Capítulo 26

Said, woman, take it slow

Eu disse, mulher, vá devagar

And it'll work itself out fine

E tudo vai dar certo

All we need is just a little patience

Tudo o que nós precisamos e de um pouco de paciência

Patience – Guns N’ Roses

Rosalie POV

-Eu sou assim mesmo tão inútil?! – Kayla se lamuriou, e eu apenas lhe dirigi um sorriso compreensivo. Nós estávamos na sala dela há aproximadamente três horas, tentando resolver a confusão na qual ela tinha se metido.

Eu a ajudava com toda a paciência do mundo. Primeiro, porque o negócio não era assim tão sério e podia ser resolvido facilmente. E segundo, porque ela me lembrava muito quando ingressei nessa grande cadeia de associados. Eu, por outro lado, ainda tinha mais motivos para me preocupar: o edifício pertencia aos Hale, e eu sou uma Hale – tinha que ser perfeita em tudo o que fazia para que as pessoas me respeitassem por tudo o que eu havia conquistado. Eu tinha que provar para todos que não estava ali porque era o caminho mais fácil; e sim porque era naquilo que morava minha paixão.

-Claro que não é inútil! – ri um pouco. Todos os novatos se comportavam exatamente da mesma forma. Chegava a ser engraçado ver isso de fora.

Na verdade, agora eu conseguia entender porque meu irmão e meus pais sempre riam da minha cara quando eu me sentia em uma situação sem volta. Eles sabiam que tudo aquilo era exagero da minha parte; dilúvio em tampinha de xarope.

-Como não pude ver isso? – Kayla estava com as duas mãos cobrindo o rosto; seu corpo jogando sinais de que estava com vergonha.

-Logo você pega o jeito. – garanti-lhe. – Você está aqui há pouquinho tempo. Essas coisas aconteciam muito comigo também.

-Sério? – ela arqueou uma sobrancelha.

-Claro que sim! – sorri. – Bom, você precisa de ajuda em mais alguma coisa?

-Acredito que não. – Kayla fez uma careta, com certeza decepcionada consigo mesma. Eu entendia muito bem aquela sensação. – Obrigada, Rose. Você me ajudou muito hoje.

-Eu que tenho que te agradecer, na verdade. – dei de ombros. – Foi bom lembrar de mim mesma no começo. Um dia vai acontecer o mesmo com você.

Kayla sorriu e foi a minha vez de fazer uma careta.

-O que foi? – ela me encarou como se eu fosse demente.

-Dizendo isso soou como se eu estivesse velha. –um frio percorreu a minha espinha, mas eu ignorei a sensação com uma gargalhada, e minha mais nova colega de trabalho me acompanhou. – Bem, vou voltar pra casa. Qualquer coisa que estiver em dúvida, estou disponível para ajudar, ok?

-Tudo bem. Obrigada, Rosalie. – ela me agradeceu. Levantei-me, enfim, e fui em direção a minha sala arrumar minhas coisas para ir embora. Já se passavam das sete e meia.

-Hy? – estranhei ao vê-la debruçada sobre sua mesa.

Ela levantou a cabeça. Seus olhos tentando se acostumar com a luz fosforecente.

Ela estivera o tempo todo dormindo.

-Jasper não voltou? – perguntei.

-Jasper? – ela coçou a cabeça, pensando um pouco; e depois pareceu ter sido acordada bruscamente com um balde de água fria. – Ah, meu Deus! Jasper! Ele voltou?

Eu ri.

-Foi justamente o que eu acabei de te perguntar. – balancei a cabeça. – Ah, Heidi. Você não tem jeito.

-Rose, por favor, não diga nada a ele! – ela parecia desesperada. Pegou um espelho que jazia em sua mesa e começou a arrumar o cabelo freneticamente. – Deus, e se ele voltou e me viu dormindo?! Rose, eu perdi o meu emprego!

-Claro que não, sua boba. – gargalhei. – Pare com isso. Jasper não voltou não... Se ele tivesse voltado com certeza a teria chamado. Ele não é de fazer coisas às escondidas. Deve ter ficado em casa com Alice.

Heidi suspirou.

-Deus te ouça. – ela parecia mais aliviada. – Que horas são?

-Quase oito. – respondi. – Vá pra casa. Está tarde.

-Talvez seja melhor ficar, ele pode querer voltar e é bom que eu esteja aqui. – ela afirmou. Embora a sentença fosse de decisão, Heidi parecia em dúvida.

-Vá logo, Hy. – mandei. – Demetri vai ficar preocupado com você sem dar sinal de vida.

Ela suspirou e por fim concordou. Demetri era o namorado da vez – ela nunca ficava mais de alguns meses com o mesmo cara, mas... Não sei. Ele já tinha vindo vê-la no escritório. Era um rapaz legal e podia dar certo.

-Até amanhã, Rose. – ela se despediu de mim com um beijo no rosto.

-Até. – despedi-me também e caminhei em direção a minha sala. O andar já estava praticamente às moscas.

-Onde, onde... – é, eu falava sozinha quando não havia ninguém. Avistei minha bolsa em cima de minha mesa mesmo e a enrosquei no braço, enquanto eu apenas ajeitava alguns papeis.

Estaria tudo muito bem se eu não tivesse reparado em um cara escondido atrás da cortina.