Terminei de me vestir e logo me pus de frente ao espelho. Colocando meus brincos e outros acessórios e fazendo uma pequena maquiagem. Lisa estava arrumando Allie para ir até o show de Justin. Sinceramente, me arrependo de ontem e não acho que seria realmente bom levar Alice até o seu show. Eu tinha medo, medo de saber o que seriam capazes de fazer com a minha pequena se soubessem que ela era filha dele. Aliás, fariam de tudo para não manchar sua imagem de bom garoto. Justin é do tipo de cara que consegue dizer as palavras mais bonitas, ele consegue dizer o que uma garota quer ouvir, manipula com palavras bonitas, mas, nunca se sabe se essas palavras são realmente verdadeiras. Nunca se sabe quando ele fala a verdade.

–Winchester, como estou? – ouvi a voz doce de Allie falhar ao pronunciar meu sobrenome.

Suspirei e me virei para fitá-la. Ela usava uma saia de preguinhas preta e uma blusa roxa escrita “Never Say Never”, ela parecia uma pequena adulta. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo e sua franjinha cobria seus olhos. Seu sorriso estava enorme e aí eu percebi o quando Alice parecia com seu pai.

Ela era minha pequena anjinha. E quando penso em tudo que passei apenas para que ela ficasse viva, eu começo a achar que eu não posso deixar que Justin se aproxime dela. Aliás, eu a criei sozinha, trabalhei dia e noite. Perdi minha adolescência, aos meus 16 anos tive que morar sozinha, em pensões cheias de gente desconhecida, fiquei na rua por um tempo, passei fome e... O parto, como doeu. Ele me fez sofrer tanto, por causa dele! Eu perdi tudo, exatamente tudo por causa de Justin. Tudo bem, ganhei Alice como anjo, mas, ainda assim, perdi mais do que ganhei.

– Claire? Está aí? Mãe? – acordei de meus pensamentos, quando vi Allie puxar a barra de meu short.

A peguei no colo e a abracei, a pequena apenas afundou sua cabeça em meu ombro e me abraçou também. Era um dia especial pra ela. Mesmo ela ainda não sabendo que Justin era seu pai, era especial.

– Oh, meu deus... Você... Você é tão parecida com seu pai Allie. – disse baixinho, enquanto sentia uma lagrima escorrer até minha bochecha.

– Porque você nunca fala dele, Claire? – ela levantou o rosto e me fitou, colocando suas mãozinhas sobre minha bochecha. – Porque nunca fala do papai? – fez uma voz manhosa.

– Ele está mais perto do que imagina, Allie. – dei um meio sorriso.

Alice tinha os olhos caramelados igual ao do seu pai. Já eu, tinha o olho verde, bem verde. Fiquei fitando seu rostinho, enquanto ela sorria e ao mesmo tempo se contorcia no meu colo, tentando descer. A coloquei no chão.

– Podemos ir, princesas? – a voz de Lisa ecoou pelo quarto, a olhei com um meio sorriso e logo fomos até seu carro.

Não demorou muito para chegarmos até o local onde seria o show, mas, a fila, estava totalmente imensa. Como eu iria passar por isso? Qual é, minha filha, é filha dele, porque temos que esperar tanto? Hm, droga. Avistei Kenny, andando, tirando fotos e entregando alguns ingressos, então fui falar com ele.

– Hey. – toquei em seu ombro e ele se virou rapidamente. Era incrivelmente alto. Lisa já havia ido embora e Alice segurava minha mão com força. – Kenny... Eu sou Claire... Claire Winchester e essa é a minha filha, Alice. Alice... – apontei pra ela. Até falaria seu sobrenome.

– Bieber. Essa é a pequena Alice? – ele passou a mãos pelos cabelos da minha pequenina. – Eu sei quem você é. Justin me falou sobre você. – ele sorriu.

– Você sabe sobre... –

– Eu sei de tudo. – piscou pra mim e eu apenas ri. – Venha, acho que ela gostaria de vê-lo antes de começar o show. E você também. – ele fez um gesto pedindo para que o seguíssemos e foi o que fizemos.

Andamos um pouco, até chegar ao estádio, os bastidores do show e por fim, o camarim. O caminho inteiro, Allie puxava minha meia calça, meu short e me perguntava a onde estávamos indo. Sal voz era uma pouco assustada, mas, seu sorriso e brilho nos olhos me diziam bem que ela estava adorando tudo aquilo.

Kenny apontou pra uma porta branca em um local e logo se distanciou de nós, Allie foi atrás de mim, abraçando uma de minhas pernas. Eu ri e bati na porta antes de abri-la. Logo que abri, vi Justin, dando alguns pulinhos e aquecendo sua voz sozinho, parece que nem havia percebi nossa presença. Estava vestido de branco e roxo e estava lindo. Como estava em todos os shows.

– Ora, ora... – eu disse alto, enquanto caminhava para dentro do camarim e Allie logo atrás de mim.

– Vocês vieram! – ele gritou, quando nos fitou e eu ri.

– Alguém queria te ver. – apontei pra Alice que já corria até ele e o mesmo a pegou nos braços, a girando no ar e depois a abraçando forte.

Eles eram fofos.

– Como chegaram? – colocou a pequena no chão.

– Kenny. – sorri, irônica. – Não acredito que contou tudo a ele. – falei um pouco baixo.

– Eu tinha que contar a alguém. – ele sorriu, enquanto se sentava em uma poltrona ou algo assim e colocava Allie em seu colo.

Fiquei alguns minutos ali parada, só os vendo conversar. Justin perguntava a ela “Está animada, pequena?” e Allie colocava aquele sorriso incrível no rosto e gritava um “SIM!”. Dizia a ela como estava linda e como ela iria dar trabalho quando crescesse, lhe contou até algumas historias sobre ele e disse que Alice iria adorar conhecer sua irmãzinha Jazzy, já que as duas tinham praticamente a mesma idade. A mesma idade. Jazzy era só um ou dois anos mais velha de Alice, ou até mais... E já era titia, ainda sendo um bebê. Isso é engraçado. Ri sozinha e Justin me fitou com um sorriso bobo nos lábios.

– Alice, não gostaria de conhecer o pessoal da minha equipe? – Justin perguntou a ela. E logo apontou para um homem parado na porta.

– Hey Alice... Sou Alfredo Flores, porque não vem comigo? – ele estendeu a mão.

Allie olhou pra Justin e depois pra mim, nós dois assentimos, dizendo para ela ir. E foi o que ela fez, correu até o homem, sorridente e agarrou sua mão. Logo ele foi andando com ela pra fora do camarim, piscou ao Justin e avisou que ele tinha menos de 10 minutos. Às vezes, eu não sabia o que ele estava tramando. Ele era sempre meio misterioso. Sempre foi. Afinal, conheci com ele por acaso, enquanto ele usava óculos escuros, um bigode falso, boné e um capus por cima.

– Ele é uma garotinha incrível. – ele riu e o fitei, de braços cruzados. Ele estava esparramado pela poltrona. – É igual a você Claire. Quase a mesma personalidade. – franziu a testa, dando um sorriso de canto.

– É. Mas, ela tem seus olhos e seu sorriso. E é uma fujona igual a você. Sempre querendo fugir dar responsabilidades. – sorri irônica e sarcástica ao mesmo tempo, sei lá. Me referia a ele ter fugido da sua responsabilidade de ser pai.

Ele apenas riu. E eu fiz uma cara séria.

– Não fujo das responsabilidades. A fujona aqui é você, Clar. – apontou pra mim e eu gargalhei. – Afinal, quando é que vai contar a ela que sou seu pai? – perguntou.

– Não sei se devo contar. É melhor ela não ter pai nenhum, do que ter um pai ausente. – dei alguns passos em sua direção.

– Eu não serei um mau pai, eu prometo. – ele disse calmo.

– Não tenho medo de ser um mau pai. Só tenho medo de... Ah, você vai embora Justin. Vai ser ausente na vida da Allie. – estava a sua frente, falando um pouco descontrolada, enquanto ele me fitava atento.

– Ela pode vir comigo. – sorriu, como se aquilo fosse uma grande idéia.

– Não vai tirar ela de mim! De jeito nenhum! – gritei, praticamente. – Ela é minha! Não vamos sair daqui! Nem eu, nem ela! NÃO VAMOS! – berrei. E nem liguei se alguém estivesse ouvindo ou não.

Respirei fundo, tentando não chorar, apenas por pensar em Alice longe de mim. Eu sofri tanto para mantê-la viva e com uma boa vida e não vai ser depois de tudo que passei que ela vai ir embora. Apenas senti Justin me puxar pela cintura, fazendo com que eu me sentasse eu seu colo. Até tentei me soltar, me levantar, mas, ele segurava forte minha cintura. Distribui alguns tapas pelos seus ombros e peito e ele só ria.

– Cadê todo aquele amor de ontem, Claire? – perguntou, fitando-me com um sorriso sarcástico.

– E cadê todo o seu caráter que tinha aos 16 anos? – perguntei seriamente, parando de bater nele.

– Fico feliz que esteja usando o anel que te dei. – ele disse perto de meu ouvido, tentando fazer uma voz sexy, enquanto pegava minha mão e passava um de seus dedos pelo anel.

Afastei minha mão da sua. Droga.

– N-Não é o anel que você me deu. Você... Vo... Você não me deu anel nenhum. – falei tentando parecer nem ao menos lembrar. Mas, eu sabia. Eu lembrava.

– Fico feliz que ainda se lembre. – mordeu o lóbulo de minha orelha, fazendo os pelos de meu corpo de eriçarem. – Esta linda, Claire. Bem... Sexy. – ele riu, enquanto me puxava pra mais perto ainda de si, fazendo nossos corpos se encaixarem.

Beijou meu pescoço. O mordiscava e dava-lhe chupões que me faziam estremecer. E eu... Eu... Odiava isso.

– Para... – falei baixo, tentando me afastar um pouco dele. – Você tem Selena. Sabe disso. E ainda insisti. Eu e você nunca dará certo. Não mais. – falei ainda baixo, fazendo Justin parar e me fitar desentendido.

– Demos certo uma vez, Claire. Alice é... Fruto do nosso amor. – ele riu, enquanto colocava uma mecha do meu cabelo pra trás e roçava seus lábios nos meus.

Virei meu rosto, fazendo ele beijar minha bochecha.

– Não. Ela não é fruto de um amor. Ela é apenas fruto de uma diversão. De uma brincadeira. De algo que não deveria ter acontecido. – eu disse, decidida a não querer pensar em mais nada referente a isso.

Tudo era realmente uma droga.

Eu ia me levantando, mas, Justin me segurou mais uma vez e virou meu rosto, fazendo com que eu olhasse em seus olhos.

– Temos que conversar. Vamos sair! Jantar em algum lugar... Sozinhos. – ele ergueu os ombros.

– Não... Acho melhor não. – suspirei.

– Por favor, Claire... Temos que decidir isso. O futuro da nossa filha e de nós. – ele falou de um modo carinhoso o que me fez sorrir.

– Futuro. Me dá medo. – falei baixo, fazendo uma voz de medo e ele riu.

– Me dá medo também. Mas, a gente já superou tanta coisa. O que pode acontecer de pior no futuro? – senti sua mão na minha nuca e eu mordi os lábios.

– Vai saber. Nunca se sabe o que se pode esperar de Justin Bieber, não é? – ri. E dessa vez, foi eu que me inclinei para dar alguns beijinhos em seu pescoço. Ele arfou e deu algumas risadinhas.

– E nunca se sabe quando Claire Winchester pode mudar de idéia. – falou baixo.

Selei nosso lábios por um momento e ele logo aprofundou o beijo, sempre me fazia corresponder. Suas mãos passavam pelo meu corpo e as minhas puxava de leve seus fios de cabelo. Acariciou minha coxa, enquanto eu tentava me ajeitar ainda mais em seu colo. Justin, passou uma de suas mãos até minha bunda e a apertou de leve. Parti o beijo dando uma mordida em seu lábio e ri.

– Você é mau, Claire. – sussurrou, me dando um selinho.

– Não. O mau aqui é você. – ri.

– CAHAM. – alguém resmungou atrás de nós e eu tratei de me levantar de seu colo e me ajeitar. Justin se levantou também e ficamos fitando Kenny, que sorria de um jeito estranho. – Justin, entra no palco em 5 minutos. – apontou.

Eu ri. Me despedi dos dois, encontrei Allie e logo saímos dali dos bastidores. Kenny nos mostrou onde ficaríamos. Iríamos pra primeira fila.
Carreguei Alice em mais de a metade do show. Justin segurou em sua mão algumas vezes e sorriu a nós. Olhava para nós freqüentemente o que me deixava meio sem graça. Alice cantou praticamente todas as musicas, ela adorava tudo aquilo. Dançou e gritou. Riu, sorriu. Se divertiu. O show foi incrível. As danças, as musicas, a voz de Justin...

Tudo me fascinava.

Quando ia começar a tocar One Less Lonely Girl, Justin disse:

– Vou chamar a minha garotinha aqui. A garota mais linda e especial que eu já vi. Alice... Pequena Allie. – ele riu e foi até nós.

Fiquei paralisada. E se descobrissem? Justin e Alice eram bem parecidos, poderia ver a semelhança entre eles. Alice ficou tão eufórica que ergueu os braços e Justin a tomou do meu colo. Fiquei paralisada, sem reação, enquanto ele a colocava sentada sobre o banquinho e dava-lhe em seguida um buque de rosas. A pequena, não parou de sorrir. Em minuto nenhum.

Então, eu percebi... Eu teria que contar a Alice. Que Justin, era seu pai.