Um Casal Improvável escrita por MaviKalil


Capítulo 4
Um crime quase perfeito




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Edward POV

  

Eu estava tão entretido com meu vídeo game que quando a tela da TV de plasma ficou preta eu levei alguns segundos para processar a informação de que ou faltou luz o que eu descartei quando vi que a luz da sala estava acessa e por fim percebi que alguém havia desligado a TV. Quem? A minha mãe estava parada ao lado do enorme móvel de madeira nobre branca que fica na sala. Ela tinha os braços cruzados abaixo dos seios e uma expressão de raiva se apoderava de todo o seu rosto. Me ajeitei no sofá e larguei o controle do vídeo game. Por um minuto tentei lembrar se eu havia feito algo de errado, afinal quando meus pais e principalmente a minha mãe tem uma carranca no rosto é sinal de que eu fiz algo. Geralmente quando a raiva se relaciona ao trabalho deles eles ficam apenas aquela pilha de nervos prestes a explodir a qualquer momento. Voltei minha atenção para minha mãe com a certeza de que pelo menos nesta semana ainda não tinha feito nada. E olha que era Quarta-Feira.

-Por que a senhora fez isso? Perguntei um pouco mais grosseiro. Ela ergueu uma sobrancelha e descruzou os braços.

-Sabe da onde eu venho Edward? Perguntou calmamente. Hm... Isso não é bom. Voz mansa.

-Do tribunal? Da promotoria? Da procuratória? Do ministério? Ah mãe eu não sei. A cada tentativa minha de adivinhar da onde ela vem sempre havia um aceno negativo. Mas ela estava com suas roupas de trabalho. Ou quase isso.

-Eu venho da Horace Academy School, Edward. Reunião de pais e mestres. Arregalei os olhos surpreso. Reunião de pais e mestres? Meus pais nunca foram a uma única reunião de pais e mestres do meu colégio. O que será que deu nela?

-Sabe o que é isso? Foi somente quando ela levantou a mão direita que eu percebi um papel. Um papel um pouco grande e dobrado. Consegui ver o emblema do colégio. Meus olhos voltaram a se arregalar só de pensar que ali poderia ser... Oh não, claro que não. A escola entrega o boletim para nós. E então no dia seguinte você tem que levar assinado pelos seus pais. Engoli em seco. Se ali fosse mesmo o meu boletim que eu costumo falsificar assim que recebo com notas boas eu estava em uma linguagem bem vulgar fodido. Totalmente fodido.

-Não. Sussurrei e apesar de não conviver muito com a minha mãe pude perceber que ela notou minha hesitação.

-Não? Edward isso aqui é o seu boletim. Geral. E você não sabe quão foi a minha surpresa ao ver notas totalmente diferentes daquelas que estavam nos boletins bimestrais que eu assinava. E agora eu me pergunto. Como? Não estou ficando louca, não estou ficando velha e também não estou ficando cega. Tem alguma coisa errada e eu espero uma explicação. Plausível.

Mas que... merda! Fecho os olhos com força pedindo mais que tudo que aquilo fosse um pesadelo e quando torno a abri-los a expressão da minha mãe mudou para furiosa. É claro ela já sabia a resposta. Ela é promotora da justiça. Saca as coisas de cara. Eu sou um amador perto dela. Acredite.

-Edward? Sua voz agora bem mais severa chama minha atenção.

-Eu falsifiquei os outros boletins. Respondi em um sussurro.

Como um leão pronto para atacar sua presa minha mãe se aproximou de mim e institivamente me encolhi. O que foi? Não me diga que vocês não tem medo da mãe de vocês? Serio eu já apanhei muito da minha e seus tapas doem. Demais. Mamãe agarrou a gola da minha camisa e me puxou. Me levantei nervoso.

-Você falsificou seus boletins? Voce teve coragem de falsificar seus boletins e entregar para mim e seu pai para assinarmos? Voce tem noção do que é isso? Voce tem noção das consequências de falsificação de qualquer tipo de documento? Mesmo que seja um simples boletim? Ela falou calmamente me deixando ainda mais nervoso.

-Mãe...

-Não. Não tem mãe Edward. Quanto tentei falar ela me cortou e soltou minha blusa.

-Me faz um favor. Sobe. Vá para o seu quarto pegue as chaves do seu carro e sua carteira e deixe no meu quarto. E depois volte aqui. Corri escada acima a fim de fazer o que ela mandou.

Droga. Por que ela teve que ir justamente a essa reunião? De tantas outras merdas de reunião ela foi justamente nessa? E por que diabos ela foi a uma reunião? Nem ela e nem meu pai pisam na escola para qualquer tipo de evento e agora ela decidi ir a uma reunião? Entrei no meu quarto com meus pensamentos ainda em conflitos. Procurei as chaves do meu carro – meu lindo carro, meu bebe, meu Volvo nos bolsos do meu casaco e depois minha carteira em cima do criado mudo.

E agora? O que será que ela vai fazer? E o meu pai? Droga meu pai vai me matar. Eu sei. Eu sinto. Perfeito. Eu vou ficar de castigo ate o fim da minha vida. Entrei no quarto da minha mãe e deixei minhas coisas na cama e desci. Minha mãe estava sentada no sofá e analisava meu boletim. Sentei na poltrona ao lado dela me mantendo afastado.

-Sua única nota boa é em Educação Física. Ela disse mais calma. Fiquei calado.

-Biologia C-, D- e E. Quimica E, E e E. Álgebra D-, D+ e C. Ah não aquento mais ver isso. Ela falou um pouco mais alto afastando o papel. Continuei calado.

-Seu pai deve estar chegando da clinica. Vamos conversar quando ele chegar.

E esta frase nunca me deixou com tanto medo como agora.  Muitas vezes depois da conversa eu acabava levando a maior surra de toda a minha vida. Torci as mãos nervosamente.

-Mãe, me desculpa. Falei por fim, mas ela me ignorou.

As 20:00 em ponto meu pai entrava em casa e estava cansado. É, ótimo. A cereja do bolo.

-O que foi? Perguntou assim que encontrou minha mãe e eu sentados e calados. Pelo suspiro ele percebeu que havia algo errado. Minha mãe não falou nada apenas estendeu meu boletim para ele. Eu tive tanta vontade de pular, pegar o papel e engolir. Ou sair correndo.

-O que é isso? Papai perguntou pegando o papel e o analisando. Um minuto depois ele ergueu o rosto.

-Esse aqui é o boletim do Edward?  Mamãe acenou positivamente.

-Não. Da ultima vez estava bem melhor do que isso aqui. Esse não pode ser o seu boletim. Ele disse agora para mim. Engoli em seco.

-Edward? Perguntou sugestivamente.

-Esse é o meu verdadeiro boletim pai. Disse em um fio de voz.

-Seu verdadeiro boletim?

-Ele falsificava os boletins Carlisle. E nos assinávamos os boletins falsos. Mamãe falou pela primeira vez. Primeiro a expressão do meu pai foi de descrença e depois raiva. E agora ira.

-COMO ASSIM? VOCE ESTA BRINCANDO COMIGO? EDWARD! Gritou.

-COM ESTA MERDA AQUI VOCE NÃO ENTRA EM PORCARIA DE FACULDADE DESCENTE NENHUMA.

-Pai... tentei falar, mas antes que eu pudesse assimilar vi ele tirar seu cinto. Oh merda! Dei um pulo da poltrona e corri para atrás do sofá. Minha mãe também se levantou do sofá e foi ate meu pai.

-VOCÊ ESTA DE CASTIGO O RESTO DA SUA VIDA ATE A PORCARIA DESSE BOLETIM CHEGAR DESCENTE EM MINHAS MÃOS. E CASO ISSO NÃO OCORRA EU VOU TE BATER TANTO EDWARD QUE VOCE NÃO VAI CONSEGUIR ANDAR E NEM FALAR. SE POSSIVEL NEM CHORAR. CHEGA DE CARRO, DINHEIRO, CELULAR, INTERNET, TELEVISÃO, VIDEO GAME, SAIDAS! TUDO EDWARD. TUDO!

Ele gritava enquanto apontava para mim com a mão que segurava o cinto. Engoli em seco e quando ele deu um passo em minha direção eu recuei.

-Não faça joguinhos comigo. E venha ate aqui. Seu eu te pegar vai ser pior. Edward. Ele falou meu nome com um tom de aviso. Ponderei em ir ate ele como homem ou correr ate cansar e ele conseguir me pegar. Um minuto pareceu uma eternidade. E movi meus pés até ele. Senti ele puxar meu braço e me jogar no sofá. Fechei os olhos esperando o impacto do couro.

-Espera Carlisle. Espera. Nós podemos resolver isto de outro jeito. Vamos conversar, bater nele neste momento não vai fazer muito efeito. Anda.

Abri os olhos e vi que minha mãe segurava o braço do meu pai, seus olhos ainda estavam em mim e verdes como os meus irradiavam ódio.

-Conversar? Vamos lá Esme, das vezes que conversamos com ele quantas deram jeito? Perguntou. Minha mãe vacilou e afrouxou o aperto no braço do meu pai. Voltei a fechar os olhos.

-Nós podemos sei lá. Mudar ele de turno, de sala. Tirar ele da equipe de futebol. Procurar um professor.

Arregalei os olhos para cada palavra da minha mãe. Ela só pode estar louca. Meu pai ponderou.

-É. Vamos ver se isso dá jeito nele. E se no final do ano não me aparecer um boletim impecável. Você vai apanhar muito garoto. Muito mesmo.

Tentei formular as palavras ditas por meus pais. E suas decisões. Futebol, turno, professor particular. Tudo rodando.

-Estamos entendidos Edward? Papai perguntou agora calmo. Esquecendo totalmente que há menos de cinco minutos  atrás eu quase levei uma surra memorável – e que o cinto ainda estava na mão dele ergui meu corpo do sofá e gritei com meu pai.

-NÃO! VOCES NÃO PODEM FAZER ISSO COMIGO! NÃO PODEM. ISSO É... IDIOTA!

Os olhos do papai se tornam fendas. E esta é uma evidencia de que ele esta no ápice da sua raiva.


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