Do Próprio Inferno escrita por erikacriss


Capítulo 4
4. Lua de açucar




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E lá estava eu, sentada em uma rede numa ilha do caribe. Devia estar feliz ― toda a mordomia que eu quisesse; serviço de quarto 24 horas, sombra e água fresca. ―, mas estava longe disso.

Havíamos acabado de chegar à ilha. Foi uma longa viagem de balão até lá.

― Re, meu amor, venha para a cama. ― pediu Denys.

Estava quase de noite e eu via o sol se pôr no horizonte. Não estava a fim de passar a noite com Denys. Mas ele era incapaz de aceitar. Foi até a rede e sentou-se ao meu lado, me abraçando pelos ombros.

― No que está pensando? ― ele perguntou.

Sinceramente? No seu irmão!” ― pensei

― Em nada. ― menti.

Ele sorriu para mim e veio me dar um beijo, mas eu virei o rosto. Não gostava de estar fazendo isso com ele, mas infelizmente eu não conseguia beijá-lo. Sentia-me suja em pensar no irmão dele enquanto o fazia.

― O que foi? É nossa lua de mel. ― falou desconsertado.

― Não sei. Só não... ― não consegui completar a frase.

Comecei a pensar ― onde será que Thiago estaria naquele momento. Será que estava com Anne? E com isso senti raiva da minha própria irmã.

― Então, o que quer fazer?

― Nada. ― suspirei.

Uma lágrima de dor escorregou de meus olhos quando pensei no cheiro de Thiago, em seu beijo, em seus braços e seu sorriso, e principalmente na distância em que nossos corpos se encontravam. ― Fraca!

Arrependi-me mil vezes por não ter matado a criada. Por que eu tive que escutar Denys? E porque tive que, primeiramente, beijar Denys? Isso me frustrava.

― Não chore, meu amor. ― lamentou meu marido ― Sei que agora você pensa que vai ser ruim, mas eu já lhe prometi, e prometo por um milhão de vezes se preciso for, que eu a deixarei feliz em estar casada comigo. ― encheu o peito.

Mais lágrimas rolaram e eu não queria impedi-las de caírem.

― É tão ruim assim? Ser minha mulher? ― murmurou.

 Uma dor atingiu meu peito como uma espada atravessando meu corpo. Vi que Denys estava sofrendo comigo.

― Não! ― olhei em seus olhos ― Prefiro estar com você à com um desconhecido qualquer. ― declarei.

E Thiago não é um desconhecido qualquer.” ― pensei.

Ele suspirou mais aliviado e meu coração aqueceu um pouco, mas ainda chorava. Em seus olhos eu vi o reflexo de seu irmão. Bem como antes eu senti segurança e paz, mas era um sentimento ainda fraco. Denys era tão parecido com Thiago! Fiquei analisando seus traços procurando pelas semelhanças. O contorno dos olhos era idêntico, mas, de alguma forma, Thiago fazia ficar mais bonito. O nariz era igual, mas, não faço idéia do porquê, ele ficava bem melhor em Thiago.

Quando dei por mim Denys havia me beijado. O beijo tinha o choque elétrico, mas não era nada comparado ao com Thiago.

Nada ― absolutamente nada ― chegava aos pés de Thiago, devidamente.

Vi-me beijando Denys de volta, tentando de alguma forma encontrar Thiago. Intensifiquei o beijo tentando forçar os choques a tona. Respirei mais profundamente procurando por qualquer sinal do maravilhoso cheiro de Thiago.

Estava tudo ali, mas era tudo tão superficial!  

Passei a noite com Denys, tentando desesperadamente encontrar Thiago.

Quando acordei me senti suja. Eu havia manchado minha alma com o corpo de Denys enquanto pensava em seu irmão.

Levantei-me e fui tomar um banho demorado e frio.  A água batendo em minha face, lavando meus pensamentos e minhas lágrimas quentes. Senti repulsa de mim mesma. Queria me matar. Acabar com aquela minha vidinha medíocre.

Mas não sem antes ver Thiago novamente.

Saí do banho, ainda me sentindo imunda e medíocre, e coloquei uma roupa qualquer. Olhei-me no espelho enorme do quarto e vi ali uma pessoa infame usando um vestido cor-de-rosa claro.

Denys acordou e olhou para mim com um grande sorriso estampado no rosto, quase lhe rasgando a boca, exatamente como Thiago fazia.

― Bom dia, amor. ― disse ― Dormiu bem?

― Não. ― disse curta e grossamente. Estava cansada dele, cansada de ter somente metade do que queria ter, somente ter os sentimentos superficiais.

Odiava olhar para os olhos de Denys e ver apenas alguns dos sóis que brilhavam no de Thiago. Queria todos eles! Eu queria Thiago tão desesperadamente que poderia gritar como uma completa pateta.

― Por que tão estressada hoje? ― perguntou ainda sorrindo um pouco.

― Nada. ― respondi seca.

Denys franziu a testa em dúvida, mas não comentou nada, ele sabia que o fato de eu ter correspondido aos seus beijos e carícias noite passada já era um grande avanço e não queria arriscar tudo.

Meu marido foi tomar banho e fiquei olhando meu reflexo vil enquanto via patéticas lágrimas escorrerem em minha face. Não queria que Denys me visse chorando, então lhe disse que iria tomar café da manhã e que era para ele ir me encontrar lá depois. Ele gritou que tudo bem do outro lado da porta. Saí do quarto soluçando e com o rosto vermelho e molhado.

Derramei tantas lágrimas na minha vida humana que hoje já não sinto mais falta delas.

Corri pelos corredores do enorme hotel de estilo rústico, desci algumas escadas e logo estava em um salão enorme e estupendo onde o café era servido. Sentei-me em uma mesa do canto, onde julguei estar mais escondida. Enterrei meu rosto em minhas mãos e chorei desesperada e freneticamente.

Senti uma mão tocar meu ombro direito de forma carinhosa e levei um susto com a intensidade do choque que levei. Por alguns segundos cogitei a possibilidade de ser Denys, mas concluí que o toque de Denys era só um vestígio daquele choque. Então quem me tocava só podia ser...

― Por que choras, bela dama? ― a voz aveludada de Thiago fez meu coração pulular em meu peito e senti um sorriso se formar em meus lábios.

Sem perder tempo desenterrei meu rosto de minhas mãos e fitei aqueles lindos olhos brilhantes que eu tanto sentia falta. Por um momento pensei que estivesse sonhando, mas percebi o quão real era o seu toque, que ainda queimava e eletrocutava, em meu ombro.

Dei um dos meus melhores sorrisos. Thiago estendeu a sua mão para meu rosto e limpou minhas lágrimas enviando as tão deliciosas cargas.

Ele tinha aquele seu sorriso de rasgar a boca nos lábios e eu quase ofeguei quando ele se abaixou para igualar as alturas enquanto pegava minha mão nas suas.

― Também senti sua falta. ― ele disse beijando as costas de minha mão, queimando-a ali.

― O que... O que faz aqui? ― ofeguei.

― Não podia ficar tanto tempo sem te ver. ― respondeu colocando minha mão em sua face.

Lutei contra o impulso de me lançar até ele e beijá-lo, mandando que o resto do mundo se ferrasse.

― E se Denys entra aqui e te vê? ― perguntei com certo tom de preocupação.

― Ele está onde agora? ― pediu despreocupado.

― Tomando banho. ― respondi.

― Então. Ele vai demorar, sempre demora. ― disse simplesmente, sorrindo.

Como eu o amava! Lá, naqueles orbes azuis, brilhavam meus mil sóis. Meus, de mais ninguém.

― Vem. ― ele se levantou me puxando com ele pelas mãos. Não relutei.

Thiago me levou para o segundo andar e entramos em um quarto que julguei ser o dele. No mesmo instante que ele fechou a porta atrás de si, me agarrou pela cintura e puxou-me para o tão desejado beijo.

Sem peso na consciência, me envolvi em seus braços torneados e ofeguei com seu toque elétrico. Thiago dançou suas mãos por meu corpo e me jogou na cama.

Tomada pelo desejo estonteante agarrei minhas mãos em seus cabelos e o puxei para mais daqueles beijos embriagantes.

A mão de Thiago voou para minha cocha e subiu meu vestido de espartilho e panos finos.

Já comentei que não existiam sutiãs nessa época? Era mais difícil tirar a roupa. ― Droga!

O ajudei a tirá-lo deixando meus seios totalmente desnudos e logo depois ele tirava seu smoking. Envolvidos pelo desejo e pela pura paixão. Thiago começou a beijar meu pescoço e minha clavícula, descendo cada vez mais pelo meu corpo seminu deixando, por onde passava, caminhos de fogo.

Ele era tudo que eu queria naquele momento, era meu mundo e sem ele eu não poderia respirar, não poderia viver.

Okay, okay, sei que é clichê falar assim, mas naquele momento, com minha cabeça adolescente imatura, era tudo que eu conseguia pensar, nessa necessidade que eu tinha de me deleitar com todo o seu ser.

Pobre Denys, com seu galho indo até o teto e sua falha esperança de me conquistar. Nem suspeitava o quanto era corno. Será que passaria pela porta do banheiro?

Eu estava radiante enquanto bebia uma xícara de chá e comia biscoitos na mesa do café da manhã. Estava adorando minha lua de açúcar. ― Não, lua de mel é apenas para quem gosta de grude, a lua de açúcar é mais que isso por que o açúcar se solta; assim eu podia dar minhas escapadas. Se é que me entende.

Denys finalmente apareceu, a demora provavelmente provinha pela dificuldade de passar pelas portas. Ele sentou-se de frente a mim e sorriu ao ver o quanto eu estava animada.

― O que houve para estar tão exuberante, querida? Aconteceu algo enquanto eu tomava banho? ― perguntou.

― Absolutamente nada. Apenas me alegrei quando fui dar um passeio e avistei o mar azul-claro e o céu límpido. ― menti.

Belo passeio eu dei! Depois que eu e Thiago ‘passeamos’, me vesti devidamente ― o que foi difícil com Thiago querendo despir-me novamente ― e voltei ao salão para beber o café da manhã. Thiago prometeu que, nesses cinco dias de lua de mel, estaria sempre a espreita para aproveitar qualquer deslize de meu marido.

― Que ótimo, meu amor. ― Denys com aquela mania irritante de me chamar de ‘querida’ e ‘amor’! Ainda bem que eu já nem ligava mais, tudo que eu queria era estar com Thiago novamente e a cada segundo que se passava longe dele parecia ser anos!

Naquele momento em especial eu estava extremamente radiante por que meu Thiago estava do outro lado do salão, sentado em uma mesa sozinho, com um jornal lhe escondendo a cara.

― Viu, não está sendo ruim, está? ― perguntou Denys.

― É, não está. ― com Thiago ao meu lado eu suportaria tudo.


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Notas finais do capítulo

Deixe um review e eu posto mais rápido. (Chantagista)
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