Signatum escrita por MilaBravomila


Capítulo 14
Capítulo 13 - Flutuando nas sombras


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!!



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Eu tive que recorrer às forças das trevas pra encontra-la. Depois que Miguel levou Melanie de mim, eu não pude mais senti-la. Minha raiva era quase tangível e o pior era que eles poderiam ter ido a qualquer lugar. Foi então que eu recorri ao poder do meu sangue por direito.

Precisei de muito sangue inocente pra isso, mas como o véu entre os mundo estava cada vez mais fraco, consegui um resultado melhor do que o esperado. No fim, eu senti todo o poder da vida que suguei dos humanos. Estavam perfeitamente dispostos em um círculo aos meus pés, todos os sete, sem nenhuma gota de sague ou vida em suas veias. As sombras a minha volta tremiam, vivas com as mortes que lhes dei.

- Encontrem-na. – ordenei.

Imediatamente, um vento forte e gélido como o inferno e a morte se formou ao meu redor, ansioso por cumprir as minhas ordens, as ordens do sangue do filho de Lúcifer, e eu sabia que em breve teria minha Melanie novamente. Fique um tempo indeterminado ali, parado, sentindo a força renovada em minhas veias e imaginando a delícia que era tê-la perto de mim. Horas mais tarde, ele retornou, o mesmo vento frio e morto que enviei para encontra-la, me trouxe a resposta que eu tanto queria.

Fui direto até ela, e descobri que estavam bem longe de onde a encontrei pela primeira vez. Estavam entocados numa igreja e eu podia sentir a presença de muitos anjos ali, principalmente a dela. Meu corpo inteiro estremeceu quando senti aquele calor que era ela. Minha alma clamava pela dela tão desesperadamente, que naquele instante eu a chamei.

- Malanie... – meu sussurro saiu grosso e profundo.

Eu sabia que ela tinha sentido o meu chamado, mas era arriscado demais entrar ali com tantos anjos a postos. Utilizando a força extra que peguei dos humanos, me camuflei nas sombras e encobri minha presença. Fiquei atrás de um beco escuro, próximo a igreja, esperando.

Como previ, logo Miguel e um bando de guerreiros saíram para vasculhar o local. Eu estava forte e perfeitamente misturado às sombras. Nenhum deles me encontrou e era uma questão de tempo chegar a ela.

Algum tempo depois que os anjos entraram, me concentrei o bastante para perceber que uma parte deles estava enfraquecida, provavelmente descansando, em estado profundo de meditação. Era minha chance. Adentrei no local ainda camuflado nas sombras, concentrado e preparado para o embate. O meu único objetivo era ela.

Foi muito fácil passar por eles, que nem desconfiavam da minha presença nas sombras da igreja. Até que senti. Melanie estava dentro de um dos quartos do lugar. Mas então vi Miguel. O filho da puta estava lá, parado, vigiando a entrada.

Não tinha jeito, para chegar à Melanie, eu teria de enfrenta-lo. As minhas chances não eram boas, mas eu tinha que tentar, tinha que aproveitar minha força extra e o fator surpresa. Peguei um crucifixo que estava pendurado na parede e apertei o metal frio em minhas mãos. Ledo engano quem pensa que essas coisas afastam demônios, isso não passa de merda.

Meu corpo etéreo começou a voltar à forma humana aos poucos e me preparei. Estranhamente, percebi o arcanjo diferente. Parecia cansado, confuso. Ele deslizou até o chão de sentou. Eu esperei, ainda extremamente concentrado em me manter escondido e despercebido. Era como se Miguel estivesse meditando, estranhamente alheio a minha presença. Eu esperava enganar a todos, mas não a ele. Algo estava errado com Miguel e eu estava simplesmente radiante com isso.

Vislumbrei a oportunidade e a agarrei. Num movimento rápido cravei o crucifixo em seu peito. No último instante ele percebeu minha aproximação, mas já era tarde.

- Olho por olho, Miguel. – eu disse, repleto de satisfação, relembrando a dor fulminante que ele havia me causado na boate, cravando sua Gladius em meu peito.

- Melanie... – ele disse fracamente, olhando- me desesperado.

Senti euforia, tamanho era seu desespero, e sorri abertamente, tendo o prazer de ver seu corpo cair mole no chão e ver seu sangue divino e poderoso derramado aos meus pés. Em outra situação eu até tomaria de seu sangue, mas não agora, Melanie era tudo o que eu queria no momento.

Levantei e chutei o corpo desfalecido do miserável pro lado e abri a porta. Melanie estava lá, linda, deitada sobre a cama. Os cabelos claros em ondas sobre o travesseiro, a respiração regular, a boca rósea e carnuda entreaberta. Salivei. Por mim, a tomaria ali mesmo, mas eu sabia que não podia.

Aproximei-me devagar e relaxei um pouco meu escudo, para que ela pudesse me sentir. Imediatamente, minha linda e pura dama abriu os olhos esverdeados e me encarou sem palavras.

- Oi. – eu disse suave.

Melanie gaguejou e antes que pudesse dizer algo que acordasse a humana ou despertasse a atenção dos outros, eu me abaixei e a beijei fervorosamente. Ela estava confusa e dividida, mas deixou que eu a beijasse e me correspondeu, exatamente como eu sabia que faria.

- Vem comigo... – sussurrei em seu ouvido, enquanto dava uma chance para que respirasse.

Antes de ouvir sua resposta, eu a peguei em meus braços e a levantei.

- Não se preocupe, não vou te fazer mal, eu juro. – falei olhando-a profundamente.

Então pronunciei as palavras certas e usei a força extra que ainda corria em minhas veias, misturando-nos às sombras e saindo de lá, indo pra longe de tudo, de todos, apenas eu e ela, como devia ser.

...

- Miguel!

Acordei assustada com o grito que veio de fora do quarto. Levantei mais que depressa, pois estava sentindo que algo não estava bem. Olhei pro lado e a cama de Melanie estava vazia.

Quando abri a porta e me atirei pra fora, escorreguei em algo que tinham derramado no chão e caí de quatro. Então vi a cena mais grotesca de toda minha vida: o corpo de Miguel estava encostado na parede do corredor, ao lado do quarto. Seus olhos entreabertos e desfocados olhavam para o lado, como se tivesse tentado nos avisar. Percebi então que a coisa morna e viscosa na qual escorreguei, era seu sangue.

Os guerreiros estavam rodeando o corpo dele e os padres choravam, apertando seus terços nas mãos. Levante devagar e limpei o sangue das mãos, esfregando na roupa. Calabriel era o mais próximo a Miguel, além de mim. Eles estavam com expressões que eu não saberia definir. Se não fossem anjos, eu diria que estavam com medo... se bem que, ninguém nunca me disse que eles não sentem medo.

- Vamos! Me ajudem! – Jules finalmente tomou uma atitude.

Pra falar a verdade, eu também estava assustada. Miguel era o maior guerreiro de todos, o mais incrível. Se ele tinha sido abatido, então nós estávamos fodidos.

Jules e Calabriel retiraram a cruz do corpo de Miguel cuidadosamente e mais sangue saiu de seu corpo. Tinha um cheiro diferente... era como se fosse adocicado e não parecia metalizado como o normal e era vermelho vivo, denso, poderoso. Até mesmo eu pude sentir o poder naquele líquido viscoso.

Os anjos levaram o corpo de Miguel para a cama onde antes Melanie estava. E, é claro, tudo isso só tinha uma explicação: se ela não estava ali e Miguel tinha sido atacado daquele jeito, só podia ser Lucius o responsável.

Depois que Jules retornou, eu me aproximei, já estando limpa do sangue de Miguel.

- Jules... Lucius levou Melanie.

- Eu sei. – ele respondeu dando um profundo suspiro.

- O que vai acontecer com Miguel? Ele... ele...

- Não, Miguel não pode ser morto desse jeito. – Jules respondeu antes que eu completasse a frase – Mas ficará fraco por um tempo, até que se recupere totalmente.

Meu silêncio refletiu meu alívio. Ficamos parados e em silêncio por alguns minutos. Jules olhava para fora, como de costume, observando o dia começar a clarear. Tudo estava piorando. Perdemos Melanie, Miguel estava ferido quase que mortalmente e não tínhamos a informação necessária para manter a tal porta fechada para os seres inferiores. Ótimo. Pela primeira vez em muito tempo eu estava realmente sem esperanças e sentir essa impotência era um saco.

- Não perca suas esperanças.- Jules falou sem deixar de olhar para fora – Nunca perca a fé em nosso Senhor.

Eu ri fracamente. Fé era uma coisa que eu não tinha há muito tempo.

...

Eu estava flutuando. Esta era a sensação. A única coisa que eu sentia era que estava perto de Lucius. Era incrível o poder que ele tinha de me atrair e me fazer esquecer de tudo. Meus lábios formigavam, mesmo eu não tendo um corpo sólido enquanto flutuava nas sombras com ele. Inclusive estar nas sombras não era desconfortável. Eu me sentia leve e era como se Lucius me envolvesse completamente. Uma sensação incrível.

Então paramos e senti meu corpo voltando ao normal. Estávamos em um quarto grande e confortável e Lucius me envolvia em meus braços. Seu corpo era grande e convidativo e seus olhos vermelhos brilhavam pra mim. Era estranho, mas aquele vermelho não me afugentava, ao contrário, me atraía cada vez mais.

- Fiquei louco longe de você. – ele sussurrou, acariciando meu rosto delicadamente com a mão.

Sorri com seu toque. Era gentil, embora fosse diferente do toque de Miguel. Miguel...

- Lucius, como você entrou na igreja? Como me achou? – perguntei meio zonza. Suas carícias me faziam não pensar direito.

- Isso importa agora? Você está aqui comigo e só.

Ele baixou o rosto e me beijou, ainda gentil. As mãos deslizaram pelas minhas costas até o quadril, onde fizeram um a leve pressão. Soltei um grunhido baixo que o animou e logo senti sua boca em meu pescoço. O corpo dele colado ao meu me mandava espasmos de desejo. Um desejo que eu nunca havia sentido ou imaginado.

Fechei os olhos e senti as mãos dele percorrerem meu corpo, pressionando, apertando. Era bom, muito bom. Senti o corpo dele tenso, duro, ansioso, e uma parte de mim gostou de saber que era eu quem causava isso.

Eu já não pensava em nada, não lembrava nem mesmo de respirar, apenas sentia Lucius, suas carícias, seu toque, seu ser. Ele me chamava, mesmo eu estando ali com ele. Era além de nossos corpos, era além de tudo. Eu estava simplesmente entregue.

- Eu quero você, Melanie... quero você inteira pra mim.

Seu sussurro em meus ouvidos era completamente desnecessário. Eu já estava entregue a Lucius de um jeito inexplicável. Então, ele me apertou firme nos braços e me beijou ardentemente.


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Notas finais do capítulo

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