Capítulo 45

Cause even the stars they burn

Porque até as estrelas queimam

Some even fall to the earth

Algumas até caem na Terra

We've got a lot to learn

Temos muito a aprender

God knows we're worth it

Deus sabe que somos dignos

No I won't give up

Não, não desistirei

I won’t give up – Jason Mraz

O júri deu suas constatações e, como eu imaginava, tinha realmente sido absolvido; teria apenas que prestar alguns serviços comunitários, mas isso eu já fazia há muito tempo.

-Declaro a seção encerrada. – a juíza Amanda Hepburn afirmou e então todos começaram a sair. Abracei Marcus com força.

-Muito obrigado. – agradeci-lhe do fundo do coração.

-O prazer foi meu, garoto. – ele se afastou para me olhar nos olhos. – Agora só me prometa que não vai mais entrar em confusão.

Abri meu maior sorriso e assenti.

Cumprimentei diversas outras pessoas, inclusive minha ex-namorada, Jennifer. Ela estava muito diferente da época em que a conheci. Conversei com ela o suficiente para descobrir que ela tinha se casado, era mãe de um filho de dois anos e estava grávida de cinco meses de uma menina.

-Obrigado mais uma vez. – agradeci a ela de novo. A pessoa que eu jurava que nunca mais veria na vida tinha sido essencial para me livrar de uma grande enrascada.

-Eu tinha que fazer isso. – ela me abraçou e então se despediu, indo embora com o marido logo depois.

Senti alguém me cutucar nas costas e então me virei. Era Tanya novamente.

-Eu sei que você não me quer aqui. – ela disse antes que eu pudesse esboçar qualquer reação. – Só quero que saiba que você se tornou importante pra mim, Emmett, mesmo nos conhecendo há tão pouco tempo... É algo que não consigo explicar...

Ela engoliu em seco e me beijou. Eu tinha ficado tão surpreso com aquilo que meu tempo de reação foi retardatário.

-Interrompo?

Retardatário demais.

Afastei Tanya de imediato e meu coração se comprimiu ao vê-la ali na minha frente com a expressão tão dura.

-Rose... – eu não sabia se ria ou chorava. Ela tinha resolvido me dar outra chance ao vir até Chicago, mas tinha acabado de presenciar o que acabara de vez com os últimos resquícios de esperança que eu tinha.

Rosalie não chorou, apenas deu um sorriso amargo.

-Eu não devia ter vindo. – ela saiu andando, mas eu a peguei pelo braço.

-Me deixe explicar. – pedi.

-O que eu acabei de ver, Emmett... – ela mordeu o lábio inferior. Sempre fazia aquilo quando estava nervosa. – Ao que eu acabei de ver aqui não cabe explicação.

Ela saiu andando mais rápido dessa vez, mas eu não podia deixá-la ir.

-Rosalie... – segurei em seu braço novamente. – Eu amo você. Só você.

Ela me encarou com raiva. Seus olhos estavam marejados.

-Estranho esse seu jeito de amar. – ela afirmou e correu para longe.

Fiquei congelado no lugar por alguns segundos, mas logo estava de novo atrás dela. O tilintar de sapatos de salto no chão e os soluços atrás de mim denunciavam que Tanya nos seguia também.

-Rosalie! – gritei, mas ela não parou de correr. Acho que ela só não queria ter que parar.

-Emmett! – Tanya chamou atrás de mim, mas não me virei. Ela chorava também. – Me desculpe, Emmett...

Gostaria de consolá-la. Gostaria mesmo. Não sou nenhum monstro a ponto de ver alguém chorando e deixar por isso mesmo, mas não podia ignorar Rosalie. Não podia perdê-la de vista.

E era ela quem eu mais gostaria de consolar naquele momento.

-ROSALIE! – gritei o mais alto que pude e comecei a correr ainda mais rápido.

Alcancei-a com um braço e então a agarrei, tentando fazê-la olhar pra mim. Àquela altura estávamos em uma praça pública de Chicago.

Rose se debatia com força, chorando muito.

-Olha pra mim... – pedi sem soltá-la.

-Eu te odeio! – consegui virá-la para mim, mas Rosalie não olhou em meus olhos. Ela então começou a bater em meu peito. – Eu te odeio, eu te odeio...

-Shhh... – abracei-a. Olhares confusos nos cercavam. – Shhh... Rose, olha pra mim...

Ela continuava a me dar socos. Certamente alguns pequenos hematomas apareceriam em mim mais tarde, mas eu não me importava.

-Eu te odeio... – ela continuou a xingar, mas depois acabou enterrando sua cabeça em meu peito, perdendo as forças. – Eu te odeio, Emmett McCarty! Você é um idiota!

-Olha pra mim, Rose... – pedi outra vez. Ela apertou minha camisa, chorando muito. – Foi um mal entendido, meu amor. Eu nunca faria isso.

-Eu vi! Eu vi, Emmett! – ela finalmente me encarou. Seus olhos estavam bastante inchados e vermelhos. Seu corpo todo tremia.

Abracei-a com mais força, mas ela estava irredutível e bastante nervosa. E aquilo só prejudicava a ela e ao bebê.

-Ele está falando a verdade. – me surpreendi ao ouvir a voz chorosa de Tanya outra vez. – Foi minha culpa. Toda minha.

Rosalie afundou mais a cabeça em meu peito e começou a chorar ainda mais, como se ainda fosse possível.

-Eu fui impulsiva por atender o celular dele naquele dia. E fui impulsiva novamente hoje quando vim até aqui. – ela continuou a explicar tudo. Eu não dizia nada. – Na verdade, fui impulsiva desde o começo. Eu o convidei para sair comigo mesmo quando soube que ele era comprometido...

Rosalie elevou o olhar e me senti confortável para soltá-la. Ela encarava Tanya de um jeito de cortar o coração.

-Você... Eu sabia que reconhecia essa voz – ela parecia bastante surpresa. – Você é a aeromoça que me ajudou no dia em que Emmett embarcou!

Tanya também parecia admirada como se tivesse acabado de se lembrar.

Agora eu é que não estava entendendo mais nada. Elas já se conheciam?

-Eu sinto muito. – Tanya disse pela quinquagésima vez, suspirando. – Eu vou embora. Eu prometo não procurá-los mais.

Ela me lançou um último olhar e nos deu as costas, saindo correndo.

-Eu... – tentei dizer alguma coisa.

-Você não me disse nada sobre isso. – Rosalie me interrompeu. Ela já tinha parado de chorar, mas seu rosto ainda estava cheio de lágrimas. – Vocês iam sair juntos, Emmett?

Suspirei.

-Não disse nada porque sabia que reagiria dessa forma. – disse a verdade. – Mas eu juro que não estava fazendo nada e nem pretendia. Nunca quis enganar você.

-Mas enganou. – ela me encarou com dor explícita no olhar.

-Eu só não disse nada. – me defendi. – Você estava estranha, não estava falando direito comigo. Eu precisava sair e me distrair.

-Eu estava com problemas de família e não queria te preocupar! – ela se exaltou.

Os olhares curiosos estavam mais atentos do que nunca.

Respirei fundo para não ficar nervoso.

-Tudo bem. Você está certa. – dei-me por vencido. – Eu devia ter dito tudo, mas acho que você também podia ter me contado. Omitir a verdade me deixou mais preocupado ainda.

Rosalie suspirou e olhou para baixo. Aproveitei a deixa para me aproximar novamente e a abracei.

Desta vez ela não se debateu, tampouco retribuiu o toque. Apenas me deixou ficar ali.

-Me perdoa? - pedi.

Rosalie, em resposta, abraçou meu pescoço e eu retribuí o afeto com mais firmeza do que antes, beijando seu cabelo.