Eterno Verão. escrita por _BieberHot


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Olá, boa leitura! :)



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Sentindo-se em pânico e sem fôlego, Marie deu ao motorista do táxi o endereço do hospital. Recostou a cabeça no canto e fechou os olhos. Só o que queria era se afastar dali. Teve uma sensação de loucura, de estar sendo carregada numa onda, de ter entrado no quarto de alguém e se deparado com a pessoa nua, de ter descoberto o que não era pra descobrir. Mas será que era isso mesmo? Seria a verdade? E se ela fosse apenas uma mulher com quem ele viajara no avião? E se as suas suposições fossem precipitadas, e as suas conclusões insanas? Não, não era apenas isso. Soubera no momento em que os vira. No fundo do seu coração, simplesmente soubera. Mas, quem era ela? E a quanto tempo vinha acontecendo? Uma semana, um mês, um ano? Acontecera no verão, ou era algo mais? Muito, muito mais...?

- Chegamos. – O motorista virou-se pra ela, lançando um olhar ao taxímetro.

Marie mal escutava, os seus pensamentos corriam em 14 direções simultâneas. Durante toda a viagem agoniada desde o aeroporto, não pensara nenhuma vez em Justin. Não lhe ocorrera que ela tinha feito a mesma coisa, só o que sabia é que tinha visto o marido com outra mulher, e ainda se importava. Estava cega de surpresa e dor.

- Srta.? – O motorista ainda a fitava, enquanto ela olhava para o taxímetro, de olhos vidrados, confusa.

- Obrigada. – Ela lhe entregou rapidamente o dinheiro e saiu do carro, olhando ao seu redor. Estava de volta ao hospital, mas como é que tinha chegado ali? Quando tinha dado a ele o endereço? Tinha planejado voltar ao apartamento para se controlar, porém, tinha ido para o hospital. Tudo bem. Mike iria pra casa para largar as suas coisas, e finalmente viria ver sua mãe. Ainda não estava pronta pra vê-lo. Cada vez que pensava nele, parado ali, via a cabecinha bonita inclinada pra ele, a mão no braço dele, os olhos entornados enquanto ele lhe envolvia os ombros com o braço. Os olhos de Marie ficaram cheios de lágrimas enquanto abria as pesadas portas de vidro e entrava no saguão do hospital. Inspirou fundo. O cheiro já lhe era familiar. Sem pensar, sentiu a mão apertar o botão do elevador para o quarto andar. Tinha se tornado um robô, um corpo automatizado, sem mente; podia sentir-se funcionando, mas sem compreender. Só no que podia pensar era naquele rosto, junto ao de Mike. E ele parecia tão feliz...

                                           ***

- Sou o filho dela. – Disse Mike, assim que entrou no quarto de Madame Duras.

Silenciosamente, da sua cadeira no canto, Marie o observava. Não disse nada quando Mike entrou, e ele não a vira. Foi quase 20 minutos mais tarde que ele finalmente se deparou com o rosto familiar e aqueles olhos... Observando-o com uma expressão de desespero. Pareceu surpreso ao vê-la, como se não compreendesse. Por que não dissera nada? Por que apenas ficava sentada ali? Quando chegara? Ou será que simplesmente estava em estado de choque? Parecia devastada, quase tão pálida quanto sua mãe.

- Marie Elizabeth... – Falou, no mais baixo dos sussurros.

Os olhos dela não lhe abandonaram o rosto

- Olá, Mike.

Ele balançou a cabeça e voltou o olhar para a sua mãe, mais uma vez.

- Quando chegou?

- Às cinco horas.

- Passou a noite toda aqui?

- Passei.

- Alguma mudança? – Silêncio. Mike olhou pra ela de novo, a pergunta repetida nos seus olhos.

- Parece que está um pouco pior. Saí durante algum tempo, mais cedo... Precisei... Fui até a casa dela deixar a minha mala, e fiquei fora apenas umas duas horas, e... E quando voltei ela parecia estar tendo grande dificuldade em respirar. O médico esteve aqui, disse que, se ela não melhorar dentro de algumas horas, terão que operar de novo. – Suspirou e baixou os olhos.

- Acabo de chegar.

Mentiroso, chegou faz duas horas. Aonde foi? Mas Marie não falou absolutamente nada. Ficaram assim por quase uma hora, até que, a enfermeira lhes pediu que saíssem do quarto por alguns minutos; precisava trocar algumas ataduras. Lentamente, Marie se levantou e saiu do quarto. Mike ainda demorou mais um minuto, relutante em deixar a mãe. O pensamento de Marie voltou à cena no aeroporto. Era tudo tão estranho. À dois meses não o via, no entanto mal se haviam cumprimentado. Não podia fazer o jogo do reencontro feliz. Era tarde demais. Porém ele também não estava fazendo o jogo, ou quem sabe apenas estava abalado demais por causa de Madame Duras. Desceu o corredor, de cabeça baixa. Ouviu os passos dele às suas costas, mas não se virou. Continuou andando, pé após pé, descendo o corredor até chegar ao seu final, e ficou olhando por uma janela que dava apenas para uma parede próxima. Podia vê-lo parado às suas costas, pelo reflexo no vidro.

- Marie, não sei o que dizer. – Parecia cansado, submisso, e começou a chorar. – E se ela não puder andar?

- Então teremos que lhe ensinar a viver da melhor maneira possível. - Marie sentiu as mãos dele nos ombros, depois ele a virou lentamente pra si. Seu rosto era de um homem cansado. - Fui te buscar hoje no aeroporto, Mike. – Algo nos olhos de Marie contou a ele o que ela tinha sofrido, e ele sentiu-se congelar por dentro.

- Acho que nos desencontramos. – Mas havia uma pergunta na voz dele.

- Não, eu vim embora. Eu... Aquilo me explicou muita coisa, Mike. Eu já deveria saber à muito tempo, mas não soube. – Deu um sorrisinho, depois alçou os ombros. – Acho que banquei a idiota, não é?  - Havia amargura na voz dela, além de tristeza.

- Elizabeth, – Ele apertou as mãos que lhe seguravam os ombros. – você está tirando conclusões muito estranhas. – Mas a desculpa soava esfarrapada. Estava cansado e perturbado demais para inventar uma história melhor. Sentia que a vida estava desabando sobre a sua cabeça. – Foi um vôo cansativo, e o dia foi horrível, você mesma sabe. A moça e eu começamos a conversar e...

- Mike, pare. Não quero ouvir. – Ela simplesmente sabia, e pronto. E não queria ser reconfortada com mentiras. – Por favor, hoje não.

- Marie Elizabeth... – Mas não pôde continuar. Em outra hora talvez pudesse, mas não naquela. Não conseguia fabricar uma mentira apropriada. – Por favor. – Desviou os olhos; não conseguia olhar para a dor nos olhos dela. – Não é o que você está pensando. – Mas detestava-se por tais palavras. Era o que ela estava pensando, exatamente. E agora se sentia um traidor. – Não é.

- É, Mike. Estava claro como o dia. Nada que você me dizer, modifica isso. Nada pode retirar o que vi, o que senti, o que soube. – Tinha sido feito uma flecha, direto ao coração dela. – Você deve ter me achado muito burra, todos esses anos.

- O que te faz pensar que foram anos? – Como é que ela sabia?

- O jeito como vocês se moviam juntos. O jeito como andavam, o modo como ela olhava pra você. É difícil ter aquela tranqüilidade em pouco tempo. Você parecia mais casado com ela do que comigo. – Mas, de repente, ficou pensando. Ela também não parecia assim com Justin? E em muito pouco tempo. Contudo, enquanto voltava do aeroporto, naquela noite, tinha entendido tudo... As ausências, a distância, as viagens constantes, o número de telefone em Paris que aparecia com tanta freqüência na conta deles, as poucas histórias que não se encaixavam direito. À anos. Tinha certeza.

- O que quer que eu diga? – Ficou de frente pra ela de novo.

- Nada, não tem mais nada pra ser dito.

- Está me dizendo que acabou?  Que você me deixaria porque me viu no aeroporto com uma garota? Mas isso é uma loucura, Marie, você está maluca.

- Estou? Somos realmente felizes juntos? Você curte a minha companhia, Mike? Anseia por voltar pra casa, quando está fora? Ou será que temos um relacionamento profundo e significativo, que respeitamos as necessidades, as virtudes e sentimentos um do outro? Talvez seja que somos tão tremendamente felizes um com o outro, depois de todos esses anos...

- Talvez seja porque eu ainda te amo. – Ao falar, os olhos dele ficaram cheios de lágrimas, e ela virou a cabeça.

- Isso não importa. – Era tarde demais, tinham seguido rumos diferentes.

- O que está dizendo, Marie? – Perguntou, subitamente sombrio.

- Não sei. Primeiro vamos resolver o problema de Madama Duras, depois conversamos sobre nós.

- Vai dar certo pra nós, sei que sim. – Olhou para ela com determinação

- O que te faz pensar assim? Por que deveria dar certo?

- Porque eu quero. – Mas não parecia totalmente seguro.

- Verdade? Por quê? Porque você gosta de ter uma esposa, além de uma amante? Onde ela mora, Mike? Aqui? Deve funcionar perfeitamente. – Foi por esse motivo que ele não quis que ela viajasse junto para a Grécia.

- Marie, para com isso! – Agarrou seu braço, mas ela logo o retirou.

- Me deixa em paz. – Pela primeira vez na vida, ela o odiava. O que ele era, o que fazia com ela. E por um momento ofuscante e doloroso, pegou-se ansiando por Justin. Mas Mike era mesmo tão ruim? Ela seria diferente, melhor? A sua mente estava tumultuada. – Não quero discutir isso com você essa noite.

Ele assentiu, aliviado, precisava de tempo. Tinha que pensar, encontraria as palavras certas pra dizer. Ajeitaria as coisas. Quase naquele mesmo instante, a enfermeira os chamou, e seus problemas pessoais foram esquecidos enquanto desciam depressa o corredor, na sua direção.

- Alguma mudança? – Mike foi logo perguntando.

- Não, mas ela está acordada. Por que não vão conversar um pouquinho com ela, mas com cuidado pra não cansá-la demais? Precisa das poucas forças que lhe restam.

Marie notou uma diferença sutil em Madame Duras, quando entraram no quarto. A sua cor não estava melhor, mas os olhos pareciam ter mais vida.

- Estou... com... sede. - Madame Duras olhou para o seu filho, Mike, e tentou sorrir, mas a sua respiração era muito difícil, e fechava os olhos de vez em quando.

Marie lançou um olhar à enfermeira, que sacudiu a cabeça e fez um gesto com o dedo: “Não.”

- Água?

- Daqui a um pouquinho. – Marie continuou a falar num tom apaziguador, enquanto Mike ficava ao seu lado, agoniado. Parecia ter perdido o dom da fala, e Marie podia ver, pelos olhos marejados e os lábios trêmulos, que estava em luta constante contra as lágrimas.

O Dr. Kirschmann entrou no quarto e já foi logo sendo interrogado por ambos.

- O que você acha? – Mike queria palavras dele, promessas, garantias.

- Não sei, ela está agüentando firme. Não posso dizer mais do que isso. – Ele podia ter lhes dito quais eram as chances dela, mas como não eram boas, preferiu ficar calado.

Ficaram parados ali durante quase uma hora, enquanto Madame Duras dormia, fazendo ruídos estranhos, mexendo-se de vez em quando, parecendo lutar pra respirar. Mike apoiava uma mão na cama, sentindo o corpo frágil perto dele, os olhos jamais abandonando o seu rosto. Marie segurava a mão dela e esperava por alguma coisa... Por esperança. A hora tinha quase se esgotado quando Madame Duras finalmente acordou.

- Sede...

- Espere só mais um pouquinho. – As palavras de Marie eram um sussurro doce acariciado por um sorriso. – Durma, você vai se sentir muito melhor.

E então Madame Duras sorriu. Foi um sorriso de verdade.

- Já... me sinto... melhor.

- Que bom, mãe. E vai se sentir muito melhor amanhã. – A voz de Mike era suave como a brisa de verão.

Mais uma vez Madame Duras sorriu e fechou os olhos. O médico os chamou, pedindo pra que saíssem do quarto.

- Vamos prepará-la agora para a cirurgia, vocês podem voltar daqui a pouco.

Ele se virou, e eles saíram. Marie sentia falta de ar, como se ela também tivesse que lutar para respirar. O corredor estava frio e quente demais ao mesmo tempo, e ela teve que se apoiar em Mike. Eram 04:00 da madrugada, e nenhum dos dois dormia à dois dias.

- Ela falou que se sentia melhor. – Mike se apegava à débil esperança, e Marie concordou. – Também achei a cor dela um pouco melhor.

Marie já ia dizer alguma coisa, mas o Dr. Kirschmann reapareceu, descendo o corredor na direção deles.

- Droga, ele devia estar com a minha mãe, e não procurando por nós.

Mike começou a caminhar na direção do médico, mas Marie parou. Já sabia, e agarrou o braço de Mike. Ela sabia, e não podia dar mais um passo. Madame Duras estava morta.


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Notas finais do capítulo

Oh, meu Deus, a mãe do Mike morrei e agora? Será que a Marie vai continuar com ele ou vai deixá-lo? Será que ela vai acreditar nas mentiras dele? E o Justin? Só lendo pra saber...
E minhas reviews, galera? Assim não dá, né, preciso de incentivo.
Me deixem reviews falando o que estão achando, o que querem que eu mude, o que tá chato ou legal, o que vocês acham que vai acontecer.. Qualquer coisa, mas deixem. Quero e preciso saber a opinião de vocês.
Eu não sei nem quem lê minha história, vocês nunca deixam reviews.
Obrigada a quem sempre deixa, obrigada mesmo. (:
Até a próxima! ♥