Acidentalmente Apaixonados escrita por luisalanajacs


Capítulo 11
Capítulo 9- Scorpius mata aula


Notas iniciais do capítulo

Ok, eu demorei. E dessa vez eu nem posso me desculpar dizendo que meu computador pifou, que deu vírus, nem nada. Só que eu abria o Word, escrevia alguns parágrafos e apagava tudo, insatisfeita. Foi um dos capítulos mais difíceis de escrever até agora, e olha que nem foi tão complexo.
Quero agradecer à Gi_Vernice, à Pay_Paula e à Anna Carolina00 pelas ideias maléficas que me deram. Tenham certeza de que eu vou dar um jeito de incluir o máximo delas que eu consegui, porque vocês me deram muita inspiração.
E, enfim, uma pergunta: existe uma razão pela qual a Rose odeia o Scorpius, além claro da antipatia natural que se espera dessas duas pessoas. E eu estou pensando em fazer um capítulo bônus, um flashback sobre esse dia, e tals... O que vocês acham?



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_Sinceramente, Scorpius, eu estou desistindo de conversar com você._disse Albus, irritado.

Os dois andavam pelo corredor. Albus o chamara no café da manhã para conversarem sobre as estratégias de quadribol para aquele ano; mas nem a conversa começara, e Scorpius não fazia mais parte dela. Tornara-se um simples ouvinte.

Relembrava a noite anterior com raiva de si mesmo por ter agido de forma tão burra. Revelou sua carência e ao mesmo tempo seu lado gentil, coisas que só os amigos íntimos conheciam. Rose não era, nem de longe, uma amiga íntima, nem chegava a ser sua amiga, e mesmo assim conhecera aquele lado. O Malfoy já imaginava qual fora a reação de Weasley com suas palavras. Teria ela rido? Caçoado dele? Comentado com todas as suas amigas como ele era bobo? Sua preocupação levara-o para lugares distantes, e Albus, obviamente, percebera que ele não estava nem próximo de se interessar por aquela conversa.

_Ah..._disse Scorpius, acordando. _Sobre o que você estava falando?_

_Eu sabia!_gritou Albus, vermelho. _Você não ouviu uma só palavra do que eu disse!_

_Na verdade, eu ouvi algumas: vamos discutir estratégias de quadribol..._

_Foram as primeiras palavras que eu disse, há quinze minutos atrás! A sua cabeça está aonde, cara?_

Imediatamente sua mente voou para a noite anterior, e ele balançou a cabeça para espantar aqueles pensamentos.

_Aleto._mentiu ele, a voz meio morta.

_Cara, levanta a cabeça e seja orgulhoso, caramba. Ela te traiu? Beleza, ela te traiu! Agora toca para frente. Você sempre foi popular nessa escola. Sempre! Tem várias garotas que sempre invejaram Aleto por ela estar com você. Vira a atenção para elas. Está patético você desse jeito._

_Não precisava jogar na cara._retrucou ele, chateado. _Se você namorasse a Ino Chang, e ela te traísse com Steven Stakes, aposto que não estaria falando de orgulho e superação._

Scorpius sabia que tinha pegado pesado. Ino Chang, filha de Cho Chang, era uma das “amigas” de Natasha e era motivo de orgulho para sua casa, a Lufa-Lufa. Escorridos cabelos negros, rosto fino de delicado, era a menina dos sonhos de Albus, desde o dia em que se enfrentaram pela primeira vez no quadribol. Já Steven Stakes era um inimigo declarado do Potter,e, consequentemente, um dos melhores amigos da garota.

_Entendo._Albus olhou para ele, novamente, irritado. _Rose! Rose! ROSE!_berrou ele para a Weasley, que passava no corredor. _Espera aí! Tenho que te falar algumas coisas sobre quadribol. Sei que você não está no time principal, mas tenho certeza de que, pelo menos, vai prestar atenção no que eu digo._

Rose parou no corredor, enquanto Albus e Scorpius (a contragosto) a alcançavam. 

_Ora, eu não entendo nada de quadribol além da arte de pegar pomos-de-ouro. Infelizmente perdi minha vaga, e não me interessa quadribol. Porque você não conversa com seu amigo Malfoy?_

_Porque ele, por algum motivo que desconheço, está muito estranho hoje._

Os olhos caramelo da garota pousaram na face de Malfoy, significativamente.

_Ah, como se isso precisasse de algum motivo._zombou ela, revirando os olhos. _Ah, vamos lá, converse comigo._

Os dois começaram a andar, mas Malfoy não os seguiu. Se limitou à ficar observando a longa juba de cabelos ruivos de Rose sumir no corredor e, de repente, decidiu que não queria assistir às aulas.

Saiu do castelo, e começou a andar pelos arredores do castelo. O frio já começava a aparecer e numa reação imediata, Scorpius tremeu. Ventava muito, bagunçando seus cabelos louros do penteado que ele, no auge de sua vaidade, se esforçara para ficarem arrumados. Deu de ombros e recomeçou a andar, acabando por se sentar na borda do lago negro, tirando os sapatos e deixando que seus pés tocassem de leve a água gelada.

Os olhos claros vagaram pelo ambiente, e ele suspirou. A noite anterior ainda o intrigava de tal maneira que o deixava definitivamente incomodado. O rosto da garota voltou à sua mente, mas ele balançou sua cabeça e seus pensamentos se voltaram para Aleto. Scorpius fechou seus olhos, para visualizá-la melhor, e, imediatamente, começou a imaginar.

Visualizou quase imediatamente a imagem da ex-namorada andando nas águas do lago, com um vestido branco esvoaçante e seus cabelos (normalmente repicados num corte curto, na altura dos ombros) anormalmente longos, esvoaçando para trás. Ela se aproximava dele, sorrindo, um sorriso diferente do que ele se lembrava; ao invés do habitual sarcasmo, havia uma espécie de doçura, aquela doçura que se espera dos anjos.

Aleto lhe estendeu a mão, ainda sorriu, e falou, sua voz não mais do que um sussurro:

_Porque você não vem comigo? Vamos para algum lugar longe daqui. Longe da Weasley, longe do Potter, longe daqueles gêmeos. Só eu e você. Venha._

_Eu não posso... Tenho que ajudar a Weasley._

_E desde quando você se importa com a Weasley? Venha, segure minha mão, vamos para longe daqui, muito longe. Só venha. Não se importe com mais nada, venha!_

E ele agarrou sua mão, pulando no lago, surpreendendo-se em como a água estava sólida. Com as mãos unidas, eles começaram a caminhar, mas quando ele se virou para beijá-la, tudo se distorceu, e uma voz começou a ecoar, cada vez mais alta, seus ouvidos doendo tamanha altura...

_Malfoy... Malfoy... Malfoy... MALFOY!_

Seus olhos se abriram, e Scorpius demorou um segundo para perceber que adormecera; e, ironicamente, fora exatamente Aleto que o acordara, usando novamente as roupas pretas justas que ela adorava e os cabelos normalmente curtos.  O sorriso voltara a ser o sarcástico com o qual ele se acostumara. Mas os olhos não perderam o ar sonhador de quem se esvaziara de tudo.

_Sabia que você tinha matado aula._disse ela, rindo._O que você está fazendo aqui? A Weasley e o Potter estão fazendo malabarismos para encobrir sua falta para os professores._

O cenho de Scorpius se franziu. A Weasley, o encobrindo?

_O que você está fazendo aqui, Aleto?_ perguntou ele, se endireitando, sentindo as pontadas de dores nas costas pelo jeito que pegara ao dormir.

_Bem... Estou aqui para falar com você. _uma centelha de esperança se acendeu no peito de Scorpius. _Rob me disse que seria o melhor a fazer, que um fracassado como você merecia, no mínimo, uma explicação. E eu vim._ uma centelha que imediatamente se apagou.

Os olhos de Aleto voltaram a se enevoar ao proferir o “Rob” de um modo meio cantado e sonhador. A parte de ”um fracassado como você” ele preferiu ignorar, embora as unhas tivessem se enterrado na palma das mãos.

_E o que o Rob..._ele torceu a palavra. _Disse para você me falar?_

_Ah... Rob..._cantou ela. _Ele me disse para você não se constranger, nem ficar triste por ser um corno total. Sabe, todos tem a galhada que merecem, e ele disse que você já ganhou a sua. Mas também disse que você não deve se entristecer por ele ser melhor que você, nem por ele ter ganhado de você na tal luta._

_E porque ele pediu que você me dissesse tudo isso?_ sibilou ele, pouco eficiente em controlar sua raiva. Mas Aleto, no seu estado de semi-hipnose, não percebeu isso.

_Porque eu estava preocupada com você. Como você estava. E ele me disse para te tranqüilizar, para dizer que você não perdeu nada, tudo bem?_

_E o que você queria me dizer?_ perguntou Scorpius, olhando para ela com atenção.

_Eu não sei... Não mais. Mas o Rob tem razão, e eu acho que era exatamente isso que eu pensei em te dizer... O Rob disse que é isso, então é isso. Ou deve ser, não sei. Não mais. Eu tenho que ir, Rob está me esperando._

_Vocês estão namorando?_

_Não, estamos ficando._

_Ele está ficando só com você?_

O cenho dela se franziu, como que irritada com todas aquelas perguntas.

_Não. Com a Lye, com e Lee, com a Tyler, com a Frankfurt e com a Foster também. Mas eu não me importo com isso, porque se eu tiver um pouquinho dele para mim, não importam as outras._ela riu, uma risada vaga, desprovida de graça. ­_Nada importa mais, Malfoy, só o Rob._ e ela foi se afastando, sem olhar para ele novamente.

_Ele beija melhor do que eu?_ perguntou ele, incapaz de se conter.

Aleto se virou e fixou-o com deboche. Pela primeira vez em semanas, parecia a garota com quem ele namorara: debochada, divertida, sorridente, sarcástica. Até responder:

_Infinitamente melhor, Malfoy... Infinitamente melhor._

E ela sumiu, como se tivesse desaparatado. Scorpius se virou, deu um soco na árvore, sem ligar para a dor dos nós nos dedos. Deu vários socos, até sua mão começar a sangrar. Ele apoiou-se na árvore, suado, e deixou seu corpo escorregar, voltando seus pensamentos novamente para Aleto. Arrependeu-se amargamente de ter demorado tanto tempo para pedi-la em namoro. Realmente amava a garota, e percebeu que a raiva que sentiu, era na verdade, a dor da rejeição. Ele amou uma garota, que amava um cara que, à despeito de ser um convencido, ainda ficava com várias ao mesmo tempo. E ainda não se incomodava por isso.

Sentiu uma ardência chata nas mãos, e um latejar doloroso na cabeça. Embalado, por essas dores, adormeceu novamente.

_Malfoy... Malfoy... Malfoy... MALFOY!_ outra voz lhe chamava, mais forte dessa vez, e ele abriu os olhos novamente, dessa vez, bem irritado. Será que não se podia dormir em paz naquela merda?

_Malfoy é o caralh..._ele abriu os olhos. _Ah, é você._

Rose Weasley o encarava com aquela irritante pose de McGonagall, os cabelos ruivos ainda mais revoltos por causa do vento. Olhando-a naquele momento, com a visão turva de sono, Scorpius concluiu que nunca tinha visto garota mais selvagem.

_Eu sabia que você tinha matado aula, eu sabia! Você por acaso tem ideia das mentiradas que Albus me fez contar para encobrir você? Se alguém descobrir o quanto eu menti, estou frita!_

_Ah, Aleto mentiu, eu sabia mesmo que você nunca me encobriria por livre e espontânea vontade. Tem sempre um Albus no meio. Albus, Albus, Albus..._disse ele, irritado. _Aquele desgraçado filho de uma qualquer por aí, aquele Robert, droga, e aquela Aleto também... Boba, facilmente influenciável._

O olhar da Weasley decaiu rapidamente da raiva para uma compreensão estranha, que ele próprio não gostou de ver. Um sorriso desenhou-se em seus lábios, um daqueles sorrisos que Aleto há muito tempo não lhe mostrava. Ele foi varrido por grande nostalgia.

_Aleto, boba, facilmente influenciável... Garota que você fica admirando pelos corredores, e tendo sonhos doidos com ela. Para de falar mal de quem você gosta, retardado._

Ele olhou para ela, nervoso; saberia ela de seu sonho? Mas o olhar dela não demonstrava cumplicidade, nem deboche. Só uma mistura de exasperação e diversão.

_Não sou retardada. Você não deveria ficar falando mal do Johnson; e fica. Pelo menos, é o que Albus fica me dizendo por aí._

_Cada caso é um caso, sem cérebro. Eu não gosto do Jonathas. Não mais. Não é igual a você, que com todas aquelas garotas bonitas à seus pés, fica encarando Aleto no corredor._ se a Weasley fosse uma garota normal, aquelas palavras demonstrariam ciúme. Mas na boca dela, demonstravam acusação, e Scorpius não gostou disso.

_Isso porquê você é uma..._

_Mulher decidida e desencanada._interrompeu ela, corando furiosamente. _Não vou ficar encobrindo seus erros e se você continuar me insinuando esse tipo de coisa, eu vou agora dedar o seu passeio para a McGonagall!_

Scorpius resmungou qualquer coisa que não fosse desculpas. Ele não pediria desculpas para ela, nem que alguém o obrigasse para tal. Mas ela não parecia esperar desculpas e pareceu satisfeita. Sentou-se ao seu lado e ficou por um longo tempo ali, parada, deixando o vento levar seus cabelos, varrendo os cachos para trás, fazendo seu cabelo praticamente dobrar de comprimento. O efeito era bem bonito, pensou Scorpius, as labaredas de fogo vivo e brilhante brilhando em contraste com o céu enevoado da região.

_Não me leve para a McGonagall._disse ele, por fim. _Mato você se fizer isso._

_Como se você fosse capaz._ zombou ela, sem sorrir. O vento parou de soprar e seus cabelos descansaram em suas costas, o rabo de cavalo completamente desfeito, o chamuscado bastante destacado. _Vamos lá, idiota, me conte o que Aleto fez. Não pense que eu estou feliz de ficar bancando a psicóloga, mas eu prometi te ajudar com seu plano, então, bem, deixe estar. Fala logo._

Ele se ajeitou e, com um careta, reproduziu a conversa, menos as últimas falas. Teria a impressão de que ela simplesmente explodiria de felicidade com essa notícia. Terminado o relato, ela bufou.

_Andei pesquisando sobre veela. Mandei uma carta ontem de madrugada para a minha tia Fleur, mãe da Dominique..._

_Vocês são primas? Nossa, nunca vi a semelhança? Ela é infinitamente mais bonita._

_Não interessa._interrompeu ela, firme. _Minha tia é neta de veela. Então ela andou me falando algumas coisas. Os veela, de verdade, teriam um efeito de total hipnose sob as pessoas próximas. Mas como no caso dos gêmeos a linhagem está diluída, a hipnose vem com o tempo. É como um veneno, se espalhando lentamente pela corrente sanguínea. O beijo provavelmente acelerou o processo._

_Isso é explicável. Mas porque nós simplesmente não nos rebaixamos ao nível de idiotas totais, como os outros?_

_No meu caso, é a convivência com a linhagem. Dominique não tem nada de veela no sangue, mas Victoire, sua irmã mais velha, sim. Acaba que você, com o tempo, se acostuma. Como se fosse uma vacina. Mas no seu caso, não sei, e nem minha tia soube explicar.  Digamos que a carta chegou hoje na hora do almoço, e ela não parecia nada feliz com uma carta chegando na casa dela às sete da manhã..._

_Já são mais de meio-dia?_ perguntou ele, assustado.

_Sim. Mais precisamente..._ela consultou o relógio de pulso folheado a ouro. No pulso haviam sido grafadas as palavras: Para sempre, e todo o sempre. Papai e mamãe. ­_Meio dia e vinte e três. Comi muito rápido para vir procurar você, e estou sentindo meu estômago pesar. Culpa sua, como sempre._

_Porque esse costume de me culpar por tudo?_

_Sem satisfações, Malfoy. Somos parceiros de plano, não amigos._corrigiu ela, fria. _Mas se te interessa saber, te culpo por tudo porque, resumidamente, a culpa de tudo é sua._

_Eu deveria te culpar por tudo também._

_Não, não deveria._Rose se levantou, rapidamente. _A culpa de eu odiar você é sua. E você sabe muito bem por que. Você se lembra? Pois eu nunca esqueci._ o tom dela perdera a cordialidade, voltando a expressar frieza e formalidade. _Vou pensar num modo de você acabar com o Robert, e acho bom você também me ajudar a fazer parte do ciclo íntimo daquela florzinha idiota._

Ele não respondeu e ela também não ficara para esperar uma resposta. Provavelmente iria correndo contar para McGonagall as infrações de Malfoy, e ele decidiu que, já que ele iria se ferrar, não iria ficar se esforçando para corrigir a merda feita. Ajeitou-se na árvore e começou a pensar.

Não via como alguém como Rose Weasley poderia entrar naquele amontoado de garotas lindas, maravilhosas e idiotas que ela conseguira conquistar com sua conversinha mole, até que se fez a luz.

A melhor forma de se integrar alguém num grupo é ser igual à eles. E para ser igual à elas, Malfoy teria que transformar Rose numa garota linda, maravilhosa e aparentemente idiota (porque ele sabia que idiotice era a última das características da Weasley.) Ela teria que ficar linda. Era um plano brilhante.

Mas porque tinha que ser tão difícil? 


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Notas finais do capítulo

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