Dear Pegasus, escrita por DiraSantos


Capítulo 4
Meu pai tem um apelido e eu Conheço os irmãos-Uva


Notas iniciais do capítulo

Espero que agrade.
Boa leitura.



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Capítulo Três:

 Chamo meu pai pelo apelido e

eu Conheço os irmãos-Uva.

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Meu sangue queimou em minhas veias, eu queria esganá-lo por ter a cara de pau de aparecer para mim, e em chamar de “minha pequena”, senti que minhas unhas perfuravam a palma de minhas mãos, de tão apertados que estavam meus punhos.

Eu não quero conversar, vai embora. —Rugi para o deus, Asclépio abaixou os olhos por um segundo analisando os próprios pés, não tinha nem coragem de em olhar nos olhos... O que mais de esperar de uma canalha desse?

Ele ergueu a cabeça os cabelos negros sendo jogados graciosamente para os lados.

Canalha? É isso que pensa de mim?

—Como sabe... Você está na minha cabeça?! —Quase gritei, ele não olhava para mim, parecia chocado demais.

—É isso que pensas de mim, minha pequena?

—Não. Penso cosias bem piores, e pare de me chamar assim. — Ele suspirou e olhou para a janela, os lábios curvados para baixo, os olhos verdejantes tristonhos.

—Sinto por sua irmã. Blythe merecia algo melhor... —Em um impulso joguei meu Ipod em sua direção, mas o deus o agarrou na hora certa soltei uma lufada de ar por entre meus dentes, irritada com meu erro.

—Não fale o nome dela! A culpa é sua dela ter morrido! — Suas feições se distorceram em pavor.

—Está me culpando pela morte de sua irmã?

—Claro, seu idiota! Por a culpa é inteiramente sua!

—Espere, tenha cuidado como fala.

—Se vai me matar, me mate de uma vez! Para mim não faz diferença! Eu só quero Blythe de volta! Não quero nada disso, fique com esse chalé e sua imortalidade, me deixe ficar com a minha irmã! —Lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, negras pela maquiagem.

Ele deu alguns passos e parou bem a minha frente e era alto, eu batia na altura de seu peito, Asclépio pegou as minhas mãos a força e as apertou contra o peito morno, tentei me soltar, em prantos, mas ele não deixou apenas me puxou mais para si, prendendo-me contra o corpo quentinho.

Asclépio tinha cheiro de limpeza, de um quarto de hospital com flores de laranjeira dentro, não parecia ter mais de 35 anos, não tinha rugas e tinha um corpo perfeitamente cuidado. Não pude lutar, não queria lutar; aconcheguei meu corpo em seu peito largo e debulhei-me em lágrimas de saudades, enquanto meu pai acariciava minhas costas, apoiando o queixo quadrado a cima da minha cabeça soltando um “Shhh”  acolhedor pelos lábios.

—Eu não quero ficar sozinha! Quero Blythe aqui, ela ia saber o que fazer, ela sempre sabe... —Chorei, soluçando loucamente, meu pai assentiu e beijou minha testa.

—Sei que é difícil, querida. Mas não está sozinha... Tem a mim.

Senti um choque na base da minha coluna.

—O... que? Você? Está me dizendo que vai cuidar de mim agora?

Ele ficou constrangido.

—Agora posso ficar ao seu lado, pequena. Antes...

—Você pode curar as pessoas, não pode?

Um aceno positivo, senti o sangue congelar nas minhas veias.

—Então por que não curou a mamãe quando ela estava morrendo?

Desejei não ter falado aquilo, o deus me afastou com um empurrão leve indo para a estante de livros, passando os dedos longos nas lombadas dos livros, escondendo o rosto de mim.

—Blythe não deixou que você a curasse, não foi? Quis seguir o rumo que o destino escolheu, mesmo que a levasse a morte. —Meu estomago se revirou, mais lágrimas rolaram pelo meu rosto e eu senti ódio de mim mesma, por não ter forçado a sua cura, por não ter sido forte o suficiente para conseguir convencê-la.

—Ela... ela...

Asclépio se virou para mim, com um sorriso triste.

—Nilá me fez prometer que não a curaria, dizia que tudo acontecia por uma razão e se o destino quis lhe dar um Câncer, era assim que devia ser. —uma risada de escárnio— Eu a amei mais do que a tudo, estava pronto para quebrar minha promessa e trazê-la de volta, mas não pude, não com ela me fazendo prometer, sabia que eu era capaz, mas não quis. Blythe estava lá no dia que ela morreu, jurou a mãe que seria uma mulher tão corajosa e amável como ela.

—E conseguiu... —Sussurrei, ele assentiu e olhou para o além.

—Fiz Blythe me prometer que não ia lhe contra a verdade, quanto menos você soubesse, melhor seria. Tive medo que as matassem... —seus olhos brilharam mais uma vez para mim. —Você era tão pequena, Sury, e ficava linda brincando com seu ursinho, sentada em uma enorme poltrona no canto do quarto do hospital, os joelhos sempre com curativos, já que não parava quieta.

Corei e ele sorriu mais ainda.

—Você era meu porto seguro, pequena. Doce e carinhosa, calorosa nos seus braços e seu sorriso inocente.

Não consegui falar nada.

—Queria lhe pedir algo.

—Fa-fale. —Se aproximou outra vez e acariciou meus cabelos com calma.

—Não posso lhe pedir que em chame de pai, mas pode me chamar de Ash, Nilá fazia. —Assenti e em joguei no sofá, percebi que minha raiva tinha sumido, dando lugar algo estranho e incomodo, algo como medo ou seja lá o que fosse; mas isso não era importante.

Minha mente estava uma bagunça, como uma queima de arquivo, todas a minhas lembranças, desejos, sonhos e medos estavam sendo arrancados de sua gavetas e sendo jogadas para o ar em meio a um incêndio proposital ao mesmo tempo que novas pilhas de informações eram jogadas aleatória e cruelmente na minha cabeça. Meu pai não era tão ruim assim, minha mãe tinha morrido por que queria, não iria colocá-lo em perigo e preferiu a morte e deixar suas filhas largadas no mundo sob a visão de um pai que nunca poderia chegar perto de nós duas.

Fora os detalhes mais perturbadores da noite:

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1. Eu era uma semideusa.

2. Meu atual melhor amigo era um cavalo com asas e imortal.

3. Meu pai era um antigo deus grego que devia ser estéril.

4. Blythe sempre soube da verdade, tudo e me escondera isso por todos meus 17 anos de lucidez momentânea.

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Respirei fundo e passei as mãos nos cabelos, tentando deixar as idéias assentarem em minha mente o que sabia que era praticamente inútil, como eu poderia engolir tudo isso? Quer dizer, tinha muitas lacunas em aberto ainda, como: “Se existe o carro-sol de Apolo, que é aquela bola de gás no espaço?” ou “Se a deusa Athena realmente existe, cadê a justiça desse mundo?”, “Se Poseidon está ai, por que ele deixa que os mares sejam poluídos?”,Afrodite realmente nasceu dos testículos de Cronos quando Zeus os jogou no mar?” até “Como diabos os monstros ainda existem, se todos foram mortos por heróis?

—Quantos “Se...?”. —Murmurrei para mim mesma, olhando para o chão, Asclépio riu e se sentou ao meu lado, colocando carinhosamente o braço no meu ombro, abaixei a cabeça.

—Devo imaginar como se sente, minha pequena, em minha época os Deuses eram mais presentes em nossas vidas, não precisavam ter tantos segredos e cuidado como nesse tempo.

—Hum, devia ser um pouco mais fácil.

—De certa forma sim, mas era perigoso, reis loucos nos matavam sem motivo, veja Perseus, acredito que foi o único de nós que realmente se deu bem, —Nesse momento pensei em Percy e me senti mal, o garoto não tinha culpa das tragédias da minha vida.

—Pobre Percy, levou uma patada tão tarde da noite... —Ash riu.

—Não entendo como seu sarcasmo pode ser tão encantador, querida. —Dei um sorriso muito largo mostrando meus dentes, ele riu mais e se esticou mais no sofá.

Ri junto, me sentindo estranha, um silêncio leve se instalou entre nós, não acredito que estivesse desconfortável para ele ou para mim, só que era a primeira vez que eu o via, ou que conseguia me lembrar, e de certa forma eu o perdoara por... por ter nos abandonado para nos proteger, só que eu não conseguia confiar nele, ainda.

—Ah, tenho que ir, minha querida. Fico feliz que me aceitou sem sua vida. —Ele tinha um sorriso felicíssimo no rosto, mas minha resposta não era assim tão feliz.

Minhas palavras saíram de uma vez junto como minha expressão de paisagem urbana.

—Eu não o aceitei em minha vida.

Os ombros de Ash tremeram seus olhos e arregalarem, fitando meu rosto.

—Me perdoas-te, não?

Assenti e levantei-me indo para a porta.

—Sim por que não você não teve nada haver com as desgraças e traumas que aconteceram comigo e Bly, mas não quer dizer que eu o queira como pai, quer dizer... não por hora, não o estou renegando, mas... Não vai apagar a ausência que sentimos nos dias dos pais, no primeiro coração partido, não vai mudar nada.

Desviando os olhos, analisou a naja perto dos beliches, sibilando calma e e relaxada.

—Acho que é o que eu posso ter por hora.

—Sinceramente, Ash? Não o perdoei por você. —ele ergueu a cabeça para mim— Fiz por Blythe e mamãe, foi escolhas delas, nenhum de nós tinha direito de interferir. —dessa vez eu soltei mais lágrimas limpei meu rosto borrado de maquiagem escura— Por mais horrível que vá ser viver sem ela agora, estou sozinha aqui.

—Está nevando em seu peito, querida. —Desviei os olhos. É isso tinha acontecido,  meus sentimentos se encolhendo e correndo para longe em busca de algo quente em meu peito, atrás de meu coração perdido na dor, deixando a ironia e auto-preservação flutuar sob tudo, tomando conta de tudo.

—Talvez, papai. Talvez.

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Assim que fechei a porta atrás de mim, puxei o capuz para o meu rosto e coloquei os fones do meu Ipod nas orelhas por baixo, ou o inverso... pouco em importa, logo sai andando ouvindo “Wonderwall”, Oasis sempre fora uma das minhas preferidas fiquei bem triste quando elas desfizeram.

Bruf! —Pegasus encostou o focinho nas minhas costas, sorri e montei em seu dorso enquanto ele galopava pelo lugar.

O Acampamento era lindo, perfeito para viver e era isso  ams o que realmente me preocupou foi o fato que ouvi ruídos de folhas raspando uma nas outars, patas, pinsas e coisas assim, todos vindos da floresta. Vi o anfiteatro e alguns filhos de Apolo tocando ali perto, dois gêmeos correndo de uma patricinha de cabelos verdes, uma pegadinha bem aplicada em minha opinião. Quando cheguei aos campos de morangos me maravilhei.

  O campo era largo e ondulante, salpicados de arbustos verdes escuros com morangos tão rubros e apetitosos... Peg comeu alguns e quando eu iria abaixar para pegar um, ouvi uma voz.

—Pode tirar sua mão daí, novata.

—Hãm?

Atrás de mim uma garota vestida de preto e roxo caminhava na minha direção seguida por outro garoto, devia ter a minha idade e ela uns 15 anos no máximo, o garoto de trás era bem bonito passava os dedos longos nas folhas e automaticamente as plantas pareciam mais vividas e saudáveis, os morangos grandes e vermelhos e muito, muito saborosos

Peg levantou e cabeça para os dois, mastigando.

—Tire esse bicho daqui.

Pega se ergueu nas duas patas abrindo as duas asas, ambos deram passos para trás.

—Esse é o Pegasus? —Perguntou o menino.

—Você já viu um pegáso desse tamanho e com cascos de ouro, Púlox? —Ironizou a  menina,  ele deu de ombros e bagunçou os cabelos negros e sedosos da garotinha.

—Não, princesinha.

—Esperava que fosse quem então? —Ela revirou os olhos e os fixou em mim. —e você quem é?

—Sury Carpe, cheguei hoje.

—Ah você que perdeu a irmã não foi.

—Sim, senhora educação. —Riu Púlox.

—Ah, meu pêsames é claro, Suki.

—Sury. —Ela meneou com as mãos longas.

—Tanto faz, mas pode tirar seu cavalinho daqui? Esses morangos vão para o Olímpo. Não mandamos qualquer coisa para os deuses, entende? —Ela estava zoando comigo, falando como se eu fosse uma perturbada sem mesmo conhecer.

Sorri, gostei dela. Tinha um estilo parecido com o meu, só que bem mais radical, podia-se ver pela camisa de Ozzy O. que usava, e isso era ótimo.

—E você como se chama?

—Violet, filha de Dionísio.

—O gordo bêbado da Casa Grande? —No mesmo momento vi suas roxas cintilarem.

 Videiras fortes e começarem a se enrolar em meu corpo como serpentes, coagulando meu sangue e deixando a ponta dos meus dedos azuis, prendendo minha respiração e me sujando de terra, folha se uvas esmagadas.

Mai parlare di mio padre, farlo tuo marmocchio?[Nunca fale do meu pai assim, entendeu sua fedelha?]

—Isso é italiano, significa... -Começou Púlox

—Falo italiano. Scusa, caro, tuo padre non è stata gentile con me, non aspettano che io sia gentile con lui.[Perdão, querida, seu pai não foi gentil comigo, não espera que eu seja gentil com ele.] —ambos levantaram as sobrancelhas. —Falo italiano, inglês e Frances. Mas de qualquer forma, não sou falsa, eu odeio seu pai.

Viollet sorriu e desfez as plantas de mim.

Estendendo a mão para mim.

—Violet Vineyard, filha de Dionísio.

Peguei-a e sorri.

—Sury Carpe, filha de Asclépio.

Isso ia ser uma bela, roqueira e divertida amizade...

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Notas finais do capítulo

Agradecendo a todos os comentarios, a cada um.
Muito obrigada e avisar que talvez eu não poste semana que vem, vou entara em semana de prova.
Mas não abandonarei a fic, prometo.
→Alguem se habilita a me dar uma personagem?←
Beijos e Comentem!*-*