Digimon Beta - E o Hexágono do Mal escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 5
Domadores em Perigo




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– Como que você conseguiu esse digivice? – os olhos de Verônica pareciam saltar de dentro das órbitas.

– Eu só sei que quando acordei vi esse digivice sobre minha cama – responde Carlos limpando seus óculos na camiseta que vestia.

– Quer dizer que o número de domadores está aumentando...

– Eu também pensei nisso e, não vou mentir, fiquei com um pouco de receio.

– Receio do quê? – pergunta o domador de Betamon.

– De termos alguma missão além de destruir os digimons que aparecem por aqui – Carlos estava sério.

– Até por que, se fosse só para destruir esses digimons, só um domador seria necessário – Verônica caminha até a janela.

– Agora já somos quatro! – diz João, que pega o digivice azul e o compara ao seu: Mesmo formato, mesma quantidade de botões. Única diferença visível é a cor e o fato de não existir ícone de nenhum digimon em sua tela.

– Quem é a outra pessoa? – questiona Carlos surpreso.

– Lúcia. Uma carioca que Verônica conheceu através do digivice – João devolve o aparelho.

– Como pensei, o digivice tem outras utilidades.

– Será que estão surgindo novos domadores no Rio de Janeiro?

– É possível.

– Carlos, – desconversa João - você já libertou seu digimon?

– Não. Acho que ele só irá se libertar quando for realmente necessário.

– Comigo foi diferente – Verônica passa a mão pelos cabelos.

– Diferente como? Conta aí como foi que aconteceu.

– Faz aproximadamente dois meses. Eu estava saindo do colégio, isso era por volta de meio-dia, uma hora da tarde...

Em frente ao colégio onde estuda, Verônica se despede de suas colegas e de Carlos com beijos no rosto.

– Tchau Carlos. Amanhã a gente se vê.

Verônica segue andando em direção ao ponto de ônibus. Ruas após percebe um lindo animal deitado na calçada.

– Nossa que cachorrinho lindo. Como alguém teve coragem de abandoná-lo?

Ela se aproxima do digimon de olhos cativantes e o mesmo sai correndo com medo quando percebe sua aproximação. Ela segue o digimon que, para tentar despistar, atravessa ruas movimentadas e corre sem direção certa, até se deparar com um beco sujo e sem saída. O digimon tenta voltar, mas Verônica o havia alcançado.

– Não se preocupe, eu não vou te fazer mal algum.

Verônica seguia se aproximando lentamente. Plotmon tentava se afastar ao máximo, até perceber que estava contra a parede e que não teria como fugir.

– Se você continuar se aproximando, eu vou atacar.

A garota se assusta.

– Você sabe falar?

Nesse instante uma luz começa a brilhar dentro de sua bolsa e rapidamente desaparece. Ao abri-la, Verônica se depara com um aparelho celular que não estava ali há dois minutos.

– O que é isso?

– Isso é um digivice. Quer dizer que você é uma domadora! – responde o pequeno cachorrinho.

– Domadora? Domadora de quê?

– De digimon.

– Digimon? O que é digimon?

– Eu não sei te explicar com todos os detalhes, só sei que eu sou um digimon e estou esperando um domador. Vou voltar para aquele lugar onde nos encontramos e esperar pelo meu.

Plotmon vai saindo tranquilamente, não sentia mais nenhuma ameaça vinda daquela humana. Ao passar pela Verônica, a pequenina digimon ouve a seguinte mensagem sonora:

“O digimon encontrado está acoplado a esse aparelho”.

Na tela do aparelho, que antes estava escuro, agora existia um ícone semelhante ao pequeno digimon.

– Quer dizer que você é minha domadora? – pergunta assustada.

– Eu não sei te dizer... Nem sei por que estou aqui falando com um cachorro.

– Eu não sou cachorro, eu me chamo Plotmon. E se o digivice disse que estou acoplada a esse aparelho, é porque lhe devo obediência.

Carlos e João prestavam atenção.

– Legal – brada Carlos - Então quer dizer que eu posso encontrar meu digimon de outro modo?

– Creio que não há uma regra de como encontrar um digimon. Pode ter certeza de que o seu aparecerá no momento certo.

– Eu to curioso para saber como é meu digimon.

– Eu também estou – diz João sorrindo.

– E o que é que você não gosta de saber? – fala Carlos em tom irônico.

– Falou em vida alheia... – completa Verônica.

Ambos caem na gargalhada.

– Povo retardado... – grita João - Ao invés de procurarem algo produtivo pra fazer, ficam inventando histórias ao meu respeito.

– Já sei! – Verônica assusta os garotos com o repentino grito – Vamos dar uma volta, que tal?

– Opa! Só se for agora – concorda João pressionando o boné contra a cabeça.

– E a gente? – pergunta Betamon triste. Plotmon estava ao seu lado - Não vamos sair com vocês?

– Beta você não vai aguentar o calor dentro da minha mochila.

– Plotmon não dá pra ficar contigo no colo o tempo todo.

– E se aparecer algum digimon? – indaga Plotmon com seus lindos olhos azuis.

– Galera não tem jeito – conclui Carlos - Vocês terão que levá-los.

Alguns minutos no Cross Fox vermelho guiado pelo Carlos levam os três amigos até uma praia afastada, longe de olhares curiosos. Betamon não titubeia e rasteja o mais rápido que podia em direção à água.

– Não vá muito longe! – adverte João.

João e Verônica logo se livram das camisetas que vestiam, ficando ele apenas de bermuda e ela de shortinho usando a parte de cima de um biquíni. Carlos opta por continuar de regata. Uma marola arrasta Betamon. João, Verônica e Carlos se sentam de frente para o mar. Verônica começa a gargalhar sem causa aparente.

– O que foi doida? – pergunta João.

– To lembrando de ontem.

João sorri. Sabia perfeitamente do que Verônica falava.

– O que aconteceu? – pergunta Carlos.

– Um monte de coisas. Primeiro apareceu um digimon ontem à noite no Farol.

– No Farol da Barra?

– Depois que Plotmon evoluiu para Tailmon e destruiu o digimon, ela avistou João escondido atrás de um poste.

– E aí?

– João tentou fugir mais não conseguiu.

– A Tailmon é muito rápida – interfere João - Me alcançou e me impediu de ir embora.

– Quando eu vi que era João, nem acreditei. A gente batalhou e tudo!

Plotmon, que até então estava deitada ao lado de Verônica, se levanta e vai próximo à água para ver Betamon nadar. Pela distância, Plotmon só conseguia enxergar a barbatana laranja do digimon. Barbatana essa muito parecida com a de um tubarão.

– E pra variar, eu ganhei – diz João orgulhoso de si.

– Trapaceando qualquer um pode!

João muda de semblante instantaneamente.

– Depois de tudo isso, voltamos à festa do Rafael voando no Seadramon. Ele nos viu e começou a fazer um monte de pergunta.

– Ele não poderia saber! – exclama Carlos.

– Na teoria sim... Eu e Verônica tentamos colocar na cabeça dele que ele tava bêbado, mas o cara não quer acreditar e ta enchendo o nosso saco querendo saber sobre o monstro.

– JOÃO!

Após o grito de Plotmon, todos olham em direção a água e veem Betamon sendo lançado para o alto por um digimon de longos pelos lisos e brancos. Possuía também grandes presas que saíam de sua boca e um poderoso chifre.

Betamon cai próximo a areia, para desespero de João.

– BETAMON!

Verônica empunha seu digivice.

– Plotmon vá ajudá-lo!

– Não posso! Eles estão na água e eu não sei nadar.

– Betamon evolua!

Betamon se preparava para evoluir após a ordem de João quando o digimon inimigo lança, através de uma propulsão, seu único chifre para o alto. O chifre se parte em pedaços e revela a presença de um torpedo que avança na direção do digimon de barbatana laranja. Instantaneamente outro chifre nasce sobre a cabeça do digimon. O torpedo disparado atinge Betamon, que é lançado a metros de distância com a força da explosão. O digimon anfíbio cai aos pés de João, que o pega nos braços.

Verônica rastreia informações do digimon com seu digivice.

Ikkakumon, um digimon no nível Adulto. Esse digimon canino tem grandes presas e um chifre preso à cabeça. Sua técnica é o “Torpedo Arpão”.

Ikkakumon nada em direção à praia para atacar os domadores. Plotmon estava muito próxima da água e seria um alvo fácil para ele.

– Plotmon venha por aqui.

Plotmon atende o chamado da sua domadora e corre até ela. Todos fogem do Ikkakumon que, antes mesmo de sair da água dispara uma sequencia de torpedos contra os domadores. Por sorte conseguiram desviar de todos os torpedos e continuavam sua fuga em direção ao carro, que estava a alguns metros do lugar. Ao se aproximarem do veículo percebem que um gorila de pelagem branca e com um enorme canhão adaptado no lugar do braço direito estava sobre o capô do carro.

– Sai daí seu chimpanzé de uma figa! Você ta amassando a lataria do carro do meu pai!

O gorila não dá a mínima importância para os gritos de Carlos, que lança uma pedra contra a cabeça do digimon. Ao perceber os humanos, o digimon gorila direciona seu canhão e dispara uma poderosa rajada de energia. Os domadores literalmente mergulham na areia para desviar do ataque.

Gorimon, um digimon no nível Adulto. Um grande gorila branco com uma enorme bazuca no lugar do braço direito. Sua principal técnica é o “Canhão de Energia”.

– Canhão de Energia.

– Torpedo Arpão.

– Cansei de correr – diz Carlos ofegante.

– Não temos escolha. Continue correndo – grita Verônica olhando para trás enquanto corria.

– Se ao menos Betamon conseguisse lutar... – lamenta João olhando Betamon desacordado nos seus braços.

– É isso!

Carlos resolve voltar, indo na direção dos digimons selvagens.

– O que você vai fazer? – questiona Verônica.

– Essa é a oportunidade perfeita de encontrar meu digimon.

João e Verônica ficam sem reação diante da atitude tomada pelo amigo. Carlos consegue ficar muito próximo de Ikkakumon e de Gorimon.

– Ei, vocês dois, venham me pegar!

Carlos corre e, mais a frente, enche as mãos de areia e atira contra os olhos dos digimons.

– Sai daí Carlos. É perigoso demais – grita João em desespero.

– Nós temos que salvá-lo, João.

Ikkakumon e Gorimon, sem conseguir ver direito por causa da areia em seus olhos, começam a disparar seus ataques em todas as direções. Carlos tenta voltar para próximo dos seus amigos, mas um torpedo de Ikkakumon acaba caindo a sua frente e o impacto da explosão o joga no chão, fazendo com que ele perdesse os óculos e a areia entrasse em seus olhos.

– Que cara teimoso. Ele não tinha nada que bancar o herói! – esbraveja João.

Gorimon e Ikkakumon voltam a enxergar e veem Carlos caído no chão, completamente indefeso.

Gorimon aponta seu canhão na direção de Carlos.

– Esse é o seu fim, humano.

Continua...


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