Digimon Beta - E o Hexágono do Mal escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 20
Surge o Primeiro Digimon Perfeito




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João estava atônito. Não conseguia acreditar no que seus olhos viam. Davi, o garoto ruivo que o olhava sorrindo de posse de um digivice verde, é filho de Sara, irmã do seu pai.

João e Davi se abraçam.

Acompanhando o garoto que acaba de chegar, estava um ser de altura idêntica ao Gabumon, trajando um sobretudo rosa e um chapéu branco de abas longas.

– Cara, que mundinho pequeno esse. Se eu soubesse de você, teria vindo aqui antes – diz Davi.

– Se não fosse pela Lúcia, não saberíamos tão cedo.

– Cadê ela?

– Deve estar dormindo.

Rafael os interrompe.

– Eu sei que o papinho dos priminhos está bom, mas eu não tenho tempo a perder. Chega de bancar o bonzinho.

Antes que João pudesse retrucar, Davi lhe toma a vez.

– Já te disseram que você é muito folgado?

– Normalmente eu deixo folgado mesmo!

– E além de tudo se acha! – sorri – Farei um favor. Te darei uma lição. Em você e no seu amiguinho aí. Pronta Palmon?

O digimon que o acompanhava se despe do chapéu e do sobretudo, revelando sua aparência. Uma digimon humanoide de corpo verde, com longos braços que chegam ao chão, pequenas vinhas que fazem às vezes de dedos, pés redondos, olhos graúdos completamente verdes, e uma enorme flor rosa de pétalas caídas, sobre a cabeça.

– Já nasci pronta meu bem! – diz a digimon com voz feminina.

Rafael saca seu digivice e checa informações sobre a sua rival.

Palmon, um digimon no nível Novato. Essa digimon vegetal é divertida e boa de briga. Usa as vinhas das suas mãos para sugar nutrientes do solo. Sua técnica é a “Hera Venenosa”.

– Gabumon, vamos despetalar essa flor do brejo.

O digimon canino também se livra do disfarce e é envolto por um casulo de luz.

Palmon e Terriermon também evoluem.

O casulo de luz de Palmon se dissolve após alguns segundos, revelando a sua nova forma. Um grande e robusto cacto verde, de olhos e bocas vazadas, que usa luvas de boxe e possui duas pernas.

Admirado com a beleza singular do digimon, João rastreia informações.

Togemon, um digimon no nível Adulto. Esse cacto lutador é dotado de incrível velocidade. Sua principal técnica é a “Rajada de Espinhos”.

João iria ordenar que Betamon evoluísse, quando é interrompido pelo Davi.

– Prefiro cuidar deles sozinhos.

– Mas você está em desvantagem!

– Eu sei o que estou fazendo. Aguarde e confie

Garurumon rosnava para Togemon, enquanto Gargomon apontava suas metralhadoras.

Os domadores se afastavam dos digimons Adultos, quando Garurumon salta sobre Togemon. O digimon cactos desfere um soco no focinho do digimon lobo ainda no ar, lançando-o próximo a prefeitura.

– Braço Metralhadora.

– Rajada de Espinhos.

Togemon estufa o peito e lança uma rajada de espinhos contra Gargomon. O choque entre as técnicas gera uma pequena explosão.

Antes que a nuvem de fumaça se dispersasse, Gargomon é surpreendido pela Togemon, que agora estava próxima.

– Soco Supersônico.

Togemon desfere uma sequencia de socos no Gargomon a uma velocidade incrível. Seus braços pareciam borrões de tinta que atingiam o digimon coelho sem lhe dar chance de defesa. Ao sentir que o oponente estava desnorteado, Togemon lhe dá um chute e o lança contra o elevador.

– Esse enigma é muito complicado. Já tentei de tudo e não consigo decifrá-lo.

Lúcia estava sentada sobre a cama, na companhia de Gotsumon, com o seu laptop sobre o colo. Analisavam o enigma do Arquivo Digimon.

– Com a ajuda dos outros, nos vamos conseguir!

– Espero...

– Leia ele de novo pra mim – pede o digimon.

“Numa noite não muito distante, noite essa em que as trevas ofuscarão a lua e as estrelas. Quando um cheiro de rosa se dissipar pela cidade portal, uma luz inesperada brilhará, e quando menos se esperar, o brilho tomará a forma de um objeto sagrado, levando todo o bem e todo o mal para o mundo zero um.

O hexágono de doze pernas induzirá uma grande contenda, em que somente os puros de espírito, chegarão ao topo da montanha.”

Verônica também lia o enigma para Plotmon.

– Isso é bem interessante.

– Pelo visto, teremos que desvendá-lo para poder saber o fazer daqui pra frente.

– Lúcia sempre nos disse sobre uma missão. Acho que esse enigma tem a ver com essa missão.

– Teremos que ir para o Mundo Digital?

– Só desvendando o enigma para saber.

– “Numa noite não muito distante...” – diz Plotmon - Será hoje? Ou amanhã?

– Pode ser qualquer dia, Plotmon.

Lúcia e Gotsumon também conversam.

– Minha cabeça vai explodir. Não consigo descobrir nada!

– Calma Lúcia. Nós vamos conseguir achar um caminho.

– Quanto mais eu leio, mais eu fico confusa.

– To entediado de ficar em casa.

– E vai continuar. Por que eu não to a fim de sair. Já está tarde.

– Vamos à casa de João! A gente tenta decifrar o enigma junto com ele.

– Não!

O digivice roxo reage.

– Era o que faltava... Vou logo avisando que se for outra briguinha deles, eu nem saio de casa!

Lúcia entra em contato com João.

– João?

– Oi – responde do outro lado da linha.

– Ta batalhando?

– Eu não! Meu primo sim.

– Que primo?

– O domador que você encontrou hoje à tarde.

– Sério?

– É!

– Me espera que eu to chegando.

– Você não tinha dito que estava tarde para sair de casa? – questiona João.

– Disse. Só que o domador que eu encontrei está aqui em Salvador, e eu tenho que ir conhecê-lo.

– Beleza. Estamos na Praça Municipal.

– Sei lá onde é isso!

– Na parte alta do Elevador Lacerda.

– Ah! Entendi.

– Rajada Uivante.

Garurumon tenta atingir Togemon, que desvia da investida, mas é surpreendida pelo Gargomon e seu “Soco Animal”. A digimon cacto cai, e é prontamente atingida pelo lobo e sua “Rajada Uivante”.

– E agora sardento? – pergunta Rafael – To esperando a lição que você me ensinaria.

– TOGEMON! Saia daí!

O digimon cacto gira para o lado, saindo da rota da técnica do inimigo e, mesmo enfraquecido, corre até Garurumon e Gargomon.

O digimon lobo percebe a aproximação da Togemon, e lança sua técnica novamente. Para se proteger, a digimon de Davi gira em seu próprio eixo, a uma velocidade incrível, formando uma natural proteção contra as chamas azuis do oponente, que não mais lhe atingiam.

Togemon seguia se aproximando, ainda girando como um peão.

– Braço Metralhadora.

O digimon de Carlos dispara suas duas metralhadoras contra Togemon, mas não adianta.

Aos poucos, a feição vitoriosa e confiante estampada na face de Rafael instante antes, vai desaparecendo.

– Vamos começar pelo abecedário – diz Davi sorrindo.

João e Betamon assistiam à batalha impressionados com a disposição da digimon de Davi.

Do enorme salão de paredes inteiramente feitas de pedra e iluminação precária, por conta de tochas presas a parede, dois dos tronos estavam ocupados. Os seres observavam toda a movimentação de João, Rafael, Carlos, e o recém-chegado Davi, pela janela mágica que lhe permitiam tal visão.

– Os seis domadores finalmente estão próximos. Esse é o momento ideal pelo qual aguardei para destruí-los.

Uma mão vestida em luva cinza leva o cálice de vinho à boca.

– Pelo qual aguardamos, você quer dizer! Afinal de contas, eles ameaçam nossa sobrevivência e eu estou diretamente engajado nesse trabalho – pontua o ser que já os havia observado das vezes anteriores, agora desacompanhando da mão de unhas vermelhas.

– Que seja! Quero a cabeça dos quatro: João, Verônica, Lúcia e esse humano dos cabelos vermelhos, Davi. Rafael e Carlos ainda nos serão muito úteis, afinal de contas, existem outros domadores em João Pessoa, Fortaleza, Rio de Janeiro e na região conhecida como Minas Gerais.

– Acho desnecessário perdermos nosso tempo com os demais, se somente os seis é que detém o poder de nos destruir.

– Você me deve obediência, caro colega. Se eu decidir que devemos destruir todos é o que faremos.

– Engana-se. Minha inteligência e conhecimentos superam minha força mística. Boa parte de nossas conquistas foram desenvolvidas por mim. Portanto, minha opinião tem o mesmo peso perante a opinião dos demais.

– Sua voz está me desconcentrando – novamente leva o cálice de vinho à boca – Chegou a minha vez de brincar um pouco.

Alguns segundos se fazem de total silêncio.

– Já sei! – prossegue - Acho que está mais do que na hora de conhecerem o poder de um digimon Perfeito.

Togemon, Garurumon e Gargomon estavam exaustos. Forçavam além dos seus limites para prosseguirem com a batalha e acabam regredindo.

– Como que pode esse monte de espinhos conseguir lutar de igual para igual com dois digimons do mesmo nível? – questiona Rafael com os olhos saltados.

Antes que Carlos pudesse pensar em algo convincente, já que também estava bestificado, Davi responde.

– Eu e Palmon enfrentamos digimons lá em Itabuna faz seis meses. Temos experiência de sobra.

– Seis meses? Tudo isso?

– É João! É muito difícil manter um segredo desses por muito tempo. Eu pensava que era o único, até Lúcia me encontrar!

Um som de buzina atrai a atenção dos domadores.

Lúcia estaciona um carro nas proximidades e corre junto com Gotsumon, agora vestido de Superman. Verônica também sai do carro na companhia de Plotmon.

– Olá!

– Lúcia? – pergunta Davi.

– Isso mesmo. Tudo bom, Davi?

Cumprimentam-se com um forte abraço.

– Eu me chamo Verônica - o cumprimenta com beijos no rosto.

– Gotsumon. Você tem um figurino por dia, é? – pergunta João sorrindo.

– Não! Tenho do Superman, do Batman, do Homem de Ferro, e do “O coisa”, do Quarteto Fantástico.

– O bom, é que do “O coisa” você só utiliza o shorts.

João, Betamon e Gotsumon gargalham.

– João, o que aconteceu com sua boca? – pergunta Verônica preocupada.

– Ganhei um soco de Rafael!

– Rafael, você está passando dos limites – esbraveja Lúcia alterada.

– Já disse pra não se envolver, Lúcia – lembra o garoto de corpo musculoso.

– Relaxem. Davi deu uma lição na dupla dinâmica. A digimon dele é muito poderosa.

– Obrigada meu bem! Eu sei que sou! – agradece Palmon sorrindo.

– Adorei sua Digimon, Davi! – exclama Lúcia aplaudindo.

– Da próxima vez, prometo que não ficará somente no soco – diz Rafael apontando o dedo na direção do João.

– Não terá próxima vez não, Playboy! – afirma Davi.

– Se você tocar um dedo sequer novamente no João, será a última coisa que vai fazer – afirma Verônica também revoltada.

– Essa briguinha de vocês já ultrapassou o cúmulo do absurdo! – diz Lúcia visivelmente cansada de repetir o mesmo discurso - Acabei de ver três rapazes correndo desesperados próximos daqui. Com certeza eles presenciaram algo, ou até mesmo filmaram! Não dá pra ficar contando com a sorte a todo o momento, galera! E Davi, eu te chamei pra me ajudar a colocar um ponto final nessa rivalidade, e não para fazer parte dela!

Um filete de luz branca surge brilhando no céu, e atrai a atenção dos domadores. Esse traço brilhante segue ganhando largura até que através dele surge um tiranossauro de couro laranja com listras na cor anil. Braço direito mecânico, armadura de metal sobre a cabeça e o peito, e três pares de asas mecânicas semelhantes a asas de libélula.

O tiranossauro cyborg pousa em frente aos domadores, estremecendo o chão.

– Esse dinossauro é bem maior que o Tyranomon que eu enfrentei! – afirma João.

Davi se destaca no meio dos demais acompanhado da sua digimon e saca seu digivice, lendo em voz alta as informações sobre o digimon.

– Metalgreymon, um digimon no nível Perfeito. Esse dinossauro cyborg possui um braço mecânico e um compartimento alojado em seu peito, de onde ele dispara o seu “Giga Torpedo”.

Todos erguem seus olhares de espanto para Metalgreymon, que seguia imóvel.

– Como é que é? Perfeito? – pergunta João.

– Quer dizer que existe um...

– Exato! – diz Davi interrompendo Verônica – É um nível evolutivo acima do Adulto. Além de poderosos, esses digimons, em sua grande, maioria são espertos e cheios de técnicas.

– Perfeito, né? Deve ser muito forte! – cochicha Rafael para Carlos.

– Primeira vez que vejo um digimon desse tamanho – Carlos empurra os óculos com o indicador. Terriermon sobe em seu ombro - Cada dente dele deve ter de trinta a quarenta centímetros.

Metalgreymon lentamente movimenta a cabeça olhando todos os domadores e digimons presentes. Seus olhos ardiam em chamas.

O digimon Perfeito urra, salivando de modo que escorria entre as presas.

– Aí que nojo! – grita Lúcia levando a mão à boca.

– Pessoal – diz o domador ruivo, chamando atenção de todos os presentes – Precisaremos atacar de maneira sincronizada. Só assim teremos alguma chance.

Continua...


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