Aira Snape - A Comensal escrita por Ma Argilero


Capítulo 42
Especial - Não é tempo


Notas iniciais do capítulo

Finalmente capítulo novo. Agora que tenho um laptop arcaico, posso escrever as fics, mas Aira Snape já ta acabando, nem adianta muita coisa T_T

Espero que gostem. Esse capítulo tem uma musiquinha (como a maioria de minhas escritas). Escutem Beyond Time - Apocalyptica para entrarem no clima. Qui o link: http://www.youtube.com/watch?v=l_nHRFy3H08



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Os aurores me levaram com eles, mas não para Azkaban, e sim para o Ministério da Magia. Lá me acomodaram em uma sala, dando-me uma refeição. Perguntei-me quando poderia tomar um banho, mas achei que seria demais perguntar isso a eles. Passei horas contando os livros da prateleira e os nomes de títulos e autores. Havia uns volumes que eu adoraria ler. A maior parte do tempo eu devaneava.

Acabei por dormir no sofá. Quando acordei, um auror disse que eu tinha visita. Quem seria? Fazia minhas apostas em minha mãe e Fred. Não demorou muito para o auror chegar com a visita. Na verdade eram duas: minha mãe que trazia Leo ao seu colo.

- Pode nos deixar sozinha? – perguntou suavemente ao auror. Ele virou-se e saiu pela porta, mas estaria de guarda. Ela continuava em pé, sem demonstrar qualquer sinal de que se sentaria ou se aproximaria de mim. Pensei que quando nos víssemos de novo, ela me abraçaria e choraria, mas estava séria e com bolsas roxas embaixo os olhos.

Ajeitei a almofada em que me encontrava escorada e mesmo assim ela não se movera.

- Não vai dizer nada?

- O que quer que eu diga Aira? – ela soava como meu pai. – Você fugiu de casa e quando volta é presa.

Não eram coisas boas para se ter em sua fixa já degradada. Como iria explicar a ela sem que se sentisse deixada e lado?

- Não fugi com Fred e Jorge por capricho – apertei minhas mãos. – Tive vitórias, mas também perdas...

Ela suspirou e avançou para sentar-se ao meu lado. Leo mexia-se nos braços dela. Ele queria brincar com o cabelo dela, porém minha mãe não deixava.

- Posso pegá-lo?

Não houve ojeção alguma por sua parte. Peguei Leo em meus braços e beijei seu rosto. Ele estava mais crescido e seu cabelo mais cheio.

- Não me entenda mal, mãe, mas eu precisava fazer aquilo. Fui feliz por um tempo e Fred me ajudou nos momentos difíceis; até pessoas que nem imaginei me ajudaram.

- Fred, aquele rapaz ruivo, contou-me certas coisas.

Será que ele havia contado de minha gravidez e aborto?

- O que ele falou?

- Uma delas é que você não merecia estar aqui.

Leo puxou meu cabelo, mas não me importei. Ele já estava grandinho e não parava quieto.

Conversei mais algumas coisas com minha mãe. Decidi não contar ainda sobre as coisas ruins que me aconteceram. Não queria que ela tivesse mais preocupações. Ainda tinha o enterro de meu pai que ela estava organizando. Esperaria ele ser enterrado para falar mais alguma coisa.

A noite chegara e veio mais aurores. Perguntei se poderia ir ao enterro de meu pai, mas eles não me queriam solta. Como se eu quisesse ser solta. Eles tinham aurores, algns podiam muito bem me “escoltarem”. Obtive apenas olhares antes de saírem.

As horas passavam e Fred não vinha. Ele não me deixaria ali. Ele mesmo tentara impedir minha prisão. O que estava acontecendo para ele não me visitar. Minha imaginação começou a entrar em ação e fantasiar histórias. Nenhuma me agradava.

Mal consegui dormir durante a noite. Não era apenas pelo sofá, mas sentia que algo acontecera com Fred e toda vez que eu dormia, sonhava que ele tinha uma nova pessoa a quem amar: uma mulher bonita e magra. Ele era feliz com ela e quando me via, ignorava-me.

Mais um dia chegou e partiu e nada de visitas. Nem minha própria mãe me visitara. Ketlen... Ela deveria ir me ver e brigar comigo como sempre fazia. Muitas vezes peguei-me chorando pela falta deles. Por que me deixaram?

No final da semana, aurores vieram me levar. Diziam que era o dia de meu julgamento. Eles devem ter me falado desse dia, mas eu não escutara e nem me ansiava por ele. Queria apenas me ver livre dali e da solidão. Era pior ser esquecida do que estar presa.

Aurores me escoltaram até um corredor e depois uma sala. Era escuro e frio ali, mas ninguém se importou se eu sentia isso. Eu não vestia as mesmas roupas das quais usava quando fui detida. Tive a oportunidade e tomar um banho e colocar uma mais limpa e ter meus machucados curados.

Quando entrei na sala ouvi sussurros, mas não olhei para o lado, permaneci fitando a minha frente. Levaram-me a uma cadeira aonde sentei e me algemaram.

- É realmente necessário me prender?

- Não queremos que fuja.

- Não tentei fugir nenhuma vez. Estou cansada e fugas.

Ele afastou-se, mas não o bastante. Olhei para frente e vi um homem. Deveria ser um os aurores. Ele que me daria minha sentença.

Olhei para as caddeiras e vi minha família. Fred estava sentado ao lado de Fred. Ele olhou-me. Procurei sorrir para ele, mas ele virou o rosto. O que eu fiz para ele me ignorar? Será que encontrara outra paixão?

Desviei o olhar dele e esperei começarem.

Parecera uma eternidade até que o homem começou meu julgamento. Como era normal em um, faziam perguntas “Por que se tornou comensal?” “Como ocorerram as mortes...?”. Respondi a todas sem pestanejar.

- Responda-me! – exigiu o homem.

Olhie-o e depois para Fred. Suspirei. Não queria responder aquilo, mas ele perguntara uma coisa importante e que era preciso para meu julgamento.

- Por que se passou por morta?

Eu sorri. Nunca me passei por morta. Eles que deram a entender isso.

- Houve um engano. Nunca estive mais viva nesse tempo em que fugi com os gêmeos Weasley – olhei para eles. – Se quer saber... – olhei para minha frente. – fugi, mas nunca tive a intenção de me passar por morta.

- Por quê?

Ele era muito insistente e chato.

- Por que minha vida foi construída e remodelada por várias pessoas, mas somente uma que continha a verdade – procurei nos rostos ela, mas não estava ali. – Obtive o que procurava. Algo mais?

Uma mulher levantou a mão. Era um dos jurados. O homem concedeu voz a ela.

- O que uma criança como você procurava que era preciso fugir?

Não gostei de ela me chamar de criança. Criança não era Comensal. Criança não era torturada até se tornar quem não queria. Criança não era obrigada a conviver com a morte de seu filho não-nascido. Criança não ia a julgamento.

- Não sou criança, senhora – puxei minhas mãos até onde dava. Frustrada, voltei minha atenção à mulher. – Meu passado, meu presente e meu futuro.

- Não queremos charadas – salientou.

- Oh, não é uma charada. Eu realmente estava à procura de meu passado. O encontrei, assim sou o que sou agora. Mas vocês que decidirão meu futuro agora.

A mulher voltou a ficar quieta e o homem tomou partido. Eles mostraram fatos verídicos como mortes de trouxas, meu trabalho como Comensal.

- ...Você ajudou a assassinar o antigo diretor de Hogwarts, Alvo Dumbleore, trouxas, incendiou vilas. Há algo a acrescentar em sua defesa?

- Que defesa? Fiz tudo que diz sim. Matei trouxas estupradores. Assassinei uma família, mas por que era minha obrigação – tombei minha cabeça. – Não matei Dumbledore. Ele estava com a vida no fim, quando meu pai o matou. O próprio Dumbledore pediu isso.

- Tem provas de que um bruxo como Dumbledore iria querer a própria morte?

Sorri. Potter estava ali, mas não pediria as memórias de meu pai para ele. Usaria as minhas próprias.

- Memórias.

Eles entenderam rapidamente e troxeram uma penseira. Um auror colocou a ponta da varinha em minha tempora e pediu para eu relembrar tudo no dia que Dumbledore pediu por sua morte. Eu lembrei, mas minha versão.

A memória foi posta na penseira. Várias memórias.

O mundo mudou e cor e eu me via em preto e branco. Eu deveria estar com quinze anos.

- Trabalhar como agente duplo? – perguntei, enquanto comia uma das guloseimas dele. – Não sou meu pai para aceitar esse serviço.

A memória mudou, com eu sorrindo. Eu aceitara a proposta dele. Mergulhamos todos no dia em que meu pai chegara a casa tarde.

- Ele não terá muito tempo de vida – meu pai disse. – Receio – ele deixou de remexer em suas coisas. – Dumbledore quer que eu o mate.

- Voldemort quer que Draco faça isso.

- Eu sei. Tantas promessas...

A cena mudou e estávamos todos num salão. Era a casa de Laura Cheege.

– Você não mexeu apenas com minha família, mas comigo também – ela voltou a se sentar e pegou a taça, bebendo novamente.

– Engana-se criança. Você fez seu próprio caminho. Quando minha filha contou-me como você era, decidi que apenas precisava ajudar um pouco.

Apertei a varinha contra o crânio dela.

– Você odiou Geovanna com todas suas forças. Nunca a admitiu como sua filha.

Laura revirou os olhos e fitou-me sorrindo.

– Ela é fruto de um incesto. Como queria que eu a aceitasse? Giulia era minha única filha e você a matou, Aira Snape, matou minha única filha. Não bastava ter roubado meu filho de mim.

– Não matei Giulia! – gritei. – Chorei pela morte dela. Não pude salvá-la

Reviver tudo aquilo doía.

A próxima memória era uma as piores.

– Aira... – lágrimas desceram pelo meu rosto. Meu pai estava morrendo. – Você está aqui.

– Desculpa por ter fugido, mas eu precisava – ele levantou uma mão e tocou meu rosto. – Eu... Eu tenho algo para lhe contar.

Respirei fundo. Não queria matá-lo com as notícias.

– Quando fugi de casa queria saber a verdade do passado de minha mãe. Descobri. Mas também me mantive longe por causa de você, da mamãe e meus irmãos. Se eu ficasse longe era mais fácil de mantê-los a salvo – meu pai olhava-me e quando tentou falar, o impedi. – Fugi com Fred e Jorge. Eles me seguiram onde eu fui. Eles me protegeram pai. Fred me ajudou quando mais precisei, quando... – sorri para ele. – Quando perdi meu bebê. Você ia ser avô.

Meu pai tossiu sangue e gemeu.

– Não queria... Me ver assim... – a voz dele estava fina e fraca. Comecei a procurar minha bolsinha, mas ele segurou meu braço. – Não tente me salvar – ele sorriu seus dentes manchados de sangue. – Saber que você cresceu e se tornou mulher... – tossiu mais uma vez e olhou para mim. – Não me arrependo de nada e você também não devia... – ele fechou os olhos e uma lágrima desceu por seu rosto. – Sinto muito por tudo o que aconteceu com você... Não estive sempre lá para lhe defender, mas espero que o homem que você ama faça isso em meu lugar – ele apertou minha mão com força. – Talvez eu não tenha sido o melhor pai do mundo...

– Você foi – abracei-o e chorei em seu peito. – Você é papai. Eu te amo. Não pode ir – o coração dele batia lentamente. Cada vez mais fraco. Levantei-me e vi o brilho dos olhos dele se apagando. Ele morreu em meus braços. Fechei seus olhos e beijei sua testa.

Quando a lembrança acabou, voltei para a sala. Lágrimas caiam e eu as segurei e as observei curiosa. Eu estava chorando em público. Nunca chorei na frente de ninguém, sempre escondi minha tristeza. Gargalhei. Era muito irônico. No dia em que não deveria demonstrar fraqueza, faço isso.

Todos ficaram quietos enquanto eu ria. Depois que parei, voltaram a me fazer perguntas.

- Todas são memórias verdadeiras?

- Acha que inventaria a morte de meu pai?

Ele ficou calado.

-Reze por mim – sussurrei. – Reze por mim, senhor. Reze, pois fiz coisas terríveis. Desde pequena que vejo a morte como amiga. Ela me acompanha – passei a mão pela minha barriga. – Até alguns dias atrás eu carrega um filho meu e de Fred Weasley, mas a morte me fez uma visita e o levou de mim. Agora foi meu pai. Quem será o próximo? Talvez seja eu se for sentenciada ao Beijo do Dementador.

O homem deu um passo para trás.

- Não estou lhe ameaçando, estou pedindo por justiça. Não nego o que fiz. Matei. Em algumas dela obtive prazer, mas nas outras perdi minha humanidade, sentia-me um monstro – olhei para meus familiares. – Desculpa Fred. Fiz o melhor que pude para manter todos salvo. Perdi tudo o que tinha. Talvez até você.

- Chega de falar ladainhas...

- Dê-me uma sentença, por favor! Não agüento mais viver com tudo isso.

Fred levantou-se e saiu da sala.

- Seu idiota! – gritei. – Não fuja de mim! Eu te amo!

- Ela está descontrolada – alguém disse.

Fiquei o restante do tempo em silencio. Eles não evitaram mais perguntas. Eu estava ficando louca. Queria sair dali. Ela me esperava do lado de fora... Meu outro eu. A criança que chorava escondida, a menina que tentara se matar, a garota apaixonada... Tudo isso me esperava. Não queria mofar em uma prisão.

No final, todos decidiram por minha liberdade, mas eu teria de trabalhar como voluntária em algum lugar. Não escondi meu sorriso. Quando me soltara, beijei os rostos dos aurores. Pulei a mureta e abracei minha mãe e Leo juntos. Pulei para o lado e dei um selinho no Jorge, que caiu para trás.

- Não faça isso!

Eu sorri a reação dele.

- Já fizemos coisa pior, cunhado. O ménege à trois poderia ter acontecido – ajeitei a gravata dele. – Você fica bem com aquele bigode, só não o pinte a cada minuto – beijei a bochecha dele.

Corri a sala à procura de Fred. Que o mundo acabasse, mas eu queria o Fred. Iria dizer isso para o mundo inteiro.

Procurei-o por toda parte e não o encontrava. Parei num canto para descansar. Ele não devia estar longe... A não ser que tivesse voltado para casa, mas sem mim? Deixei-me cair, com as lágrimas escorrendo.

- Eu te amo... – as palavras morreram, enquanto eu chorava. Ele prometa ficar para sempre ao meu lado.

- Ele deve ser um idiota para te deixar assim.

Fred sentou-se ao meu lado.

- Você é um idiota – cruzei meus braços e sequei minhas lágrimas. – Achei que fosse fiar para sempre comigo.

- E vou – ele levantou-se e estendeu sua mão. – Vamos, não mordo – na verdade ele mordia sim. Peguei a mão dele e fui puxada.

Ele me levou até as lareiras e puxou-me para dentro de uma, onde nos beijamos.

- Não seria melhor irmos para casa?

Ele sorriu e pegou o pó e Flu. Estávamos sujos de cinzas, mas isso não nos impediu de gastarmos o resto do dia fazendo amor.


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Notas finais do capítulo

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