Consequências escrita por Carlos Abraham Duarte


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

O título deste Prólogo bem que poderia ser "Um Novo Começo".



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Um novo dia amanheceu na Academia Youkai.

Tal como vinha acontecendo desde a criação do internato, há mais de dois séculos, os raios de luz emitidos pelo Sol invadiram a kekkai ou Barreira Dimensional intangível que separa a Academia do mundo dos humanos, difundindo uma claridade acinzentada que sucedeu à vermelhidão escura das primeiras horas da madrugada. A luz mortiça que se infiltrava pelos pequenos quadrados de vidro da ampla janela do quarto da bela garota de cabelos azuis claros que dormia lado a lado em sua cama com o rapaz de cabelos castanho-escuros refletia-se diretamente nos rostos de ambos, que pareciam felizes.

A jovem de cabelos azuis abriu os olhos e, inclinando a cabeça, debruçou-se sobre o rosto moreno do garoto que dormia tranquilamente ao seu lado. Sorriu, fitando-o fixamente, e mergulhou seus dedos nos cabelos escuros dele, como que para convencer-se de que não estava sonhando. Seu gesto afetuoso provocou-lhe o despertar. Ele descerrou os pálpebras, e seu olhar acastanhado e ainda meio ausente escaneou o aposento banhado pela penumbra matutina , tentando se situar. Por fim, deteve-se sobre a garota deitada ao lado dele na cama, encontrando seus lindos olhos ametista que o fitavam com um misto de ternura, amor e sedução. Então, dando um longo bocejo, ele murmurou, ainda sonolento:

- Kurumu-chan...

O sorriso dela se alargou. - Tsukune...

- Kurumu-chan... - Ele retribuiu esboçando um pequeno sorriso tímido. - Ohayou gozaimasu, Kurumu-chan. Dormiu bem?

- Dormi maravilhosamente bem, Tsukune - ela respondeu. - Como um bebê. - Em seguida pegou na mão dele e a levou ao rosto macio num afago dengoso, como se pedisse proteção. Os lisos cabelos cerúleos cobriam-lhe a testa numa franja e desciam soltos até um pouco abaixo dos ombros. Sentou-se sobre o leito, totalmente nua, sem se preocupar em puxar as cobertas sobre o busto exuberante que era - com o perdão do trocadilho - o grande objeto de desejo tanto do contingente masculino quanto de boa parte do feminino, naquela escola só para monstros e demônios travestidos de humanos. Afinal, tais falsos pudores nada significavam para uma succubus superior às fêmeas humanas, filha de uma raça de demônios do Makai especializada na arte da sedução. E Tsukune era o seu "companheiro de destino". Enfim!

Sua alma pagã exultava de alegria. Seu sonho, o "sonho da orquídea", se realizara. Ela e Tsukune tiveram a sua primeira noite de sexo! (Yahoo-hoo!)

- Kurumu-chan - ele repetiu, seu rosto adquirindo aquele sorriso bobo que ela tanto amava. Sentia-se tomado por uma ansiedade inexplicável que era ao mesmo tempo gostosa e amedrontadora. Sou homem. Aquilo o fez se sentir com três metros de altura. - Eu nunca fui tão feliz!

Sentou-se na beira da cama perto da garota-demônio, tão nu quanto ela, e, numa demonstração de pudor que divertiu Kurumu, puxou as cobertas para cobrir a parte inferior do seu corpo. Por algum tempo, contemplou as belíssimas formas da succubus, sob a luz débil do sol matinal "obscurecido" pela Barreira: os seios soberbos com bicos rosa-escuros, a cintura fina, os quadris redondos e as coxas maravilhosamente bem torneadas. "Tão bela", pensou Tsukune extasiado. "Deus, o que eu fiz pra merecer tamanha graça?"

Ele a considerou bela, de uma beleza exótica e terrível, mesmo depois de tê-la visto na sua verdadeira forma demoníaca, de youkai, enquanto faziam amor, na noite passada, quando, no gozo, ela instintivamente liberara sua cauda e o par de grandes asas de morcego em suas costas. Ele a considerou perfeita. Ela vive do amor. E a essência supera a forma.

Kurumu Kurono havia sido a primeira pessoa que ele conhecera no Colégio Youkai, sua primeira amiga nesta escola terrível. Na noite do dia anterior, ali mesmo no quarto dela, ambos, succubus e humano, trocaram o primeiro beijo e perderam a virgindade juntos.

No quarto de Kurumu, na seção feminina dos dormitórios da Youkai Gakuen!

Eles eram mais que amigos agora. Todo um estilo de vida era coisa do passado, e um novo começara.

- Estamos unidos, mais unidos do que nunca... meu companheiro de destino. - Kurumu sorria afetada e maliciosamente, e com um dedo indicador foi desenhando círculos concêntricos sobre o peito moreno de seu amante humano. "Nenhuma cicatriz de batalha", pensou ela, admirando-lhe a lisura da pele, de seu torso nu, "nem de modificação do corpo. Nenhuma 'tranca sagrada' no pulso. Apenas um humano inalterado, sem youki, sem nenhuma gota de vitae vampírico nas veias. Eu fiz isso pra você, por você, meu amor."

Kurumu passou os dedos no amuleto protetor que o rapaz trazia no pescoço - um fragmento diminuto de coral branco com um orifício desgastado pela água do mar, atravessado por um cordão de prata pura - e que lhe havia sido presenteado pela própria succubus para protegê-lo, magnética e etericamente... dela mesma. Dessa forma, ela e Tsukune podiam ter um relacionamento íntimo normal sem medo de que o garoto humano tivesse sua energia vital sugada pela parceira durante o ato sexual, ou mesmo com um beijo mais caliente (o que o deixaria mais perto da morte).

- Sabe, eu não entendo - disse Tsukune, tocando-lhe no cabelo azul-claro numa espécie de satisfação. - Kurumu-chan podia ter o garoto youkai que quisesse, ter todos os rapazes da escola aos seus pés. Por que eu, um humano indefeso, frágil, um "vida-curta"? Fala sério, o que é que a Kurumu-chan viu em mim?

- Bondade - ela respondeu sem pestanejar. - Não faz ideia de como isso é uma qualidade rara no mundo dos youkais, Tsukune. - Kurumu aconchegou-se junto a ele, e exclamou em voz baixa: - Ah, se a Moka pudesse nos ver... Yahoo-hoo!

Tsukune franziu as sobrancelhas. - Essa Moka é sua amiga, ou parenta?

- Oh, ninguém importante - Kurumu desconversou, dando um leve riso, esforçando-se por normalizar o clima entre eles. - Importa é que Tsukune Aono é o meu escolhido, que eu escolhi pra ser o meu companheiro de destino e o pai dos meus filhos e filhas. Que tal?

Ela beijou o pescoço dele, beijou-lhe a orelha e mordiscou-lhe o lóbulo.

- Alguma vez uma succubus elegeu um humano como companheiro de destino? - perguntou Tsukune. Ele tremeu num reflexo involuntário.

- Não que eu saiba - respondeu Kurumu.

- Eu sou o primeiro, então?

- Isso mesmo. Sinta-se honrado.

Ela o beijou na boca e ele correspondeu. Em torno deles o campo vibratório, invisível para os não-clarividentes, os mantinha imantados um ao outro. Suas auras refulgiam em diversos tons de rosa e um pouco de vermelho e até laranja.

- Eu te amo, Tsukune - ela disse por fim.

- Eu também te amo, Kurumu-chan - ele replicou embevecido.

Depois de um longo abraço, os dois amantes levantaram-se e trataram de se vestir, pois Tsukune começou a se preocupar com a possibilidade de que poderiam se atrasar para a aula. Enquanto Kurumu prendia o seu cabelo com a tradicional fita de cetim púrpura e o broche dourado no formato de estrela, lembrou-se subitamente da mãe, Ageha. E ela dizia: "Machos humanos não passam de simples brinquedos e objetos sexuais para nós, succubi. E descartáveis, você os usa e depois joga fora. Afinal, eles vivem pouco, bem menos que nós, demônios."

Mentalmente, Kurumu gritou: "Não é verdade, mamãe! Cê tá errada! Os humanos são gente. Tsukune-kun me ensinou isso."

- Bem, vamos? - Tsukune chamou-a, uniformizado e de mochila a tiracolo.

- Vamos, Tsukune. - Kurumu sorriu alegremente para o rapaz que a esperava, um tanto inquieto, na porta de entrada/saída do quarto. Saíram de braços dados.

Ao caminharem pelos corredores dos dormitórios, Kurumu refletiu: "Ele é o meu homem, aquele que eu escolhi dentre todos para se tornar o meu companheiro de destino... a minha alma gêmea. E eu o amo. Não suportaria vê-lo com outra, ou sequer pensar nisso. Mas agora que sei que ele me ama, só a mim, meu coração se sente aliviado. E se alguma enxerida tentar nos separar, nós dois correremos com ela, seja lá quem for, né Tsukune?"


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Notas finais do capítulo

Depois de fics do Tsukune com a(s) Moka(s), com a Mizore e até com a Ruby, finalmente chegou a vez da Kurumu! Já faz um bocado de tempo que quero escrever uma fic centrada nela, mais precisamente no relacionamento dela com o Tsukune. Teoricamente, este capítulo transcorre no que seria o início da 1ª temporada (tanto mangá quanto anime), só que um tanto diferente do padrão... Há uma boa razão para isso, todavia não nos apressemos. Maiores esclarecimentos no próximo capítulo!



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