1997 escrita por N_blackie


Capítulo 105
Adhara




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Nunca chorara tanto na vida quanto ali, aos pés da cama de armar em que Moony repousava, com as mãos cobertas do sangue dele. Depois que Madame Pomfrey a tirou dali, sentando-a numa cadeira perto para poder se acalmar, enterrou o rosto nas mãos, e uma onda de raiva a fez querer gritar na cara da próxima pessoa que visse. Ao mesmo tempo, uma voz lhe dizia que não podia ficar ali. Os gritos longínquos e as pequenas explosões que lhe chegavam aos ouvidos eram o lembrete desagradável de que a realidade, não importasse o quanto derramasse lágrimas, era aquela. Estavam em uma guerra.

E Moony fora uma baixa.

Ele podia não ter morrido, mas nada seria o mesmo. Ele se tornaria velho mais cedo. Suas noites seriam um tormento quanto mais próximas da lua cheia. As pessoas o olhariam torto, algumas lhe recusariam empregos. As garotas não iriam se aproximar dele com metade da vontade. Adhara sabia de tudo, e era óbvio que Romulus sabia ainda mais. Antes de secar algumas das lágrimas que ainda permaneciam em seu rosto, decidiu que estaria ali para ele. Lhe arranjaria a garota que quisesse, o emprego que fosse merecedor do seu talento, e acabaria com a raça de qualquer um que entrasse no caminho para impedir que a vida de Moony fosse tão normal quanto antes.

Se recompôs e agarrou a varinha.

“Como ele vai ficar?” Se aproximou das costas da enfermeira. Madame Pomfrey apertou os lábios.

“Vai viver, não fique desesperada, Black.”

Adhara assentiu, e decidiu procurar os irmãos para ter certeza de que estavam bem. Ignorando alguns corpos que jaziam aqui e ali, podia ver que alguns grupos de comensais retrocedendo. Em meio aos alguns focos de duelo, estudantes se ajudavam. De longe, viu a mãe lançando um comensal longe ao lado de Emmeline.

“Neville!” Parou o garoto no meio do caminho, junto de outra torrente de alunos que corria em direção ao Salão Principal.

“Padfoot! Tudo bem com você?” Ele a olhou analiticamente. Seu rosto tinha alguns cortes e arranhões, mas não parecia cansado. Adhara deu de ombros.

“Como estamos? Viu Jack ou Leonard? Viu o meu pai?”

“Eles estão fugindo,” Longbotton sorriu, “não podemos parar agora, mas estou achando que podemos ganhar essa guerra, Pads. Sério.”

“Os meus irmãos...”

“Não vejo Leonard desde que ele foi levar as crianças pro trem, desculpa. Nem Jack. Mas seu pai estava perto do lago há algum tempo, pode ser que- “

“Valeu.” Deu um tapinha no ombro dele e saiu correndo rumo ao Lago. Quando pulou o cercado, viu James protegendo Lily, e Dorcas atacando outro comensal. Adhara sorriu para si mesma. Eles eram mesmo bons assim. Precisava achar o pai.

Os jardins tinham o gramado pisoteado, manchas de sangue aqui e ali, e alguns sinais de corpos que foram arrastados. Um cheiro de fumaça empesteava o ar. Olhou para os lados, procurando pelo resto da família

“Mas que bom te encontrar aqui, querida.”

Os pelos de Adhara ficaram imediatamente em pé, e um frio percorreu sua espinha enquanto se virava lentamente na direção da voz fria e zombeteira. Bellatrix sorria, seus olhos zombeteiros e frios ostentando um brilho fora do normal.

“Ei, Bella, beleza?” Cumprimentou, surpresa com a própria calma. Seus cortes e ferimentos já não doíam tanto, e a varinha vibrava em sua mão, querendo vingar a dona. Os cantos dos lábios da bruxa subiram.

“Mudou bastante desde o nosso último encontro, “Ela quis se aproximar, mas Adhara se pôs em posição de ataque, “parece tão crescida, parabéns. Viu, no fim das contas, eu te fiz um favor.”

“Você é louca, Bellatrix.”

A mulher jogou o pescoço para trás, e gargalhou. Adhara pressionou os lábios, sentindo-os secos e rachados.

“Eu? Ah, Adie,” ela fixou o olhar em Adhara, “se eu sou louca, você também é. Nós duas somos iguais, lembra?”

“Eu não tenho nada a ver com você?”

“Não?” Uma falsa expressão inocente estampou o rosto dela, “Pense duas vezes. Você, de todos os seus amiguinhos, foi a primeira a lançar uma maldição da morte. A beleza dessa maldição, querida, é que não basta proferir as palavras. Sabe disso, não sabe? É preciso querer matar. É preciso ter vontade de matar. Quantas vezes já usou esse feitiço mesmo? Não me diga que somos diferentes porque matou servos do Lord das Trevas e eu matei trouxas e amigos dos seus pais.”

“Expeliarmus!” Gritou, e seu feitiço resvalou no cabelo de Bellatrix. Ela sorriu.

“A verdade incomoda, não? Você é má, Adhara. Tão má quanto eu, veja só! É uma pena que eu tenha estado longe, o tolo do seu pai não soube cria-la para usar o seu potencial. Eu teria ensinado a você a defender os seus interesses, a dar valor ao seu sangue! É realmente uma pena. No fundo, você é a minha prima preferida, sabe. ”

“E é por isso que tentou me matar?” Riu, não acreditando no que estava ouvindo. “Por amor? Ah, não seja por isso, muito obrigada, então! Vá pro inferno!”

“Adie!”

Adhara não quis desviar o olhar de Bellatrix, mas seu coração deu duas voltas ao ouvir a voz de seu pai. Ainda apontando a varinha para Bellatrix, respondeu:

“Pai, sai daqui!”

“Tire as mãos dela, Bella.”

“Escute a menina, Sirius, ela vai ficar bem chateada se eu matar você na frente dela.”

“Não vai tocar na minha filha!”

“Pai, sai daqui! Eu sei me virar!”

“Avada Kedavra!” Bellatrix finalmente gritou, e Adhara se jogou no chão para desviar do feitiço. Fechou os olhos, sem querer olhar para trás e ver o pai morto.

“Sua mira é uma merda, Bella.”

“Posso tentar de novo, primo.”

Sem pensar duas vezes, Adhara se levantou, e se jogou na mulher. Agarrou os cabelos desgrenhados dela, e sentiu as garras de Bellatrix se cravarem em seu pescoço. Seus pés se entrelaçavam no chão, e Adhara deu uma joelhada no baixo ventre dela. Se debatendo, Bellatrix tentou revidar, mas sua varinha caiu no chão. Quando tentou se desvencilhar para pegá-la, um raio dourado lançou a arma para longe.

“Você. Vai. Me. Pagar. Por. Isso.” Arfou entre as puxadas de Adhara. Em meio à briga, a garota sentiu a mão esguia dela perto de sua varinha, e pegou-a pelo pulso. Bella rosnou alto.

Com um impulso, Adhara empurrou a mulher, e puxou a varinha para ela. “Vá pro inferno, Bella.” Apontou o objeto na cabeça dela. “Avada Kedavra!” Ao mesmo tempo, dois raios verdes a atingiram, e o corpo foi ricocheteado longe, caindo em cheio dentro d’água. Adhara baixou a varinha, ofegante.

Os braços de Sirius a envolveram pelas costas, e se deixou abraçar pelo pai um minuto, controlando as lágrimas que forçavam saída pelos seus olhos. Sirius beijou o topo de sua cabeça. “Acabou, pronto. Acabou.” Murmurou.

Adhara podia ficar ali por dias, até anos, se por um segundo lhe deixassem em paz. Enterrou o rosto no peito do pai, e uma onda de alívio, misturado à ansiedade de saber que Voldemort ainda não estava morto, fez seu corpo ceder, e só se deixou segurar por um pouco. Poucos comensais restavam no gramado, e já começavam a fugir.

Abraçado a ela, Sirius se contraiu, levando as mãos à cabeça. Adhara franziu a testa, até sentir, dentro de sua cabeça, uma voz sibilante anunciar:

Parabéns, Ordem da Fênix, pois lutaram bravamente. Contudo, sua vitória ainda é parcial. Em sua audácia e falsa coragem, enviam-me um adolescente para que me derrote, e não sabem que a morte não pode resvalar em mim. Convido-os, portanto, a testemunhar a minha vitória. Chegou a hora de pôr à prova os poderes de Lord Voldemort, o mais poderoso bruxo que existiu, existe, e existirá, e os do jovem Harry Potter.”

Adhara arregalou os olhos. Ao longe, James gritou.


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