Aira Snape - A Comensal escrita por Ma Argilero


Capítulo 15
Máscaras


Notas iniciais do capítulo

Muitas coisas acontecem nesse capítulo. Se quiserem ouvirem acompanhada da música que coloquei(http://www.youtube.com/watch?v=gkPxgUshpec&ob=av3e), ficaria bem melhor.
E pra quem não é fluente em inglês, a tradução (http://www.vagalume.com.br/christina-aguilera/keeps-gettin-better-traducao.html)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/166537/chapter/15

– Preciso mesmo ficar aqui? – perguntei. Não fazia nem dez minutos que acordara.

Não era interessante saber que você quebrou diversos ossos, dos quais nem lembra mais como se chamam, além de ter ficado em coma por quase duas semanas. Se meu pai não teve uma síncope, ficou muito preocupado.

Madame Pomfrey me ignorava por completo enquanto verificava as ataduras em torno de meu corpo e minha cabeça. Quando ela tocou em minha cabeça, senti um pontada forte. Não gemi, prendendo a vontade dentro de mim. Como eu adquiri um estrago tão grande? Meus braços estavam livres de faixas. A marca negra não aparecia. Eu gostaria de saber o que a estava cobrindo. Se eu pudesse usar minha varinha... porém a enfemeira me restringiu a isso.

Eu esperava a visita de alguém, qualquer pessoa, mas os minutos passavam e nada de uma alma caridosa fazer esse favor a mim. Meus minutos de descanso, eram olhar para o teto e refletir sobre o que Jean queria me falar antes de eu me esburrachar no chão. Ele não parecia perigoso e muito menos queria fazer-me mal. Perguntei sobre ele à enfermeira e a única coisa que me disse era que ele estava proibido de me visitar.

Fui dopada enquanto comia a uma sopa. Não queria morrer de inanação. Improvável esta ser a causa de minha morte; eu vivia ingerindo poções revitalizadoras enquanto desarcordada.

Acordei e percebi que já era noite. Ouvi alguns ruídos. Eu tinha a lembrança de já terem os ouvido. Aos poucos minha audição foi se acostumando e identifiquei o ruído: era música. Não havia música alta como essa a não ser em comemorações. A única comemoração que tinha era o Halloween...

Quase caí da cama quando lembrei o dia que Madame Pomfrey disse ser. Era o último dia do mês, portando trinta e um de outrubro. Era o Baile de Halloween, do qual eu fazia parte do comitê de organização. Eu precisava saber o que estava acontecendo.

Por isso ninguém aparecia. Todos estavam ocupados em estar impecáveis para o Baile de Máscaras. E eu ali, deitada na cama, sem poder ver nada.

Desci da cama e retirei as faixas. Não me sentia totalmente curada, mas podia viver sem elas por algumas horas. Andei até a sala da enfermeira e certifiquei de que ela estivesse dormindo ou concentrada em qualquer outra coisa. Peguei minha varinha em um armário e saí sem fazer nenhum barulho. Descer as escadas foi uma tarefa um pouco difícil. A cada passo que dava, sentia minha coluna aclamar por imobilidade, mas era preciso descer todos os degraus para se chegar às masmorras.

Adentrei o meu quarto e fui direto ao meu malão. Abri-o e retirei meu vestido. Ele estava lindo e não cheirava a mofo. Vesti-o e calecei uma meia 3/8 branca e outra preta. Calcei meus sapatos de boneca preto.

Minha imagem no espelho não era a de antes. Meus cabelos estavam desbotados. Peguei a tintura e passei em todo ele, deixando-os verde. Fiz uma maria chiquinha em somente um lado, prendendo um laço vermelho.

Apliquei um batom rosa claro em meus lábios e uma maquiagem leve, além de um delineador nos olhos. Peguei minhas luvas e as coloquei. Eram dessas de praticar esportes, a que eu usara para fazer rappel. Era preta, mas eu acrescentara, com feitiços, o desenho de uma serpente. Coloquei minha máscara preta com plumas na ponta. Eu estava irreconhecível.

Subi as escadas. Dessa vez não foi dolorido. Talvez o salto tenha endireitado minha coluna. A porta do salão estava aberta, adentrei-a. Ninguém me observava de imediato, mas aos poucos olhares pairavam sobre mim. Não era todo dia que se via uma garota com meias de cores diferentes.

Parei ao lado e meu pai, que estava mais preocupado na cortina. Nem sei porque ele ia àquelas festas; sempre ficava em um canto. Ele olhou-me e bufou. Meu disfarce não o enganava.

– Volte para a enfermaria.

Sorri e observei os casais que dançavam. Não eram muitos, mas ver garoto e garota tão perto era torturante.

– Vou sobreviver – olhei pra ele. – Não quero ficar na enfermaria me debulhando em lágrimas.

– Estava chorando?

Nem me dei ao trabalho de respondê-lo. Avistei o palco, onde uma banda tocava músicas animadas. Eu sempre gostei de cantar e ali estava a oportunidade de que precisava.

– Eu volto mais tarde. Preciso de diversão.

Acenei a ele.

Atravessar a pista foi um tanto complicado: casais dançando, mas consegui passar entre eles. Aproximei-me do palco, postando-me na lateral dele. Tinha de esperar a música acabar para fazer meu pedido.

Não demorou muito para eu ter o que queria. A banda parou de tocar e se preparava para outra música, porém eu intervi, chamando o vocalista com meu dedo.

– Que foi beleza? – ele estava tentando me paquerar. Ele que tentasse, não conseguiria nada.

Guardei meu insulto específico a ele somente para mim. Chamá-lo de estúpido atrás de um microfone e que tem voz de coruja, não era algo bom de se dizer a alguém ao qual você quer fazer um pedido.

– Posso cantar?

Ele estava agachado, olhando-me intensamente.

– E por que eu faria isso?

Ele recusar era algo. Eu estava preparada para isso.

– Prometo um encontro amanhã.

O rapaz ficou pensativo. Estava considerando a minha proposta.

– Como posso saber se não esconde algo por trás da máscara?

Bem esperto, ele. Retirei minha máscara, revelando meu rosto.

– Okay. Sobe aqui! – ele estendeu a mão e puxou-me para cima. – Música?

Pensei no que cantar. Havia tantas escolhas, mas eu tinha certeza que a minha escolha era a melhor; causaria muitas expressões acerca da letra.

– Keeps Gettin' Better.

O vocalista repetiu o nome da música para os outros três garotos, que começaram a tocar. Posicionei-me em frente ao microfone e deixei a máscara cair ao chão. Era hora do show!

Step back gonna come at ya fast
I'm driving out of control
And getting ready to crash
Won't stop shaking up what I can
I serve it up with a shot
So suck it down like a man
So baby yes I know what I am
And no I don't give a damn
You'll be loving it”

Todos me observavam. Ninguém esperava encontrar a filha de Severo Snape no palco, sendo que para eles eu estava em coma. Sorri, deliciando-me com tudo.

Some days I'm a super bitch
Up to my own tricks
But it won't last forever
Next day I'm your super girl
Out to save the world
And it keeps getting better”

Eu sabia que haveria incredulidade. As garotas de minha casa além de morrer de inveja, chamariam- me de nomes, que antes elas só me diziam pelas costas.

Kiss kiss gonna tell you right now
I'll make it sweet on the lips so it can knock you out
Shut up I don't care what you say
Cuz when we both in the way you're gonna like it my way
Yeah baby there's a feeling in me so sexy sour and sweet
And you'll be loving it”

Some days I'm a super bitch
Up to my own tricks
But it won't last forever
Next day I'm your super girl
Out to save the world
And it keeps getting better
Hold on
Keeps getting better
Hold on
Keeps getting better”

O vocalista, que agora acompanhava com uma guitarra, olhava-me. Eu perdi um namorado, mas ganhei um pretendente a mais, que disputaria com Draco. Em falar nele...

Draco estava um pouco distante do palco, mas me fitava com intensidade e parecia muito preocupado.

In the blink of an eye
In the speed of the light
All the universal will make the planets collide
"When i strap on my boots
and i slip on my suit"
See the vixen in me
Becomes the angel for you”

“Some days I'm a super bitch
Up to my own tricks
But it won't last forever
Next day I'm your super girl
Out to save the world
And it keeps getting better”


Pensei que ver Jean e Giulia não me afetasse mais, mas eles estavam de mãos dadas. Não era ciúmes e sim raiva. O relacionamento deles era mais sério do que eu esperava. Voltei meus pensamentos à letra da música e continuei cantando.


“Some days I'm a super bitch
Up to my own tricks
But it won't last forever
Next day I'm your super girl
Out to save the world
And it keeps getting better
Hold on
Keeps getting better
Hold on
Keeps getting better”

Virei-me para o vocalista e abaixei-me. Peguei minha máscara e desci. Eu não quebraria o que prometi, só esperava que ele esquecesse ou não desse tempo. Passei por diversas pessoas. Era hora de eu voltar para a enfermaria. Sentia meus ossos doerem. Um poção faria-me bem. Mas antes que eu pudesse subir os degraus, fui virada de rompente para trás e beijada a força. Eu conhecia aqueles lábios. Deixei-me ser levada pela sensação dos lábios de Draco.

Separei-me dele e o observei.

– Posso ser a pessoa mais idiota do mundo, mas não vou te deixar sozinha.

Desde quando ele era daquele jeito? Adquirir instinto protetor não era algo que os Malfoy queriam. E lembrei de nossa conversa.

– Temos de conversar sobre algumas coisas.

Ele me puxou escada àcima. Nem queria saber se eu podia ou não andar na mesma velocidade que ele. Sentindo dores e prevendo que a qualquer hora um dos meu órgãos saísse pela minha barriga, consegui separar minha mão das deles e parei, encostando-me à parede.

Draco aproximou-se de mim. Eu respirava com dificuldades, apertando minha barriga. Eu sabia que ali existia pontos. Madame Prowfen disse que não podia usar mais feitiços reparadores, pois havia o risco de os feitiços acabarem drenando as últimas forças que eu possuia. Eu queria entender mais, porém ela não cedeu mais detalhes.

– Está se sentindo bem?

Apenas retirei a mão e estendi a ele. Estavam manchadas com meu sangue.

– Aira...

Eu não desmaiaria ali, mas não conseguia mais andar. Draco percebeu isso e pegou-me no colo. Não me importava se me levasse de volta à enfermaria, eu precisava de poções e remendos.

Acordei no meio da noite e vi a sombra de alguém. Suspeitei ser a da enfermeira, mas era de meu pai. Ele parece um fantasma todo vestido de negro, ou melhor, a própria morte.

– Vai acabar me matando do coração toda vez que tentar algo suícida.

Sorri. Era tão fofo vê-lo preocupado. Mas se ele fosse menos ciumento e protetor, eu o veria como um pai normal.

– Eu não morri.

– Eu que vou morrer se aprontar mais uma das suas diversões de adolescente – sentou-se ao meu lado e acariciou meus cabelos. – Já encontrei diversos fios brancos em meu cabelo. Só os adquiri depois de você começar a ser uma adolescente.

Ele queria dizer que sou a culpada por deixá-lo muito preocupado. Eu teria rido, mas tinha a impressão se fizesse isso sentiria muita dor na região do abdômen.

– Estou ficando velho.

– Está.

Meu pai não me repreendeu. Apenas beijou minha testa e saiu.

Era outra sensação você receber carinho, sabendo que esse alguém se importa com você.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Mereço reviews?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aira Snape - A Comensal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.