Parte II

POV Bella

- Eu acho... Que ele é seu... Namorado. - Meus olhos arregalaram-se tanto que pensei que fossem cair no lençol da cama.
- O QUE??????

A enfermeira me olhou espantada e arregalou os olhos também.
- Oh Deuses, eu não devia ter dito isso. A senhorita perdeu a memória, tudo que disser agora parecerá um absurdo aos seus ouvidos. Se acalme, por favor.

- Ele.. Ele... Quer dizer.. Que...- Engoli em seco sem conseguir terminar. Minha mente viajando freneticamente em busca de algo... Qualquer coisa que pudesse me fazer lembrar dele. - Eu não tenho...namorado. Eu não namoro. Tenho raiva dos homens. Você não pode me dizer uma coisa dessas e pedir pra me acalmar. - Quase gritei.

- Olha você tem que se acalmar, acabou de voltar de um coma, necessita de repouso para lidar com tudo que vier pela frente. Eu não devia ter dito aquilo. - A enfermeira segurou minha mão e senti o contraste. A dela estava quentinha e a minha muito gelada.

- Eu preciso saber... Cadê o Edward? - Comecei a tirar o lençol de cima das minhas pernas e me preparar para ir atrás dele, mas a surpresa por pronunciar seu nome tão normalmente, como se fizesse isso o tempo todo, me paralisou por um segundo e a enfermeira aproveitou para me puxar em direção cama de novo.

- Você não pode ficar em pé tão rápido, vai sentir tontura e além do mais, suas pernas devem estar fracas. Vou trazer algo para você comer e enquanto estiver comendo aproveito e vejo se encontro o rapaz. Está bom assim? - Assenti ainda meio aérea e a enfermeira saiu do quarto. 

Voltei a deitar na cama me recusando a pensar muito sobre isso. Mas uma perguntava surgiu bem no fundo da minha mente: Eu ainda sou virgem?

POV EDWARD


Isso é um sonho. Isso é um sonho. Isso é um sonho. Fiquei repetindo mentalmente esse mantra enquanto saia do quarto de Bella com o médico dela do meu lado. Ele me levou até o fim do corredor e me sentou em uma maca. Quando sentei senti o quão pesado o meu corpo estava. Parecia que tinha chumbo preso as costas.

- O que houve Edward. - O médico perguntou enquanto verificava os meus batimentos cardíacos. Abri os olhos bem devagar e o olhei.
- Ela... Esqueceu todos os fatos recentes Dr. Bella não lembra que trabalha em um restaurante, não lembra das pessoas que conheceu, não lembra... Que o pai morreu a 2 meses. Ela não lembra de nada Dr. Ray.

- Edward pelo amor de Deus, se acalme. Senão eu vou te medicar. As condições dela só serão realmente claras quando fizermos os exames. Você tem que ser forte. Precisa aguentar essa fase como vem aguentando desde o acidente. Sei que você é uma das pessoas mais próximas a ela e o fato dela não lembrar de você é desesperador, mas seja paciente. Assim que amanhecer vou levá-la para sala de exames e veremos tudo o que está acontecendo na cabeça da Isabella. Pode, por favor, ser forte ? Ligue para a Alice, ela vai gostar de saber que a amiga acordou. Mantenha-se forte. Isabella fará perguntas, tente dizer a ela as coisas aos poucos. Ela pode não entender ou até mesmo aceitar algumas, mas com o tempo ela vai se acostumar e se for algo temporário voltará a lembrar de tudo. Você me entende Edward? Entende como é importante que você seja forte? - O médico disse olhando nos meus olhos e senti um pouco mais de segurança.

- Eu entendo Dr Ray. Vou ser forte. - Respirei fundo e me forcei a ficar de pé.
- Ligue para a Alice. Converse com ela sobre a situação da Isabella. Tome um tempo pra si antes de entrar no quarto novamente. Você a ama não é? - Fiz que sim com a cabeça. - Então, se ela te ama também o sentimento está apenas adormecido em algum lugar dentro dela. Tenha paciência. Ele virá à tona com o tempo.

- Paciência. Sim, essa é a chave. Paciência e dedicação. Eu entendo Dr Ray.

- Isso mesmo. Agora ligue para a Alice e ponha-a a par de tudo. Ela pode ser de grande ajuda nesse processo. Vocês dois tem relações fortes, mas diferentes com a Isabella. Ela como amiga e você como namorado. Isso pode ser um ponto positivo na sua recuperação.

- Vou ligar. - Disse já pegando o telefone do bolso.
- Vou examinar a Isabella novamente e mais tarde volto para fazer as radiografias.

O Dr. Caminhou de volta ao quarto de Bella e eu disquei o número do celular da Alice. Por mais que quisesse estar com ela todo o tempo sabia que teria que dar o seu espaço. Se Bella me via como um estranho, tenho certeza de que não gostaria que eu ficasse a rodeando. Por mais que essa ideia me doesse eu sabia que era a verdade.

Quando eu já estava quase desligando o celular Alice atendeu com voz de sono. Olhei distraidamente o meu relógio de pulso e vi que tinha acabado de dar 5 horas da manhã.
- Alice?
- Hmmm.. - Ela grunhiu.
- Alice acorda. É sério.
- Eu sei que é sério. Você não me ligaria a essa hora se não fosse. Eu apenas estou cansada demais pra dizer “sim”. - Ela disse com a voz ainda rouca. Tive vontade de sorrir, mas estava tão cansado que meus músculos não obedeciam ao comando da minha mente.

- Vou ser direto. A Bella acordou, mas tem um porém. - Ouvi um barulho de algo caindo e imaginei que a baixinha tinha desmaiado. - Alice? Pelo amor de Deus, não desmaie. Já tenho problemas demais pra lidar. Alice? - Ao fundo escutei um som rouco de voz masculina.

- Ai Alice. Pelo amor de Deus. Nem dormindo você para quieta. - Reconheci a voz do Jasper.

- Desculpa Edward. Eu levantei tão rápido da cama que o Jasper caiu no chão. - Ela deu um risinho envergonhado. - E então, como a Bella está? Eu sei que tem algo errado, sua voz está estranha. - Forcei minha voz a sair, mas só de imaginar minha vida longe de Bella, nossa história esquecida em algum lugar no fundo da sua mente, minha garganta se fechou. Tive que respirar fundo antes de falar. - Fala logo Edward. Tá me deixando nervosa. É alguma sequela ? - Alice perguntou aflita e dessa vez ela estava totalmente desperta.

- A Bella está, aparentemente, bem, mas uma coisa é inegável. Ela perdeu a memória. Ela só lembra das coisas que antecederam a noite em que ela fugiu de casa. Das memórias mais recentes... Nada. - Ouvi Alice suspirar como se tivesse acabado de resolver uma conta muito difícil.

- Edward, eu estou indo para o Hospital agora. Daqui a pouco chego ai. Tchau. - Alice desligou sem esperar por resposta. Sentei de novo na maca rezando a Deus por forças. Sei que deveria me apegar apenas ao fato de que a Bella está viva e bem, mas a dor que eu sinto toda vez que lembro de nós dois, juntos, é quase impossível de suportar. Parece que estou preso em algum conto de terror, só que ao invés do monstro, quem me persegue é a minha consciência. Nem percebi quando o Dr. Ray saiu do quarto de Bella, de tão alienado que estava.

Respirando fundo segui em direção ao banheiro, parei de frente para o espelho e percebi que a minha aparência deveria assustar mais ainda a Bella. Eu estava um trapo. Precisava cortar o cabelo e fazer a barba. Que já tinha uns 3 dias. Lavei o rosto com água fria e passei a mão úmida no cabelo. Alinhei minha roupa e sai do banheiro tentando me sentir bem mais confiante do que estava realmente.

Um pensamento em especial gravado a ferro na minha mente: Vou conquistar a Bella... de novo.

Não importa se ela não lembra de mim, eu ainda lembro de nós e tudo que passamos nos últimos meses. E isso basta, por enquanto.