Um Casal Improvável escrita por MaviKalil


Capítulo 6
Válvula de escape




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/155077/chapter/6

Bella POV

O dia terminou conturbado eu diria. Edward passou o segundo intervalo na sala de aula e eu fugi como um gato foge d’agua. E enquanto estava sentada ao lado da Alice no intervalo – que parecia tão desligada com relação a minha situação atual- me pegava sempre olhando para a porta do refeitório esperando ver passar ali um rapaz bem alto, forte, de cabelos ruivos e olhos tão belos. Mas não, ele não apareceu. Quando voltei para as duas ultimas aulas o encontrei lá. De cabeça baixa, a coluna curvada e deitado em cima da mochila. E ele passou as duas ultimas aulas assim. Eu tinha que falar com ele para decidirmos o horário de estudo. E aonde estudaríamos. Por isso quando bateu o sinal que indicava o fim das aulas eu não percebi quando ele saltou da cadeira e correu para fora da sala. Tive que ordenar as minhas pernas para que o alcançasse.

E não tive tanto trabalho em encontra-lo ele estava no estacionamento. Sentado nos degraus da porta de saída.

Respirando fundo me sentei ao lado dele que ignorou minha presença e isso me deixou irritada. Qual é, algumas horas tínhamos divido olhares e agora ele me ignora como se não tivesse acontecido nada.

-Oi. Minha voz saiu baixa.

-O que você quer? A voz arrogante me pegou desprevenida e eu recuei um pouco.

-Eu... eu só queria saber... sabe das aulas. Minha voz me traiu novamente. Baixa. Ele ficou um tempo sem falar. Pela minha visão periférica vi uma reluzente Mercedes adentrar o estacionamento e apesar da escola ser uma das mais sofisticadas um carro desses não fazia parte do acervo. Edward se levantou.

-Por que você não resolve isso com a minha mãe.

Ele apontou para o carro, o Mercedes. Franzi a sobrancelha. Como assim? Olhei para Edward, mas ele não me encarava. Do carro desceu uma majestosa mulher ruiva e com um tailleur preto. Ela caminhava em direção ao Edward e minha consciência se negava a aceitar o fato de que aquela mulher era a mãe dele. Ela era muito nova. Eu não daria nem 35 anos para ela. De verdade.

A mulher caminhava como um felino e com elegância. E com uma postura militar parou a nossa frente. Sorrindo pra mim.

-Olá. Voce deve ser Isabella Swan certo? Acenei positivamente.

-Esme Cullen, mãe do Edward. Não pude segurar os músculos do meu maxilar que caiu. Edward me encarava. Somente algum tempo depois percebi que sua mãe tinha a mão estendida e envergonhada estendi a minha lutando para recuperar minha voz.

-Isabella, Isabella Swan, mas, por favor, se não for pedir muito apenas Bella. Sorri congelado. A mulher se limitou a sorrir. Seria uma ofensa chama-la de senhora.

-Bella. E então você pode aparecer hoje por volta das 15? Sacudi a cabeça disfarçadamente enfim percebendo que ela falava das aulas.

-Aparecer aonde?

-Na minha casa é claro, eu vou lhe dar o endereço.

E então eles se foram. Percebi que todos olhavam para mim e a pequena confraternização entre a mãe do Edward e eu.

E também percebi que Edward era o único aluno que tinha mais de 16 anos que ia embora com a mãe.

Primeiro ele muda de turno e depois vai embora com a mãe. Isso estava estranho. Muito estranho.

Foi por volta da 14:50 que eu estacionei meu Audi no portão da casa dos Cullen. Um casarão. O segurança olhou para mim e segundos depois abriu o portão elétrico. Me indicou com o indicador onde estacionar. A mansão era toda branca ou pelo menos a parte que tinha paredes de concreto. A casa era de vidro praticamente. Tinha um belo jardim e um ar de tranquilidade. Estacionei meu carro, peguei minha mochila e voltei a olhar a entrada da casa. Esme Cullen me esperava nos tres degraus de mármore e sorria.

-Olá querida, você é pontual. Entre que eu vou chamar Edward. Ele acabou tirando um cochilo, afinal, ele não estava acostumado a acordar tão cedo. Por favor, fique a vontade. Vou pedir para Margareth lhe trazer um suco.

Ela dizia enquanto me guiava ate a área interna. Uau!

Ao contrario da maioria das casas e ate a minha esta não tinha a ante-sala. Era somente a sala, uma enorme sala decorada com cortinas vermelho-sangue, sofás de couro branco, uma enorme estande de madeira nobre que ocupava toda a parede ao meu lado, um mesinha de vidro no centro, um piano de cauda preto, uma lareira de pedra, tapetes persas, uma enorme parede de vidro no lado norte, um lustre e diversas taças, porcelanas, vasos, fotografias, cristais espalhados pela sala. A mãe do Edward primeiro sumiu por uma porta de correr do meu lado esquerdo dentro pude visualizar uma enorme mesa e cadeiras distribuídas por toda a sua extensão, sala de jantar. Quando ela voltou sorriu para mim e depois foi ate o canto da sala e dobrou e sumiu, presumi que ali tinha uma escada.

Voltei minha atenção para a paisagem atrás da parede de vidro. A piscina de agua cristalina e atras um lindo orquidário. Caminhei pela sala, passando pela enorme estante branca. Porta-retratos me chamaram a atenção. Em um tinha um belo menininho usando óculos escuros e um calção de banho, atrás dele o mar. Em outra o mesmo menininho exibindo seus olhos verdes e sorrindo no colo de um homem loiro, o que entregou que o homem é o pai do Edward foram os olhos. Tão verdes e belos como o dele. Era um homem lindo e que não aparentava ter mais de 25 anos usava roupas brancas e parecia estar no pátio de uma Universidade. Mas, nada me deixou mais maravilhada do que o terceiro porta retrato onde uma menina ruiva e um menino loiro apareciam assustados –mas com um sorrisinho tímido nos lábios- enquanto a menina segurava um bebe recém-nascido com tufinhos ruivos e olhos verdes no colo e tinha uma aparência cansada, frágil. Cheguei à conclusão de que os pais do Edward não tinham nem 18 anos quando ele nasceu. Foi observando a foto em que ele mamava se agarrando ao seio da mãe que eu senti sua presença. Sua respiração. Seu perfume.

-Boa Tarde. A voz rouca já característica dele estava mais presente pelo fato de ter acordado agora, não pude evitar o arrepio nos ossos só de ouvi-la. Virei-me rapidamente e reparei nas suas roupas. Moletom.

-Boa Tarde. Tossi tentando disfarçar minhas bochechas coradas.

-O que você estava olhando? Perguntou esticando o pescoço e olhando para as fotografias. A maioria dele. Acompanhei seu olhar e voltei a ficar de costas para ele.

-Você era um menino muito bonito.

-Era? Novamente tossi.

-É. Quer dizer, você é um menino... um homem muito bonito.

Edward sorriu torto enquanto me via atrapalhar com as palavras levando um certo tempo para formular uma frase. E novamente minhas bochechas ficaram vermelhas e minhas orelhas quentes. Ele se aproximou de mim. Arregalei meus olhos. 

-Obrigado. Ele sussurrou em minha orelha.

Algum tempo depois uma senhora gorda carregando uma bandeja com dois copos contendo um liquido amarelo sorriu para nós. Observei que ela não usava um uniforme. Ela deixou a bandeja na mesinha de centro próxima a nós e com uma olhadela para o Edward – que revirou os olhos- ela saiu.

-Essa é a Margareth? Perguntei

-É. Edward se limitou a dizer. Ofereceu-me o copo – suco de maracujá e pegou um.

-E então você quer começar com o que?

Perguntou sentando no sofá. O encarei esperando um convite. Ele ergueu a sobrancelha.

-Ah me desculpe. Sente-se. Fique a vontade. 

Não pude notar um tom de ironia na ultima frase, mas mesmo assim me sentei. Confortável.

-E então? Geografia, Inglês, Álgebra, Historia, Biologia. O que será?

E novamente o tom de ironia. Suspirei.

-Edward, eu costumo conhecer meus digamos alunos antes de começar a ensinar.

Ele ficou um minuto em silencio e depois arqueou a sobrancelha.

-Conhecer seus digamos alunos? Por favor, Isabella você só precisa me ensinar. Não vamos complicar as coisas.

-Complicar as coisas? Não é complicar as coisas. Eu só quero conhecer um pouco você para ter certeza de que você não é um psicopata ou um serial killer.

Eu também posso ser irônica. Chupa essa manga.

-Eu não sou um psicopata ou um serial killer. Eu lhe garanto.

-Sua garantia não me serve de nada. Quando se é um psicopata ou um serial killer geralmente eles não assumem. Ate por que para eles aquilo é ate normal. Não há nada de anormal em suas rotinas. E depois você sabe que a negação é o primeiro passo...

-Tá bom. Eu respondo qualquer coisa se você ficar calada.  

Sorri maleficamente.

-Entenda como um procedimento de segurança.

-Uau onde estamos? Na guarda nacional?

Revirei os olhos.

-Vamos lá. São perguntas simples. E se quiser pode ate me fazer algumas perguntas também.

Edward pareceu pensar um pouco, mas depois concordou com a cabeça.

-Ok! Eu começo. Vejamos... Quantos anos você tem?

-Isso vai influenciar no que?

-Em nada. É só que se você for menor de idade eu posso lhe denunciar caso você queira passar a mão em mim.

-O que? Perguntou assustado. Sorri.

-É brincadeira. Vamos lá só para descontrair.

Edward bufou.

-18. Eu tenho 18 anos. Sou maior de idade e já posso ser preso por passar a mão em uma mulher.

-E o que você pretende fazer na Universidade?

-Eu não faço a mínima ideia.

Sua resposta me deixou sem fala.

-Como assim? Você não faz nem ideia do que quer fazer? Tipo assim, nem seguir os passos do seu pai. Ou da sua mãe?

Ele negou. A sala ficou em silencio. Os olhos verdes do Edward me encaravam.

-Edward o que seus pais fazem? Perguntei com cautela, aquele parecia ser um assunto delicado.  

-Meu pai é médico. E minha mãe promotora da justiça. São as pessoas mais ocupadas do mundo que eu conheço. Eles passam mais tempo trabalhando do que juntos. Acho que é por causa disso que eles ainda não se divorciaram.

Fiquei em silencio não tendo coragem de encara-lo. Quando ergui a cabeça ele continuava a me encarar. E eu não sabia o que falar.

-O que você quer fazer na Universidade Isabella?

-Literatura Inglesa.

Edward sorriu. Levantou do sofá e me puxou pela mão me guiando escada a cima ate um corredor. Ele abriu a primeira porta e então adentramos um quarto com paredes pintadas de azul. A cama enorme tinha um edredom branco. E dois criados mudo. Do meu lado tinha um estande com carrinhos, bonecos, porta retratos, troféus, um som de alta tecnologia, a TV, um Playstation 3, um aparelho de DVD e outros brinquedos diversos. Em frente à cama tinha uma mesa com o computador e outras parafernálias. A minha frente à varanda de vidro com uma linda vista para a parte de trás da casa. Do meu lado tinha uma entrada para o closet e o banheiro. Mas o que me chamou a atenção foi que perto da varanda tinha um violão descansando em cima de uma poltrona coberta por uma manta xadrez e por trás dela uma coleção de Cd’s e muitos livros enfeitavam uma estante. Voltei meus olhos para Edward que estava ao meu lado e me encarava. Seus olhos e seus lábios sorrindo para mim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!