Será Que O Amor Acontece? escrita por FláviaFilardi


Capítulo 11
O Plano de Alice


Notas iniciais do capítulo

Apesar da pouca demora, o capítulo ficou exatamente como eu esperava. Como eu disse, terá POV de outros personagens, menos de Bella (afinal toda a fanfic é narrada basicamente por ela) e é agora que os outros personagens começarão a expressar seus sentimentos.
Já aviso que TENHO UM CALOROSO PEDIDO PARA FAZER NAS NOTAS FINAIS, então, por favor, leiam.
Espero que gostem desse capítulo que foi preparado com muito carinho para vocês.



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POV Alice


Meu plano havia sido perfeito. Consegui fazer Bella ir embora sozinha com Edward, mas confesso que tive alguma dificuldade. Jasper me ajudara com o pneu do conversível, que, obviamente, não havia sido furado coisa alguma. Mesmo contra minha vontade, tive que contar para Emmett e Rosalie, que aceitaram prontamente. Não queria que soubessem que eu estava armando, mas era o único jeito. Quando havia dito para Bella que eu já sabia o que fazer para juntá-la a Edward eu tinha algumas idéias em mente, mas nenhuma pareceu dar certo, até que a oportunidade rapidamente surgiu.

Emmett parecia interessado em Rose, e como Bella estava com Edward eu acabei tendo que andar com Jasper. Foi então que tive a idéia de incluí-lo em meu plano.

*FLASHBACK ON*

Jasper e eu ríamos e conversávamos sobre sua profissão.

– Como é ser obstetra?

– É maravilhoso. Claro que sempre bate certo receio de algo dar errado, mas sempre acredito e dou o melhor de mim, então as coisas dão certo. Gosto do meu trabalho e me dedico muito a ele. - tomou um gole do seu whisky.

– Interessante... – falei sorrindo e tentando jogar um charme para convencê-lo.

– E você, já sabe o que quer fazer?

– Algo relacionado à moda. Acho simplesmente fantástico, e creio que levo jeito. Talvez designer, mas ainda não decidi.

– Bem interessante. – concordou.

Senti que deveria comentar com o loiro nesse momento. Olhei para os lados e vi Bella sozinha. Procurei por Edward e não o vi, então lhe lancei um olhar curioso que ela deve ter entendido, falando um incentivo mudo, de modo que ela leu em meus lábios e sorriu e deu uma piscada em seguida. Logo minha irmã ficou de costas e vi Edward voltar para o sofá com cervejas nas mãos. Desviei o olhar automaticamente para o outro lado.

Rosalie conversava com Emmett, e este parecia estar ficando alterado, devido à bebida. Procurei ignorar e me concentrei no loiro.

Pigarreei e passei as mãos em meu cabelo.

– Jasper, eu queria te pedir um favor. – na verdade é um grande favor, acrescentei mentalmente.

– Pode pedir. – sorriu.

– Posso parecer meio infantil, eu sei, mas é que eu queria que Bella fosse... er... – oh minha nossa, eu estava gaguejando? Respirei fundo, mantendo o foco. - Embora com... Edward, e, como estamos somente em dois carros, é meio difícil. – dei um sorriso amarelo.

Ele franziu o cenho, e fez uma cara de dor. Gemi baixinho, já prevendo sua reação.

– Algum problema, Alice?

– Não, é só que...

Como falar que eu quero que a minha irmã e o seu primo fiquem juntos?!

– Que...? – ele me encorajou.

Resolvi soltar logo a verdade de uma vez.

– É que eu acho que está rolando uma química entre Edward e Bella, entende? E eu queria agilizar as coisas...

Ele gargalhou e isso me surpreendeu.

Alice, você quer dar uma de cupida? – ainda ria.

Puta merda! Estava passando vexame na frente de um estranho. Tratei logo de responder, já ficando ruborizada.

– Mais ou menos isso. – admiti. - Digamos que só estou dando uma forcinha. – dei uma piscadela.

O obstetra franziu o cenho novamente, obviamente não entendendo nada.

– Jas, eu só acho que eles precisam de oportunidade para ficarem sozinhos.

– Mas eles estão sozinhos... – falou meio confuso, apontando para minha irmã e o meu futuro cunhado, ops, Edward.

Bufei alto.

Ai meu Deus, será que o loiro além de tímido tinha algum distúrbio mental? Ou era problema de homem? Rosalie poderia me ajudar a lidar com ele, só precisaria me lembrar de pedir depois, caso ele ainda continuasse dando trabalho.

– Eu quero dizer a sós... Privacidade. – gesticulei com o indicador e o polegar.

– Ah sim. Agora entendi. – olhou novamente para o casal. - Ainda acho que é interferir na vida deles.

Revirei os olhos, já achando que a criatura era causa perdida.

– Vai me ajudar ou não?

– Qual é o plano? – arqueou uma sobrancelha.

– Sim ou não?

– Não sei.

Olhei para o lado, já ficando irritada.

– Então não conto. – declarei sorrindo cinicamente.

Ele bufou, meramente alterado.

– Não sabia que uma pessoa poderia ser tão irritantezinha, a ponto de me forçar interferir na vida pessoal do meu primo. – sorriu.

– E eu não sabia que alguém podia ser tão burrinho. – deixei escapar, séria.

Ele me olhou incrédulo, depois abaixou a cabeça.

– Desculpe. – falamos juntos.

– Sem problema. – novamente nossas vozes saíram como uma só, o que nos fez gargalhar imediatamente.

Ficamos em silêncio por um momento. Comecei a me culpar mentalmente por ter o metido nessa história, afinal estava na cara que ele não ia aceitar.

– Vamos dançar? – perguntou-me dando a entender que o assunto havia terminado.

– Vamos logo. – levantei.

Dançamos um pouco na pista e Jasper era meio desengonçado. Eu ria silenciosamente ao vê-lo se requebrar ao ritmo um pouco contrário ao da música. Após duas músicas resolvi parar um pouco, encostando-me perto de onde Edward e Bells estavam. A criatura me acompanhou.

– Vou pegar uma bebida. Você quer? – perguntou gentilmente.

– Sim, bebo o mesmo que você for beber.

Ele riu e falou algo como “não me responsabilizo por você”.

Alice Brandon Swan precisando de babá? Era só o que faltava! Bufei alto.

Aproveitei e voltei minha atenção para a boate. Agora poucas pessoas estavam na pista de dança. Desviei o olhar para o lado e...

– Santo Deus! – falei alto, colocando a mão na boca.

Edward e Bella estavam se beijando no sofá!

Senti meu queixo cair e continuei observando a cena. Minha irmã mantinha sua mão direita nos cabelos do homem, e a outra em sua nuca. Este, por sua vez, tinha uma das mãos na nuca de Bella e a outra estava em suas costas. Dei um sorriso enorme, daqueles que uma criança dá quando recebe o seu melhor presente. Eu estava queimando em euforia e felicidade.

Pelo canto do olho vi quando o loiro voltou com duas taças. Podia jurar que ele estava com a mão estendida, provavelmente esperando que eu pegasse a minha.

Não desviei os olhos do casal, até que ele pigarreou.

Ignorei. Estava conectada à bolha que estava olhando.

– Alice!

Cara, será que Jasper também era cego? Estava começando a acreditar nisso.

A essa altura, o casal se afastou e passou a conversar animadamente. Foi quando o estraga-prazer estralou os dedos, chamando minha atenção. Olhei para ele com má vontade, e vi que ainda me oferecia uma taça.

– Er... Obrigada. – falei sem jeito, pegando-a.

– O que deu em você? Pareceu que havia se desligado do mundo. – disse contrariado.

Definitivamente, Jasper era cego. Ok, eu sabia que ele estava de costas, mas dava pra ter percebido o clima que emanava do sofá.

– Olha. – apontei para o casal.

Olhou e logo voltou a me fitar.

– Sim, eles estão conversando...

Deus, como ele era burrinho!

– Deixa pra lá. – revirei os olhos.

Ele assentiu. Dei um longo gole no líquido, arrependendo-me imediatamente. Aquilo era...

– Vinho?! – fiz uma careta.

– Sim. Vinho tinto. MARAVILHOSO! – falou alegremente.

– Eca! – cuspi.

(Nota mental: nunca mais tomar algo que Jasper me ofereça).

– Não gosta? – encarou-me seriamente.

– Não! Adoro champagne, cerveja, coquetel... Mas vinho não, por favor. Argh!

– Desculpe, eu não sabia... É difícil achar alguém que não goste de vinhos. Posso trocar... – pegou a taça da minha mão.

– Não precisa, obrigada. – temi que ele me desse outra coisa pior depois. Minha sede tinha passado.

Voltei meu olhar ao sofá que estava a poucos metros de mim. Vi Edward pegar a mão de minha irmã e a guiar para a pista de dança. Sorri novamente.

– Jas, vamos dançar de novo? – perguntei ao ver que uma música lenta começara.

Ele meio que hesitou, mas logo sorriu e largou as nossas taças em um balcão.

Inicialmente ele não sabia bem o que fazer, então dei um passo para frente, aproximando nossos corpos. O loiro automaticamente colocou as mãos em minha cintura, assim que coloquei as minhas em volta do meu pescoço.

Girávamos na pista, até que ele pisou em meu pé. Ignorei, fingindo que nada tinha acontecido.

Novamente outro pisão forte, agora em meu pé direito.

– Aiii! – gemi de dor e parei a nossa dança.

– Desculpe, não vai acontecer de novo, Alice.

Revirei os olhos e recomeçamos a dança. Estava tudo bem até alguém me empurrar.

– Ai! – falei novamente, debruçando-me sobre o meu parceiro de dança e virando-me para ver quem fora o infeliz responsável pelo ato.

– Opa, desculpa gatinha! – Emmett falou sorrindo e se afastando imediatamente. Ele dançava com Rose há poucos metros de nós.

– Tudo bem. – revirei os olhos e Rose riu com minha atitude.

A dança transcorreu tranqüila, e eu olhei em volta, a procura do casal beijoqueiro. Não o encontrei, então pensei: o que será que estão fazendo? Sorri involuntariamente, imaginando se estariam se pegando no banheiro. Balancei a cabeça automaticamente, rindo e tentando evitar tantos pensamentos promíscuos. Jasper pareceu notar, então perguntou, virando o rosto para o meu:

– Que foi?

Ao se virar, seus olhos me fitaram intensamente. Sua boca estava a centímetros da minha, e, como por instinto, eu arfei. O loiro, então, passou a observar meus lábios. Meus olhos também desviaram para sua boca. Nossas respirações estavam sincronizadas, e eu cheguei até a pensar que ele poderia me beij...

– Droga! – berrei sentindo outro pisão no pé.

Ele apenas deu um sorriso amarelo de desculpas.

DESISTO!

Saí da pista, encostando-me próximo a um balcão. Pedi uma cerveja e o primo de Edward veio até mim, encostando-se ao meu lado e pedindo a mesma bebida que eu.

– Alice?

– Diz. – dei um gole na própria garrafa. Ok, eu sabia que tinha sido rude. Só me perguntava como podia existir alguém tão desastrado como o primo do meu quase-cunhado. Ele estava realmente me irritando.

– Eu aceito.

Vi Emm e Rose saírem da pista. Eles voltaram e se acomodaram em um sofá. Pude perceber que o irmão de Jasper ria descontroladamente.

– Hein?

– Eu disse que aceito o seu plano, seja lá qual for.

Meus olhos se iluminaram e eu sorri largamente, ignorando minha irritação e já o puxando pela boate em direção ao seu irmão e minha prima.

Emmett parecia cada vez mais bêbado, e pude ver que Rosalie estava desconfortável ao seu lado. O grandalhão bêbado era, provavelmente, mais um a favor do plano, afinal não dizem que bêbados aceitam tudo? Justamente por não estarem em sã consciência e não pensarem nas conseqüências. Restava saber se minha prima aceitaria, o que eu praticamente já contava, pois Rose torcia para Bella e Edward tanto quanto eu.

Após contar todo o possível plano para eles, Emmett praticamente pulava de empolgação e minha prima também aceitara. Combinei com Jasper que ele seria o que olharia o pneu “furado”, pois caso Edward olhasse ele veria que era mentira.

Era óbvio que eu sabia que minha irmã não cairia nisso, porém o objetivo era fazer o Cullen cair, levando-a em casa. Parecia um plano infantil, porém eu sabia o quanto Bella era sozinha e o quanto seus olhos brilhavam simplesmente ao ouvir o nome de Edward. O problema seria ela perceber e admitir isso.

Logo o casal veio à nossa direção e saímos da boate.

[...]

*FLASHBACK OFF*

E meu plano, enfim, dera certo. Bella voltou para casa com Edward no Volvo e nós quatro ficamos em frente à S&M, fingindo preocupação. Eu estava me divertido, tinha que confessar.

– E agora, o que faremos? – inquiriu Rose preocupada com sei lá o que.

– Vamos embora, claro. – falei revirando os olhos, como se isso fosse uma coisa óbvia.

– Então boa noite, meninos... – disse a loura, indo cumprimentar o Com Distúrbio.

Um travesti saía da boate nesse momento.

Percebi que era loiro, muito pálido, com o cabelo até os ombros e lisos. Usava uma maquiagem exagerada - assim como o batom de tom vermelho sangue que estava em sua boca - e vestia uma saia brega rosa de babadinhos, com meia calça preta e uma blusa de botões. Usava um salto agulha e tinha uma bolsa nas mãos.

Estava tudo bem, até que...

– Me dá um beijo, amorzinho??!

EU NÃO TINHA OUVIDO EMMETT FALAR AQUILO!

Fiquei ainda mais chocada quando vi o homem se aproximar com um sorriso maldoso.

Pensei que fosse somente um travesti, afinal pelo o que sei tem heterossexuais que se vestem, mas logo vi que se tratava realmente de um gay.

Jasper fez menção de cobrir a cara, envergonhado com a atitude do irmão e Emmett tinha um sorriso safado no rosto.

– Duas mulheres pro meu mano beijar e ele prefere logo a que tem a outra fruta! – falou baixinho.

– DUAS? – franzi o cenho. – Está contando comigo?

Ele assentiu e Rosalie deu uma gargalhada.

– Eu não beijaria seu irmão. – declarei.

Vi Jasper ficar mais branco do que já era. Uma gota de suor escorreu da sua testa.

– E por que? – quis saber.

– Ele não faz o meu tipo. – dei uma piscadela.

Foi aí que percebi a cena que estava prestes a ver. É claro que, se dependesse de mim, a bicha poderia agarrar o grandalhão que eu nada faria para impedir. Bom, seria extremamente engraçado e parecia impossível imaginar Emmett beijando outro homem.

A bichona murmurou algo no ouvido do primo do meu quase-cunhado, fazendo-o rir mais ainda. Nós três estávamos chocados com a cena, e ninguém conseguia fazer absolutamente nada. Os dois continuavam cochichando e eu ouvi a voz do purpurinado pela primeira vez.

– Qual é o seu nome, belezinha? – perguntou para o grandalhão.

– Meu nome é Vem. – falou o bêbado, cambaleando. Jasper ainda o segurava.

Arregalei os olhos, sem entender. E parecia que ninguém ali havia entendido, porque todos olhavam o bêbado com uma cara confusa.

– Vem? – perguntou a purpurina em pessoa, colocando um dedo na boca.

– Vem que eu to facinho! – Emmett se contorcia de rir da própria piada.

– Meu Deus, que bofe delícia! Vou pros seus braços agora, meu macho man! – o traveco se preparou para beijar o "Vem".

O grandalhão abriu os braços, como um convite. Não acreditei quando vi.

Rose parecia que ia ter um AVC e acabou intervindo, para nossa surpresa.

– Licença aqui. – falou puxando Emmett pelos braços e dando as costas para o homem, quer dizer, mulher, homem, mulher. Ah, não sei, já estava confusa. Pro purpurinado, pronto.

– Saia da frente, sua loira oxigenada! Ele quer, não se meta, imitação barata de Barbie! – fuzilou minha prima com o olhar.

Rose largou o grandão ao meu lado e falou irritada, com um dedo na cara da bicha.

– Escuta só, ele é meu NAMORADO. – sua voz estava alterada, deixando claro que ela estava com raiva. - Não vou criar uma briga agora em consideração aos aqui presentes. – apontou para nós. - Chame-me de algum insulto que vai ver do que uma mulher é capaz! – ameaçou.

Senti meu queixo cair com a defesa. Jasper pareceu igualmente surpreso.

– HAHAHAHA, que medinho! Quem tem medo da loira oxigenada?! Sai fora, que na minha língua isso se chama rejeição!

Rose fechou os olhos e cerrou os punhos.

– Cala a boca, bicha nojenta!

Quem tem medo da loira oxigenada? Quem tem medo da loira oxigenada? – cantarolou saltitando.

Cara, nunca tinha visto Rose tão nervosa.

Quem tem medo da loira GOSTOSA oxigenada? Quem tem medo da loira GOSTOSA oxigenada? – ouvi a voz embargada do grandalhão.

Agora Emmett cantava e saltitava com a bicha.

ÓTIMO!

Rose pareceu enrijecer com a modificação que o primo de Edward fizera na frase.

– Ah, que falta de educação, a minha ilustre pessoa glamurosa não se apresentou! – fingiu se sentir ofendida. – Meu nome é Caius Dois Minutos. – passou a mão no cabelo loiro.

– Dois Minutos? – perguntei curiosa.

Caius deu uma risadinha.

–É que eu sou mais gostosa e fervo mais rápido do que macarrão instantâneo. – mordeu o lábio. – Quem quer me comer?! – olhou para Emmett e Jasper.

– Sai foraaaa! – berrou o loiro. Eu segurei o riso.

– EU COMOOOOOOOOOOOOOO! – é claro que essa asneira saiu da boca do irmão de Jas.

Fala sério, o cara mal conseguia ficar em pé!

– Vamos embora. – falou o loirinho, obviamente sentindo a promiscuidade da conversa.

– Mas já? Vamos pra algum lugar comigo, meu macho man? – quis saber a bicha, enrolando os cabelos.

– Jaé! – gritou o fortão, pulando e batendo palmas.

– Já ERA! – falou Rose, intrometendo-se. – Ele vai comigo, sua bicha azeda!

– Nossa, gatinho, que mau gosto você tem! – falou a bicha, ignorando Rose.

– Mau gosto? – perguntou Emm, piscando os olhos fortemente.

– É, como você namora uma mulher dessas? – apontou para minha prima. – Com certeza tá pagando pecado! – gargalhou alto. - Devia achar alguma mulher mais gostosa e melhor do que ela. – passou a mão pelo corpo.

– Ahhh, ela não é minha namora... – Jasper tapou a boca do irmão.

– Não é o que, belezinha? – Caius segurou o riso e fuzilou Rosalie mais uma vez.

Mesmo o fortão não tendo terminar a frase, todos nós sabíamos o final. Emmett ia falar que Rose não era sua namorada, o que era absolutamente verdade.

– Vou dar na sua cara, sua bichorenta feiosa! - falou minha prima, avançando em cima do gay.

E então eu vi a cena mais engraçada da noite: Rose correndo atrás de Caius, rodando a bolsa na mão. Fiquei feliz por já ser tarde da madrugada e não ter nenhum trânsito para atrapalhar a engraçada cena.

– Vou lhe dar umas bofetadas! - pude ouvir o grito de minha prima.

– Quem tem medo da loira oxigenada? Quem tem medo da loira oxigenada? – cantarolou a bicha, correndo para longe.

– A LOIRONA TÁ RODANDO BOLSINHA NA RUA???! – os olhos da belezinha, ou melhor, Emmett, arregalaram-se.

Explodi em risos. Emm já era engraçado, bêbado era melhor do que mil filmes de comédia juntos.

– Fica quieto! – berrou o seu irmão.

Todos nos continuamos atônitos, esperando elas aparecerem.

– VAAAAI, GOSTOSAAAAAA!

Eu não sabia qual das loiras Emmett chamara de gostosa e, para falar a verdade, era melhor que não soubesse.

– Que decepção! – murmurou Jasper, obviamente querendo um buraco para enfiar a cara.

[...]

Minutos depois Rosalie voltava em nossa direção. Corri para ver se não havia nenhum machucado.

Ouvi Caius gritar, correndo:

– Me liga, ursinhoooooo!

Rose voltou com um cartãozinho nas mãos e me entregou sem perceber. Li silenciosamente. Fiquei em dúvida sobre entregar para o “destinatário” ou não, mas lembrei de Caius pedindo-o para que o ligasse. Decidi colocar discretamente no bolso traseiro da sua calça e Emmett não percebeu, afinal estava chapado. Ninguém vira o que eu havia feito, então sorri.

– O que foi isso? - perguntou o loiro, igualmente chocado.

– Ao invés de você ir me defender, ficou aí. - Rose falou para Jasper, com aparente chateação. - Emmett, sem dúvida, nos mataria depois ao saber que ele beijou um homem e que nós incentivamos ou simplesmente não fizemos nada. Tive que fazer alguma coisa. - explicou.

– Eu não tive escolha. Ou eu soltava meu irmão e ele corria para os braços da mulher-homem ou eu falava com a pessoa.

– É mulher! – defendi lembrando-me que passara pelo mesmo dilema.

– Que seja.

– Humpf. – Rose bufou.

– Vamos embora, já passamos por problemas demais. – o loiro falou.

Vimos outros três gays saírem da boate rindo, e pararam para reparar em Emmett. Todos usavam roupas femininas.

– Oi, lindas! – falou Emmett.

– CHEGAAAAAAAAAAA! – gritou o irmão, fazendo-me rir.

Fomos todos para o conversível e Jasper jogou o bêbado no banco traseiro rapidamente. Não sei de onde ele tirou forças, mas tudo bem.

– Quem vai dirigindo? – perguntei em um bocejo.

– Você? – perguntou minha prima, olhando-me.

– Estou com sono.

– Eu não quero dirigir. – rebateu.

– EU DIRIJO! – gritou Emmett de dentro do carro.

Era só o que faltava!

Cala a boca, bêbado louco por travestis! – falei.

– Eu não estou bêbado! – berrou o brutamonte.

– Isso é o que todo bêbado diz! – revirei os olhos.

Entramos todos no carro. Jasper assumiu o volante, Rose o assento ao lado e eu e Emmett o banco de trás.

– Eu esqueci de falar que vamos dormir na casa de Edward hoje, combinamos com ele. – anunciou o burrinho a certa altura.

– Ok, então deixamos vocês lá e vamos para casa. – falou minha prima.

Relaxei no banco e podia sentir o sono tomando conta de mim, até que barulhos estranhos ecoaram ao meu lado, fazendo-me pular. Pensei que o carro estivesse dando problema, até perceber que era só o animal roncando. Ótimo!

– Santo Deus, que horror! – falou minha prima, tampando os ouvidos.

– É o preço que temos que pagar, e olhe que dá pra ouvir os roncos dele em todo o apartamento.

(Nota mental: dar o Oscar a quem já conseguiu DORMIR com Emmett).

– Alice, faça alguma coisa...

Alguém chamou o meu nome?

– Alice!

– Que?! – pulei. Só então percebi que estava começando a pegar no sono novamente.

– Faça alguma coisa. – repetiu minha prima.

Tentei procurar algo para colocar na boca de Emmett e tampá-la, mas nada achei. Vasculhei as coisas que tinham no banco traseiro e nada parecia caber. Cadernos, CDs, papéis...

– Chegamos. – anunciou o motorista, parando em frente a um arranha-céu.

Suspirei de alívio.

– Desculpem por meu irmão, ele é muito exagerado em tudo. A noite foi ótima, apesar dos incidentes. – saiu do carro, abrindo a porta traseira e acordando Emmett.

– Tudo bem, Jasper. Quer ajuda com ele? – disse a publicitária.

– Não, obrigado. Edward nos deu uma cópia da chave, consigo levar Emm até lá.

Jas cambaleou para fora do carro com o seu irmão apoiado em seus braços. Era difícil imaginar uma cena como essa. Emmett, o grandalhão, fortão, típico de um Serial Killer, apoiado no magricelo. Não acreditaria se me contassem.

Rosalie, vendo que eu não conseguiria assumir o volante, resolveu dirigir e eu permaneci no banco de trás. Logo peguei no sono, e a última coisa que pude ouvir foi um “boa noite”.

POV Rosalie

Cheguei à casa dos Swan, estacionando o conversível na garagem. Percebi que estava sem a chave e Alice dormia no banco, então peguei sua bolsa e a encontrei. Entramos em casa e tudo estava apagado. Ajudei minha prima a subir, entrando em seu quarto e a colocando em sua cama de casal. Minha cabeça doía, resultado da briga com a bicha louca. Não havia me ferido, mas algumas dores no corpo estavam me incomodando. Agradeci por não ter que trabalhar hoje, afinal estava exausta. Desci as escadas e fui até a cozinha, pegando um pouco de gelo e o colocando em um pano. Levei até a cabeça, o que aliviou rapidamente.

Nunca havia brigado por homem antes. O máximo que tinha feito era bater em algumas pirralhas da escola quando era mais nova. Tinha plena consciência de que só brigara por Emmett porque ele estava bêbado, e, o que era pior, dando trela para Caius. Alice se divertia com a cena e eu sabia que o paspalhão do Jasper nada faria. Sem solução, acabei entrando numa briga. Ainda bem que quase ninguém viu o ocorrido, seria humilhante demais.

Lembrei-me de que não trouxera roupa de dormir nem escova de dente, e me xinguei mentalmente por isso. Desliguei o celular sem nem olhar se havia mensagem ou ligação e, sem outra opção, fui até o closet de Alice e vesti a primeira camisola que encontrei, jogando um pouco de água na boca e apagando o abajur, proferindo um “boa noite” para minha prima - que dormia tranqüila em meu lado - mesmo sem ter certeza se ela ouvira.


POV Jasper

Confesso que estava surpreso com a atitude de Rosalie. Poucas mulheres fariam algo assim por algum homem, ainda mais sendo que ela e meu irmão se conheceram ontem.

Após ajudar Emmett a se instalar em um dos quartos de visita do apartamento de Edward, fui tomar um copo de água na cozinha, vendo que já estava realmente tarde.

Há tempos não dormia só com meu irmão e meu primo, pois o trabalho me ocupava muito. Por isso, inclusive, tive que deixar de sair com eles muitas vezes.

O apartamento de Edward era muito bonito. Não muito grande, afinal mudara-se para Seattle há pouco tempo, mas aconchegante. Talvez o tipo de lugar que eu gostaria de ter quando tivesse uma família. Possuía três quartos de hóspedes, então foi fácil instalar meu irmão no quarto que ele sempre dormia quando vinha aqui. O outro eu ficaria; era um que ficava ao lado do que Emmett estava. O próximo quarto de hóspedes ficava em frente ao quarto de Edward, e era ocupado, geralmente, por seus pais, pois era, depois do quarto dele, o maior cômodo da casa.

Tomei um copo de água e entrei no quarto, me entregando à inconsciência.


POV Edward

Beijar Bella havia sido maravilhoso. Nunca senti tanto prazer e desejo somente ao beijar uma mulher, e eu tinha experiência nisso. Mas com Bella havia sido diferente, havia sido especial. Tomei a iniciativa de beijá-la meio receoso de que ela me rejeitasse, mas flertamos esse tempo todo e eu precisava tentar. Para a minha surpresa e felicidade ela retribuiu o beijo como se esperasse por aquilo. Beijamo-nos praticamente durante todo o tempo na boate, e eu não conseguia me conter. A sorte estava sorrindo para mim.

Estava imerso em pensamentos e virando a esquina do meu apartamento, quando meu celular tocou no painel do carro. Pensei que pudesse ser Jasper ou Emmett para falarem algo sobre o pneu do carro de Bella. Confesso que fiquei preocupado ao deixar Alice e Rosalie lá, porém estavam com meus primos, e a ideia de ter Bella sozinha comigo novamente foi completamente tentadora. O celular tocou novamente, então atendi sem me certificar quem era.

– E-Edward? Aqui é Bella. Você precisa me ajudar!

Ia entrando na garagem do meu apartamento, mas desliguei o carro ao ouvir suas angustiantes palavras. Estava com um pressentimento ruim, afinal a voz de Bella parecia muito estranha. O que havia acontecido? Deveria eu ter ficado com ela até sua irmã chegar?

– Edward? – entoou com a voz trêmula, certificando se eu ainda estava na linha.

– Estou aqui! – respondi preocupado.

– Ah, graças a Deus! – sua voz falhava. – Precisa me ajudar. – repetiu.

O que aconteceu, Bella? O que foi?

– Eu estou sem poder entrar em casa e...

Como é que é? a interrompi.

Bella respirou fundo algumas vezes, e então explicou:

– Eu achei que estivesse com a chave de casa, mas entreguei para Alice e esqueci-me de pegar. Só lembrei-me disso depois que a procurei em minha carteira e não encontrei. Não posso acordar Renée, ela ficaria furiosa ao ver essa situação. Liguei para os celulares das meninas e não consigo falar com elas. Preciso voltar para a boate e pegar a chave, só que não tem táxi aqui perto há essa hora e...

Estou indo pra aí! berrei.

– Oh, obrigada. – disse aparentemente mais calma.

Encerrei a chamada e dirigi extremamente rápido para a casa de Bella.

[...]

Dez minutos depois estava na porta da casa. Desci do carro o mais rápido que pude e a abracei com força, sentindo o mesmo choque estranho e gostoso entre nós.

– Ah, Edward! – soluçou baixinho. - Eu fiquei com tanto medo. Medo de ter que ficar aqui a noite toda... – agora ela começava a chorar.

– Acalme-se, estou aqui. – tentei tranqüilizá-la, afagando suas costas em nosso abraço.

– Obrigada. – murmurou.

– Alice ainda não chegou?

– Não. – respondeu tristonha, se afastando de mim.

– Ok, é simples, nós voltaremos para lá, pegaremos a chave e eu te deixo aqui de volta, está bem?

Ela assentiu.

Era a primeira vez que eu via Bella chorar e parecia tão frágil quanto uma boneca de porcelana que pudesse se partir a qualquer momento, e, por esse motivo, tinha que ser tratada com o maior cuidado.

Ela entrou no carro e nós voltamos em direção à S&M, numa tentativa de encontrar sua irmã. Não conversamos nada durante o trajeto, quão tensa ela estava. Respeitei o seu momento e fiquei em silêncio.

Ao chegarmos lá estranhei não encontrar ninguém que conhecíamos.

– Vamos descer? – perguntou receosa.

– Está tarde. Não estou vendo seu carro, então foi guinchado, provavelmente. E eles não estariam aí dentro até uma hora dessa e sem carro.

É verdade. O que pode ter acontecido? – perguntou.

– Eles podem ter ido de táxi.

– Eu estava lá em frente o tempo todo e posso afirmar que elas não entraram em casa.

– Será que...? – falamos juntos, o que nos fez rir, apesar da situação.

– Fale. – falamos juntos de novo.

Bella deu uma risada fraca.

– Pode falar. – lhe disse gentilmente.

– Será que elas não irão dormir em casa? – mordeu o lábio.

Pensei nisso por um momento. Se elas estavam com meus primos, e elas não iam dormir em casa, então significa que, provavelmente, estariam com eles.

– Acho que irão. Até porque meus primos dormirão em minha casa.

Eu sabia muito bem que Emmett seria capaz de transar com Rose ou Alice logo no primeiro encontro, mas Jasper? Não, Jasper sempre fora tímido e não estava bêbado, o que poderia tentar justificar depois.

Bella me olhava, esperando por uma solução.

Vou ligar para eles.

Ela pareceu relaxar um pouco.

Disquei o número de Emmett, que chamou até cair na caixa postal. Claro que se ele estivesse com algum rabo de saia, não iria atender.

– Não sei porque tentei ligar pra Emmett. – deixei escapar.

– Pra ver se ele está com minha irmã... – me fitou confusa.

Ok, Bella não tinha entendido. Resolvi deixar pra lá.

– Ah, agora entendi. – falou como se pudesse ter lido minha expressão. - Se ele estivesse com alguém não atenderia, não é? - assenti.

Tentei o celular de Jasper, mas estava desligado.

– Desligado? Edward, o que iremos fazer?! – pude sentir seu desespero voltando. Ela mexia em seu celular descontroladamente, a procura de alguém para ligar.

Tentei achar outra solução, mas nenhuma me veio à mente. Até que...

– Bella, você aceitaria dormir em meu apartamento?

– O QUE?!

Ouvi um estalo, e percebi que ela deixara cair o seu celular no tapete do carro. Olhei seus olhos e vi que estavam arregalados, sua boca aberta em surpresa e medo, e vergonha e receio estampavam sua face.

Por um segundo me arrependi da pergunta que havia feito, mas sabia que era a única solução para o caso. A questão era: Bella aceitaria essa solução ou me interpretaria mal? Eu rezei mentalmente para que a segunda opção não acontecesse.

(CONTINUA...)


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Notas finais do capítulo

Particularmente adorei as trapalhadas de Alice, e o modo como ela narrou tudo isso. Emmett começou a mostrar o engraçado que todos conhecemos, e ele é, sem dúvida, um dos personagens mais cômicos de toda a trama.
O que acharam de Caius como homossexual? Espero que tenham gostado, e essa idéia de "Dois Minutos" surgiu de uma espécie de cantada que acredito que vocês conheçam. Logo revelarei o sobrenome verdadeiro dele.
Bom, o pedido que quero fazer é: você que leu até aqui e gosta desta fanfic, o que custa deixar um review? Sei que é meio chato ficar pedindo, mas acontece que nós, escritoras, precisamos disso. Cada comentário ou crítica nos fortalece e nos motiva a continuar dando o melhor na história. Então sei que tem muita gente que lê e não deixa sequer um comentariozinho; POR ISSO PEÇO CALOROSAMENTE QUE DEIXEM REVIEW. Agradeço à todas que deixam após cada capítulo que posto, vocês tem todo o meu carinho!
O próximo capítulo irá demorar de sair, porque eu vou mudar de cidade, então tenho que organizar minha vida lá e depois ter inspiração para escrever. Desde já peço que tenham paciência com esta autora aqui, afinal mudanças mexem com qualquer um, e comigo não seria diferente. É claro que depois desse tempo ruim logo voltarei a me dedicar de corpo e alma à vocês.
Também quero comunicar que em breve sairá uma short fic maravilhosa e conto com todas as minhas leitoras! Quando postar aviso vocês.
Desejo um Feliz Ano Novo a todos, e que 2012 venha com tudo!
Beijos, Flávia. x