The Beautiful Thieves escrita por bitterends


Capítulo 17
O Presente




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Capítulo Narrado por Davey

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 Era 14 de outubro, Miche estava fazendo 17 anos, mas completamente diferente das “riquinhas” de sua idade, completamente diferente de poucos meses atrás.

Enquanto as pessoas que havia contratado para decoração e buffet deixavam tudo pronto, ela

cismou em deixar sua arrumação para última hora. Lá fui eu, servir de chofer para a Michelle.

Esta mania peculiar de Miche me irrita profundamente, ela sempre deixa coisas importantes para a última hora, milagrosamente tudo fica perfeito no fim, enquanto eu preparo algumas coisas até meses, semanas ou dias antes e uma ou outra não fica como quero.

Enfim, eu já estava meio impaciente com ela, que entrava de loja em loja à procura de um vestido e um sapato novo... e voltava com nada!

- Porra Michelle, não é possível! Esta é a nona loja que você entra...

- Mas eu não achei o que me agrade, nada combina! Acho meu cabelo comprido demais, cabelos compridos são pra meninas meigas demais.

- Seus cabelos são lindos, você é linda, tudo combina! Agora decida-se...

- Humf... você não entende sobre mulheres.

- Entendo que são complicadas e gastadeiras. Vamos, discutir agora não trará um vestido que te agrade.

Ela fez um biquinho como quem queria dizer que estava magoada, achei bonitinho até, morri de vontade de beijá-la. Mas logo ela retomou sua euforia e ansiedade, me fazendo esquecer da vontade de beijá-la... é.

- Ah, e se eu pintasse meus cabelo de loiro platinado? Eu sempre quis pintar meus cabelos, nunca tive coragem, mas mamãe usava cabelos assim e curtos também durante o tempo que me recordo dela. Somos parecidíssimas, ficava lindo nela, logo ficaria em mim. Acho que ficaria mais parecida com ela. Com cara de “mulher”. Você gostaria?

- Não sei, o cabelo é seu. Mas eu não mudaria coisa nenhuma aí... se pintará o cabelo porque quer parecer sua mãe, bem, eu quero a Michelle e não sua mãe.

- Poxa...

- Michelle, por favor, estamos há horas procurando algo pra você, você ainda retende ir para salão para se arrumar e quer inventar de pintar cabelo? Isto leva um tempo maior que minha paciência. Você tem vários vestidos, vários sapatos que nunca usou, estão até com etiquetas, não entendo porquê quer um que não usará mais, muito menos doaria para alguém que precise, simplesmente deixaria apodrecer. Isso me irrita, me irrita! - eu dizia aquilo demonstrando total impaciência. Odiava compras demoradas, gente indecisa. Normalmente gesticulo muito as mãos, mas quando irritado, elas ficam velozes e assustadoras!

Ouvi Miche engolir aquilo a seco, olhando para a janela, levantando a cabeça como quem estivesse impedindo lágrimas de brotarem. Primeiro pensei “ Saco, menina sensível”, depois esvaziando a mente percebi o que havia dito e me senti um merda, não pelo que disse, porque era o que eu queria dizer, mas com o tom de agressividade e as palavras mal escolhidas... havia outra forma de falar aquilo, mais doce e sútil que a faria entender do mesmo jeito.

- Querida, me desculpe...

- Eu sei que está certo, mas não precisava jogar as coisas na minha cara desse jeito.

- Desculpe, bebê... eu estou impaciente, ansioso. Você podia colaborar um pouco, não acha?

- Hum... E eu não quero pintar os cabelos para parecer mais com minha mãe. Queria fazer isso porque acho bonito, queria ver como ficaria em mim... você sempre acha que porque sinto saudades dela, quero ficar com a sua aparência, para vê-la por perto de alguma forma.

- Não, não é nada disso... - mentira, eu pensava assim mesmo – vamos parar com esse assunto, não quero te magoar (mais) hoje, é um dia especial. Quero você linda, feliz. Eu vou me controlar e encontraremos o que você goste. Tudo bem?

- Tudo bem! - ela disse, retomando um sorriso suave e eu me xingando por dentro.

Poucos minutos depois, ela entrou em outra loja e levou muito até sair.

Eu estava debruçado ao volante, pedindo paciência, quando ouvi a porta abrir. Nem me dei ao trabalho de me mexer, até sentir uma mordida gostosa em meu pescoço.

- Oi amor!

- Ah, menina...

- Achei o que eu queria, vamos pra casa!

- Pra casa? Você não ia para o salão de beleza?

- Não se eu posso tê-lo em meu quarto!

- Ah, Michelle Walker... - eu ri...

Ri porque ela fazia aquilo parecer tão normal (ter cabeleireiro, maquiador, manicure à disposição a hora que fosse e em seu quarto) e eu ri por não entender como estava enfeitiçado por Miche daquela forma. Eu até gostava de pessoas extravagantes nos cabelos, roupas, modos... mas estas eram simples de espírito, sem regalias ou mimos. Estas pessoas haviam batalhado muito pra terem o que têm hoje, muitos não tiveram apoio algum da família. Já a Miche... eu ainda não estava convencido de verdade que ela mudou, acreditava que ela tinha vida fácil demais, por isso não dava valor às coisas.

Sim, era um babaca e estava totalmente errado. Mas não levem a mal, porque eu realmente estava amando Michelle, e nenhuma de minhas palavras anteriormente foram falsas.

O dia foi correndo era a hora da festa, os convidados haviam chegado e estávamos todos a sua espera. Eu sabia que ela iria se atrasar... como sempre.

Enquanto eu estava de frente para as escadas, alguém tocou em meu ombro esquerdo, virei num salto pra ver quem era... Era Harry.

Davey.

- Olá Harry, pensei que estaria lá em cima, com a Miche...

- Ela dispensou minha ajuda, não quer que ninguém a veja antes dela descer.

- Ah...

- Soube que assim que terminei a ligação, um mês e uns dias atrás, você veio, com a roupa do corpo, dar um jeito nela.

- Sou grato a você, não sabia que tinha chegado a tal ponto.

- Soube também que estão namorando e já faz um mês, ela está tão feliz, que cuidou dela durante todo esse tempo, repete várias vezes o quanto tem sido bom e tal...

- Olha, depois de ter levado um soco dela, tê-la visto daquele jeito, depois renascendo, ter quase matado um cara por ela... Não fazia sentido esconder o quanto eu a queria, nem tentar afastá-la. Ela não me deixará seguir sem ela ao lado e...

Fui interrompido por um cutucão de Harry, maneando a cabeça para a escada, e todos começaram a olhar também. Me deparei com minha musa, descendo as escadas num balanço delicado.

Linda, linda, linda. Era o que as pessoas gritavam. Miche estava num vestido estilo Marilyn Monroe (aquele branco, clássico) mas rosa claro, sandálias tipo gladiadora azul marinho, cabelos quase cacheando, cortados pouco abaixo dos ombros, bem repicados, parecendo dar um ar mais leve e alegre a ela, junto com mechas num tom dourado. Não havia clareado os fios como desejava, mas estava lindo daquele jeito.

Eu realmente estava admirado, louco para agarrá-la sozinho em algum canto escuro. Impossível naquele começo de festa.

Não recebi tanta atenção de Miche, nem esperava, afinal haviam muitas pessoas -mesmo que poucas fossem realmente amigas dela – os rapazes da banda logo chegaram, Hunter trazia nos braços o pequeno Edward de três meses, e fomos conversando, rindo.

Chegou a tão esperada hora dos parabéns e discursos. Ela escolheu somente Mary, o pai, Harry e eu para discursar. Cada qual de modo único... até que chegou minha vez.

 

- (...) Eu nunca esperei fazer parte disto, nunca esperei fazer parte de sua vida. Há um mês atrás você me perguntou o que era para mim; estranhamente, tem sido a chave de tudo. A chave que abriu meu coração. Sou louco por você, Michelle, estou perdidamente apaixonado, não me importa o que pensam ou o que digam... Não me importa se disserem que quando fios de cabelos brancos tomarem minha cabeça, você ainda será jovem, cheia de vida e que não se limitará a cuidar de dois caducos, sendo seu pai e eu. E se isso for verdade? Daqui uns anos descobriremos. Agora, o que me importa é estar com você... - falei, tirando uma pequena caixinha em camurça vermelha de dentro de meu blazer - … Você quer estar comigo, querida? - abri a caixinha, com duas alianças dentro, feitas de ouro branco, com bordas de ouro amarelo, cada uma com uma pequena pedrinha de diamante. Ela soltou um sorriso imenso, seguido de um gritinho estridente.

- Qual a sua dúvida sobre isso? - Então ela me apertou, me beijou, me abraçou e por fim, colocamos as alianças, um no outro.

As alianças brilhavam, acompanhando nossa felicidade... Felicidade. Há quantos anos não a senti verdadeiramente?



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