso.

-Ou é isso, ou as caçadoras.

Poseidon falou um pouco mais baixo, Afrodite balançou a cabeça.

-Não pode! Não interfira em meus planos.

Tossi, eu não acreditava que aquele momento constrangedor estava mesmo acontecendo!

-Não é natural dois filhos de um mesmo deus namorarem!

Ártemis falou entrando na conversa. Franzi a testa.

-Não é natural? Como assim?!

Eu sabia que estava abusando, mas eu gostava do Percy, eu tinha que defender isso. Ele deve ter pensado igual porque logo declarou:

-Pai, não pode tira-la do acampamento! Isso é injusto.

-Percy...

Poseidon falou, mas logo foi interrompido por Ártemis.

- Deixe-me explicar Manuela, se nossos filhos chegarem a ter filhos ele nascem como mortais, as vezes eles ate conseguem ver atravez da nevoa, por que a divindade nao e passada pelo dna, mas como voces sao filhos do mesmo deus isso traria graves problemas, isso e a divindade ja seria mais poderosa e ate passaria para o seu filho, e ele seria mais poderoso ainda.

Certo eu nao estava gostando daquela historia de filhos, eu estava com Percy faziam... Horas! Olhei para Ártemis mais desconfortável do que já estava.

-Desculpe, quem falou em casar e ter filhos?

Falei, a verdade é que casar e ter filhos nunca foi meu sonho, eu não pretendia ter filhos alias... Aquilo era estranho.

-Eu falei.

Afrodite levantou a mão perto de Poseidon, senti meu rosto esquentar, eu não poderia estar corando! Olhei para Murilo como um pedido de socorro, Percy também não parecia confortável com a conversa, eu precisava sair dali antes que não conseguisse, mas sequer encara-lo.

-Não pode me expulsar do acampamento por causa disso.

- Como ela iria sobreviver lá fora, quero dizer, ela e filha dos três grandes então mais monstros irão vir atrás dela, e como se vocês a mandassem para a morte. Falou o Murilo, meu pai balançou a cabeça negativamente.

- Eu ja tinha pensado nisso filho de atena, eu conversei com Artemis e ela concordou em aceitar voce nas cacadoras.

Percy e eu engasgamos, eu me senti como se engasgasse com coca-cola e aquele gás estivesse subindo e fazendo o meu nariz arder, olhei meio atônita para Poseidon.

-O que?!

- Sim, com as cacadoras voce vai virar imortal e sempre vai ficar protegida. Falou Posseidon como se estivesse escolhendo uma escola para mim, balancei a cabeça.

-Sim prometendo virgindade eterna e me afastar dos meus amigos homens... Já parou para ver como é a minha vida pelo Brasil, Poseidon?

A verdade é que meus amigos eram TODOS homens, e eu nunca me dei bem com meninas, eu não me via andando por aí com um grupo de garotas caçando servos ou coisas do tipo.

- Mas virando cacadora voce nao iria ter mais contato com sua familia.

Falou Posseidon

- E voce iria ao Brasil muita poucas vezes e se for nos iriamos para a amazonia, nenhum monstro gosta do ar de Sao Paulo muito poluido.

Falou Artemis, ela tambem nao parecia muito feliz com a ideia de eu me juntar as cacadoras, acho que era pelo fato de eu ja ter beijado um garoto ou não sei... Aliás, não que eu guardasse rancor, mas ela votou pela minha morte ¬¬.

-Desculpe. Não.

Falei simplesmente, digo eu sabia que estava sendo ousada, mas não ia deixar que decidissem meu futuro por mim de jeito nenhum. Caçadoras, estava fora de questão.

- Eu digo para a semideusa continuar no acampamento, e deixe ela continuar sua vida amorosa do jeito que ela quisesse. Gritou Afrodite.- Amor e a arma mais poderosa que tem e a mais antiga, eu sou a Olimpiana mais velha e digo para voces me ouvirem. A voz de Afrodite parecia tao agressiva e ao mesmo tempo suave e totalmente persuativa. Se eu fosse um dos deuses eu estaria me escondendo de baixo da cama agora u.u Discutir com Afrodite não da certo, eu posso afirmar isso.

-E assim condenar a todos? Por amor verdadeiro? Tolice!

Atena se colocou. Poseidon olhou para mim mais uma vez e suspirou, Afrodite estava falando na sua cabeça, Ártemis discutindo, o palácio dos deuses estava uma confusão até que as falar foram quebradas pelo grito:

-Certo! –Meu pai falou alto. –Por hora deixaremos assim, pensaremos em uma solução mais para a frente. Aliás, o verão está acabando e logo estarão de volta a Nova York e Brasil...

-Concordo.

Afrodite falou e logo piscou para Percy e eu, não resisti a dar uma leve risada, eu ainda estava um tanto constrangida, mas acho que essa conversa havia ajudado bastante em uma coisa, eu não teria problemas com Percy pelo resto do verão. A verdade é que eu queria morar no acampamento, tudo seria tão melhor, mas eu sentia  a falta de alguns amigos que tinha deixado no Brasil, fora que isso tornaria ir para o Acampamento especial. eu também sabia que teria problemas futuros com Atena, mas eu tentava não pensar nisso. Murilo sorriu para nós, mesmo amedrontado pela expressão desapontada de sua mãe.

-Esta seção está encerrada!

Zeus anunciou, isso deixou muitos deuses desapontados, mas mesmo assim todos respeitaram, os deuses foram saindo aos poucos, mas os que permaneceram no salão foram apenas Poseidon, Atena. Poseidon veio até mim e Atena graças a deusa para o outro lado até Murilo. Eu não sabia se me sentia muito bem em vê-lo, digo, até três meses eu achei que conhecia meu pai, mas descobri que tudo era mentira, que meu pai na verdade só havia me visto uma vez na vida, dizia ter se apaixonado por minha mãe, mas mesmo assim teve um filho com outra mulher cerca de um ano antes. Que sentido isso fazia?

-Pai...

Percy falou, eu só fiquei olhando parada como uma estátua, eu não sabia que reação deveria ter. Pular em seus braços e dizer que estava com saudades estava fora da lista.

Manu, voce tem que tentar entender o por que eu estou fazendo isso, uma juncao entre voces dois seria, bem, muito perigoso. Falou Posseidon

-Não acha que está levando um romance adolescente muito a sério?

Perguntei teimosa.

- Voce tem que entender, quando Afrodite esta no meio isso ira evoluir muito mais. Afrodite juntou voces dois, entao isso quer dizer que nao vai acabar tão facilmente. Quero que saiba que eu falo isso pelo bem dos meus dois filhos.

Suspirei.

-Certo, com todo o respeito, eu escuto isso vindo de você como de qualquer outro deus aqui, não pense que tem influencia especial sobre mim, eu não sei quando ao senhor, mas eu gosto muito de Percy e se Afrodite pensa que é certo, que seja. Quem sou eu pra discordar, mas por favor, não tente jogar pro lado emocional, não vai dar certo.

Poseidon suspirou e me olhou com o que parecia dor nos olhos, mas eu sinceramente não acreditava muito naquilo, ele poderia ser um belo ator.

- Eu sei que voce nao me ve como um pai, mas acredite eu sempre, sempre fico de olho nos meus filho, desde de que voce deu o primeiro passo ate quando voce matou seu primeiro monstro, você não podia me ver mas sim eu estava lá.

Balancei a cabeça negativamente, eu não sei se estava sendo dura com Poseidon, mas eu sentia rancor, desde que descobri tudo, eu sentia só rancor.

-Não. Meu pai se chama Júlio, ele mora no Brasil, ele foi quem me acudiu quando eu me machuquei, quando eu chorei, ele estava lá pra me segurar, você só assistiu em silêncio, nem mesmo para me reclamar antes, quando tinha a idade de Percy, você teve que esperar até os meus 16 anos. Isso não é justo. Posso estar passando dos limites falando, mas você é nada. É um deus. Como Zeus e Hades. Não me chame de filha. Você me gerou. Não é meu pai.

Ele fez uma expressão raivosa, mas logo virou confusa e depois triste novamente, ele parecia um poço de emoções... Se é que deuses tem emoções. Me perguntei se Percy ainda estava ali já que ele estava em completo silêncio, só então percebi que ele estava do outro lado conversando com Hermes. Claro.

- Voce ainda vai entender um dia, como o Percy entendeu. Falou Posseidon enquanto se virava para sair da sala.

-Espero.

Falei enquanto me virava para a outra direção. Bom, agora eu sei de onde eu havia herdade minha mania por saídas dramáticas. Logo Percy caminhava em minha direção e percebi ao me virar que o Murilo so estava sentado do lado da porta nos esperando, pelo jeito ele ja havia conversado com Atena.

-Que rápido.

Falei abrindo um sorriso enquanto o dava a mão para ajuda-lo a levantar, ele me deu a mão se colocando de pé ao nosso lado.

-Pode dizer agora, Murilin. –Falei. –Pode dizer que viveremos mais um ano.