Signatum escrita por MilaBravomila


Capítulo 42
Capítulo 41 - O princípio do fim


Notas iniciais do capítulo

Bom, depois de tanto tempo, volto a postar um dos caps finais de Signatum. Desculpem pela demora, de verdade, mas tive que reler a fic e recuperar os caps depois que meu pc morreu - sim, tive que formatá-lo e perdi TUDO!!! Por sorte existe o Nyah! Assim, pude recuperar toda a fic, copiando capítulo por capítulo... foi trabalhoso, mas saiu! rs
Gostaria mto de agradecer quem ainda está me acompanhando - se é que restou alguém depois de tanto tempo! - e desejar um FELIZ 2012 a tds!!!
Além disso, gostaria de dedicar este cap à leitora Even, que me felicitou com duas recomendações, uma para Salvation (minha fic anterior que já aculumou 11 indicações) e uma para Signatum, que agota tem 5 recomendações!!!! Mto feliz!!! 2012 já começou com tudo!!!
bjs e boa leitura!



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Eu nunca os tinha visto. Por todo o Paraíso, apenas as histórias eram contadas, mas nunca, jamais um anjo comum como eu, mesmo guerreiro, havia visto pessoalmente algum dos cinco Príncipes do Inferno.

Aziel, Bohr, Belzebul, Mammon e Semjaza. Suas auras individuais eram terríveis, mas juntas... eram devastadoras.

Aziel tinha um rosto e corpo perfeitos. Até suas asas eram perfeitas, negras como a noite e brilhosas como as estrelas, mas seus olhos...traziam a maldade e a frieza proporcionais a sua beleza infernal.

Bohr tinha a aparência antiga... parecia uma velho decrépito. Sua pele cinza esverdeada era repleta de furúnculos e escaras... ele era a soma de todas as mazelas que existiam.

Belzebul era uma quimera. Os olhos gigantes de mosca e o corpo amorfo e peludo. Suas cerdas eram envenenadas e sua língua bifurcada como a de uma serpente. Nas pontas de seus quatro braços haviam pinças mortais e os pés portavam cascos como de cabra.

Mammon era magro. Era uma magreza patológica. Ele se alimentava da alma e do sofrimento dos humanos perdidos no pecado. Seus olhos não possuíam íris, ou pupila, eram apenas um fundo negro e eterno que prendia e sugava os infelizes descrentes.

Semjaza era enorme. Com quase três metros de altura e com o corpo repleto de músculos vigorosos, possuía chifres que entortavam para trás, junto à cabeça. Na mão direita carregava uma velha e poderosa espada, a Espada Negra, a mesma que feriu a alma de Melanie há dias atrás, nas ruinas de Qumran. Ele era o chefe do exército do Submundo.

As figuras encapuzadas pairavam no ar, sobre o campo de batalhas, com suas asas negras de morcego. Eu não via seus corpos completos, pois estavam todos encobertos pelos capuzes, mas a história da batalha lendária entre eles e os Arcanjos, era de conhecimento de todos os celestiais. Eu não precisava vê-los por completo, era apenas necessário senti-los.

Com sua chegada, o ar tornou-se denso ao ponto de ferir os pulmões, mesmo os meus. O frio era tanto, que minha pele se arrepiou e os lábios estavam a ponto de rachar. Meu corpo pesava como rocha e fiquei estacado no chão. Nem a adrenalina que corria em minhas veias foi capaz de me tirar do lugar. Apenas uma coisa conseguiu me fazer manter o foco: Harper.

Se meu corpo estava sentindo tudo aquilo, pra ela estava sendo a morte. Eu precisava ajuda-la. Mas bem nesse momento, quando pensei em agir, senti a onda se mover lentamente. Ela vinha em nossa direção como um distúrbio no espaço-tempo; uma onda magnética, porém visível. Ela vinha dos encapuzados, mas de um ponto específico. Vinha do Senhor da Morte, Mammon.

Eu sabia que era para nós, os guerreiros. Aquela era a onda da morte para todo o exército de tocaia. Eles sabiam que estávamos ali e não permitiriam nenhuma interferência em sua vingança contra os Arcanjos. Eu também já esperava por isso, todos os guerreiros sabiam que isso poderia acontecer. Quando Gabriel nos avisou que não duraríamos um minuto sequer, eu já sabia. Mas fomos treinados pra esse momento e seguiríamos na missão, independente de qualquer coisa. Um guerreiro de Miguel jamais foge do campo de batalhas, jamais, apenas quando a missão é cumprida.

Mas eu não esperava por ela. Harper não devia estar ali. Eu tentei protegê-la, tentei manda-la embora, mesmo sabendo que a tinha magoado profundamente. Eu faria qualquer coisa para protegê-la. Naquela fração de segundo, quando eu senti a onda da morte se aproximando de nós, eu superei tudo. Superei o peso do corpo, a adrenalina paralisante, o frio de congelar os ossos. Eu corri, eu voei, como nunca em minha existência. Num tempo menor que um piscar de olhos, eu a envolvi em meus braços.

Eu já estive assim antes com Harper. Em nossas batalhas, desde quando nos encontramos aqui na Terra, eu já a resgatei, já a ajudei durante as lutas. Mas aquilo... aquilo foi diferente. Meu corpo a sentiu como nunca antes. O toque foi o mais suave que consegui durante o desespero do momento. Meu braço envolveu sua cintura e o outro subiu por suas costas. Com minha mão emaranhada em seus cabelos negros e o aperto em sua cintura, apertei-a contra meu próprio corpo. Eu nos joguei no chão, meu corpo sobre o dela, cobrindo-a, protegendo-a da onda implacável que se aproximava. Eu desejei que minhas asas fossem mais fortes, como as dos Arcanjos, para poder salvar a vida de Harper.

Naquele momento derradeiro era só isso que eu queria: salvá-la.

...

Eram cinco. Os Príncipes do Submundo surgiram deslizando no céu arroxeado e turbulento. Com meus olhos humanos, não pude ver muita coisa, mas como sensitiva beta, eu senti uma onda avassaladora e paralisante de medo.

Demônios, possuídos, espectros... tudo isso eu já tinha enfrentado, nada disso me era incomum...mas essa aura que emanava deles era simplesmente o Mal.

Meu corpo estava no limite: o frio, o peso, a dor... eu já não suportava mais. Vi quando aquela onda foi se aproximando, saindo do corpo de uma das criaturas encapuzadas, e pressenti que estava nos meus últimos segundos de vida. No fim, eu não veria como a batalha iria terminar porque estaria morta... a notícia boa era que, pelo menos, eu morreria no campo de batalhas... ao lado de Jules...

Pouco antes de a onda me atingir, tudo ficou escuro... ou melhor, branco. Senti o anjo me abraçar forte. Uma de suas mãos em minha nuca, o outro braço, me envolvendo a cintura. O calor do seu corpo ainda estava lá, me aquecendo, apesar do frio, e tudo o que eu vi foram suas asas alvas e monumentais me envolverem.

Naquele momento eu pensei em xingá-lo. Ele tinha que correr, que voar dali pra se salvar, e não me proteger! Eu era humana, frágil e vulnerável, mas ele? Ele ainda tinha chance de sair vivo. Mas eu senti sua determinação, senti seu desespero quando me abraçou. Apesar de tudo, ele estava ali por mim... Jules estava dando sua vida pra me proteger.

Não! Isso não podia ser verdade! Ele não tinha que morrer por mim, não era justo! Ele era um anjo, um enviado dos Céus e sua vida era muito importante... muito mais que a minha. Naquele instante eu percebi que se Jules morresse, eu também morreria... mesmo que meu corpo permanecesse vivo.

Eu não sei o que me fez fazer aquilo, mas eu fiz. Foi exatamente como aconteceu quando Melanie salvou a garotinha possuída quando eu disse a ela o que fazer... eu simplesmente soube. Eu sabia que podia protegê-lo com minha energia beta. Com muito esforço, eu me concentrei e senti algo de dentro de mim sair e nos envolver. Era como uma manta, fina e quente... como uma capa que nos impediu de receber o golpe fatal.

Senti quando aquela energia maléfica nos atravessou, devastando, corroendo... mas eu não queria morrer, não iria permitir que Jules morresse. A onda passou por nós, incômoda e dolorida, mas não fatal.

Foi tudo tão rápido que num piscar de olhos já havia acabado. Senti meu corpo como se tivesse sido cortado me pedaços e a única coisa que o estava mantendo inteiro eram os braços dele. Eu sabia que tinha conseguido salvá-lo, mas a mim... eu já não tive tanta certeza. Senti a manta de energia se desfazer lentamente, na mesma velocidade em que meu corpo caía na inconsciência, ainda protegido em seus quentes braços angelicais.

...

Vi meus irmãos preparados para a batalha. As Gladius sagradas em punho, as asas estendidas. Diante deles os nossos mais antigos e perigosos rivais.

Em um tempo curto demais para precisar, juntei-me aos dois. Eu já sabia que eles tinham sentido a minha presença, eles a sentiram assim que retornei do Paraíso. Senti o alívio vindo de ambos, que permaneceram em posição de defesa, no chão, olhando para as figuras que, lentamente, aterrissaram muitos metros a nossa frente.

- Achei que fosse perder o show, irmãozinho. – Gabriel falou no seu tom mais debochado.

- Jamais. – respondi com um sorriso sádico.

A batalha fazia isso comigo. Rafael e Uriel ganhavam força da natureza humana, seja do espírito, seja de sua simples existência; Gabriel ganhava força com a natureza física, os elementos e a força do fogo; eu ganhava força na batalha, no desafio. Essas horas eu me tornava incontrolável. Nada era capaz de me impedir, eu me transformava em um ser diferente do que eu normalmente era. Nessa hora eu me tornava o verdadeiro Príncipe dos Exércitos Celestiais.

- Mikael... nos tandam ocurrit... – Semjaza disse, olhando-me nos olhos.

(Miguel... finalmente nos encontramos.)

- Non existimavi mihi cum tam stultus lacessere, Semjaza. – respondi, apertando a Gladius na mão e tensionando os músculos.

(Não pensei que fosse tolo o bastante para me desafiar mais uma vez, Semjaza)

O demônio gargalhou ironicamente, mostrando suas presas podres como sua alma desgraçada. Gabriel também riu de minhas palavras, divertindo-se com minha atitude no campo de batalha, como sempre.

- Dolor me mittere ad inferos bellatorum eius occulta. Nemo nostrum intervenit in ultionem. – Mammon em sua voz rouca e tenebrosa escarnou, sorrindo com o prazer da morte dos guerreiros.

(Infelizmente tive que mandar seus guerreiros escondidos para o inferno. Ninguém deve interferir em nossa vingança.)

Dessa vez, fui eu quem gargalhou.

- Ulcisci? Solus res ut posset ire ad foramen unde venerunt. – respondi sentindo meus olhos flamejarem com a antecipação da batalha.

(Vingança? A única coisa que vão conseguir vai ser voltarem pro buraco de onde vieram.)

Minhas palavras provocaram rugidos dos demônios a minha frente que, instantes depois, avançaram com todo seu ódio contra nós. A batalha final havia começado.


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Notas finais do capítulo

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