- Cala a boca eu to com fome tenho que alimentar seu filho. - ela falou passando a mão na barriga depois de colocar uma mão cheia de doritos na boca. Arregalei meus olhos.

- Filho?!

- FILHO? – Scooter gritou nos olhando.

- Claro que não, foi uma brincadeira. – falou Pietra nervosa.

- Urfa. – falei relaxando na poltrona. Pietra revirou os olhos e olhou pra Scooter que a encarava feio.

- Pietra, venha comigo. – Scooter a puxou pelos braços e ela me olhou triste.

- Para onde você vai leva-la? – que pergunta inútil Justin, é óbvio que para bem longe de você.

- Ela é minha filha, e além de tudo, eu ainda mando nela. – Scooter falou e desapareceu com ela do meu ponto de vista. Levantei a cabeça olhando pra onde ele a levaria, e ele apenas a colocou sentada onde ela estava antes e se sentou do lado.

Droga, não acredito que agora quem vai me impedir de ser feliz com ela vai ser o Scooter!

                   PIETRA NARRANDO

Scooter me colocou sentada e se sentou do meu lado, desviei o olhar dele e olhei pra janela. Tirei meus fones de ouvido do bolso e comecei a escutar música até ele me cutucar.

- Precisamos conversar. – disse ele, olhando para chão.

- Sobre? – perguntei.

- Você e o Justin. – Ele falou me fazendo revirar os olhos.

- Pensei que só me ver feliz já era o bastante.

- Mais é -pausa- só que eu sei que ele não te faz feliz! – exclamou.

- Ah, por favor, Scooter, eu gosto muito dele, gosto tanto que sei que chega a passar de apenas gostar, eu amo o dear justin.

- Os sentimentos podem enganar. – falou segurando minha mão.

- FOI ISSO QUE ACONTECEU COM A MAMÃE NÃO É? VOCÊ NOS ABADONOU, VOCÊ FOI BORA SEM NEM ME DAR UM TCHAU OU DIZER QUE ME AMA, VOCÊ SIMPLESMENTE SAIU SEM LIGAR QUE SUA FILHA PEQUENA ESTAVA NAS ESCADAS OUVINDO TUDO, EU E ELE NÃO SOMOS COMO VOCÊ! – gritei trancando as lágrimas.

- Você não sabe de nada pra falar, como você disse você era uma criança, e eu realmente era apaixonado por sua mãe.

- MENTIROSO, FALA ISSO POR QUE ELA MORREU, POR QUE UMA VEZ QUANDO EU FUI PRA SUA CASA E ELA FOI ME BUSCAR VOCÊ A IGNOROU E A TRATOU COMO LIXO, VOCÊ NUNCA AMOU MINHA MÃE, E SERÁ QUE VOCÊ ME AMA? – gritei chorando. Agora Kenny me encarava chocado e Justin me olhava piedoso se aproximando.

- VOCÊ É MINHA FILHA COMO NÃO POSSO TE AMAR? – falou no mesmo tom que eu.

- VOCÊ NEM SE AMA, IMAGINA ME AMAR. – falei chorando mais ainda.

- COMO VOCÊ PODE FALAR ISSO HEIN PIETRA? EU SOU SEU PAI! – gritou.

- E EU SOU SEU PRÊMIO DE CONSOLAÇÃO? – sai correndo para o banheiro do avião, mas no meio do caminho Justin me parou me abraçando e me levando para onde ele estava sentado e me sentando no seu colo me abraçando.

- Shiu amor, tudo vai ficar bem. – falou acariciando meus cabelos. Eu não conseguia parar de chorar

- Não somos como eles [meus pais].

- Claro que não, nem nunca vamos ser! Eu farei de tudo para ficar com você, nem que por isso terei que largar tudo.

- Justin... – comecei enxugando minhas lágrimas.

-Precisamos que todos os passageiros coloquem os cintos e se sentem para podermos voltar à superfície. Favor desligar todos os aparelhos eletrônicos. - a voz irritante da loira oxigenada soou ridiculamente pelos autos falantes, Justin desligou seu celular e eu fiz o mesmo me sentando do seu lado e colocando o cinto. Fechei meus olhos em ato de desespero, não por medo do avião ou coisa relacionada ao voo, mas medo do que estava preste a acontecer. Mesmo eu odiando meu pai neste exato momento, ele é meu pai, e não posso mudar isso. Joguei todas as palavras em sua cara como se tivesse o julgando, mais eu estava o julgando. Eu não posso chegar e julgar ele por uma coisa que ele não tem culpa. Ou tem?

Meus olhos pesavam de mais. Senti meu corpo amolecer e cai num cochilo que pareceu ser por segundos.

- Pietra acorda. – Justin me sacudia.

- Calma caralho já acordei. – resmunguei enquanto via ‘todos’ – Scooter e Kenny - saírem do avião.

- Vamos anda. – ele se levantou ficando parado no corredor.

Saímos de mãos dadas, Pattie e Carin nos esperavam ansiosas com uma plaquinha na mão escrita “Seja Bem Vinda Pietra!”. Com certeza sabiam que eu havia “desaparecido”.

Cumprimentei as duas e reclamei com fome pra Pattie, que disse que preparou um lanche para mim, sorri e fomos pegar nossas malas para irmos para casa.

Havia dois carros, Carin veio em um, que era de Scooter e Pattie veio em outro, seu carro. Justin segurou no meu braço me olhando nos olhos:

- Quer ir comigo? Sei que o clima ta pesado e acho que dá pra adiar as coisas. – ele riu.

- Me deixa dirigir? – ri me lembrando da última vez que acabamos presos.

- Não to a fim de ir pra cadeia. – ele riu e pegou minhas malas pra colocar na porta malas.

- Ei, aonde vai com essas coisas. – Scooter o interrompeu segurando o braço de Justin.

- Pietra queria ir ao carro comigo.

- Mais ela não vai. – ele falou me encarando. – ela não se manda. – ele falou e soltou Justin que o olhou indignado.

- Deixa de ser ridículo Scooter, estamos juntos e ela só quer ir ao mesmo carro que eu.

- É melhor você não se intrometer moleque, ela é MINHA filha, e ela vai ao MEU carro!

- VOCÊ NÃO MANDA EM MIM! – disse arrancando a atenção de todos a nossa volta. – EU NÃO VOU TE OBEDECER. VOCÊ NÃO MANDA EM MIM. – falei sentindo meu corpo todo amolecer e minha cabeça girar. Não conseguia focar num ponto fixo. Sem pensar corri para o banheiro e nem deu tempo de entrar em alguma cabine, me apaguei ali mesmo.

                  JUSTIN NARRANDO

Ela estava mais branca que o normal, sua respiração estava pesada, mais mesmo assim ela saiu correndo, olhei pra Scooter e o mandei se ferrar e sai correndo atrás dela. Cheguei onde ela estava e só deu tempo de abrir meus braços e segurar ela.

[...]

Estava impaciente andando para o lado e para outro no hospital, estava culpando mentalmente Scooter e eu juro se ele entrar no quarto onde Pietra está sobre observação médica e falar alguma coisa pra ela eu juro que mato, se ele não fosse tão idiota ela não estaria ali sofrendo. Uns médicos passaram por ali me fazendo correr atrás deles.

- E então doutor como ela está? – perguntei.

- Ela quem? – ele disse me encarando.

- Pietra Braun. – Scooter chegou se intrometendo na conversa.

- Ah sim, a garota teve um ataca asmático, mais já está bem. – ele falou me deixando aliviado.

- Quando ela vai poder ir pra casa? – perguntei.

- Ela precisa ficar mais algum tempo sobre observação médica, não foi nada grave, mais pode se tornar, asma é sério. – ele falou e saiu, olhei pra Scooter.

- Tudo sua culpa. – apontei o dedo no seu rosto e sai pra tomar um ar, Scooter veio atrás de mim e segurou meus braços.

- Quem você pensa que é? – falou furioso. – Eu te dou uma semana para sair de perto da minha filha. UMA SEMANA BIEBER! – ele gritou por último e saiu.

Uma semana para me distanciar dela?

Porque isso agora?

White lips, pale face

Breathing in snowflakes

Burnt lungs, sour taste

Light's gone, day's end

And they say

She's in the Class A Team

Stuck in her daydream

Been this way since 18

But lately her face seems

Slowly sinking, wasting

Crumbling like pastries

And they scream

The worst things in life come free to us

         -  The A Team - Ed Sheeran