Aira Snape - A Comensal escrita por Ma Argilero


Capítulo 43
Epílogo - A Última Página


Notas iniciais do capítulo

Chorando horrores, mas não é para menos, a fic acabou *buuuuuuuá*
Então, o último capítulo. Escrevi com o pesar de que não escreverei mais a fic.

Agradeço a todos que a leram. Até aos leitores fantasmas.



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Dias depois de meu julgamento casei-me com Fred. Todos estavam presentes na festa. Arthur Weasley me levou ao altar. Ele foi carinhoso comigo, desde que apareci na casa dele, quando perdi meu bebê. Naquele dia de primavera, Fred estava usano terno cinza e me esperava com um sorriso besta no rosto. Eu também sorria.

Ele recebeu-me e olhou-me. Suas palavras nunca saíram de minha cabeça “Você está perfeitamente linda”. Casamos-nos, com as flores florescendo, o ar cheirando a brisa e o sol refrescante.

Sete meses depois nasceram nossos filhos. Gêmeos: um menino e menina. Os médicos disseram que era raro acontecer uma gravidez assim sem tratamento de fertilidade. Nunca vi Fred tão feliz quanto naquele dia vinte e nove de dezembro, quando segurou pela primeira vez Eilien Louise e Severo Robert nos braços. Meus pequenos tinham olhos escuros como os meus, mas os cabelos ruivos do pai.

Sempre que me perguntavam por que escolhi aqueles nomes para meus filhos, eu dava a mesma resposta “Por que eu os amei, mesmo aqueles que eu nunca vi”.

Dois anos depois veio mais uma gravidez. Fred se surpreendeu quando eu contei a novidade. Esperei mais nove meses e vi minha filha nascer. Uma menina de cabelos e olhos negros nascer. Madson era o nome dela.

Eramos uma família grande e feliz. Tínhamos três crianças para criar, mas isso não me impediu de engravidar mais uma vez três anos depois. Eilien e Severo já tinham cinco anos e Madson Cristina três. Charles Dimitri nasceu ao sexto mês de gestação. Foram os piores dias de minha vida. Tive que o ver longe de mim por quase um mês. Não queria perder outro filho. Os médicos não me deixaram tratá-lo por eu ser a mãe. Eu era uma medibruxa e sabia o que fazia. Mas no fim tudo se saiu bem e o tive em meus braços.

Agora eu os via ali, todos crescidos e sem precisar de minha ajuda para qualquer coisa. Fred jogava quaribol no quintal com os quatros, enquanto eu os olhava da janela. Os gêmeos já tinham dezoito anos e era seu último ano em Hogwarts. Madson estava no quinto e Charles estava entrando no primeiro. Ele viu todos seus irmãos irem para a escola e ficar para trás. Ele corria feliz pelo campo, com seu pai mostrando como se usava um bastão.

Tanto tempo, mas tão pouco. Os vi crescer e se tornarem pessoas. Curei seus machucados, consolei as perdas e seus bichinhos de estimação, confortei depois dos pesadelos e trovões. Meus bebês não eram mais bebês, estavam crescidos.

Fred entrou e veio diretamente a mim. Ele estava imundo, mas deixei-o me beijar.

– Não esqueça que ainda temos de ir a King Cross.

– Como posso esquecer com Charles dizendo a cada minuto que vai para Hogwarts?

Charles ficou muito feliz quando recebera a carta de Hogwarts. Eilien e Severo logo trataram de dizer que a escola não era o paraíso, mas meu pequeno não se importou com isso. Ele estava muito feliz para se importar com o que seus irmãos diziam.

Ainda me lembrava quando meu menininho corria para a minha cama com medo dos trovões e pesadelos. Fred e eu sempre o deixávamos dormir conosco nessas ocasiões. Aqueles tempos acabaram. Não tinhamos mais bebês para cuidar.

Era sempre a mesma coisa nesses últimos sete anos em que levávamos nosso filhos para a estação, alguém sempre esquecia de algo ou demorava. Dessa vez eu tinha adiantado o relógio em uma hora e meia para termos tempo. E como eu suspeitava, passaram-se uma hora do tempo previsto para irmos a estação.

Não fingi que estava estressada pelo atraso; eu realmente estava. Principalmente por que Leo demorava uma eternidade, ainda mais em ocasiões importantes. E lá estava ele conversando pelo celular com alguma garota. Era difícil saber qual das namoradas dele era.

Às vezes me pegava pensando como Leo era diferente de nosso pai. Ele saiu totalmente ao contrário: cheio de energia, galanteio e era inevitavelmente impulsivo. Impulsividade era algo de família por parte de mãe; natural até. Fred brincava com Leo sobre as namoradas dele, que um dia seria descoberto.

Puxei-o para o carro. Já que ele estava de “passagem” em minha casa, deveria fazer o que eu pedisse.

- Calma ai, mana. Andressa quer falar comigo sobre o próximo domingo... - arranquei o celular dele e falei com a Andressa.


- Oi meu bem. Aqui é a mulher dele, não ligue mais. Tchau.

Devolvi o celular para ele sorrindo. Leo estava aterrorizado.

- Por que fez isso?

- Por que não vai querer ver a Giulia caso ela saiba dessa suas escapadas.

Giulia e Leo foram criados como irmãos. Geovanna e Jean eram nossos vizinhos, portanto nossos filhos também. Giulia sempre gostou de meu irmão, vivia atrás dele. Foi a primeira vez que se apaixonou, mas nunca disse nada até o seu décimo sexto aniversário, quando beijara Leo na frente de todos. Foi nesse dia que Leo decidiu que queria Giulia. Os dois estão juntos desde então, mas ele vive pulando cerca.

Amor é cego, ela sabe o que acontece, mas fica quieta; como a mãe dela. Tomarei partido disso mais tarde.

É estranho eu narrar isso. Decidi usar aqueles diários que meu pai me dera, porém quando acabaram, mudei para o notebook. Passar minha vida nas páginas rendeu-me lembranças alegres e tristes, mas percebi que elas me engrandeceram e me formaram até eu chegar aqui: com minha família.

Na estação, Charlie correu pela passagem, seguido de seus irmãos (que estavam mais lentos). Fiquei para trás com Fred e Leo.

– A Giulia não merece o que você faz.

Ele ficou calado. Era sua forma de contornar o problema sem se encrencar mais. Desde pequeno ele se calava. Não era a toa que vivia com medo de ser castigado; eu e minha mãe cuidávamos dele. Eu me sentia praticamente mãe dele.

– Leo – Fred parou e colocou a mão sobre o ombro dele. - Escute nós dois. Não queremos te prender. Nunca fizemos isso, mas você precisa ser responsável, ainda mais por que a Giulia te ama.

– Eu sei que ela me ama, mas eu não sei se sinto o mesmo.

Fui pega de surpresa. Ele sempre andou com mulheres e nunca impedi dele fazer o que quisesse com seus relacionamentos, contanto que não envolvesse minha casa e garotas com corações partidos.

– Defina-me o que é estar apaixonado, Leo.

– Como?

– Diga.

Ele engasgou e engoliu logo em seguida.

– Não sei. Sabe aqueles sintomas que todos falam? Mãos suando, coração batendo forte, garganta seca... Não lembro de ter sentido com ninguém, a não ser..

– ...Giulia – ele concordou com a cabeça. - Então porque a trata dessa forma?

– Vocês são insistentes.

– Não seriamos sua família se não fossemos insistentes.

Leo suspirou. Eu conhecia esse temor dele.

– Tenho medo de não ser o homem que ela sonha. De magoá-la e não fazê-la feliz. Mas o pior de tudo é sentir-me incapaz de fazer as coisas certas; em ser adulto.

– Sabe Leo, eu tive que crescer obrigada, você teve seu tempo – encostei-me na parede. - Vivi numa época ruim, a época em que você nasceu. Mas aprendi que não posso querer algo e não me esforçar para tê-las. Aos dezoito anos já era mãe de gêmeos e cuidava de você. Responsabilidade não significa não machucar as pessoas, mas sim ir atrás do que quer. Agora, diga-me o que quer.

Ele sorriu. Aquele sorriso travesso que vi muitas vezes depois dele ser pego ao quebrar alguma coisa. Leo podia ter começado a vida adulta agora, mas ele podia ser mais que um rapaz que ama uma farra.

– Pense bem no que disse. Se não se decidir, dormirá com os cachorros, gatos, coelhos e corujas, do lado de fora da casa.

– Mas, mana...

– Mamãe te expulsou de casa para você crescer. Agora tem um motivo para isso.

Sorri e puxei Fred para passarmos pela pilastra entre as plataformas 9 e 10.

Nossos filhos estavam conversando. Charles conversava com seus primos Rosa, Hugo e Alvo. Estava empolgado, diferente de seus primos era normal ficar com medo. Nunca fiquei, pois sabia que Hogwarts seria meu lugar.

Aproximei-me deles. Abracei a pequena Lily e apertei o nariz dela.

– Nestor sente sua falta, pequenina. Aquele cão vive chorando para que você vá lá.

– Eu queria vê-lo, mas estávamos viajando.

Olhei para ela, querendo saber, mas foi James quem respondeu:

–Estávamos na França. Paris. – Você pode vê-lo agora. Lily sorriu e começou a contar sobre Paris.

Quando o trem começava a partir, Charlie correu até mim e abraçou-me.

– Estude, tire boas notas e me escreva cartas, ok?

– Ok, mamãe.

Ele beijou-me a bochecha e deixou-me beijar a testa dele. Partiu logo em seguida, saltitante.

– Às vezes tenho vontade de ter outro – disse suspirando.

Fred olhou-me congelado. Eu ri e segurei o braço dele.

– São só pensamentos, amor. Ja bastam quatro pestinhas em casa. E Leo vale por trẽs. E onde aquele traste está...?

Virei e o vi de joelhos no chão em frente a Giulia, segurando a mão dela. Giulia chorava e sorria, enquanto Leo falava alguma coisa.

Aproximamos, eu, Fred, Harry, Gina, Rony e Hermione. Era o que eu suspeitava.

– Pelo amor de Deus, diga que aceita. Estou fazendo isso em público e minha irmã está me vendo.

Eu realmente o estava vendo. E não perdi a oportunidade de filmar.

Giulia calou-se e se afastou. Leo levantou-se, pronto para segui-la, mas ela o beijou. Choveu aplausos logo em seguida. Haviam gritos do Fred e Rony, ou era o outro gêmeo?

– Garoto, se tocar na minha filha, terá que cuidar de suas partes... - Jean disse, enquanto Geovanna ria. Ela e seu menino riam. Jean e Geovanna tiveram um filho, Luis, não tinha mais que oito anos.

– Calma, sogrão. Não tem nada que já não tenha feito com a Giulia.

Foi nessa hora que Jean pulou em cima de Leo. Corri para apartara briga (ján sou phd no assunto). Fred e Rony ajudaram. Harry foi meio lento. Giulia gritava para o pai parar.

– Pelo amor de Deus – disse. - Sejam homens civilizados – olhei para Leo. - Na próxima contenha a língua. E Jean, sua filha não é mais uma criança, ela sabe o que faz.

O trem partiu e ficamos mais uma hora conversando sobre Leo e Giulia, até Leo tocar na ferida de meu marido.

– A Madson perdeu a virgindade e ninguém reclamou...

– Como assim, minha filha perdeu? - Fred gritou.

O silêncio reinou e Fred estava ficando vermelho de raiva.

– Ops. Não sabia cunhado?

– Quem foi o desgraçado?

Foram mais meia hora para eu acalmar a fera que meu marido se tornara. Mas ela não ficou quieto. Tratou de escrever um berrador para Madson e aproveitou para perguntar algumas coisas para a Eilien também.

Antes dele mandar a carta, troquei os envelopes. Não iria minhas filhas passarem vergonha por causa de um pai ciumento.

– Fred, amor, lembra de quando fizemos amor pela primeira vez?

– Não vai conseguir me fazer ficar calmo com essa história. Madson tem apenas quinze anos...

– Um ano a mais quando eu me entreguei a você – ele olhou-me. Sentei ao seu lado e o abracei. - Eu te amava muito naquela época. Ainda amo – olhei-o. - Fred, nossa filha está crescendo, virando uma mulher. Precisa aceitar que ela faça certas coisas.

Ele suspirou e abraçou-me.

– Não quero que ela veja que se entregou para um garoto qualquer. E se ela ficar grávida?

Eu ri do temor dele.

– Madson não vai joar o futuro dela por causa de um garoto. E a mãe dela é uma médica, teve aula de educação sexual desde que saiu das fraldas.

Fred riu comigo. Era bom tê-lo de volta. Algumas coisas nunca mudam. Pais sempre serão ciumentos com suas filhas, suas princesas. Meu pai era do mesmo jeito.


O que mais tenho para falar? Acho que nada. Passei muito tempo escrevendo minha história para que talvez ninguém leia e não ser eu mesma. Quem se importa com a vida de uma garota bruxa, que foi criada por trouxas? Talvez um dia eu reviva essa história novamente. Reviva o meu amor com Fred, as alegrias com minha família... Já era hora de eu terminar essas páginas.

Quem sabe não publico essas páginas?

Quem sabe. O futuro ainda me aguarda. Tenho quatro filhos, um irmão e uma futura cunhada. Ainda tem Fred, meu amável Fred que me deu essa vida maravilhosa.


Uma nota muda muita coisa, era o que minha mãe Madson sempre dizia. Basta apenas saber tocar ao seu ritmo.


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Notas finais do capítulo

Bye,amores. Sentirei saudades.



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