As coisas realmente não eram mais as mesmas. Embora somente eu e Tiago tenhamos tido conhecimento da conversa que tivemos, as coisas estavam estranhas entre nós. Havia um clima de tensão no ar.

E minha cabeça estava em qualquer outro lugar, que não Hogwarts. Eu não parava de pensar em como seria ruim se eu e Tiago não fossemos mais amigos. Eu não poderia suportar o que estava acontecendo.

E eu não poderia suportar que, por algum motivo, que eu ainda não tinha idéia do qual, alguém na escola estava disposto a arriscar tudo para matar Al e Tiago, e quem sabe mais alguém.

- E então, o que você acha? – uma voz mais alta e raivosa do que o comum me trouxe de volta à realidade, e para minha surpresa eu estava no salão comunal.

- Do que, Al? Desculpa, eu tava distraída. – falei, ainda atordoada.

- Que tal irmos para Hogsmeade e comemorarmos o aniversário de Gabrielle no Três Vassouras e na Dedos de Mel? – olhei em volta e vi que Ella estava do outro lado do salão comunal beijando Gerald. Al também virou-se, espalhando seu cheiro de hortelã e... lírio.

- Ah, claro, vai ser legal. – tentei ao máximo não soar triste, mas aparentemente sem muito êxito.

- O que houve, Se? Você tá tão estranha esses dias. Tiago também está. Vocês brigaram? – seus olhos verdes brilharam inocentes, indicando que ele realmente não sabia de nada.

- Não... É só essa coisa do assassino à solta e... depois da faca no seu travesseiro, não temos idéia de quem pode ser e isso é horrível. – falei chorosa. – e parece que ninguém está conosco mais.

- Calma, Se. – suas mãos pousaram em meu rosto quente. – Relaxa, tá bom? Eu estou aqui, eu estou do seu lado, e mesmo que eu não possa dizer o mesmo do resto das pessoas, eu prometo que não vou te deixar. Eu estou aqui, e não vou sair tão fácil, mesmo que você queira se livrar de mim. – abri um sorriso – porque é isso que os amigos verdadeiros fazem, e eu sei que a nossa amizade é pra sempre. Então relaxa, porque seus amigos sempre te ajudarão com todos os seus problemas e te farão rir nos momentos certos, e secarão as lágrimas que caírem por causa de quaisquer motivos, porque é pra isso que eles existem.

- Alvo, você é o melhor amigo que eu poderia desejar. – falei, enquanto seus braços me envolveram e eu finalmente senti que as coisas não dariam tão errado assim. Porque se eu perdesse a amizade de Tiago, o que seria horrível, eu ainda teria o Al para me confortar nas horas em que eu me sentisse sozinha.

- E você é a melhor amiga que eu poderia desejar. – sorriu também, colocando o cobertor que estava em seu colo em meus ombros.

- As coisas não são as mesmas entre eu e Tiago.

- Ele também sente isso?

- Não, na verdade ele ficou bem surpreso quando eu disse isso pra ele alguns dias atrás. – falei, reprimindo uma lágrima.

- Então é por isso que vocês estão desse jeito. – concluiu Al e eu assenti. – E então vocês terminaram.

- Não. Eu disse pra ele que queria pensar, porque eu não sei se eu ia ficar bem se a nossa amizade acabasse junto com isso. – tentei não soar tão triste quanto eu estava.

- Não vai acabar. Mas se acabasse, ele seria idiota de não correr atrás da amizade de vocês dois, e se ele é idiota, não vale a pena se preocupar com isso. Então, se você não se sente mais do mesmo jeito em relação a ele, devia terminar mesmo. – falou inexpressivo, dando um ótimo conselho de amigo.

- Conversar com você, às vezes resolve tudo.

- Só às vezes? – falou irônico – que decepção!

- Seu bobo! – disse rindo.

- Eu sei que sou bobo, é por isso que sou especial.

- Não, você é especial por todos os outros motivos. – disse notando que nossos rostos estavam próximos demais, e rapidamente os afastei. Então, encostei minha cabeça em seu ombro, e os minutos (ou horas) seguintes foram de absoluto silêncio, silêncio que é agradável.

Vi Tiago chegando e pouco depois ele sentou-se ao nosso lado. Entrelacei minhas mãos nas dele e sorri, querendo dizer que estava tudo bem.

- Você já pensou? – perguntou inocente e carinhoso, então Al levantou-se, vendo que aquilo era particular.

- Já. Eu quero terminar, Thi. Mas não há nada no mundo que eu queira mais que sermos grandes amigos, como éramos antes.

- Certo. – uma fina lágrima escorreu por seus olhos. – eu jamais deixaria de ser seu amigo, isso seria insuportável. E embora eu não saiba o que aconteceu com a gente, eu quero que você seja feliz.

- Isso é muito legal da sua parte.

- Você tá apaixonada por outro, voltou a gostar do Malfoy? – sua voz não soava raivosa, mas triste e confusa.

- Não, Thi. Eu só acho que não é a mesma coisa, mesmo...

- Você promete que vai contar quando gostar de alguém?

- Prometo. E eu ainda te amo. Só não do mesmo jeito...