“Gerard Way”. Esse nome se repetia na minha cabeça diversas vezes.

Gerard Way era diferente, interessante, misterioso, inteligente... Suas qualidades eram infinitas. Ele tinha a capacidade de confundir as pessoas apenas com olhares, mas também era capaz de fazer uma pessoa sentir-se totalmente idiota com o mesmo ato. Gerard Way era capaz de explicar o mundo, se você soubesse compreender.

– Quer um cigarro? – Perguntou ele, com sua típica voz rouca.

Ainda estávamos no parque, e algumas horas passaram-se desde a comparação de Gerard sobre crianças e bebidas. Já estava escuro, e uma lua iluminava o céu efeitado de milhares de estrelas. O lugar encontrasse vazio, exceto por nós dois.

Olhei-o. Gerard tirara sua típica jaqueta de couro e, agora, vestia apenas uma camiseta preta e suas calças escuras. Na camiseta, via-se uma caveira branco e, logo abaixo, lia-se o nome The Misfits. Sorri ao ler o nome da banda.

Olhei mais abaixo e vi seus braços à mostra. Ele não era musculoso, mas isso não fazia diferença. Algumas cicatrizes deixavam-se serem vistas em seu antebraço. Aproximei meus dedos tatuados e toquei de leve sua pele.

Áspera, como a sua personalidade.

– Frank? – Perguntou Gerard, fazendo-me voltar minha atenção ao seu rosto.

Seus lindos olhos verdes, contornados por lápis de olho preto, me analisavam, como se ele esperasse alguma resposta. Sua testa franzida apenas confirmou meus pensamentos, e percebi que ele realmente prestara atenção a todos os meus movimentos.

– Eu, ah, me desculpe... Não estava prestando atenção. – Respondi, ficando um pouco corado.

Ele deu um sorrisinho e olhou para baixo, fazendo um gesto para seus braços, onde eu ainda mantinha minhas mãos.

– Oh, eu não percebi. Me desculpe mesmo, Gerard. – Respondi, corando ainda mais coma situação.

– Não há necessidade de sentir-se envergonhado. Curiosidade é normal e eu não vou condená-lo por isso. – Disse ele, sorrindo em minha direção. Foi a primeira vez que recebi um sorriso inocente dele. Um sorriso lindo, aliás.

– Você já se apaixonou, Frank? - Perguntou, fazendo meu coração disparar por não estar esperando a pergunta e por ele parecer estar lendo meus pensamentos. Não que eu estivesse apaixonado por ele, é claro...

– Eu acho que não. Na verdade, eu sei que não. Já me senti atraído por algumas meninas, mas elas não quiseram nada comigo. – Sorri sem jeito, como se não me importasse com o fato. Acho que falhei.

– Você foge do amor, Frank. Você tem medo de se apaixonar e isso está escrito no seu rosto... Eu poderia até dizer que você está apaixonado no momento, mas não consegue admitir nem a si mesmo. – Olhei-o boquiaberto. Como ele poderia saber? Ao ver minha expressão, ele apenas soltou um riso leve. – Ou não, posso estar enganado. O fato, pequeno, é que o amor é uma coisa difícil, porém, fugir dele torna-se mais difícil ainda. Deveria pensar sobre isso.

Ele estava certo, eu não deveria fugir de nada. Mas quem não estava certo nessa história toda era eu. Eu não sabia o que estava sentindo. Eu nunca havia me apaixonado e não sabia como era. Eu sempre estive esperando a pessoa certa, e Gerard parecia ser a pessoa certa. Ele me entendia.

Ao olhar para ele, eu não via mais o cara maluco e revoltado, eu via a mim mesmo.

Mas eu não podia estar apaixonado... Não por ele.