Capítulo 20

I know it gets hard sometimes

Eu sei que fica difícil algumas vezes

But I could never

Mas eu nunca poderia

Leave your side

Sair do seu lado

No matter what I say

Não importa o que eu diga

Cause if I wanted to go I would have gone by now

Porque se eu quisesse ir, já teria ido

Better than I know myself – Adam Lambert

Emmett POV

Por falta de lixo, coloquei o cartão no bolso da jaqueta que usava. E, além disso, seria falta de educação jogar o negócio fora com a mulher que o tinha me dado me lançando olhares o tempo todo.

Sinceramente, eu já estava envergonhado.

Depois de dar uma passada pelo avião todo, Tanya parou em frente ao meu assento com o mesmo sorriso de antes. Dei um sorriso sem graça pra ela, e então comecei a beber água de novo.

Ela riu.

-Está nervoso por quê? – ela peguntou de forma doce. Eu até podia me interessar por ela se não fosse apaixonado por Rosalie.

-Porque... – me enrolei. Engoli mais um pouco de água e tomei coragem para dizer logo a verdade. Era mais honesto. -É que acho que te dei a impressão errada.

Ela me lançou um olhar confuso e então tirei o cartão do bolso de minha jaqueta.

-Isso pertence a você. – entreguei-o a ela. – Sinceramente não posso aceitar.

A expressão de confusão logo cedeu espaço a vergonha em seu rosto imaculado.

-Certo. Você é comprometido. – ela disse quando entendeu o que quis dizer. – Me desculpe.

-Me desculpe por ter permitido que entendesse errado. – dei um sorriso sem graça.

-Devemos começar de novo? – ela perguntou. Eu assenti. – Se você já não leu no cartão ou no meu crachá, meu nome é Tanya. Tanya Denali.

-Emmett McCarty. – apertamos as mãos e sorrimos.

Rosalie POV

-Grace... – ameacei dizer quando a mãe de Alice segurava Daphne, mais calma, no colo.

Ela elevou o olhar até encontrar o meu e suspirou.

-Eu exagerei, eu sei. – ela se lamentou. – Alice não deveria saber disso. O assunto era meu e de George. Eu só... Eu não consegui me controlar. Ele faz isso comigo.

Dei um sorriso compreensivo. Daphne já não chorava mais no colo da avó, mas também estava exaltada demais para voltar a dormir. O clima lá embaixo ainda era de discussão.

-Como você sabia? – quebrei o silêncio de minutos.

Grace me encarou outra vez. Sua expressão, ao contrário da usada na briga com o ex, era tranquila.

-Conheço George melhor do que eu mesma. – ela confessou. – Ele tem um aplicativo no celular que remete a um site de apostas de um cassino famoso de Las Vegas que ele costumava frequentar. Ele disse que tinha parado de jogar, e Alice e eu preferimos acreditar. Quer dizer, eu preferi acreditar. Alice não sabia nada do negócio do celular. Eu fui uma idiota, Rosalie.

Olhei para ela com a expressão mais compreensiva que consegui dentro de mim. Era a primeira vez que eu via Grace reconhecer o próprio erro, e isso era extremamente importante.

-Talvez... – ameacei dizer, mas me calei logo em seguida.

Ela arqueou a sobrancelha, em um claro sinal para que eu continuasse. Balancei a cabeça.

-Talvez...? – ela insistiu. Eu tinha que falar.

-Talvez... – recomecei a dizer. – Não fique irritada comigo, Grace, mas eu acho que você deve pedir desculpas a ele.

Ela abaixou o olhar. Não parecia brava, apenas... Pensativa. Eu sabia exatamente o que ela debatia em seu interior. Ela sabia que eu estava certa, mas não queria dar o braço a torcer. Era George, afinal das contas. E George era o Royce dela. O ex-marido.

Mas ainda assim, era diferente, insisti comigo mesma. Entre mim e Royce nunca tinha de fato existido “amor”.

Respirei fundo e decidi ficar quieta. Nunca deixaria de acreditar que George e Grace ainda se amavam e só não queriam admitir, mas não falaria aquilo para ela.

Pelo menos não naquele momento. Não era a hora certa.

-Vou pensar a respeito. – Grace disse após um tempo em silêncio. Dei um sorriso. Pelo menos ela não tinha dito “não” de uma vez.

Grace sorriu para mim também e, juntas, percebemos Daphne finalmente adormecida. Com delicadeza, a mãe de Alice depositou a neta de volta ao berço, de onde ela não deveria sair tão cedo se tudo continuasse daquele jeito lá embaixo.

De uma hora para outra, George e Alice haviam parado de discutir. Quer dizer, pararam de discutir para a vizinhança ouvir. Eles ainda podiam estar brigando lá embaixo, só que em um volume mais controlado.

-Vamos descer. – Grace anunciou.

-Pegue Daphne. – pedi. Ela me lançou um olhar confuso, e então eu acrescentei: - Eles não vão recomeçar a gritaria com Daphne lá embaixo.

Grace então assentiu, entendendo meu ponto de vista, e, com a maior delicadeza que conseguiu, tirou Daphne do berço novamente e a manteve em seus braços. Em silêncio, descemos as escadas e, chegando novamente no andar térreo do sobrado de Alice e Jasper, entendemos porque a discussão tinha ganhado proporções menores.

Meu irmão estava em casa.