Jinyoung P.O.V.

Fechei a porta do Lollipop e - como de costume das minhas segundas, quartas e sextas - fui pra casa pelo outro caminho, um pouco mais longo, de modo que eu passasse pelo Seul Station.

Conforme eu me aproximava, a melodia ia me encantando, e quanto mais chegava perto meu coração disparava. Quando cheguei à frente do Station lá estava ela, sentada com seu lindo vestido azul turquesa e cabelos soltos, mais linda do que nunca, sua melodia fazia minha noite ser como um conto de fadas. Era como se uma luz especial ela emanasse de si mesma, algo como um cristal. Como sempre fazia, fiquei ali durante alguns minutos e notei que hoje era uma música diferente, toques que ao mesmo tempos que eram rápidos eram seguidos por uma lentidão... Ela tocava com uma emoção que eu ainda não tinha visto nem escutado. Observava cada um de seus movimentos e por mais que eu abaixasse ou virasse para o lado, não conseguia, pelo vidro do Setion , ver o seu rosto de jeito algum. O piano se posicionava de uma maneira com que ela ficasse de costas ao ângulo do vidro pelo que eu passava. Fui pra casa imaginando seu rosto, seus olhos, seu nariz, boca... De todas as formas possíveis já tentei encaixar, mas nunca tive coragem de entrar no S.S. para vê-la. O Seoul Station é um local sofisticado e não posso entrar lá com uma reles roupa de uniforme, acabaria com as minhas – nem existentes – chances. Falando nisso, ainda tenho que arranjar um jeito de comprar um terno. Será que é tão caro assim? E ela? Será que toca aos sábados também...? Talvez seja a minha oportunidade de finalmente ver seu rosto... Ah, são tantos pensamentos... Ainda tenho que esperar o Baro me ligar pra poder confirmar, mas tudo bem vou ficar ansioso. Essa noite realmente foi uma das mais loucas que já tive. - Ai! - senti o vento tocar no meu braço esquerdo e só então reparei que tinha o arranhado.

BARO P.O.V.

Por mais que eu tivesse que me concentrar em atender as mesas, ouvir a Ennie-noona toca me fazia desconcentrar de qualquer coisa. Quando ela tocou “Love Again” eu tive que parar para observá-la. Não sei como ela fez, mas a música ficou ainda mais bonita com o piano do que com o Gongchan tocando no violão. Ele toca super bem, mas a noona tocando foi mágico. Apesar de eu estar admirando muito ela tocar, não via a hora em que ela terminasse para eu, enfim, falar com ela. Não agüentava mais, tinha que me abrir com a noona, tinha que contar meus sentimentos.

- Hey Baro! Será que dá pra se mexer? Você é um ser humano ou um poste? Se o Zhohae te ver aí parado, ele te enche de tabefe, vamos! – disse o CNU-hyung. Ele me fez despertar do meu momento de nostalgia. Havia parado ali comigo por alguns segundos, mas também não podíamos ficar ali o tempo todo, senão o Zhohae nos matava.

- Aish hyung! Eu sei, eu sei, já vou... – E voltei a minha atenção às mesas.

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Estava atendendo a mesa 18, quando a Ennie terminou sua apresentação. Olhei no relógio e já era mesmo a hora de encerrar, senti meu coração diminuir. “Eu não acredito que finalmente vou ter coragem de dizer a ela o que sempre quis.”

Ela levantou do banco, com uma reverência agradeceu o público e então as cortinas se fecharam. Ao terminar com a mesa 18 fui à cozinha ver se ela já estava por lá, como de costume, e não perdi meu tempo, ela estava lá às gargalhadas com a Betty e o resto do bando. Aproximei-me.

 - Baro! – ela disse com um sorriso que sempre me matou. Eu nunca consegui resistir àquele sorriso. Retribui com um sorriso também, então fui puxado pelo braço aos fundos do Station. “Como assim? Ela mesma me puxou?”

Ela ia me puxando e ia dando pulinhos. A noona estava feliz, eu percebia isso em seus olhos, era como se ela já estivesse dizendo sim, mesmo antes de eu dizer o que estava guardando há tanto tempo. Aquilo me contagiou e eu fui ficando mais confiante.

 - Baro, mate a minha curiosidade, diga o que você quer me dizer, vamos que eu também tenho coisas pra te contar... – Pronto, já estávamos nos fundos do Seoul Station. Ela de frente pra mim, ainda segurando minha mão. Apesar de ser um pouco mais velha que eu, pareceu que ela era a dongsaeng ali.

 - Bem, eu... É uma coisa muito importante, sabe...?

 - Hmm, eu sei.. Se não você não teria deixado pra me contar hoje, com mais calma, não é?

 - É... Isso mesmo.

 - Ok, e agora é a hora que você para de enrolar.

 - É porque eu realmente tenho que dizer isso pra você.

 - Pois então diga, nós somos amigos não somos?

 - Então, era sobre isso que eu queria falar...

 - Como assim?

 - É que... É que eu... Noona eu... – “Espelho? Onde está você?”

 - Aish! Já que está tanto a demorar, me deixe contar primeiro o que aconteceu comigo hoje e depois você conta, pode ser? – dei um leve suspiro. Eu havia ensaiado tudo na frente do espelho, mas com ela ali na minha frente era obviamente diferente. A mente paralisou e resolvi aceitar, acenando com a cabeça, que ela falasse primeiro. Seja lá o que fosse não podia ser maior do que eu tinha pra dizer e também, confesso que fiquei com um pouco de curiosidade pelo motivo daquela felicidade toda...

Ennie então começou a me contar toda sua noite desde o atraso da Yoi ao quase acidente e do seu “herói”.

 - Ah dongsaeng, você tinha que ver como ele foi um fofo comigo, parecia um príncipe. Eu preciso saber quem é ele.

 - Ah... – Falei com um tom desconfortável já desanimado e passando a mão no pescoço.

 - Baro, será que você não conhece? Eu lembro de ter visto algo em sua roupa, parecia ser um uniforme ah, eu não reparei no nome que estava escrito, droga! – Ela parou uns segundos com cara de quem estava tentando lembrar e depois se manifestou – Um pirulito! É, tinha um pirulito no uniforme! Eu me lembro de ter reparado nisso quando ele estava se limpando... Pirulito, pirulito... Com certeza deve ser uma loja de doces! – ela ia dizendo isso e eu notava um sorriso em seu rosto e seus olhos brilhando, como alguém que acabou de descobrir um mapa pra um tesouro. Seria esse o motivo dessa felicidade toda? E esse “herói” quem seria? Aish! Boa hora pra ele aparecer...