Lua De Sangue escrita por JhesyAckles


Capítulo 16
Capítulo 16




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Encontramos Marcus antes mesmo de chegarmos em casa, ele estava nas proximidades junto com os outros... bom, pelo menos os que sobraram... Ele correu ao nosso encontro com uma expressão de preocupação e alivio.

- Lana, até que enfim! - ele respirou fundo. - Pensei que tinha sido morta.

- E quase foi. - Lucas disse. 

- Onde você estava? - ele me olhava.

- Não consegui ficar lá. - eu engoli em seco.

- Tudo bem, foi melhor você ter saido... 

- E então, Marcus, quando será o proximo ataque?

- Proximo ataque? - eu olhei confusa para Lucas e em seguida para Marcus. 

- Ainda não sei, teremos de planejar com muita calma isso. - Marcus respondeu como se não tivesse me escutado. 

- Teremos que ver quem irá no proximo, perdemos muitos. - Lucas disse me ignorando. 

- Sim, mas eles também perderam muitos, estamos equilibrados... - Marcus ponderou.

- QUE DROGA! PODEM ME OUVIR? - eu berrei e os dois me olharam. - Vocês estão loucos? Um banho de sangue não é suficiente? Querem perder mais? Querem mais mortes? 

- As deles, sim. - Lucas disse. 

- Você ao menos olhou quem estava matando? Haviam mulheres e crianças lá, droga, crianças que sequer entenderam o que estava acontecendo! Já fizemos muito estrago, não é o suficiente?

- Lana, eles mataram Manuela, Sophia e sua mãe! - Marcus me olhava com olhar de reprovação. - Eles separaram nossa familia, e vão voltar a fazer isso, quer motivo maior para extermina-los? 

- Eles separaram nossa familia? - eu ri com desdem - E o que fizemos hoje? Acha que familias não foram destruidas? 

- Lana, tenha bom senso! Eles assassinaram sua mãe, temos de vinga-la!

- Não dessa forma! Esqueça essa droga de vingança Marcus. - as palavras simplesmente sairam. - E se acha que pode haver vingança maior do que o que fizemos esta noite acho que você deveria repensar muito o que acredita. Esta noite separamos pais e filhos, mães e filhos, quer dor pior que essa? Isso é pior que a morte! Será que isso não basta para você? 

- Não, não basta! Mas você tem razão, não nos é conveniente outro ataque, perdermos outros e isso será ruim. - eu respirei aliviada. - Porém... - odeio essa palavra. - Não vi o corpo do assassino entre os mortos... 

- Isso porque ele não estava lá, ele estava perambulando pela floresta atras da Lana. - Lucas falou e cerrou os dentes. 

- Entendo. Bem, Lana, você tem razão. - ele se virou para os outros. - Não haverá outro ataque ao bando. - todos respiraram aliviados, todos ali haviam perdido familia, amigos... -  Mas eu ainda quero a cabeça do assassino em uma bandeja!  

- Não! - eu falei antes que pudesse conter as palavras, meu coração deu um salto e eu não pude controlar. 

Todos olharam para mim e eu vi Lucas trincar os dentes e respirar fundo. 

- Porque não? - Marcus perguntou. - Não quer ver o assassino que matou sua mãe morto Lana?

- Não... quero dizer, quero... - eu estava confusa. - Não sei, Marcus, eu sinceramente não sei mais. De qualquer forma, tenho uma divida para com ele, ele salvou minha vida esta noite, eu devo isso a ele!

- Não, não deve! - Lucas se pronunciou. - Sua divida com ele já está paga, você não deixou que eu o matasse, salvou a vida dele e ele a sua, não há porque salva-lo outra vez, a não ser se ele tiver razão, não? - ele me olhava com raiva. 

- Você não deixou que ele o matasse Lana? O que há com você?

- Como eu disse, Marcus, ele salvou minha vida, fiquei em divida com ele.  E além disso... - eu procurava as palavras. - Se o matarmos eles saberão quem foi, não haverá distinção entre atacarmos e sermos atacados, o massacre será o mesmo ou talvez maior. Mais vampiros irão morrer, é isso que você quer Marcus? - eu já estava quase sem argumentos. 

- Você sabe que não, sabe que não quero perder mais ninguém! Você será uma otima líder Lana, realmente será, mas por enquanto eu ainda cuido desses assuntos, você disse coisas sensatas, o que devemos fazer é evitar isso, mas também não podemos ficar parados, pensarei em algo... - ele ponderou e se virou para os outros. - Vão para suas casas, está quase amanhecendo. Planejarei algo e em breve entrarei em contato com vocês. 

Todos assentiram e tomaram suas direções.

Ficamos apenas Marcus, Lucas e eu.

- Vamos para casa, minha filha. - Marcus pousou a mão em meu ombro. 

Fomos os três correndo para casa. 

Eu me sentia fraca, exausta, sensações estranhas para um vampiro, mas eu não estava em condições de tentar entender mais essa dentre muitas novidade que estavam acontecendo em mim, simplesmente cheguei em casa, fui direto para o meu quarto e me joguei na cama.

Marcus foi para o quarto dele, não sairia de lá tão cedo,  e Lucas veio até onde eu estava, parou de frente para a cama e ficou me encarando.

- Você está bem? - eu o olhei. 

- Deveria estar? - ele respondeu sem emoção. 

- O que você tem? - eu me sentei ainda o encarando. - Qual o seu problema?

- Qual o meu problema? É sério que você ainda pergunta? - ele se aproximou. - Meu problema é aquele cachorro maldito ainda respirar, esse é o meu problema.

- Lucas, - eu respirei fundo. - Eu não podia deixar que você o matasse, ele tinha acabado de salvar minha vida, eu não me sentiria bem com isso, além do mais... - ele me interrompeu.

- Isso é o que você quer que todos acreditem, isso é o que você quer acreditar! - ele estava a  ponto de explodir. - E ainda mais tudo o que ele disse! Acha que sou estupido? Acha que não percebi como vocês dois se olhavam? Eu não sou nenhum idiota Lana, sei o que você sente por ele!

- Você sabe o que eu sentia por ele. - eu falei tentando nos convencer disso. - Eu estou com você agora, e é isso que importa, dane-se ele, não quero mais saber dele! 

- Ah é? - ele se aproximou e ficou em pé de frente pra mim, eu me ajoelhei na cama para diminuir a diferença de altura que havia se estabelecido entre nós, isso não resolveu muito, Lucas era muito alto.

- É claro que sim. - eu o olhava.

- Prove então.

- Como? - eu falei confusa.

- Me beije. - eu o olhei sem entender e ele se aproximou. - Me beije. - ele repetiu.

Eu não entendi o que ele queria com aquele pedido, eu não entendia como um beijo poderia provar algo a ele, mas não me opus, coloquei meus braços ao redor de seu pescoço ergui minha cabeça e deixei que meus labios encontrassem os dele gentilmente, ele colocou as mãos em minha cintura e retribuiu, passados alguns poucos segundos retirei minha boca da dele, toquei-lhe os lábios mais duas vezes e afastei a cabeça para olha-lo e tentar entender o que ele queria com aquilo.

- Quero um beijo de verdade. - ele falou - Um beijo como os que você me dava antes. Um daqueles beijos que faziam nossos corpos arderem em brasa. Você se lembra? - é claro que sim, claro que me lembrava, mas permaneci calada observando seu rosto. -  Quer que eu te lembre como é?

Ele me puxou para mais perto e me beijou, seus lábios encontraram os meus bruscamente e se moviam com violência sobre os meus. Eu retribui seu beijo ainda que não estivesse gostando totalmente daquilo.

Ele retirou as mãos da minha cintura e arrancou sua camisa com rapidez, o que fez os botões estourarem.

Lucas me deitou na cama violentamente e deitou em cima de mim me prendendo em uma armadilha, ainda me beijando, aquele não era realmente o Lucas, ele nunca fora assim, sempre tão carinhoso, aquelas atitudes não pertenciam a ele.

Em momento algum seus labios deixaram os meus, ele já estava ofegante, suas mãos percorriam meu corpo e as minhas tentavam para-lo.

Tentava livrar minha boca mas não estava sendo uma tarefa fácil, ele ignorava todas as minhas tentativas de me libertar, suas mãos me apertavam e entravam embaixo das minhas roupas me acariciando, mas aquela não era uma sensação boa.

Finalmente seus lábios deixaram os meus para irem até meu pescoço e eu pude respirar e falar.

- PARA COM ISSO! - eu não consegui controlar o grito que saiu desesperado de minha garganta.

- Não! - ele respondeu ofegante com a boca em meu pescoço e desceu a mão até minha cocha.

- Eu mandei parar com isso! AGORA! 

- Não! - ele repetiu e então tirou os labios de meu pescoço e ergueu a cabeça para poder me olhar. - Não vou parar, eu sei que você me quer tanto quanto eu te quero. 

- Eu quero que você pare com isso Lucas! - eu disse com muita raiva e autoridade. 

Ele saiu de cima de mim e se sentou a minha frente semi-nu. 

- Era disso que eu precisava. - ele falou seco. - Se fosse ele você não o mandaria parar, mandaria?

- Você não sabe de nada. - eu disse entre dentes.

- Me admira saber que você ainda está apaixonada por um assassino.

- Você é inacreditavel. - eu trinquei os dentes. - Foi a nossa familia que morreu naquela clareira hoje e você só sabe pensar no Daniel? Você só sabe pensar nisso? - eu apontei com a mão aberta para seu corpo e depois para suas roupas jogadas no chão. - Eles morreram Lucas, e você está mais preocupado com seu ciume infantil? 

- Não fale assim comigo. - ele agarrou meu pulso com força. - Nossa familia morreu sim, e você não tem direitos a falar dessa maneira, eu não a vi disposta a fazer algo em relação a isso, você está mais preocupada com a morte da familia dos lobisomens! Os nossos morreram e você ao menos está preocupada com isso, sua unica preocupação são os filhotes de lobos que foram no pacote! Você os quer proteger e dane-se o que eles nos fizeram!

- Se não tivessemos ido lá para começar nenhum de nós teria morrido! Por causa dessa vingança estupida muitos morreram!

- Vingança estupida? Você era a mais determindada a isso, ou já se esqueceu que sua mãe morreu? - um nó apareceu em minha garganta. - Esqueceu que esses animais foram os responsaveis?

- Não, eu não esqueci! O que eu sei é que chegar lá e matar todos não nos tornou melhores que eles, agimos como animais! Matamos muitos, destruimos o que eles tinham, e o responsavel ainda vive. 

- Isso porque você não quis ver seu amado morrer!

- JÁ CHEGA LUCAS! - eu berrei -  Isso porque eu acho que o que fizemos para ele foi pior do que se o tivessemos matado! Ele perdeu a familia dele, percebeu isso? Não há dor maior que essa! Acredite em mim, ele não precisa morrer, ele está sofrendo, e isso é muito pior, ele está sentindo na pele a dor que me causou. - eu tentava me soltar de seu aperto. 

- Não, não é isso. Isso é o que você quer que acreditemos, a verdade é que você não conseguiu ir adiante com o plano de mata-lo porque ainda o ama!

- Pare de repetir isso droga. 

- Lana, a menina boba e ingênua que não consegue esquecer o amor que sente por um animal - ele falou sem ligar para os meus protestos. - Ele te enganou, te usou e você ainda deixa esse sentimento vivo? Ele é um assassino! - Aquelas palavras pareciam navalhas passando afiadas por minha pele. - Depois de tudo o que descobriu sobre ele... Muito me admira que esse sentimento não tenha se transformado em um odio mortal. 

- Eu não estou te reconhecendo Lucas. - eu falei. - Qual é o seu problema? 

- Já te disse qual é, é necessário que eu repita?

- Não falo disso! 

- Então, o que?

- Você parece ser duas pessoas... - as palavras simplesmente se formaram e sairam. - em um momento é o Lucas que eu conheci, pelo qual me apaixnoei mas isso não dura muito e logo se transforma no Lucas que me traiu, o que eu tanto odiei, e esse Lucas eu preferia que não existisse. - eu falei séria e ele finalmente me soltou. Nós nos encaramos.

- Você está me reconquistando, aos poucos mas se realmente quer que eu o esqueça e volte inteira para você, pare de agir assim!

Ele deu uma passo atrás ainda me olhando, por uns momentos seu olhar sobre mim pareceu mais leve, como se aceitasse o que eu havia dito, mas logo o olhar mudou e o ciume se iluminou.

- Não, não é o bastante. Enquanto ele viver você não vai esquece-lo, enquanto ele viver eu não vou ter você me amando. - ele não tirava os olhos de mim. - Mas isso vai ser resolvido, e logo. - falando isso ele saiu do quarto.

Era obvio que ele não desistiria, ele iria matar Daniel, eu não podia deixar que isso acontecesse porque para piorar tudo Daniel agora era o Alfa, e uma certeza vinda de algum lugar me inundou quanto a isso: Se ferissemos Daniel o bando viria com força total em cima da gente. Isso significaria mais inocentes mortos, mais sangue derramado, mais familias chorando suas perdas.Eu ainda não tinha noção de quantos morreram essa noite, e na verdade não queria ter... Eu não queria que nada daquilo que eu vivi fosse realidade.

Queria que simplesmente minha mãe me acordasse em uma manhã me chamando para uma volta no parque e me dissesse que tudo foi um grande e longo pesadelo... Mas claro, não havia como ser um sonho, eu não dormia, minha mãe não poderia me acordar, estava morta e uma caminhada a luz do sol era algo que eu não conhecia há muitos e muitos anos.

Fiquei parada por uns instantes ouvindo os sons da casa, Lucas fora falar com Marcus, estavam conversando. Uma conversa privada em uma casa de vampiros era quase impossivel, ainda mais quando o assunto era de interesse de um deles e esse era o caso.

- Lucas, Lana tem razão, as perdas que tivemos hoje... Todos os nossos amigos... Não podemos manda-los para outro massacre. 

- Eu sei disso Marcus, mas também não posso ficar sentado observando, Diana era como uma mãe pra mim, e... Sophia e Manuela. Não posso!

- Pode sim. Você está com a cabeça quente agora, eu ouvi a briga de vocês. - que surpresa. - Vamos fazer o seguinte, ok? Quando a noite cair você irá para sua casa, sua mãe está preocupada com você, ela já sabe que o ataque não teve sucesso, eu disse a ela que você está bem mas você a conhece melhor que qualquer outro.. Eu irei com você até lá, além de tudo ainda terei de dar a noticia de que seu padastro está morto. - Marcus engoliu em seco. - Lucius era meu amigo, devo isso a ele.

 Lucius morrera? A lista começava a se formar, um nó se formou em minha garganta.

- Eu sei... - Lucas falou com a voz estranha. - E esse é mais um motivo para que o matemos.

- Sei disso, mas Lucas, vamos ser sensatos, sim? Um ataque agora não é prudente, eles esperam por isso de qualquer maneira, se formos fazer algo teremos de planejar com muita calma.

- Tudo bem. - Lucas disse se dando por vencido, seu tom de voz não me convenceu. - Mas não ficaremos parados muito tempo!

- É claro que não. Bem, vá descansar, a noite iremos até sua casa, sua mãe precisará de forças.

- Está bem.

Então ouvi a porta se fechar e Lucas descer as escadas, deve ter ido assistir televisão, ao menos não ficaria aqui para me atormentar mais.

Ele e Marcus sairiam e provavelmente passariam a noite toda fora.

Eu precisava fazer alguma coisa.

Eu evitaria outro massacre a qualquer custo, ainda que tivesse de ir contra eles, que mais inocentes morressem por uma vingança estupida eu não poderia permitir. 

Se foi certo o que eu fiz, é algo que eu me pergunto até hoje, mas naquele momento era o que devia ser feito. 

" Se quiser evitar outro massacre me encontre na caverna ao amanhecer. Espere o sol nascer. Vá sozinho.

Lana. "

Essa foi a mensagem de texto que mandei para Daniel, ele não me respondeu, talvez não tivesse lido ainda, talvez não achasse necessario responder ou talvez estivesse apenas ignorando. 

Eu não estava fazendo isso por mim, eu fazia por todos. 

Não haveriam mais mortes se fossem possiveis de serem evitadas, disso eu estava certa. 


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