-O QUÊ?! Que absurdo Fubuki!

-Suzuno... você e aquela mulher brigam mais que cão e gato! Eu vi isso acontecer com a rainha e com rei! E olha agora!

-Não ouse dizer isso Fubuki!

-PARA! Vai logo lá. Pela primeira vez faça algo certo em relação ao que você sente!

-Não. Não vou cometer o mesmo erro da última vez.

-Mas a Shimizu não é daquele jeito.

-Ela era uma ladra!

-Você sabe por que ela virou ladra?!

-Por que ela gosta de ganhar tudo de mão beijada...?

-Não! Os pais dela e da Sandara foram mortos pela Guarda Real por serem confundidos com os pais da Lika!

-O... quê...?

-Isso! E viu como é a fala dela?! Perfeita! Agora, vai logo lá, antes que... tarde demais...

Ao se virar, sentiu como se uma estaca tivesse sido fincada em seu coração. Queria soltar lágrimas, mas não podia. Já havia sofrido uma vez, não queria uma segunda vez. Não queria perder uma segunda vez, e dessa vez não para o capitão da Guarda Real. Fukuda tinha beijado Miyuki, e ela largou a arma e se deixou levar pelo momento, sem pensar, sem falar, sem olhar... simplismete retribuiu o beijo.

Suzuno se virou e saiu correndo de volta para o acampamento. Ao voltar, viu que Nitsuke estava segurando a mão de Sandara, e quase a beijando, mas não ligou, apenas passou correndo, interrompendo o momento e se deitou na grama, virado para a floresta. Podia ouvir Sandara empurrando Nitsuke para o lado e vindo até Suzuno. Ela tocou em seu ombro e falou:

-Suzuno, o que aconteceu?

-Sandara... NÃO ME TOQUE!!!- disse, dando um tapa, que deveria ter sido na mão de Sandara, mas acabou sendo no rosto dela, fazendo-a cair para trás. Se virou rapidamente e falou: -Sandara! Mil desculpas! Eu...

-Qual o seu problema Suzuno?!- gritou Nitsuke, ajudando Sandara a se levantar.

Suzuno se virou e tentou dormir. Mas apenas fechou os olhos, sem conseguir realmente dormir. Mais tarde, conseguiu ouvir Fubuki chegando e se deitando perto da fogueira, para tentar dormir. Em segundos depois chegaram Miyuki e Fukuda. Depois que todos estavam presentes, todos dormiram.

Pela manhã, Suzuno foi o primeiro a acordar. Ele se levantou e se sentou ao lado de Miyuki, que ainda dormia. Olhou para o lado e viu Sandara, dormindo. A um metro dela, Nitsuke dormia tranquilamente. Suzuno preferia saber que Miyuki sentia alguma coisa por ele, e ela o impedisse de mostrar o que sente (igual á Sandara e Nitsuke), do que saber que ela não sentia nada por ele, mas sim por outro. Miyuki se mecheu, Suzuno levou um susto e se virou para trás.

Depois de meia hora, todos já haviam acordado e começaram a andar. Foi quando chegaram em uma cachoeira de 6 metros de altura. Todos se olharam e pensaram como iriam descer.

-Meu pai sabia muito de cálculos, acho que posso achar um modo de descer a cachoeira, enquanto isso, Miyuki, tente achar um geito de descer pela mata.- disse Sandara, começando a fazer alguns cálculos.

-Eu lhe ajudo Miyuki.- disse Fukuda, seguindo Miyuki.

Suzuno olhou para baixo. Sandara olhou para ele pelo canto do olho, sem que ninguém percebesse, mas logo voltou a cabeça para o lugar. Fubuki bateu na cintura de Suzuno, que disse:

-Eu ajudo vocês!

Sai correndo.

Sandara se virou para frente, continuando á fazer os cálculos. Nitsuke e Fubuki ficaram se encarando, até que Fubuki falou:

-Vejo que eu estou sobrando aqui. Vou ver se acho uma saída pelo outro lado da cachoeira.

Também saiu correndo.

Nitsuke se virou para frente e começou a falar com Sandara.

-Acha que tem algum método para podermos atravessar?

-Penso em algo com cordas, mas para calcular o tamanho da corda, preciso calcular a distância da cachoeira até a margem...

-Dez metros.- falou uma voz que vinha de trás de Sandara e de Nitsuke. Os dois rapidamente reconheceram a voz e se viraram. Sandara puxou o facão das costas e Nitusuke pôs o braço na frente dela, impedindo de fazer alguma coisa que a machucasse. Nitsuke falou, entre os dentes:

-Lika... saia... daqui...

-Vixe! Acha que pode mandar em mim? Eu acho... QUE NÃO!- do nada, Lika fez (com magia) um tipo de chicote dourado, mas que tinha uma áura negra e o lançou contra Nitsuke, que fez um corte bem na bochecha dele, o que o fez ficar com mais raiva.

-Ô Lika...- disse uma voz. Ao olhar mais para trás, viu que Sandara estava pronta para jogar o facão, e o jogou, fazendo um belo de um corte no rosto de Lika, que depois, tinha ódio nos olhos. Lika pôs o chicote para cima, pronta para atacar. Nitsuke sabia que se Lika fizesse o ataque, Sandara caíria da cachoeira e acabaria morta pelas pedras e pelo corte profundo que lhe causaria, então fez o que tinha que fazer...

-NÃO!!!!!!!!- gritou. Pulou para a frente de Sandara e a abraçou, e quando estava prestes a pular, levou o golpe, o fazendo dar um grito de dor.

-NÃO! Nitsuke!!!- gritou Sandara, quase chorando, sobre os ombros dele, que estavam quase descobertos, por causa da camisa branca rasgada que o chicote tinha feito.

Nitsuke pulou.

A queda foi muito grande. A água do rio se misturou com o sangue das costas de Nitsuke, que protejia a cabeça e o corpo de Sandara. A água causava pressão em seus corpos, mas não os matava, Sandara e Nitsuke conseguiam respirar, já que algumas vezes a corredeira os puxava para cima. Conseguindo ouvir os gritos lonjinquos de Miyuki e dos meninos. Mas a corredeira era muito rápida, então, logo estavam longe de Miyuki e do resto dos amigos.

-SANDARA!!!- gritava Miyuki, enquanto Suzuno e Fukuda começavam a gritar:

-NITSUKE!!!

Do outro lado do rio, Fubuki achou um meio de chegar até o resto dos amigos. Miyuki se apoiou no joelho e começou a dizer:

-O que vamos fazer? A Sandara vai se perder na floresta e vai ficar muito debilitada e...

-Calma Miyuki, vamos achá-los.- disse Fukuda, pondo a mão nas costas de Miyuki.

Suzuno levou outra cotovelada de Fubuki. Suzuno pôs a mão no braço de Miyuki e falou:

-Vai ver, eles vão estar bem. Tanto a Sandara quanto o Nitsuke são muito fortes...

Se arrastava até a margem, mas com a ajuda dele, que estava quase desmaiando. Sentia seu corpo todo doído, seus músculos principalmente, também... depois de uma queda daquelas...

Se deitou, virada para cima, tentando respirar normalmente. Olhou para o lado, e o viu, quase não conseguindo respirar. Foi até ele rapidamente e começou a tentar fazê-lo ficar melhor.

-Nitsuke, por favor, respire!

-Eu es-estou v-vivo...- tossiu e continuou: - m-me ajude...

-Claro! Vou lhe virar para tentar amenizar a dor.

Sandara virou, com a maior calma do mundo, Nitsuke de costas e viu o estrago que o chicote tinha causado nele. Quase vomitou, mas não fez. O corte foi muito pior do que o da rainha. Tinha deixado uma linha de sangue no lugar da coluna; nem sabia como Nitsuke ainda se mexia...

Olhou para a sua roupa, a “saia” que a sua blusa fazia, depois do seu cinto de couro. Rasgou um pouco dela, sem fazer quase nenhuma diferença no comprimento e amarrou nas costas dele, depois, é claro, de lavar o ferimento. Quando Nitsuke se virou, olhou para o estado de Sandara; seu cabelo molhado e bagunçado, suas bochechas meio feridas, mas seu sorriso continuava o mesmo, suave e feliz.

-Está melhor?

-Sim. Obrigada.

-De nada.

Nitsuke passou a mão pelo rosto de Sandara, fazendo-a chegar mais perto. Não se importava com a aparência dela, a única coisa que sabia era que estaava apaixonado por aquela mulher, aquela ladra que era para ter sido uma nobre... Por um instante, Sandara não controlava seu corpo, mas depois de um tempo, pôs as mãos no chão, se inclinando mais ainda, e unindo seus lábios aos de Nitsuke.

Se separaram e se olharam. Sandara não fez um sorriso, mas Nitsuke sim e sabia que os olhos dela demontravam felicidade. Sandara se moveu para cima e se virou de costas.Nitsuke se sentou, com dificuldade e falou:

-O que foi?

-Não quero isso pra você. Eu sou uma ladra, você é um nobre da Corte Real...

-Não. Você era uma ladra, agora você é uma dama da Corte... senhorita Kiryu...

-Ainda se lembra de como me chamava quando eu cheguei na Corte?

-Claro. Como posso esquecer?(E olha que eu não sou muito bem com memorizar nomes.) Por favor, não me afaste de você...

-Nitsuke...- se virou para trás, mas Nitsuke a segurou pelos ombros.

-Sandara, jamais vou lhe deixar ir embora...

Sandara deu um sorriso de pena... Nitsuke era o idiota mas doce que já havia conhecido. Se apaixonar por uma ladra... só um baka seria idiota o suficiente para fazer isso. Mas não podia negar que também foi idiota de se apaixonar por um nobre...

Se levantou e ajudou Nitsuke a se levantar.

-Vamos, agora precisamos encontrar o resto do pessoal.

Mas ao se virar, viu três sombras á sua frente. Trincou os dentes, mas logo se acalmou e falou:

-Vocês...?