A Coletora escrita por GillyM


Capítulo 8
Retomada


Notas iniciais do capítulo

Capitulo interessante!!!
Boa leitura!



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Oregon, 2005.

*Roxy*

Minha aliança com Selene não poderia ter sido melhor, nunca pensei que pudesse me dar tão bem com uma vampira. Durante aqueles cinco anos, nos aproximamos e mesmo que nossa relação se se baseava num acordo, parecíamos amigas de verdade. Ela me protegia de qualquer predador que cruzava nosso caminho, em troca eu buscava a verdadeira coletora de sua alma.

Após aquela fatídica noite no motel, onde não consegui terminar o processo de transição daquela alma, nada mudou. Parecia que tinha perdido a habilidade em coletá-las, ou realmente não havia nenhuma alma que precisasse de meus serviços. Na verdade eu temia uma coisa, estar ao lado de Selene quebrava todas as regras que Dea me impôs, eu não sabia se estava fazendo a coisa certa, mas as vozes em minha cabeça ainda estavam lá.

Após ser estimulada a alma de Bill nunca mais se aquietou em minha mente, eu conseguia senti-la murmurar durante todo o tempo, como se ela chamasse por ele, já a outra alma quase que passava despercebida por mim, antes não queria nem imaginar quem seria o dono dela, mas confesso que comecei a ter curiosidade sobre ela.

Selene era uma vampira diferente das outras, embora apresentasse uma expressão bem felina, ela era quieta e muito observadora, eu sabia que o mal morava dentro dela, e para conhecê-lo só era preciso provocá-lo, mas minha curiosidade não era tão grande. Selene apresentava muitas características físicas semelhantes a mim, pele pálida, olhos azuis gritantes, seu cabelo também era negro, porem na altura dos ombros. Nós tínhamos a mesma estatura e porte físico, os humanos curiosos perguntavam se éramos irmãs, e o mais importante de tudo, é que ao lado dela, eu não precisava mais me prostituir.

Durante o tempo que ficamos juntas, Selene não falava muito, ela nunca respondia minhas perguntas ou satisfazia minhas curiosidades, ela só me dizia o que era importante a ela, para que eu pudesse encontrar a coletora, dona de sua alma. Mas todas suas breves revelações eram muito uteis para mim também, ela sabia mais de mim do que eu mesma, e algo me fazia pensar que talvez Dea não tivesse me dito tudo.

Selene não confiava totalmente em mim, ela me prendia durante o dia, enquanto ela descansava, e quando a noite chegava, ela me soltava e íamos a caminho das pistas que ela recebia misteriosamente.

- Estamos perto.

- Eu não sei se estamos, exatamente.

Selene nunca hesitou, em hipótese alguma, ela não era do tipo de planejar nada, apenas saia e ia à luta, sem conhecer seus inimigos. Embora isso fosse apreciado por muitos, eu ainda julgava burrice. Estávamos paradas do outro lado da rua de uma lavanderia, escondidas atrás de um poste de iluminação, observando as idas e vindas das pessoas, até que ele ficasse sozinho.

- Nós estamos o seguindo há meses. Esta é a hora.

O desejo de encontrar sua alma era tão grande, que ela ignorava todas as minhas dicas e ignorava o futuro também. Assim como eu, ela não tinha idéia do que aconteceria se sua alma voltasse ao corpo, mas isso não parecia incomodá-la.

- Como soube que ele é um coletor? E aonde ele estava?

- Tenho informantes por aí, eles são meus olhos em muitos lugares.

- Clã? Você nunca me falou que tinha um clã. Eles sabem o que sou?

- Não se preocupe com isso, cuidei de tudo.

- Como assim cuidou? Você me colocou em risco.

- Roxy! Sem histeria. Está segura, lhe garanto isso. E não altere sua voz, ele pode me ver.

- E depois? Como estarei?

- Agora não.

- Agora sim, estou preste a confrontar um coletor, isso é contra as minhas regras. Quero ter certeza que não estarei me complicando em vão.

- Não estará. Ele está sozinho agora, é sua chance. Não posso me aproximar dele, tem muita luz ao redor dele.

- Tem certeza que você sente-se atraída por ele? Que isso não passa de atração instintiva?

- Já disse que sim. Não vou repetir Roxy.

O plano era simples, iria me aproximar e colher uma gota de sangue com a ponta da adaga, sem causar maiores ferimentos. Eu seria rápido e precisa, assim que Selene provasse, ela saberia se sua alma estava presa ao corpo dele.

Ele estava tranqüilo dentro da lavanderia, com fones no ouvido, parecia não perceber nossa presença. Ele estava muito seguro de si para um coletor. Eu não abaixava a guarda em nenhum segundo, quando estava sozinha.

Eu não sabia de onde se originava as informações que chegavam a Selene, assim como eu nunca soube nada de seu passado e de como La se alimentava. Mas evitava fazer perguntas, conversávamos coisas fúteis, tudo o que queria dela era a segurança e V, pois sem almas, eu estava exposta a qualquer sanguessuga.

Atravessei a rua e fui ao seu encontro.

- Oi.

Ele estava de costa e se virou rapidamente, ao ver minha sombra refletida na parede. Eu apenas sorri, enquanto sua expressão era de surpresa.

Ele tirou os fones do ouvido.

- Posso ajudá-la?

Ele sorriu de volta.

- Você é Dave?

- Sim e você é?

- Uma coletora.

O sorriso de seu rosto sumiu no mesmo instante.

- Coletora?

Eu esperava sentir algo diferente ao estar falando com ele, mas tudo que senti foram curiosidade e complacência. Provavelmente ele imaginou que fosse uma humana a principio, assim como eu, ela não conseguiria saber, a menos que me tocasse e percebesse minha frieza, pois mesmo me olhando distante, ele podia sentir minha alma.

- O que é coletora?

Cheguei a pensar que ele não soubesse qual a essência de sua natureza, assim como eu antes de receber a visita de Dea, mas o modo como ele me olhava intrigado da cabeça aos pés, me fez acreditar que ele tinha conhecimento de sua essência.

- Eu... Não sei o que dizer.

Ele disse pausadamente.

Ele me pareceu confuso e assustado, eo9lhava desesperadamente para os lados.

- Eu sei que isso parece estranho, mas eu posso te explicar tudo.

- Você não deveria estar aqui. Não deveríamos nos encontrar. Você sabe as regras!

Naquele momento percebi que eu era a desenformada, estava evidente que havia muita coisa da qual eu não tinha conhecimento.

- Espere!

Gritei quando ele deu de costa.

- Eu preciso saber mais sobre isso. Ajude-me, e lhe deixo em paz.

Ele se virou e me encarou, naquele momento ele pareceu condescende a mim.

- Eu não posso te ajudar, ele nos verá.

- Quem?

- A morte, o ceifador, o anjo da morte. Você deveria saber.

- Mas não sei.

Ele começou a recolher suas roupas rapidamente da maquina de lavar.

- Você vai me ajudar?

- Não, vou embora e se você for esperta não chegará perto de outro coletor novamente.

Eu não queria deixá-lo partir, mas não havia nada que pudesse fazer para impedi-lo. Olhei para a rua e avistei Selene a minha espera, eu sabia que se ele fosse realmente o dono da alma dela, ele morreria para que ela tivesse sua alma de volta, e eu não queria isto, ele precisava viver para me dar resposta.

Tirei a adaga de meu bolso, e a segurei firme. Respirei fundo e arregacei a manga de minha blusa disfarçadamente, ele correu para o interior da lavanderia, então corri atrás dele.

- Espere!

- Não, eu preciso ir para longe de você.

Ele disse ao guardar suas roupas numa mala.

- Você não sairá com vida sem minha ajuda.

Ele parou e ficou a me olhar perturbado.

- Há uma vampira lá fora, e insisti em dizer que a alma dela está presa a você. Ela vai te matar se tiver certeza, mas eu posso te ajudar. Estou disposta a enganá-la, em troca de informações.

- Como ela pode saber que estou coma  alma dela, se nem mesmo eu sei a quem elas pertences?

- Isso aconteceu comigo. Os vampiros, a quem as almas pertences, se sentem atraídos ao nos verem, eles não entende o porquê, mas ao provar seu sangue, eles sentem uma ligação e podem descobrir de algum modo o que somos.

- como o vampiro que está com você?

- ela me protege, em troca de eu ajudá-la a encontrar sua alma.

- Você não precisa de proteção dela. Por isso coleta almas.

- Fazem quinze anos que não coleto nenhuma. A ultima escapou, não consegui separá-la do corpo.

Ele olhou incrédulo para mim e naquele momento eu também estava apreensiva.

- Nunca se deve deixar as almas escaparem. Você tem que encontrá-la, e sugá-la novamente, ou será trocada. Ainda mais que o vampiro reconheceu a alma presa a você. Vou te ajudar, mas precisa me ajudar também.

-Já disse que sim.

- Os ceifadores não permitem que os coletores se conheçam, não sei o motivo para isso. Coletores nunca devem se aproximar de vampiros, e nunca podem perder as almas. Quando isso ocorre, somos trocados. Vá a busca de sua alma perdida, sem ela você não conseguirá coletar a próxima, e não será mais útil para eles.

- O que quer dizer com trocar?

- Ele retira as almas de você e as transferem para outros coletores, e sem serventia, ele te mata. Ele pode te encontrar em qualquer lugar, ele pode parar o tempo, pode promover catástrofes. Não há meio de escapar deles.

- Deles?

- Assim como os coletores, existe mais de um ceifador, o seu criador é responsável por você, mas se você sair dos trilhos, qualquer um pode dar fim a sua vida. Me de esta adaga.

Ele se aproximou e tirou a adaga de minha mão, eu não resisti. Ele abriu uma das mãos e se cortou. Ele levou a mão para perto de meu rosto, e pediu para que eu provasse seu sangue. Achei esquisito e fiquei enojada ao fazer aquilo, mas sabia que o propósito para ele tomar aquela atitude era válido. Segurei sua mão e suguei o sangue que escorria por ela.

Em minha mente formou-se imagens que a principio eram confusas, mas aos poucos elas se organizaram, e pude entender o que se passava em minha mente. Eu vi seu passado como um filme, na verdade aquele passado não pertencia a ele, e sim aos vampiros que havia em seu corpo. Ele deveria ser um coletor há muito mais tempo que eu, pois consegui ver o passado de cinco vampiros, e de um em especial.

-Você já sabe o que eu sei, agora me ajuda. Por que ela acha que a alma dela está em mim?

- Ela não me diz muita coisa, ela diz que se sente atraída por você, e parece que outros vampiros sabem da nossa existência. Ela quer uma amostra de sangue, para que possa provar e ter certeza.

- Está adaga que estava segurando é para isso?

- Sim.

- E o que você me diz?

- Ela tem razão. Você realmente é o coletor de Selene.

- Este é o nome dela? É por isso que fiquei tão estranho hoje?

- Foi quando chegamos a cidade, a alma sente a presença do corpo. Agora você já sabe.

- E o que você vai fazer? Vai me entregar?

- Se eu não te entregar, ela me matará.

- Então por que não foge?

- Preciso do sangue e da proteção dela.

- Se a questão é sangue conheço alguém que pode lhe ajudar. Afaste-se dela, vá atrás de sua alma, e não precisará da ajuda de ninguém, e vai garantir que os ceifadores não se incomodem com você.

Um grupo de humanos entrou na lavanderia. Eu corri para a porta e avistei através das janelas, Selene parada do outro lado da rua.

- Ela não está nos vendo, é a nossa chance de fugir, fique próximo a mim até estarmos longe. Coletei há pouco tempo, ela não poderá se aproximar.

Fiquei apreensiva, mas agora tinha certeza que ficar ao lado de um vampiro só me traria problemas maiores, era minha chance de escapar, e decidi não perdê-la. O sangue que havia bebido no mesmo dia me manteria bem por pelos menos duas semanas.

- Como encontro minha alma?

- Você já se conectou a ela, volte ao lugar onde esteve e seu instinto te levará a ela.

- Onde consigo V?

- Existe um lugar aonde vou sempre que preciso. Lafayette.

- Bon Temps?

- Acho que não preciso dar o endereço. Você vem?

Respirei fundo.

- Vou sim.

Saímos pela porta dos fundos e corremos muitos quarteirões até uma estação de trem, eu não sabia se era certo o que estava fazendo, mas era preciso. Entrei no trem que já estava saindo da estação, quando olhei para trás, Dave já tinha desaparecido entre as pessoas.

Eu não sabia parta onde aquele trem me levaria, mas eu tinha um novo rumo, na verdade um antigo.

Bon Temps.


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Notas finais do capítulo

Demorou para sair este capitulo, espero que tenha gostado.
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