- Mas você estava com ele como amiga, certo? – perguntou, não mais com raiva, mas surpreso.

- Não. – falei firmemente. Senti meus olhos marejarem, mas eu não permitiria que mais lágrimas caíssem.

- Você estava... me traindo com Tiago? Esse tempo todo? Esse tempo todo que jurou que não, que eu confiei em você?  E você mentiu. – ele parecia sério. Eu diria inexpressivo.

- Você disse que entenderia. Você prometeu. – uma lágrima inevitável rolou por meu rosto.

- Não. Eu não entendo, Serena. Você parecia feliz comigo! O que viu nele, me diga? Eu sou o mais velho inalcançável da história! O que viu nele? – seu rosto estava vermelho e lágrimas tristes e raivosas que eu nunca pensei que veria escorrer dos olhos de Draco Malfoy rolavam sobre ele.

- Draco, eu te amo! Mas eu também o amo! E ficar com você é muito mais difícil que com ele, se você tivesse idéia...! – comecei a chorar desesperadamente como ele.

- Eu tenho idéia! Mas quando as coisas ficam difíceis você desiste? Vai ficar com um aí que pega qualquer uma?

- Ele não pega qualquer uma! Ele me ama! E eu o amo! Porque você não aceita isso? Se você aceitasse, talvez tivesse alguma esperança de continuarmos juntos e eu terminar com ele. – falei ao sair e bater a porta o mais forte que pude. Como ele pôde? Depois de tudo que passamos, depois de ter prometido, ele não entende!

Draco POV

Quando ela bateu a porta, esqueci toda a minha raiva, e nada restou além da tristeza. Como ela pôde fazer algo assim comigo? Todo esse tempo eu pensei que era verdade. Confiei nela. Confiaria minha alma a ela. E ela me traiu. Ela mentiu. Ela me enganou. Sequei minhas lágrimas. Não vale a pena chorar por ninguém que fez algo assim com você. Ela não me merece.

Eu achei que ela a primeira pessoa especial de verdade na minha vida. Mas parece que a gente nunca sabe da verdade até ouvir quanta mentira foi dita. Como eu posso ter sido tão estúpido a ponto de não ter percebido, de ter acreditado! Ela deve ter transado mesmo com ele naquele dia. Não que faça diferença.

Mas faz. Eu a amava. Eu a amo. E ela sempre vai ser lembrada como a garota que mais me fez ser feliz, e que mais me deixou triste.

Continuei a corrigir os trabalhos dos alunos do terceiro ano. Algumas lágrimas caíram sobre alguns deles e borraram palavras que não pude ler. Fui interrompido por alguém que bateu na porta.

- Olá professor Malfoy. Se importa de falar comigo um instante? – perguntou uma voz que tinha se tornado insuportável para mim.

- Caso não tenha percebido, eu estou ocupado, Potter. – respondi rudemente, me perguntando se ele já sabia de tudo.

- Você já soube, não é? – perguntou ele, porém eu o ignorei. – Claro, com certeza já. E acho que não a perdoou, certo?

- Eu diria que isso não é da sua conta, Potter. Sei que veio aqui para conferir se sua namoradinha está disponível. Porque não pergunta a ela? Eu diria que ela terá prazer em desabafar com você. – reprimi qualquer outra lágrima na frente daquele idiota.

- Certo, então a resposta para essa pergunta é não. Mas não faz diferença para mim se ela vai ou não ficar comigo. Eu realmente quero que ela fique feliz. Vim falar com você porque eu acho que estamos envolvidos em uma situação delicada. Você ainda a ama, não é mesmo? Eu amo. E ela ainda te ama. Eu acredito que ela não tenha feito nada por mal. Sei o que ela sentiu. – sua voz não soava brava ou ameaçadora, mas gentil.

- Claro, não é Potter? Você já fez a mesma coisa milhares de vezes! Mas não é possível amar duas pessoas de uma vez só. E eu duvido que ela jamais tenha te amado, você é só mais um homem fácil que todas as mulheres desejam. – tentei controlar minha raiva para não matá-lo ali mesmo.

- Eu traí. Admito. Mas não quero repetir esse erro e vou sempre perdoá-lo nos outros. E é realmente uma pena que você não a perdoe, professor. Ela te ama. Te ama muito, eu posso ver isso. Acredito que ela te ame como jamais me amará. – suas palavras e sua voz eram doces e levemente tristes. – E você ainda está perdendo uma garota incrível.

- A decisão é minha, Potter. – falei firme.

- O que é isso no canto do seu olho, professor? É uma lágrima? Espero que seja, porque isso significaria que você se importa. E você se importa. Mesmo que tente esquecer, você não quer esquecer. Isso se chama amor verdadeiro. Se quer saber de uma coisa, eu também tenho sentido isso ultimamente. – disse ele, e entendi o que Serena via nele. Ela via o charme que ele consegue jogar para cima de todos. Mas eu não iria cair na de Tiago Sirius Potter.

- Quer saber a verdade, Potter? Eu a amo. Mas não a perdôo. Se ela foi burra o suficiente para ficar com você, eu serei esperto o suficiente para esquecê-la. – sequei discretamente a lágrima no canto de meu olho.

- Porque não a perdoa? Você podia simplesmente perceber que esse erro, ESSE ERRO foi a primeira e única imperfeição dela. Porque não percebe isso? Eu juro, acredite, que se você a perdoar, eu esqueço tudo que nós tivemos, porque com você ela parece estar feliz. Você é tudo que ela nunca teve, e tudo que ela sempre quis. Então se você for esperto o suficiente para perdoá-la, EU tentarei esquecê-la e a deixarei ser feliz com você. E isso é uma promessa.

- Promessas são esquecidas. Juramentos são ignorados. Caso você não tenha entendido, eu não confio mais, depois disso eu simplesmente não confio mais. Nem nela, e nem em você. Se me dá licença, eu peço que se retire da minha sala, Potter. O dia tem que continuar. – falei, contente no fundo pelas palavras terem feito o efeito que eu esperava.