-Seu... filho da mãe.

Sandara se virou rapidamente e saiu correndo pelo castelo.

-SANDARA!!!- gritou Nitsuke saindo correndo atrás de Sandara.

Ao ficar totalmente sozinha, Reina riu para si mesma e olhou pela janela, vendo todo o Reino de Inazuma. Ela puxou de uma bolsa presa á sua cintura um tipo de pó e jogou-o no ar, fazendo um tipo de mancha roxa no meio da janela. Dessa mancha surgiu uma sombra, uma ao qual o rosto não poderia ser visto. Reina começou a falar com a sombra:

-Tudo está indo perfeitamente de acordo com os planos, vossa majestade.

-Ótimo Reina, agora o que precisamos é uma distração para que todos aqueles da Corte, inclusive o rei e a rainha venham para fora do palácio.

-Mas... vossa majestade, a rainha está muito debilitada, pode perder a criança...

-EU SEI MUITO BEM DISSO! Quem você acha que a deixou debilitada. A razão do machucado na costa dela, a razão pela qual é uma gravidez de risco... TUDO EU! Eu que fiz tudo isso! Eu quero é que a rainha vá se f*****...

-Acalme-se vossa majestade. Farei o que a senhora pedir. Apenas me diga o que fazer.

-Começe por...

Suas lágrimas doiam, suas pernas cambaleavam, mas ainda sim conseguia correr. Sentiu que seu braço foi puxado para trás, seu corpo foi lançado contra uma parede e dois braços fortes se colocaram ao lado de seus ombros. Olhou para a pessoa em sua frente e falou:

-Me largue, se não eu vou gritar!

-Não ligo! Sandara, não é o que...

-Não é o que eu estou pensando?! Eu não sou burra, nem daltônica, NEM IDIOTA!!! Eu sei muito bem o que eu vi!- de repente, puxou seu braço e deu um jeito de trocar de lugares com Nitsuke. Ela puxou da sua cintura uma faca pequena e a pôs encostada ao pescoço de Nitsuke e começou a chorar. Ela pôs uma das mãos na testa (a que não segurava a faca) e disse:

-Não posso mais mentir pra você... não pra você.

-Sandara...

-Nitsuke, se eu me revelar, não poderei deixar você vivo, senão vai contar para o rei e eu serei presa até o fim dos meus dias...

-Sandara... mesmo que estivesse me enganando, fazendo alguma magia para eu sentir o que sinto por você e depois eu sairia desse encanto... ainda assim eu não lhe denunciaria para o rei. Eu estou sobre seu encanto e vejo isso. Então não há por que desfazê-lo.

-BAKA!!! Eu não sou bruxa! Eu sou...- Sandara não pensou direito e tirou a peruca, deixando seus cabelos brancos e sedosos caírem sobre suas costas. –… a de Cabelos Brancos.

-Sandara...

-Agora que sabe meu segredo...- Sandara presionou a faca sobre o pescoço de Nitsuke, mas quando estava quase cortando a garganta dele, parou. Jogou a faca na parede atrás dela e se jogou no canto da outra parede. Pôs as mãos no seu rosto e começou a chorar sem sessar. –NÃO POSSO! NÃO! NÃO SOU ASSASINA!

-Sandara...- Nitsuke tocou em seu ombro, mas o deu um tapa no braço dele.

-VÁ EMBORA!

-Não. Não vou. Aqui...

Sandara sentiu alguma coisa ficar sobre a sua cabeça. Olhou para o ombro e viu uma mecha de cabelo castanho. Olhou para Nitsuke e se levantou. Arrumou o seu cabelo e pôs a peruca, voltando á aparência do seu disfarçe. Nitsuke sorriu, mas Sandara continuava com a “cara fechada”. Ele tentou tocar em seu ombro, mas Sandara andou para trás, se afastando.

-O que foi?

-Mesmo assim, você diz que sente algo por mim, mas eu vi você beijando a Reina!

-Eu não beijei ela! Ela chegou no meu quarto e quando me virei, ela me puxou e me beijou! Você viu que eu empurrei ela!

-Mesmo assim, vou demorar um tempo para voltar á confiar em você.

Nitsuke deu um leve sorriso.

Mas antes que qualquer um pudesse falar alguma coisa, um dos anúnciantes estava andando pelo castelo, tocando um sino e falando palavras:

-Haverá um Baile Real para comemorar a melhora da Rainha Toko! Todos da Corte deverão estar presentes. Vistam-se o melhor que puderem!

Depois que o anúnciante estava fora de vista, Nitsuke se virou para Sandara e falou:

-Você gostaria de ir comigo?

-Aff... só por que não deve ter mais ninguém disponível á essa altura.

Seu vestido era justo da cintura para cima e sua saia era aberta, mas que tinha um belo caímento. Da cintura pra cima, tinha uma costura em V, que valorizava sua cintura. Nas costas era aberto até a cintura, também em formato de um V. Na saia,  dos panos transparentes de ceda, se abriam, mostrando a parte azul-celeste da saia. O vestido tinha duas mangas que se originavam no meio do tórax, não chegavam aos ombros, mas que passavam pelo braço, parecendo que eram mangas caídas.

Olhava-se no espelho, vendo que belo vestido as pessoas da Corte tinham lhe concedido. Virou, terminou de pentear seus “cabelos” (a peruca) e saiu do quarto. Andou pelos corredores iluminados pelas velas e viu a porta de carvalho, pintada de branca, parecendo mármore. A porta do Baile Real. Na frente, dois homens. Ao avistarem Sandara, abriram a porta, revelando um belo e amplo salão com vários lustres, belas mesas com comidas e, na maior parede central do salão, duas cadeiras douradas com rubis e esmeraldas cravadas. Desceu pelas longas escadas de mármore e , ao pé dela, um belo homem usando um “tipo” de paletó negro, o que realçava seus cabelos azuis e seus olhos cinzas, muito parecidos com prata. Ela deu a mão, sem muita vontade e seguiu até os tronos e fez uma reverência para o rei Tsunami, já que a rainha Toko ainda estava se preparando para a festa. Ao voltar para o meio do salão, juntou-se com o resto da Corte na valsa.

-Você está muito bonita, sabia?

Bufou e olhou para o lado, não querendo olhar para o rosto dele. Viu que, a tão odiada Reina, estava sozinha, mas recebendo muitos elogios de vários outros nobres que eram, de uma certa forma,  ligados á Corte de Inazuma. Por que ficar com um homem praticamente comprometido quando tinha milhares de outros homens bonitos aos seus pés? Provavelmente gostava de arrumar encrenca.

A rainha Toko entrou no salão, fazendo com que todos fizessem uma reverência. Estava usando um belo vestido vermelho que deixava aparente a sua barriga de uns 8 meses. Ao se sentar no seu trono, Tsunami deu-lhe um beijo e passou a mão por sua barriga.

Sandara olhou para Nitsuke depois que todos voltaram a dançar, que fez um leve sorriso, tentando animá-la. Ela deu uma pequena risada e falou, baixinho:

-Você quer me matar de rir. Só pode ser isso. Sorrindo e tentando ganhar a confiança de uma procurada? Só um baka faria isso.

-Sim. Um idiota apaixonado.

-Ainda vai ter que fazer muito mais que isso para me convencer.

-E isto basta...?

Nitsuke trouxe Sandara mais para próximo de si e pôs uma de suas mãos no queixo dela. Mais próximos do que a última vez... tão perto que Sandara mal conseguia raciocinar, mas quando quase a beijou...

-BUM!!!-

O salão inteiro tremeu com a explosão. Os principais casais que estavam dançando se protegeram, mas no caso, os homens protejeram as mulheres, se pondo na frente delas, inclusive Nitsuke. Os guardas se posicionaram na frente da janela que ia do teto ao chão, mas acabaram mortos por causa dos cacos de vidro que foram jogados contra eles depois de uma segunda explosão. Todos no Baile estavam vulneráveis nesse momento. Um tipo de pó negro surgiu na escuridão, dele, uma mulher magra, vestida totalmente de preto em roupas que eram consideradas “indecentes”, andou calmamente até o salão. (Todas as meninas puseram as mãos na frente dos olhos dos seus pares). Toko, se levantou, mas Tsunami manteu suas mãos segurando o braço de Toko, que não estava com um olhar “feliz”.

Reina, saiu correndo de trás dos casais e se ajoelhou na frente da mulher de longos cabelos azuis que caíam até o meio das suas pernas. Sandara entendeu tudo. Era tudo um plano para invadir o palácio! Sandara sentiu todo o seu ódio subindo por suas veias e indo para os seus punhos que estavam querendo dar um murro no “rostinho” de Reina.

Todos mantiveram os olhos fixos na mulher de cabelos azuis. Toko falou uma palavra entres os dentes, mas todos no salão puderam ouvir :

-Lika...