The Charms Of Life escrita por Kim Jay
Capítulo 3 – A Seleção
~ Matthew ~
Imediatamente os murmúrios cessaram e entraram algumas pessoas na sala.
O primeiro a entrar foi com certeza o rei, pois usava roupas feitas com um tecido fino e uma coroa, além de segurar um cetro feito de ouro, com uma grande ametista na ponta. Um belo cetro...
O rei era bem alto e não muito magro. Tinha barba e cabelo escuros e olhos claros. No padrão das mulheres devia ser considerado atraente ou algo assim. Como eu vou saber? Não sou mulher mesmo...
Mas enfim, atrás dele vieram três mulheres e três homens que tomaram lugar na longa mesa que estava à nossa frente, enquanto o rei ia até o trono que ficava no final daquele “corredor” que se formara.
- Que comece a Seleção Anual de Agnot! – anunciou e logo depois sentou-se no trono.
Então entraram mais pessoas. Eram os mestres. Todos estavam vestidos com os uniformes de trabalho, para ficar mais fácil reconhecê-los. Todos da lista estavam lá, mas eu não vi ninguém com armadura e espada, ou um cavalo, ou arco e flecha, ou um cetro mágico, ou um dragão com focinheira...
Olhei com o canto do olho para An e a vi ficar um pouco decepcionada, mas ela balançou de leve a cabeça e adquiriu um semblante determinado.
E assim começou a Seleção. Vários jovens davam passos à frente e diziam nome e idade em voz alta. Poucos escolhiam um mestre em especial. A maioria apenas falava o que faziam melhor.
Haviam uns 50 jovens, pelo que vi, e já estava chegando à nossa vez.
An deu um passo a frente, segura de si e muito confiante.
Ela abriu a boca para falar, mas foi interrompida por um barulho muito alto.
Então o portão principal se abriu com um estrondo e a primeira coisa que vimos foi a cabeça de um dragão negro enorme ocupar o espaço da porta.
Várias garotas gritaram desesperadas – e muitos moleques também, diga-se de passagem – e eu instintivamente procurei colocar Jay atrás de mim, para protegê-la e puxar An para o meu lado e a mesma, tão pasma quanto a maioria, deixou.
Mas então houve uma risada estrondosa. Duas, na verdade.
- Certo, Elwë, certo. Hahaha! Foi ótimo, agora vá para trás!
Então o dragão bufou e afastou-se da porta. Aí apareceram dois homens lá. Um usando uma armadura de prata reluzente e o outro com uma roupa mais simples. Este tinha cabelos negros encaracolados e olhos escuros. Sua pele era bem lívida, contrastando com os olhos e cabelos.
- Com licença, Vossa Majestade. Viemos para a Seleção – disse o de armadura, que parecia muito com... – Sir Kaled Silwör ao seu dispor – ele fez uma mesura.
Ah, eu sabia que o conhecia!
- E eu sou Lihios Dighbur, domador de dragões. Em especial daquela belezinha ali, a Elwë – apontou para o dragão.
- Suponho que vieram escolher um aprendiz, certo?
- Isso mesmo! – disse Lihios, sorrindo.
- Não podiam ter entrado de uma maneira menos... Menos...
- Excêntrica? – Kaled tentou ajudar.
- Genial? – disse Lihios, brincando.
Ambos explodiram em uma sonora gargalhada.
- Assim perderia a graça. Esses eventos são muito formais. Queríamos quebrar a tensão, entende? – Kaled explicou colocando os braços atras da cabeça em uma pose um tanto despreocupada. Quantos anos esses caras tem mesmo?
- Certo. Hã... Esses são os jovens que sobraram.
- Ah, não se preocupe, já escolhemos os nossos. Rapaz, você aí! – Lihios apontou para... Aquele cara de mais cedo, Sky.
- Eu? – perguntou, nervoso.
Lihios revirou os olhos.
- Não, não, o unicórnio colorido aí atrás de você!
Sky abaixou a cabeça, envergonhado.
- Vamos! Apresente-se!
- S-Sky Cerll! 18 anos!
- Isso, assim que eu gosto. Venha, garoto, você tem o potencial para domar um dragão.
Sky foi andando determinado até seu mestre.
- Ah! – continuou Lihios – Mas não quero que continue apanhando de moças por aí, hein?
- S-sim senhor... – respondeu muito envergonhado, e eu escutei Annia segurar uma risada atrás de mim.
E foi nesse momento que Kaled olhou em nossa direção.
- Você aí, bela moça. Annia Lúinwë, de 15 anos. Quer ser minha aprendiz?
Olhei para Annia e vi que ela ficou ruborizada, mas recuperou-se e disse, confiante:
- Sim, senhor!
Kaled sorriu.
- Não errei em escolher você...
Annia foi até seu mestre.
- Vieram só vocês dois da classe alta aqui? – perguntou o rei.
- Hm... Quem sabe... – disse Kaled.
Então, do nada, uma esfera azul escura e brilhante apareceu no meio do salão.
Ela foi crescendo e crescendo, cada vez mais e então comprimiu-se e explodiu em uma nuvem de luz e brilho que banhou aquela sala.
Quando a luz ficou mais fraca, percebi que havia alguém no meio da sala.
Jay levou a mão à boca e murmurou:
- Rynden é... Um mago...
É... Era ele lá no meio, com uma longa túnica preta com alguns fios de prata, e um cetro de madeira com uma esfera estranha no topo. Ele sorria.
- Ora, ora, parece que me atrasei...
- Ótima entrada, Ryn – disse Lihios fazendo-lhe um sinal de positivo.
- Com certeza – disse Kaled afirmando com a cabeça.
- Então... Onde está a futura melhor maga do mundo... – ele colocou a mão sobre os olhos semicerrados, como se tentando procurar alguém que estava longe, então o olhar parou na Jay. Ele sorriu calorosamente para ela, estendendo sua mão – Aí está ela! Então Jade... Ah, digo... Jay Ringërill, quer vir comigo e treinar para se tornar uma poderosa maga?
Jay hesitou e olhou para mim, como que procurando apoio. Ela estava ruborizada e a ponto de chorar de felicidade.
O que você sente por ele Jay? Por que não sente o mesmo por mim?
Assenti com a cabeça, embora fosse como levar uma saraivada de flechas, ter que entregá-la a outro homem.
Ela sorriu para mim com gratidão e correu para perto do mestre dela.
- Então é isso! Desculpe interromper... – disse Lihos.
- ...Mas agora é nossa hora – completou Rynden.
Eles estavam segurando duas cordas ligadas à cabeça do dragão, que eu imaginei funcionarem como rédeas. Então o dragão começou a levantar a cabeça, e Kaled segurou Annia firmemente pela cintura, levando-a consigo. Ela estava corada e, um pouco em choque, segurou-se no pescoço de seu mestre. Lihios segurou seu aprendiz pelo braço e os quatro foram para cima do dragão. Virei para procurar por Jay.
Ela estava segurando a mão do mago e olhando em seus olhos, sorrindo.
Ele bateu com o cetro no chão e ambos sumiram em uma outra nuvem de luz azul escura.
Agora eu estava sozinho. Sozinho.
- A Seleção desse ano está encerrada – declarou o rei.
Virei-me abruptamente para ele.
- Como assim?
- Você não foi escolhido?
Neguei.
Ele olhou para cada mestre, com uma pergunta no olhar. Cada um deles, um por um, negaram com a cabeça ao olhar do rei.
- Tem... Tem que haver outra pessoa! – implorei.
- Sinto muito, garoto.
- Mas... Eu preciso de um emprego!
O rei ficou em silêncio.
Estava ficando com muita raiva.
Ele dispensou todos nós. Mas eu fiquei.
- Vá para casa, garoto – ele disse quando todos já tinham saído.
- Eu não saio enquanto não me der um trabalho.
- Já disse que não posso fazer nada. Agora vejo por que não o escolheram. Pode estar no corpo de um homem, mas ainda pensa como um garotinho.
Dizendo isso, virou-se e chamou seus guardas para escoltarem-no.
- Seu desgraçado! – fui para cima dele sem pensar em mais nada.
Mas seus guardas foram mais rápidos e me impediram.
O rei saiu daquele lugar depois de dizer:
- Levem-no daqui.
Então fui tomado por uma fúria extrema. Senti meus músculos ficarem tensos. Meu corpo começou a tremer violentamente. Os guardas me soltaram e se afastaram um pouco, apreensivos.
Caí de joelhos no chão e senti o suor descendo pelo meu rosto.
Então senti uma dor aguda subir pela espinha e senti algo estranho, como se a forma do meu corpo estivesse mudando.
Depois disso, a única coisa que lembro é de uma cor.
Vermelho.
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