Signatum escrita por MilaBravomila


Capítulo 16
Capítulo 15 - O toque da donzela


Notas iniciais do capítulo

Queria agradecer pelos reviews de tds!! Mto obrigada!! Qm escreve sabe o qnto um review é importante!! Entaum, agradeço a tds que me acompanham e especialmente aos que gastam dez segundos a mais pra me fazer mto feliz!!!

:D



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A viagem foi péssima. Maldita classe econômica! Esses anjos são uns mãos de vaca. Depois de ter passado exaustivas horas amassada ao lado do corpulento Jules no avião, finalmente chagamos à Israel e devo dizer que não era nada do que eu esperava. O lugar era absolutamente fantástico. O aeroporto internacional Ben Gurion ficava em Tel Aviv e era bastante luxuoso e movimentado, mais até que o normal. Bom, do jeito que as coisas estavam, com tantas mortes e tragédias inexplicáveis, as pessoas estavam recorrendo à fé e, sem dúvidas, Israel é o lugar mais santo que eu conheço.

Nosso destino eram as ruínas de Qumran, onde as epístolas deixadas por Enoque foram encontradas e, supostamente, deveriam haver coisas deixadas por ele que os homens não foram capazes de enxergar. Pra isso, teríamos que ir até Jericó e de lá nos dirigir às ruínas, que ficavam a aproximadamente 13 km de distância ao sul da cidade.

- Ótimo, chegamos. – eu disse enquanto ajeitava minha mala recém recuperada – Agora eu espero que alguém aqui fale minha língua porque eu não faço idéia de como me comunicar com estas pessoas. E acho bom ninguém ficar olhando pra minha cara como se eu fosse uma aberração só porque não estou coberta da cabeça aos pés.

OK, eu estava parecendo uma velha reclamona, mas as vezes eu queria apenas ouvir o som de alguma voz, nem que fosse a minha própria. Jules era muito calado. Já foi demais pra mim passar todas aquelas horas apenas com meia dúzia de palavras. Eu sabia que ele estava preocupado com a situação e também com Miguel, que tinha ficado sabe-se lá em quais condições para tentar resgatar Melanie, mas eu era agitada demais para apenas compreender sua necessidade e ficar calada.

Jules escutava tudo pacientemente, como sempre, e seguia em frente. Através do câmbio do aeroporto, trocamos algum dinheiro nosso pelo vigente no país e confesso que fiquei chocada quando ouvi Jules conversar normalmente com a mulher do banco, numa língua que eu nem sabia que existia.

- Eu não sei porque você ainda se surpreende, Harper. – ele disse simplesmente enquanto passou por mim, contando o dinheiro que havia acabado de trocar. Minha cara de espanto estava óbvia demais.

- Nossa, você fala! Pensei que tinha perdido esse dom no avião. – retruquei. É claro que eu não podia ficar por baixo.

Ele sorriu muito rapidamente de banda antes de seguir em frente e senti um frio ligeiro em meu estômago. Bom, eu nunca gostei muito de aviões mesmo, eles sempre me enjoavam...

...

Após o que me pareceu uma eternidade, mas que na realidade não durou mais que uma hora, senti o vento gélido retornar ao círculo. Aquele cheiro de morte me tirou da meditação profunda na qual me encontrava. Eu estava fraco, tanto pela ferida em meu peito, quanto por ter perdido muito sangue para pagar o preço da informação, mas valeria a pena.

Aquele vento maldito apenas passou por mim e sussurrou em meu ouvido o que eu precisava saber. Mais que depressa levantei e vesti as roupas de volta, sem me preocupar com as bandagens. Invoquei minha Gladius e reuni as forças que me restaram para viajar. Com minhas asas abertas, recitei as palavras do pai e senti meu corpo ficar cada vez mais leve e o calor saiu de mim como uma explosão.

Primeiro os meus pés, depois o corpo e a cabeça, foram sumindo lentamente, se desmaterializando na luz, enquanto eu mentalizava o meu destino e objetivo. Instantaneamente, eu estava diante deles.

Era um quarto grande e luxuoso, no centro do qual havia uma cama gigantesca. Apertei com força minha Gladius na mão e senti o coração parar de bater quando registrei a cena a minha frente: Lucius estava sobre o corpo de Melanie, possuindo-a.

Minha chegada foi inesperada demais pra ele e teria sido minha vantagem, mas fiquei sem ação ao vê-la daquele jeito, sendo usada daquela forma. Ele se virou em minha direção espantado e Lucius rapidamente se colocou em posição de ataque, aguardando minha investida. Na cama, a atordoada Melanie estava com os olhos desfocados, como se estivesse fora da realidade, fora de si.

- Melanie? – perguntei desesperado, mirando minha Gladius na direção de Lucius.

Ele pareceu se recuperar rápido do susto e já estava pronto para o combate. Melanie permaneceu deitada, inerte.

- Você não perde a mania de aparecer em momentos inoportunos, Miguel. – Lucius recorreu ao sarcasmo.

Não esperei mais e o ataquei com tudo o que tinha. Infelizmente, não era o suficiente. Eu estava fraco demais com tudo o que tinha feito e Lucius, ao contrário, estava forte. Com uma esquiva e ataque extraordinariamente rápidos, ele me repeliu e eu senti a dor de seu punho em meu rosto.

- Ah, pobre Miguel, está tão fraco... o que foi? Perdeu muito sangue pra estar aqui? Seu papai não quis te ajudar?

A voz dele me enviava ondas de ódio, um ódio que eu nunca senti ou nutri antes por nenhum ser das trevas. Ele sentiu e sorriu ainda mais.

- Bem-vindo ao meu mundo, Miguel. Você vai descobrir que o ódio pode te oferecer muito mais.

Dizendo isso ele partiu pra cima de mim, num ata  que frontal e ágil que eu não consegui desviar. Ouvi uma de minhas costelas se quebrando com o impacto de seu golpe. Meu corpo voou e bateu na parede ao lado da cama onde estava o corpo de Melanie.

Ofegante, apoiei-me na Gladius e levantei com dificuldade. Meus olhos desviaram para o corpo dela estendido sobre a cama. Os lençóis amarrotados cobriam apenas parcialmente o corpo delicado e eu podia ver alguns hematomas nos braços e cintura, onde ele a apertou. O cabelo estava bagunçado e levemente volumoso, tornando seu rosto suave muito mais atraente. Os lábios estavam avermelhados e havia pouca quantidade de sangue na parte interior de uma de suas coxas.

Senti algo inexplicável ao vê-la daquele jeito. Era uma raiva incontrolável que me deu forças que eu não tinha. Avancei sedento por vingança na direção do demônio e o acertei lateralmente. Recomeçamos uma luta feroz. Lucius estava em melhores condições e com uma força extra, que veio provavelmente do sacrifício que tinha realizado, mas eu... eu tinha ódio. Pior do que um demônio com ódio é um arcanjo com esse sentimento.

No último golpe, eu esquivei de seu ataque e revidei. Fui preciso e cravei a Gladius em seu peito, mais uma vez, errando por poucos milímetros seu coração. Caímos no chão, ao lado da cama. Ele estendido e eu cravando a espada cada vez mais fundo em seu corpo. Lucius segurou a lâmina com as duas mãos e me disse ofegante:

- Isso não adianta comigo e você sabe... – o sangue escorria de sua boca e era o mesmo tom de seus olhos – você não pode me matar, Miguel.

Lucius riu e eu cravei ainda mais minha Gladius em seu peito, fazendo-a transpassar o corpo dele e atingir o chão. Eu jogava meu peso inteiro sobre a espada e apertava com tanta força o punho ao redor dela, que minhas mãos já estavam brancas e dormentes. Ele tinha razão, não importava o que eu fizesse, quantas vezes eu cravasse aquela espada em seu peito, ele sempre retornaria.

Então eu vi uma movimentação ao meu lado. Era Melanie. Ela esticou a mão lentamente e tocou minha Gladius de leve. Da posição em que eu estava, mesmo sobre o corpo de Lucius, eu não pude vê-la, mas inconscientemente me senti feliz apenas em saber que ela estava viva. Melanie tocou a Gladius e eu vi uma luz branca partindo dela. Eu sabia o que ela estava fazendo. Como sensitiva alfa ela tinha o poder de transferir parte de sua alma pura aos que possuem a alma negra e, assim, destruí-los.

A luz foi ficando cada vez mais forte, até que eu fechei os olhos. Tudo foi rápido e acabou tão logo começou. A mão dela soltou minha espada e caiu sobre o colchão, abaixo de mim, o corpo de Lucius havia sumido.


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Notas finais do capítulo

Reviews??