Tiago ficou mais vermelho quando percebeu o que tinha feito, e no lugar da raiva, ficou a vergonha.

- SUA garota, Sirius? – perguntou Alvo. Eu os conhecia há tempo o suficiente para saber que só se chamavam pelo segundo nome quando estavam furiosos, fui violentamente jogada para cima de Bryan quando Al levantou.

- Sabe que não quis dizer isso, Al. – falou Tiago sem graça.

- Não, quero ouvir, e parece que todos no salão também, a sua explicação, Sirius. – continuou Al. Eles caminhavam em círculos, e olhei para Al com cara de “olha a confusão que você está aprontando”. Tiago pegou a varinha em seu bolso discretamente, quando Alvo ergueu a sua.

- Expelliarmus! – gritou Al tão forte que a varinha de Tiago foi parar do outro lado do salão comunal, e foi pega por uma garota desesperada (e vaca) que exibiu-a para suas amigas. – não vai me vencer tão fácil, Sirius. Você me deve uma explicação.

- Não vai querer isso, Al. Sabe muito bem que todos nesse salão estão a meu favor. Não quero te machucar. – disse Tiago suando um pouco.

- Nem todos, Sirius. Pare de se exibir. Como espera me machucar sem a varinha? – perguntou. Como eles estavam idiotas (e lindos), infantis (suados), e retardados (e sexys).

- Quer mesmo que eu mostre? – retrucou Tiago, e antes que obtivesse uma resposta, Alvo atirou-se em sua direção, mas eu o segurei.

- Meninos! Parem com isso! Al, seu irmão está ferido! E Tiago, que história é essa? – perguntei, esperando que ele não respondesse.

- Sirius pediu! – disse Alvo, atirando-se novamente contra Tiago, e me fazendo cair no chão. – Serena, você está bem?

- Estou bem – disse, levantando com a ajuda dos dois garotos. – mas é melhor essa briga acabar por aqui!

- Certo. – disseram os dois em uníssono, e viraram de costas um para o outro, até que Al voltou para seu quarto.

Eu fitei Tiago por longos minutos com uma cara de “o que estava pensando, seu idiota?”, e parece que ele entendeu a mensagem, porque pediu desculpas. Subi para meu quarto.

Poucos minutos se passaram antes de Gabrielle entrasse em nosso quarto.

- O que aconteceu, Se? Todo mundo tá falando de uma briga e...

- Não é nada de mais, Ella, só o Tiago e o Al que enlouqueceram assim, de repente. – falei. Eu não esperava que ela acreditasse em mim, mas não queria falar sobre isso aquela hora. - Tiago se machucou, e quando estava voltando da Madame Pomfrey... Ahhh! Depois eu te falo. Mas me conta, o que você fez tanto tempo com o Gerald, hein?

- Nada demais, eu juro, eu acho que não estou pronta para nada assim ainda, nós só ficamos nos beijando. – disse ela.

- Quando você transar com ele, é bom me contar, Gabrielle, se não quiser sofrer uma maldição imperdoável. – nós duas rimos, e ela deitou, e deu um longo suspiro.

- Sabe, Se, ele é meu primeiro namorado.

Adormeci com o sussurro dessa frase.

Na segunda, já acordei me sentindo diferente. Não sai do dormitório no domingo, e tentei tirar toda essa confusão de minha mente com o trabalho estúpido de poções. A cada lugar que eu ia, todos me observavam. Muitas garotas me olhavam com repulsa, e a maioria dos estudantes cochichava “Ei, não é a garota que o Potter tá a fim?” “Soube que é ela a garota do Potter da vez”.

Na aula de DCAT, Draco me fitou decepcionado. Certamente a fofoca já chegara aos ouvidos até dos professores. “Soube que houve uma briga ontem no salão comunal por ela, e nenhum monitor para impedir isso?”, ouvi algum deles comentando durante o café-da-manhã. E o pior, era que Tiago não negava nada. Se qualquer outro garoto gostasse de alguém, simplesmente iam ignorar.

- Senhorita Terrence, onde pensa que vai? – perguntou Draco no fim da aula. Tiago me esperava do lado de fora e acompanhou Alvo encarando Draco com raiva, com nojo. – acho que tenho um assunto a tratar. – olhei para os garotos e murmurei um rápido e silencioso “vejo vocês mais tarde, vou ficar bem”

- Não é verdade, Draco, é só um boato idiota. – Draco me avaliou, pensando se acreditava ou não.

- Tudo bem, Serena. Não faz diferença, sei que você não ficaria com esse Potter. – tive que me controlar para não defender Tiago. – mas queria saber o que aconteceu noite retrasada.

- É a mesma coisa que tive que repetir o dia todo, Draco. Tiago enlouqueceu, Alvo ficou bravo, e eles começaram a brigar. – falei a ele, e dei um leve beijo em sua bochecha.

- Quero te ver mais tarde. – cochichou antes que eu saísse.

- Então te vejo quando eu acabar as tarefas. Até logo, Draco.

O dia foi longo, enorme, imenso, gigante, imensurável. Cansei de mentir, cansei de mentir tanto. E depois da briga dos garotos, eu não diria mais a Alvo a verdade. Era arriscado demais. Eu tinha a impressão de que algo muito ruim ia acontecer se eu contasse a ele. Talvez ele falasse com Draco para dar uma lição no irmão. Ou talvez fizesse o irmão ser expulso se envolvendo em uma briga com um professor.

Eu confiava minha alma a Al para qualquer assunto, menos seu irmão. “Sev, me passe o sal.” “Vem pegar, Sirius” “Não me obrigue a ir até ai!” “Eu não acabei de mandar você fazer isso?”, os dois passaram o dia inteiro assim. Estavam completamente insuportáveis. Eu seria capaz de dar um soco mais forte neles do que em qualquer outra pessoa em Hogwarts que estava comentando sobre o assunto.

Mas o dia acabou e todos nós sobrevivemos.