Imagens passavam apresadas pela cabeça de Rachel e sumiam quase tão rápido que ela não tinha tempo de identificá-las.

            Edward a esperava no altar. Eles iam se casar naquele momento e depois, nada mais importava. Uma mecha de seu cabelo ruivo caiu no rosto e ela a colocou atrás da orelha.

            Podia ver Lizzie, uma das madrinhas, ficar vesga e depois sorrir para ela. Lizzie, era sua melhor amiga.

            Os pais estavam lá. O pai usava uma roupa de pesca (que roupa mais estranha para um casamento) e a mãe o mesmo vestido verde de sempre. Eles sorriam. Estavam felizes por sua garotinha estar se casando.

            No ritmo da música, caminhou devagar até o altar, e quando chegou a hora disse “sim!”.

            Estava casada.

            Correu de mãos dadas com seu moreno de olhos azuis até enquanto ouvia os aplausos. Ele tinha prometido levá-la a um lugar especial para fugir da festa, já que nenhum dos dois queria companhia.

            Eles queriam um momento sozinhos.

            Edward entrou no seu carro verde (presente de casamento do pai, uma relíquia) e acelerou com ela no banco da frente.

            Pararam em um lago longe da cidade.

            _Encontrei esse lugar só para você.

            _Jura?_ ela ouviu para ele.

            _Juro. É inteirinho seu, considere um presente de casamento. Eu comprei para vocês.

            Rachel sorriu para ele.

            _É perfeito.

            E ela não mentia. Tudo era lindíssimo. O lago tinha águas cristalinas e calmas. Dava a impressão de ser um pequeno paraíso. Ou melhor, era seu pequeno paraíso.

            Rachel abraçou ele.

            _Obrigada, Edward! Eu te amo!
            Ele a abraçou.

            _Te amo também, foguinho._ele disse._ Vem.

            E a soltou, indo em direção ao lago.

            _Aonde?

            _Aqui. Vamos sentar.

            Os dois se sentaram na margem do lago e ele sorriu para ela. Ela sorriu para ele.

            Um beijo nasceu em suas bocas, que morreu no pescoço dela.

            _Eu te amo, tanto._ ele disse.

            _Não tanto quanto eu.

            _Ah, acho que sim.

            Mais um beijo.

            _E então? Gosta de estar morta?_ ele disse, depois do beijo.

            _Me desculpe?

            _ Eu perguntei, gosta de estar casada?

            _Ah, claro! Eu te amo, Edward, só você e mais ninguém!!

            _Você é tudo o que eu poderia querer, foguinho!_ E ele a beijou.

            Os dois se amavam mais que tudo no mundo. Não importava nada nem ninguém. Só eles. Ela e ele. Ele e ela.

            _Está pronta?

            _Pronta para o que?

            _Para ir comigo. Tenho um lugar especial para você, foguinho.

            _Ah não. Vamos ficar mais um pouco…

            _Eu tenho que ir. Pode ficar se quiser, venho te pegar mais tarde. E então? O que me diz?

            _Vou ficar, mas você promete que volta?

            Ele se levantou, mas não soltou a mão da ruiva

            _Eu sempre, sempre vou estar com você. Não importa o que acontece, foguinho. Estarei sempre ao seu lado. Na vida ou na morte. Nunca vou te deixar, nem em um milhão de anos. Escolha você fazer o que fizer, ficar com quem ficar. Saiba que eu sempre vou apoiar suas decisões, isso porque você é meu mundo. Você quem liga a esse mundo. Nada nunca vai me fazer abandoná-la. Te amo.

            _Edward…_ disse Rachel enquanto fechava os olhos.

            Ele era uma gracinha. Tão fofo…

            Rachel abriu os olhos de novo, viu alguma coisa preta e melosa escorrer dos olhos e nariz de Edward. Agora escorria da sua boca e ouvidos.

            Rachel olhou assustada para ele.

            _Ah, isso?_disse Edward olhando para si próprio, seguindo o olhar da ruiva._ Não é nada, eu estou só me descompondo.

            Um grito surdo invadiu as orelhas de Rachel. Ela não sabia se era seu grito próprio ou não, não sabia nem mesmo se estava gritando.

            Edward deu-lhe as costas e voltou para o carro, a deixando ali.

            _Eu não me canso de dizer. Isso é para compensar os últimos dos anos, foguinho, mas eu te amo._ disse ele de dentro do carro._ E nunca se esqueça disso. Eu te amo muito mesmo e nunca vou deixar de amar.

            E ele se foi.

            Rachel enfiou o rosto entre as mãos e chorou.

            A verdade a atingiu com a faca tinha lhe furado. Ele estava morto e nada ia mudar isso. Nada mesmo, nem o amor incondicional que ela sentia por ele.

            E ela. Ela também estava morrendo. Edward tinha ido buscá-la. Ela ia morrer. Mas, mas ele se foi. Isso queria dizer que…?

            Rachel abriu os olhos. Viu um monte de pessoas desconhecidas e os fechou de novo.

            Ela estava em uma praia paradisíaca e deserta. Nada além dela mesma e o som do mar.

            O mar… Há quanto tempo não visitava o mar? A primeira vez ela se lembrava perfeitamente. Estava com os pais e eles sorriam para ela. Rachel tinha 5 anos, mas se lembrava de tudo com se tivesse sido ontem.

            O cheiro do mar era forte. Deixando-a com uma sensação boa de tranqüilidade.

            Uma mão gelada tocou-lhe o ombro e Rachel virou para trás para ver quem era.

            A mãe estava abraçada ao pai, que usava a mesma roupa de pesca.

            _Oh, minha menina._ Rachel viu a mãe soltar o pai e abrir os braços para ela.

            Rachel abraçou a mãe.

            _Mamãe…

            _Olha como está crescida. E esses cabelos vermelhos em?

            Rachel começara a chorar.

            _É mamãe, continuam iguais.

            _Olha só, George, como nossa menina tá grande.

            _Papai!_E Rachel se jogou no colo do pai._ Senti tanto a sua falta.

            _Você tem razão Claire. Ela está tão linda…

            _Papai…

            _Sabemos que se encontrou com Edward. Vamos fazer-lhe a mesma pergunta que ele lhe fez. Quer ir embora com a gente?
            _Ah, não, mamãe. Eu quero ficar. Me sinto tão bem perto do mar.

            _Entendo._ o pai começou._ Não tem problema. Mas sempre se lembre que nós a amamos.

            Eles se viraram e ia indo embora

            _Mamãe? Papai?_ Rachel chamou._ Vocês estão mortos?

            _Ah, Rachel, minha menina…_Começou a mãe.

            O pai balançou a cabeça.

            _Estamos, querida._ ele concordou.

            _ E eu? Eu estou morta?

            _Ainda não._ Sua mãe disse.

            _O que você quer dizer com isso?_perguntou Rachel, chorando.

            _Quero dizer que você ainda não morreu, mas que se você parar de lutar, pode se juntar a nós. Basta você querer.

            Rachel fechou os olhos e considerou essa ideia.     

            Podia se juntar aos pais e a Edward. E isso seria ótimo, mas…

            E quanto a Charlotte? E, se ela se fosse, quem cuidaria de Lizzie?

            Não, ela não podia ir. Não ainda.

            _Não, eu vou ficar. Tenho muita coisa para fazer.

            _É melhor assim_ disse-lhe a mãe._ É tão jovem, tem tanto o que viver…

            _Mas, sempre se lembre que eu e sua mãe estaremos cuidando de você. Mesmo que você não nos veja.

            _Estiveram comigo esse tempo todo?_Rachel perguntou.

            Os dois assentiram.

            _Vocês não me abandonaram?

            Eles negaram.

            _Nunca te deixaríamos, Rachel. Você nunca esteve sozinha._ disse a mãe, se aproximando e mexendo nos cabelos cor de fogo dela._ Eu nunca vou saber de onde puxou esses cabelos ruivos…_ disse a mãe rindo.

            _Claire, temos que ir._ disse o pai para a mãe.

            Ela olhou para ele e balançou a cabeça.

            _Não vão…_ choramingou Rachel._ Eu preciso de vocês…

            _Vai ficar tudo bem, querida. E nós nunca te abandonaremos.

            E os dois foram embora, abraçados. Uma luz branca apareceu e eles sumiram.

            Rachel ficou mais um tempo na praia, absorvendo o que acabara de acontecer.