Signatum escrita por MilaBravomila


Capítulo 40
Capítulo 39 - Cai a temperatura


Notas iniciais do capítulo

Gente, estou mto feliz! Signatum recebeu mais uma ecomendação!!!! Já são quatro!!!! o/o/o/o/
Julya Rafaela, essa cap é pra vc. brigada por fazer uma escritora amadora tão tão feliz :D
E obrigada a TODOS que voltaram a me deixar reviews!! êêêêê
*-*



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No meio do caos que estava a cidade e, provavelmente o mundo, eu corri o mais rápido que minhas pernas humanas me permitiam. As pessoas estavam fora de suas casas, olhando para o céu negro-avermelhado, tapando os ouvidos e protegendo os olhos o quanto podiam contra o vento e a coisas que voavam por todos os lados. Eu ainda tive que manter um controle rigoroso sobre meu corpo, dizendo a mim mesma o tempo inteiro que devia inspirar e expirar para sobreviver.

Nessa hora, um enorme estrondo ressoou por todo o céu e todas as pessoas, incluindo a mim, se abaixaram instintivamente. Foi o maior trovão que ouvi. Raios arroxeados começaram a cruzar o céu e faiam um show de cores assustadoras em uma bizarra combinação macabra. Os gritos começaram a se intensificar e a massa de pessoas desesperadas começou a se mover, tentando fugir. Era inútil. Eles não sabiam, mas não havia lugar no mundo que fosse seguro, não se os Arcanjos perdessem a batalha.

Na correria, eu avistei um casal parado em uma moto perto de mim. Não pensei duas vezes e saquei a adaga que trazia sempre comigo. Num movimento rápido, pressionei-a na garganta do homem, que estava na posição do piloto.

– Me dê a chave e o alarme, agora!

O rapaz estava sem capacete e se assustou com minha presença. A menina soltou um grito que não foi percebido por ninguém em meio a confusão.

– Por favor... – ele começou a dizer.

– SAI! – gritei, apertando mais a lâmina em seu pescoço.

O casal saiu desengonçado e com as mãos pra cima. A chave estava na ignição e eu sentei no veículo prateado. Estiquei a mão para o bolso da calça do rapaz e achei o pequeno controle do alarme, eles sempre guardavam ali.

– Obrigada! – eu disse antes de girar a chave e apertar o botão do start.

O motor potente estava pronto e eu acelerei. Com dificuldade, desviei dos obstáculos de uma cidade caótica e fui, aos poucos, me afastando da confusão de pessoas nas ruas, alcançando as estradas também lotadas de carros em fuga. Cortando o trânsito de um jeito que deixaria muito marmanjo de queixo caído, eu passei por todos, e me dirigi até onde eu sentia que tinha que estar, até onde eu senti a presença de Jules e dos Arcanjos.

Eles estavam longe, tinham se afastado do centro, mas eu os alcançaria muito em breve. Eu não sabia explicar o motivo, mas sabia que tinha que estar lá, afinal, era a minha raça que estava na berlinda, não a deles.


...


Cair em Abyssi pela segunda vez foi totalmente diferente. Da primeira vez eu não sabia o que esperar, não sabia como eram os humanos, o mundo deles. Agora não.

Eu tinha abdicado de minha essência angelical para salvá-los. Apesar de minhas decisões terem me levado a fazer um pacto com Lucius para uma eternidade de servidão e sofrimento, elas também me levaram até Miguel e por isso, eu sabia, que tinha feito tudo certo.

Aterrissamos no topo de um prédio enorme. Reconheci a cidade imediatamente, mas a atmosfera me fez perder o fôlego. O céu negro da noite antes tão linda estava com tons de rubro. Raios arroxeados caiam por todos os lados, fazendo estrondos enormes ressoarem em nossos ouvidos. O vento estava forte e fazia meu cabelo voar por todos os lados.

– Pai... – foi o que saiu de minha boca.

Miguel ainda mantinha seus braços fortes ao redor de minha cintura e Uriel estava de pé no parapeito, em perfeito equilíbrio, olhando para baixo, como se o forte vento que nos açoitava não o incomodasse em nada.

– Melanie, eu preciso ir até meus irmãos. – Miguel começou a falar, enquanto acariciava meu rosto suavemente, mesmo em meio ao caos – Eu sei que não posso te impedir de nada e sempre vou respeitar sua decisão, mas eu queria pedir pra que você não fosse até lá.

Eu vi seus olhos dourados me encarando com expectativa. Eu o entendia, mas não podia ficar de fora agora. Respirei fundo e levei minhas próprias mãos até seu rosto quadrado e perfeito. Por um instante, era como se a ventania e o frio tivessem cessado. Éramos apenas eu e ele. Em minha mente e em meu corpo, revivi a sensação da noite que passamos na tenda beduína, quando nos amamos de um jeito tão único e indescritível. Eu vi sua adoração por mim, sua paixão e seu medo em me perder.

– Eu... não consegui livrar você. – ele disse, fechando os olhos e movendo a cabeça levemente para o lado, de forma que minha mão encaixou perfeitamente em sua bochecha.

– Eu sei... – respondi sorrindo – mas não importa. Não importa onde eu esteja, eu sempre vou ser sua e sempre vou ser feliz por isso.

Ele abriu os olhos e eu não pude ler sua expressão. Havia dor, paixão, desespero, culpa, felicidade, tudo misturado, e tantas outras coisas que eu não soube dizer. Antes que ele respondesse, eu o beijei.

Eu sabia que aquele podia ser o último momento que eu tinha com ele. Sabia que depois daquela noite, mesmo que os Arcanjos vencessem, eu teria de cumprir meu destino ao lado de Lucius. Então, eu me entreguei àquele beijo de corpo e alma, enquanto ambos ainda me pertenciam. Tudo pareceu tão diferente. Como mortal, eu senti o beijo de Miguel ainda mais profundo. Sua essência agora me preenchia de um jeito absolutamente incrível, era forte, viciante, perfeito.

Uma de suas mãos se enroscou em meus cabelos e senti suas asas me envolverem, nos isolando do mundo a nossa volta. Sua língua, seu hálito, suas mãos, tudo dele era fogo em mim e eu me senti tão viva como nunca antes. Eu levaria este momento comigo pra sempre, gravado em mim.

Fui eu quem interrompeu o beijo, ofegante.

– Vai, vai na frente, salve-os. – eu disse enquanto deixava minhas mãos acariciarem seu peito e braços uma última vez.

– Eu a levo, se ela quiser, mas você precisa estar lá. – Uriel falou, já ao nosso lado.

Miguel não encarou o irmão, suas mãos deixaram minha nuca e cintura com relutância. Elas acariciaram meu rosto mais uma vez.

– Eu tenho fé de que ainda vou te salvar dele. – Miguel me falou determinado, com aquele brilho intenso no olhar.

– Eu também. – eu disse.

E assim, ele sumiu, deixando-me a sós com Uriel.

Imediatamente senti o vento frio me atingir e o vazio da ausência de Miguel me atingiu. Uriel olhava pra mim, com seus olhos dourado e benevolentes. Ele sabia muito bem o motivo por eu ter ficado a sós com ele. Encarando o Arcanjo de asas imponentes, eu indaguei:

– Por quê?

Uriel me encarou e sorriu. Ele já sabia que a pergunta viria, eu só não imaginava que ele me respondesse. Ele não precisava, ambos sabíamos disso, mas, como ele mesmo tinha me dito lá no Paraíso, ele me devia. Eu sacrifiquei muito pelos humanos, humanos que ele, acima de todos, deveria proteger. Eu precisava saber o motivo pelo qual Uriel abriu o portal que levou a tudo isso. Eu merecia saber a verdade.

– Me dê sua mão. – ele disse ainda com seus olhos dourados fixos em mim.

– Vou te mostrar o meu motivo.

Quando eu segurei sua mão grande e quente, eu senti. Era a energia mais pura e incrível de todas. Era a paz que inundava meu espírito.

– Você é um sensitivo alfa também. – eu disse com o pouco fôlego que me restou.

– Eu tive que esconder de você quando te toquei antes, mas não mais. Eu devo a verdade a você.

Dizendo isso, uma luz branca e forte partiu de seus olhos e me cegou. Eu não fazia idéia do que estava acontecendo. Eu senti o frio, aos poucos, se desfazer. Minha pele estava aquecida e não havia mais a tempestade e o céu rubro-negro. Eu estava em outro lugar, em outro tempo, e quando eu consegui focar em algo, vi a figura esbelta de Uriel. De alguma forma eu soube que estava no passado, viajando nas lembranças de Uriel. Foi isso o que ele quis dizer com ‘Vou te mostrar o meu motivo’. Eu só não fazia idéia do que veria.


...


Eu estava em minha posição, avistando todo o campo de batalhas. Os Arcanjos prontos, olhando para pontos diferentes do céu tempestuoso e avermelhado. A tempestade piorou e o vento, forte o bastante para envergar grandes árvores, balançava loucamente os cabos de alta tensão próximos de onde estávamos.

Eu a senti antes mesmo de ouvir o som do motor da moto. Não podia ser, Harper não devia estar aqui. Meu coração disparou, batendo forte no peito. Ouvi quando a motocicleta se aproximou e também quando ela, imprudentemente subiu na grade que cercava no local. Por sorte eu era o celestial mais próximo de onde Harper havia entrado. Num bater de asas eu estava ao seu lado.

Habilidosa, ela sentiu a presença de alguém e apontou sua adaga afiada em minha direção bem a tempo de impedir que eu a tocasse. A lâmina parou a centímetros do meu pescoço, mas eu sabia que seria assim.

– O que está fazendo aqui? – perguntei exasperado.

Ela baixou a adaga e olhou ao redor, ignorando minha pergunta. Seus belos olhos escuros avistaram os Arcanjos a uma certa distância de nós.

– Os demônios ainda não chegaram? – ela perguntou ainda sondando o local com olhos sagazes.

– Eu perguntei o que faz aqui. – repeti as palavras lenta e duramente.

– Você é meu pai agora? – ela perguntou afiada, finalmente me encarando.

Por um segundo eu vacilei. Vi claramente a mágoa em seus olhos e sabia que eu era o responsável por isso. Eu odiava ter que magoá-la assim, mas eu me importava demais com ela para permitir que corresse perigo.

– Não, eu só estou querendo dizer que você não devia ter vindo. Você não será capaz de ajudar em nada aqui.

Ela dissimulou bem o orgulho ferido, mantendo a pose e o tom irônico tão característico:

– E você, acha que vai ajudar em alguma coisa? Se liga, você é apenas um anjo comum, não vai fazer muito mais que eu.

– Eu sou um guerreiro, fui treinado em combate, é meu dever estar aqui.

– E se você ainda não percebeu, essa batalha é sobre o futuro da minha raça, amigo, não da sua. Então, aceite, eu vou ficar.

Ela falou com tanta energia e decisão que me chocou. Harper sempre foi forte e independente, mas também sempre foi impulsiva e imprudente.

– Mas não era você que odiava ser humana?

Ela arqueou a sobrancelha, claramente surpresa pelo o que eu disse. Provavelmente, o meu tom irônico a surpreendeu mais que o conteúdo da frase em si. Antes que ela pudesse formular outra resposta voraz, ambos sentimos. A temperatura caiu bruscamente, fazendo sair fumaça com a respiração. O vento ficou diferente. Não era mais forte, mas era mais denso, pesado, como se carregasse o peso da morte.

Harper e eu olhamos pro alto. Há uma distância razoável, haviam cinco figuras encapuzadas portadoras de grande pares de asas negras e horripilantes. Diante de nós, estavam os cinco príncipes do Inferno.


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Notas finais do capítulo

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