Serena POV

Draco levantou de repente e eu tentei não segui-lo com o olhar. Seus dedos macios tocaram meu pescoço em um leve e rápido carinho que fez meu corpo inteiro formigar. Draco Malfoy estava brincando comigo? Ele queria me enlouquecer! Não é possível.

- Serena – pela primeira vez desde que chegamos a Hogwarts, Draco me chamou pelo nome. E eu tremi ao ouvi-lo – pode continuar amanhã, eu estou cansado hoje! – soprou as palavras em meu ouvido. Mexeu em meu cabelo e esperou que eu levantasse.

- Draco Malfoy, cansado? – foi tudo que conseguir dizer por alguns segundos. Depois de me recuperar, me arrisquei a perguntar – Draco, sem querer ser indelicada, mas quantos anos tem agora?

- Quarenta. – disse ele. Fitava-me com... curiosidade.

- Não parece ter quarenta, Malfoy. – disse provocando-o.

- Quantos anos pareço ter? – perguntou ele sensual e se aproximando levemente de mim. Notei que ele desabotoou mais um botão de sua camisa, e que já desabotoara um após minha entrada em sua sala.

- Hum, no máximo vinte. – eu disse. Era a mais pura verdade. Draco estava mais jovem do que jamais fora. Talvez sendo professor ele finalmente tenha encontrado a felicidade.

- Vinte anos? Está brincando comigo, Terrence? – disse ele – tenho idade para ser seu pai.

- Tem mesmo, mas quem o vê na rua jamais diria que você é pai, Draco. – disse. Ele estava muito perto.

- Isso porque não sou pai. – disse ele. Deu um passo para frente e desabotoou outro (acho que o sexto) botão.

- Não. – disse hipnotizada com seu perfume. Draco me prendia contra a parede. Tirou a camisa por inteiro (não que faltassem muitos botões para isso acontecer), e, tentando não olhar para seu abdômen definido, lembrei o quanto isso é errado – você está bêbado, Draco Malfoy! É meu professor, e eu estou na detenção. Coloque logo essa camisa!

- Certo. – disse ele com cara de que eu estraguei a diversão, mas ao mesmo tempo pareceu voltar a si. Colocou a camisa e abotoou quase todos os botões (menos dois, não deixando nada à mostra).

- O que estava pensando, Draco? – perguntei enquanto minha voz sumia – sou sua aluna. Você mesmo disse isso. – me virei indo em direção à porta.

- Vejo você amanhã – ouvi sedosas palavras de Draco, e fechei a porta indo para o corredor. Por pouco não fui vista por zelador Filch (tenta explicar para ele que você estava de detenção!), que parece que nunca vai morrer, e fui ao salão comunal. A maioria dos grifinórios ainda estava acordada e fora de seus dormitórios.

Entrei em meu quarto e dei de cara com Gabrielle. Por sua cara, ela percebeu que eu estava alterada, mas pareceu decidir não perguntar o que havia acontecido. Estávamos sentadas em nossas camas há mais de uma hora quando finalmente ouvi sua voz.

- O que aconteceu, Se? Como foi a detenção com o professor Malfoy?

- Como qualquer outra detenção seria. – respondi friamente. Desde que você considere que o professor gostoso tira a camisa e fica jogando charme pra cima de você porque está bêbado. Mas isso são apenas detalhes.

Apaguei a luz quando senti sono, e não demorou muito até que eu adormecesse.

Acordei com uma batida contra a janela. Um vulto preto manchado de branco me encarava. Lullaby esperou até que eu levantasse e permitiu que eu desamarrasse uma carta de sua perna. Acariciei sua cabeça.

“Eu, Joana Terrence permito que minha filha Serena Terrence visite a cidade de Hogsmeade nos fins de semana marcados”

Eu sorri, enquanto tentava imaginar como minha mãe tinha mandado Lullaby atrás de mim.

Fiz minha higiene matinal e me vesti, acordei Gabrielle e fomos tomar café-da-manhã.

Sentei-me novamente ao lado de Tiago e em frente a Alvo.

A primeira aula de hoje era Herbologia. E o professor era ninguém mais, ninguém menos que Neville Longbottom.

- Oi, pai. – ouvi Gerald dizer, e Neville assentiu com a cabeça. Aquilo foi quase um “oi, filho”, mas acho que professores não podem demonstrar esse tipo de relação com os alunos. Isso me fez lembrar de Draco, e uma parte de mim implorou para que ele estivesse bêbado, e novamente uma pequena e louca parte de mim implorou para que Malfoy estivesse completamente consciente e responsável por seus atos ontem durante a detenção.

Herbologia não era uma aula divertida. Nem um pouco. E para minha animação, a próxima aula era História da Magia, e nada mais emocionante e animador que um fantasma entediante.

Quando finalmente o dia estava prestes a acabar, me toquei que tinha mais uma detenção hoje, porque o bêbado do Malfoy preferiu ficar me seduzindo (não que ele tenha conseguido) do que acabar de separar os trabalhos.

- Olá, senhorita Terrence. Pronta para acabar com os trabalhos – pude notar que ele reprimiu um... o que foi aquilo? Seria um sorriso?

Assenti e comecei o trabalho. Para meu alívio (com uma pitada de decepção, eu admito) Draco não bebeu hoje e não se levantou para acariciar de leve meu pescoço, mexer em meu cabelo, tirar a camisa e me seduzir (eu ainda não acho que ele conseguiu) enquanto me mantia presa contra a parede.

Minha pilha (novamente a maior) já havia acabado e murmurei um “até amanhã” enquanto saia. Fui detida pela mão de Draco que segurou meu braço com força, mas ainda sim, delicadamente.

- Serena, eu não estava bêbado ontem – disse ele e sorriu torto. – e até amanhã. – aquilo foi uma piscadela, ou minha mente cansada me pregando peças?

Ele não viu o sorriso discreto (ok, nem tão discreto assim) que abri ao sair de sua sala. COMO EU SOU IDIOTA! Ele é velho! Ele tem idade para ser meu pai. Meu pai! Ele deve ter estudado com meu pai, ele pode ter sido amigo do meu pai! Eu NÃO POSSO gostar de um amigo do meu pai!