Digimon Beta - E o Hexágono do Mal escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 29
A Força de um Ditador




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Gabumon tentava entender o que estava acontecendo entre seu domador e Devimon. Queria entender o que um dos ditadores do Hexágono do Mal conversava com seu domador. O digimon lhe cobrava algo, um tipo de acordo ou pacto em troca de poder.

Fernanda e Solarmon, Antônio e Kokabuterimon, que passaram a integrar o grupo dos rebeldes, como disse Pastreli ao Leo, observavam toda a conversa sem entender absolutamente nada.

– Que pacto é esse, Rafael? – pergunta o digimon segurando-lhe o braço.

Rafael continuava ajoelhado e de cabeça baixa.

– Não adianta te contar mais nada, Gabumon – diz o garoto deixando transparecer seu nervosismo – Vamos morrer de qualquer jeito.

Devimon bate asas e ergue-se a poucos metros do chão. Sorria de maneira diabólica, assustando Fernanda, Antônio e seus digimons.

– Vamos embora, Antônio. Eu não posso contra ele! – Kokabuterimon voava e puxava seu domador pela sacola que ele carregava nas costas.

– Destruirei três domadores com um único ataque! – o ditador mergulha com os braços esticados, voando na direção de Rafael e dos outros domadores.

– Gabumon – balbucia Rafael – Tire Fernanda e o outro cara daqui. Rápido!

– EU FAREI DE TUDO PRA TE PROTEGER! – grita Gabumon tomando a frente do seu domador e correndo de encontro ao Devimon.

Rafael se põe de pé com os olhos marejados e grita desesperado:

– GABUMON!

O digivice vermelho brilha intensamente na mão do garoto, para surpresa de Fernanda e Antônio, que logo veem Gabumon ser envolto por um casulo de luz. O intenso brilho do digimon canino de pele amarela, ofusca a visão de Devimon que reduz sua velocidade de ataque, e é surpreendido por uma forte investida do digimon lobo Adulto. Ambos rolam pelo chão e o ditador disfere um soco no Garurumon, lançando-o a certa distância.

Fernanda se aproxima às pressas de Rafael.

– O que está acontecendo? – pergunta apreensiva.

– O Gabumon acredita em mim. Agora eu tenho que lutar por ele! Temos que acabar com Devimon! - afirma o garoto, agora confiante.

– É praticamente impossível! – interfere Solarmon – Precisaríamos estar na Perfeição e usar de uma boa estratégia.

Ao ouvir o nome Perfeição, Rafael recorda-se da digimon fada de Davi. Lilymon, apesar da aparência frágil e meiga, conseguia resistir às investidas de Vamdemon e atacá-lo com mais força que os digimons Adultos.

Mesmo derrubando e atingindo Garurumon com suas enormes mãos, Devimon não conseguia avançar na direção dos domadores. Sempre que tentava levantar voo, era impedido pelo digimon lobo que tornava a saltar sobre ele, levando-o ao chão.

– Vamos embora! – insiste Fernanda puxando Rafael pelo braço.

– Vamos logo, Antônio! Para de ser teimoso! – insiste Kokabuterimon.

– Espera, Koka. Eles precisam da nossa ajuda!

Garurumon lança sua “Rajada Uivante” no Devimon, que rapidamente estende a mão esquerda na direção da técnica e cria um escudo de energia negra, livrando-o da investida inimiga. Com a mão direita, Devimon faz um movimento de arranhar e lança três lâminas de energia contra o digimon lobo, forçando-o a saltar. Ainda no ar Garurumon é atingido por dois filetes de energia negra, oriundo dos olhos do ditador. Uma forte explosão acontece, levando o digimon lobo a cair bastante ferido.

– Agora é a vez de vocês! – diz Devimon olhando os domadores e sorrindo.

Antônio se aproxima para ajudar Fernanda na tentativa de fugir com Rafael que, ao ver seu digimon praticamente derrotado, voltara à apatia inicial.

– Vamos sair daqui! – diz Antônio segurando-lhe o outro braço com força. Kokabuterimon ainda o puxava pela alça da sacola que carregava nas costas - Devimon quer te destruir e nos destruir por tabela, seu lesado!

– Retornem para o útero do inferno! Garra da Morte.

Devimon salta e faz um movimento de arranhar com a mão direita, liberando uma energia vermelha semelhante a arranhões. A técnica avança rapidamente na direção dos humanos.

– É o fim! – grita Fernanda que, num reflexo de proteção, aperta o braço de Rafael.

Antônio leva um dos braços ao rosto.

A digimon engrenagem e o digimon besouro avançam de encontro à técnica do ditador numa forma de proteger os humanos. A atitude de ambos ativa os digivices dos seus domadores, que brilham e possibilitam suas evoluções.

Solarmon é envolta por um casulo de luz e cresce assustadoramente enquanto ascendia ao céu. Ao dissolver o casulo, a pequena digimon redonda com uma engrenagem laranja ao redor do corpo havia se transformado num balão dirigível de mesma cor. Com braços mecânicos próximos ao compartimento de transporte de pessoas, duas hélices e dois tubos cilíndricos nas suas laterais. Na parte frontal do dirigível, havia um par de olhos e uma lança pontiaguda.

Kokabuterimon também é envolto por um casulo de luz e cresce pouco, adquirindo a aparência de uma espada árabe prateada com um enorme cristal vermelho em seu punho. A fase Adulta de Kokabuterimon libera faíscas elétricas a todo o momento pela extensão do seu corpo, que tem cento e sessenta centímetros.

– Faca Aérea.

A lâmina do digimon em forma de espada brilha e ele, após girar verticalmente em torno do seu próprio eixo, lança uma energia cortante de encontro à técnica do Devimon, levando-a a explodir antes de atingir os domadores. Com a força da explosão, os humanos são lançados na areia quente do deserto.

O digimon dirigível dispara dois torpedos transparentes, que estavam alojados nos seus tubos cilíndricos, contra Devimon que somente tem tempo de projetar suas asas para frente, formando um escudo.

Outra explosão acontece, gerando um enorme cogumelo de fumaça e poeira.

Aos poucos a garota de vestido vermelho se coloca de pé. Estava impressionada com a digimon que sobrevoava o local onde estavam.

– Kokabuterimon, é você? – pergunta Antônio se aproximando do digimon em forma de espada.

– Eu sou a evolução de Kokabuterimon. Me chamo Bladekuwagamon.

O cristal no punho do digimon em forma de espada brilhava cada vez que ele falava algo.

Fernanda ergue seu digivice em direção à evolução de Solarmon, que ainda sobrevoava o local onde estavam, enquanto Antônio ajudava Rafael a ficar de pé.

Blimpmon, um digimon no nível Adulto. Esse dirigível pertence ao grupo dos digimons transportadores. Ataca os oponentes com a “Bomba de Hélio”.

Fernanda, ainda com o digivice erguido, direciona-o a evolução do Kokabuterimon.

Bladekuwagamon, um digimon no nível Adulto. Esse digimon espada, além de afiado é um forte capacitor de eletricidade. Sua principal técnica é a “Lâmina Faísca”.

Ao olhar na direção da explosão, Fernanda percebe que algo passa velozmente pelo cogumelo de fumaça e avança em direção a Blimpmon.

Devimon voava com as garras brilhando. Preparava-se para atacar.

– BLIMPMON!

A indicação da garota alerta a enorme digimon que havia se distraído por alguns segundos. Ao voltar sua atenção para frente, Blimpmon percebe que o ditador voava na sua direção batendo suas enormes asas. Estava com um olhar extremamente determinado. Blimpmon então lança uma rajada de energia a partir da lança presa abaixo dos seus olhos. Devimon voa com maestria e desvia-se de maneira acrobática da investida.

Vendo que Blimpmon não conseguiria atingir Devimon, Bladekuwagamon torna a repetir seu ataque e, após girar no ar, lança outra lâmina de energia contra o oponente. O ditador tenta desviar, mas é atingido em uma das asas e passa a perder bits pela ferida.

Agora o ditador estava frente a frente com a digimon de Fernanda.

– Trevas do Apocalipse.

Devimon une suas mãos e lança uma rajada de energia negra na Blimpmon, englobando-a. Por conta da proximidade, a digimon dirigível não consegue ao menos se defender e regride instantaneamente.

Solarmon cai desacordada alguns metros a frente dos humanos.

Devimon mergulha na direção dos garotos.

– Vou atrasá-lo. Fujam daqui agora! – grita Bladekuwagamon.

O digimon do Antônio avança contra Devimon e reveste seu corpo em eletricidade, protegendo-se de um contato corpo a corpo com o oponente.

– Esses novatos serão destruídos...

Quatro garotos acompanhados por seus digimons espionavam há alguns minutos por trás de uma duna, a batalha de Devimon contra Fernanda, Antônio e Rafael.

– Albert. Vamos ajudar, por favor! – implora a pequena digimon idêntica ao Terriermon de Carlos, a não ser pela sua pelagem marrom, sinais rosa no lugar dos verdes e três pequenos chifres sobre a cabeça. As orelhas dessa digimon também eram grandes e ela estava sobre o ombro do seu domador.

Albert é baixo, corpo mediano, cabelo curtíssimo e óculos com lentes redondas e armação fina.

– Não, Lopmon. É muito perigoso!

– Se tu não queres ajudar, também não atrapalha! Saia da minha frente! – diz tranquilamente um garoto branco e magro, olhos negros levemente orientalizados e sorriso debochado.

Ao seu lado estava um filhote de leão com grandes patas, pelagem amarela e olhos azuis. Usa uma linda pedra verde atada a uma coleira dourada e possui um topete avermelhado.

Albert baixa a cabeça. Estava visivelmente constrangido.

– Quero ver até quando você vai tolerar isso! – questiona o garoto loiro de olhos verdes, que acabara de deixar a infância. Apesar da pouca idade, e de ser um dos domadores mais novos, suas falas deixam transparecer uma firmeza que não é comum a garotos da sua idade.

Um Agumon o acompanhava.

– Ele só está brincando, Victor – afirma Albert ainda de cabeça baixa - Você o conhece muito bem.

– Bah! Tu acordaste com vocação pra super herói hoje, Alex? – questiona o último garoto. É negro e tem o cabelo crespo cortado em moicano.

Seu digimon é um simpático dragão roxo do mesmo tamanho que Agumon. Possui asas presas ao antebraço, grande calda e poderosas garras.

– Quero sair daqui!

– Calma, Albert – pede Lopmon preocupada.

– Não quero morrer nesse mundo estranho! To cansado de ter que batalhar todos os dias pra sobreviver...

– Cara, estamos juntos nessa – diz Victor tentando acalmá-lo – Relaxa que nos não te deixaremos sozinho.

– Não responda por mim! – adverte Alex sorrindo.

– Já decidiram? – pergunta o garoto do moicano – Se formos fazer algo, que seja agora. Aquele Bladekuwagamon não vai durar muito tempo.

– Como se os nossos parceiros fossem... – retruca Albert incrédulo.

– Eu ajudaria se não estivesse morrendo de sede! – explica o dragão roxo, digimon de Mateus. Ele tem o mesmo porte que o Agumon.

– Há mais de cinco horas que estamos cruzando o Deserto do Norte. Nossa água acabou a mais de uma hora...

– Minha água, você quer dizer! – interfere Alex enquanto Agumon falava.

– Quando você quer ser chato... – Victor balança a cabeça de modo negativo.

– Então vamos observar! – conclui Mateus impedindo a eminente discussão – Caso realmente precisem, iremos fazer algo pra ajudar.

– Vamos pessoal. Precisamos buscar ajuda!

Fernanda corre até Antônio e percebe que Rafael continuava estático.

– RAFAEL!

O grito da garota atrai a atenção do digimon negro que, ao perceber que os domadores se preparavam para fugir, golpeia o digimon em forma de espada com um chute, lançando-o contra o chão.

Bladekuwagamon regride e permanece desacordado, assim como Solarmon.

Devimon pousa a alguns metros dos domadores.

– Como é possível você derrotar três digimons e permanecer praticamente intacto? – questiona a garota magra de cabelo ondulado, com a voz trêmula.

– A pergunta é: Você garota, e seu amigo, merecem ser destruídos por mim? Desloquei-me até aqui para sanar uma dívida com Rafael, mas vejo que hoje é um dia promocional do tipo: ataque um, destrua três.

Devimon, sorrindo, estica ambas as mãos na direção dos garotos que entram em desespero e dão-se as mãos, com exceção de Rafael que seguia apático na frente do casal.

– Deem adeus a suas inúteis existências. Agradeçam ao Rafael pela morte precoce de vocês.

Continua...


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