Capítulo 36

Lost sight

Visão perdida

Couldn't see

Não pude ver

When it was you and me

Quando erámos você e eu

Blow the candles out

Assopre as velas

Looks like a solo tonight

Porque estou sozinho esta noite

Candles – Hey Monday

Emmett POV

De repente eu já não sentia minhas pernas, e desabei na cama, procurando apoio. Rosalie tinha terminado comigo? De verdade?

Será que não era uma pegadinha?

Eu devia estar dormindo. Logo eu acordaria e estaria com ela e com as crianças, em casa, contando os dias pro nascimento do nosso bebê.

Fechei os olhos com força, desejando que tudo aquilo fosse, de fato, um pesadelo. Mas então os abri de novo. Tanya me encarava, ajoelhada em minha frente, com olhar pedante.

-Eu nem sei como dizer o quanto sinto muito, Emmett. – ela começou a chorar. – Não foi minha intenção. Eu juro a você. Quando o celular começou a tocar, eu até te chamei, mas você não ouviu...

Eu encarava o vazio.

-Emmett, por favor, me perdoe... – ela pediu aos prantos. – Se tiver alguma coisa que eu possa fazer...

-Tem sim. – eu disse em uma voz definitiva. Ela me encarou com os olhos cheios de lágrimas, esperando que eu continuasse. – Desaparece.

-Emmett, por favor... – ela colocou as duas mãos no rosto. – Me perdoe... Tive a melhor das intenções quando atendi ao celular, eu juro.

-Você invadiu a minha privacidade. – destaquei. – Acabou com meu casamento antes mesmo que se tornasse oficial. E, provavelmente, acabou de me impossibilitar de ver meu filho nascer.

-Emmett...

-Tanya. – encarei-a pela primeira vez. – Vá embora.

Ela, enfim, assentiu e se levantou, limpando algumas lágrimas que ainda rolavam pelo seu rosto. Sem dizer mais nada, ela fechou a porta atrás dela.

Agora eu estava sozinho de vez.

Rosalie POV

-Ah Rose... – Alice me abraçava com um só braço. Daphne ocupava o outro. – Você tem certeza?

-O que você faria, Alice? – recomecei a chorar. – Uma mulher atendeu o celular dele! E tanto ela quanto ele vieram com aquele papo de “não é o que você está pensando”. Eu sei exatamente que quando dizem isso é exatamente o que se está pensando que está acontecendo!

Alice me abraçou o mais forte que conseguiu e começou a chorar comigo.

-Justo agora, sabe? – me lamentei. – Precisava tanto dele nesse momento. Me sinto perdida.

-Você tem a nós e sempre vai ter. – Alice me consolou, fazendo menção a minha família. – E você logo logo vai ter outro alguém para se apoiar.

Minha melhor amiga pousou sua mão em minha barriga e então o bebê chutou. Ri entre lágrimas.

-Vai ficar tudo bem, Rose. – ela garantiu. – Sempre fica.

-Eu sei. – eu a beijei no rosto e a abracei novamente.

Emmett POV

Eu nunca pensei que a história com Rosalie fosse terminar desse jeito.

Na verdade, eu não pensava que fosse terminar.

Eu me imaginava com ela em uma varanda, de cabelos grisalhos; nós dois cercados de netos correndo pelo quintal. Imaginava olhar para ela e, apesar de todas aquelas rugas e marcas de expressão, ainda enxergar a mulher mais linda do mundo na minha frente. A mulher da minha vida.

E a realidade, mais uma vez, me dava um soco na cara.

Primeiro, essa história de julgamento. Depois, o término ridículo e sem propósito com Rosalie.

Agora que minha vida tinha, de verdade, dado sua guinada de 180 graus, eu não me importava mais se fosse considerado culpado ou inocente. Tinha perdido tudo, agora não seria diferente.

Encarando o vazio da mesma forma que antes, eu estava conformado com a vida miserável que eu teria pela frente.

Talvez esse fosse meu carma: viver infeliz; sem ninguém por perto para se importar de verdade comigo como Rosalie fizera.

Acho que eu não tinha vindo a esse mundo para ser a primeira opção de alguém. Tinha vindo única e exclusivamente para sofrer; e essa deveria ser a resposta de todas as minhas perguntas.

Eu estava tendo o gostinho da felicidade, e então Deus me tomou tudo, como se dissesse que aquela vida não era minha, e sim a que eu queria ter.

Era tudo um sonho, uma fantasia que tinha se realizado por algum tempo. Mas, escutei Deus dizendo dentro da minha cabeça, eu tinha que me conformar.

Eu não estava destinado à felicidade. Era esse meu carma por ter destruído minha vida anos antes.

Talvez em uma realidade paralela a nossa, em que eu não tivesse usado drogas, eu conheceria Rosalie e viveria com ela uma história digna de um final “feliz pra sempre”.

Pena que nossos sonhos nem sempre são reais. Pena que uma realidade paralela não passe de uma fantasia, nada mais do que isso.