Vampire Academy Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 6
Capítulo 6




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Eu sempre soube que minha imagem era muito intimidante, mas nunca imaginei que a Princesa pudesse sentir tanto medo assim. Eu realmente esperava que toda aquela reação dela não fosse por minha causa. Ela estava ao meu lado, totalmente tensa e apreensiva. Todo seu corpo estava rígido. Sua mão apertava firmemente uma garrafa de água que havia sido trazida pela comissária. Pequenas gotas de suor brotavam em sua testa e sua respiração era rápida. Eu tentei manter uma postura relaxada e casual, mas confesso que não era acostumado a guardar uma garota, ainda mais como ela, que aparentava ser tão delicada.

Tentando quebrar aquela tensão, me abaixei para pegar, em um compartimento que ficava atrás do banco da frente, uma revista que era disponibilizada pelo serviço de bordo.  Eu senti os olhos dela em mim, mas fingi naturalidade ao me voltar para ela.

“Gostaria de uma leitura para passar o tempo?” falei gentilmente lhe oferecendo a revista.

“Sim, obrigada.” Ela respondeu, com a voz trêmula.

Eu hesitei por alguns momentos “Princesa, eu fui designado pela Rainha para ser seu guardião.” Fui direto ao ponto, falando muito baixo “queria que você soubesse que é uma grande honra para mim. Eu farei de tudo para lhe manter segura.”

“Eu já tenho uma guardiã. Rose.” Ela falou firmemente.

“Oh, sim, ela será algum dia. Antes disso, ela precisa de muito treinamento e concluir seus estudos para se graduar como guardiã. Você sabe disso.” Eu não queria contrariar suas palavras, mas eu tinha um pressentimento que Rose não seria muito bem vinda à Academia. Depois desta fuga, eles jamais deixariam que Rose fosse guardiã de Vasilisa. “De qualquer forma, você precisará de dois guardiões. É assim que funciona.”

Ela me olhou, sua tensão diminuindo um pouco. Ela parecia estar percebendo que eu estava certo e que, se veio da Rainha, ela não teria escolha sobre isso.

“É assim que funciona.” Ela repetiu minhas últimas palavras e após um minuto de silêncio, acrescentou “Lissa. Eu gosto que me chamem de Lissa.”

Eu concordei com a cabeça. Seria difícil para mim, abandonar as formalidades, mas eu tentaria. À nossa maneira, estávamos começando a nos entender. Ela abriu a revista e se concentrou na leitura, parecendo relaxar um pouco. Eu me perdi nos meus pensamentos. Comecei a relembrar de toda a nossa missão de resgate. Passei mentalmente cada ponto.

É realmente incrível como nós construímos reputações e o quanto isso pode estar ou não de acordo com a realidade. A reputação de Lissa era exatamente o que ela era. Ela era muito educada e extremamente doce. Era muito agradável somente estar sentado ao lado dela. Isso irradiava dela, como uma essência calmante. Ela também tinha um imenso carisma. Era algo que eu não sabia explicar. E quanto a Rose, eu realmente não sabia o que pensar. Ela se confirmava e se contradizia a todo momento. Isso estava, de fato, me intrigando.

Já perto do final do vôo, decidi ir até ela, na esperança de quebrar um pouco o gelo e diminuir o desconforto que ela sentia em relação a mim, como eu tinha feito com a Princesa. Troquei de lugar com o guardião, que ali estava, e sentei ao seu lado. Ela me ignorou explicitamente, se afastando o quanto pôde e virando o rosto para janela. Ela tinha mesmo uma personalidade forte. Eu fiquei ali do lado dela, buscando palavras em minha mente para falar com ela, mas tudo que me vinha parecia idiota. A cada minuto que se passava, o silêncio se tornava pior e o desconforto que eu tentava desmanchar, crescia. Ela se manteve olhando fixamente pela janela.

“Você realmente ia atacar a todos nós?” finalmente perguntei.

Sem respostas.

“Fazer isso... protegendo-a daquele jeito - foi muito corajoso.” Tentei parecer amigável, lhe dando um elogio, mas sem efeitos.

Ainda sem respostas.

“Estúpido,” provoquei “mas muito corajoso. Porque você ainda assim tentou?”

Ela se virou me olhando de relance, enquanto afastava uma mecha de cabelo dos olhos.

“Porque sou sua guardiã.”

Com estas palavras ela se virou novamente para a janela, sem imaginar o peso que aquilo teve em mim. Ela esteve disposta a enfrentar um grupo grande de guardiões muito bem treinados, pouco se importando se era capaz de vencê-los ou não. Tudo em nome da proteção à Lissa. Ela estava de fato colocando em prática o lema dos guardiões ‘os Morois vêm primeiro’. Isso mostrava como ela era vocacionada para esta carreira, ela entendia o que era ser um guardião e este sentimento não era aprendido em salas de aula. Muitos guardiões, bravos e experientes ainda não tinham atingido esta mesma percepção que ela. Novamente, me surpreendeu.

Eu ainda permaneci ali, por um momento, em silêncio, absorvendo tudo aquilo. Percebendo que dali não sairia mais conversa alguma, retornei para meu lugar, ao lado de Lissa.

O avião precisou fazer uma parada para abastecer e não pôde pousar na pista da Academia, por causa de uma forte neblina, por isso fomos direcionados para o aeroporto da região. Seguimos o restante do percurso de carro. Nosso comboio parou nos portões da Academia e nos identificamos. Chegamos perto do por do sol e à medida que o carro passava pela pequena rua de pedra que levava ao campus principal, as torres góticas da St. Vladmir ficavam visíveis, contrastando com o céu púrpura. Era uma visão sombria, quase que de um filme de terror. E não deixava de ser, se você considerasse que era um local repleto de vampiros. Eu e Lissa não viemos no mesmo carro que Rose, assim eu preferi. Achei melhor continuar separando as duas

 Quando desci do carro que trazia a mim e Lissa, Rose se livrou do guardião que a escoltava e correu até mim.

“Hey, camarada.”

Camarada? De conde ela tinha tirado isso. De qualquer forma, detestei ser chamado daquela maneira. Ela agora parecia descontraída e bem humorada, em nada lembrando a garota raivosa que me ignorou no avião. Eu não me detive e continuei a andar, na direção do prédio administrativo, onde funcionava o gabinete da Diretora. Percebi que ela começou a acompanhar meus passos.

“Você quer conversar agora?” falei sem olhar para ela.

“Você está nos levando para Kirova?”

“Diretora Kirova.” Eu a corrigi, mantendo minha expressão dura. Se ela estava bem humorada agora, o meu humor tinha ficado péssimo. Ela realmente era irreverente e eu não gostava nada de pessoas que não respeitavam os mais velhos.

Então, uma ideia negra me ocorreu. Já que Rose estava tão ‘feliz’ em retornar, resolvi entrar no seu jogo e decidi que iríamos para a sala da Diretora por outro caminho. Comecei a conduzir nosso imponente pelotão pelo caminho que passava pelo centro da aérea comum dos alunos, onde ficava o refeitório. Era horário da café da manhã e provavelmente estaria cheio. Era uma brincadeira sarcástica, reconheço, mas tinha seu ponto de vanglória. Nós tínhamos recuperado duas estudantes que haviam fugido há dois anos, não podíamos deixar aquilo passar despercebido para os outros alunos. Além do mais, serviria como lição para outros que, de alguma forma, algum dia tentasse fugir da mesma maneira.

“Diretora, que seja. Ela ainda é uma velha hipócrita de uma figa-“ ela parou abruptamente, como se alguém a tivesse repreendido. Olhei Lissa pela minha visão periférica e percebi que ela olhava para Rose intensamente. Novamente, parecia que haviam se comunicado mentalmente.

A expressão de Rose se tornou preocupada, assim que ela reconheceu o caminho que fazíamos. Abrimos as portas do corredor e, como esperado, o salão estava repleto de Morois e dhampirs se socializando. Assim que entramos, o barulho das conversas morreu e, pouco a pouco, todos olharam na nossa direção.


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