O tempo passou rápido, e junto com ele veio o inverno rigoroso na cidade. Já estavam na terceira semana de dezembro, e a neve já caia por ali. A cidade verde dava lugar a cor branca em quase todos os lugares do lado de fora das casas.

     Jacob estava trabalhando na oficina, quando recebeu um chamado para ir buscar um carro na casa da senhora Calton, uma velha senhora viúva que morava próxima a casa de Billy. Como a distancia entre a oficina e a casa não era grande, decidiu por ir a pé mesmo. Estava ansioso, tinha comprado a torta favorita de Renesmee para a sobremesa daquela noite, pois sabia que ela chegaria cedo em casa – já alguns dias ela estava chegando tarde, por causa de vários acidentes que sempre aconteciam nessa época do ano -  queria fazer um jantar romântico, e quem sabe no final da noite receberia uma recompensa. Com esse pensamento abriu um pequeno sorriso sacana.

    Quando ele chegou deparou se com a senhora Calton logo na entrada da casa, ela estava toda agasalhada, e do pouco que se via de seu rosto entre o cachecol e a touca em sua cabeça, era seu fino nariz todo vermelho pelo frio. Ela esperou o chegar à porta e o levou até a pequena garagem que ficava ao lado da casa, perguntando pelo caminho como estava Renesmee e os garotos da oficina – antes da morte de seu marido, a velha senhora os via muito, pois sempre seu amado estava a ir na oficina a namorar os carros e seus motores velozes, mas depois do triste infarto sofrido pelo mesmo, ela pouco pode dos garotos.

     Jacob olhou o carro por alto, mas não quis se aprofundar em busca do que estivesse errado, estava começando a escurecer e Renesmee poderia chegar e não encontrá-lo em casa, sendo assim disse a senhora:

     - Bom, desculpe senhora Calton, mas não pude encontrar nada de errado no pouco que olhei, eu vou levar seu carro para a oficina e lá poderei ver o que tem de errado. Tudo bem?

     - Tudo bem meu filho, eu não estava pensando em usar o carro por esses dias, esta nevando muito, mas toma cuidado. Essas ruas estão um perigo por causa do gelo. E, Jacob. Você por acaso poderia colocar aquelas correntes de neve na roda do carro? Tenho muito medo de dirigi-lo com o tempo assim!

     - Com certeza Senhora. Coloco sim. Bom, já vou indo, antes que escureça. Boa noite.

     - Boa noite meu filho, e tome o máximo de cuidado.

     Sob mais algumas recomendações, Jacob entrou no carro, e pôs se a dirigir de volta para a oficina. Já estava pensando em parar no mercado e comprar algumas velas para dar um clima de romance ao jantar, quando sentiu algo em seu bolso vibrar. Enquanto dirigia com a mão direita, conseguiu tirar o celular do bolso de seus jeans, e viu na pequena tela do celular brilhar em verde com umas letrinhas pretas, escrito um nome que ele achou que nunca mais iria ver.

     Atendeu o celular, ainda com a mão esquerda, e colocou-o entre o ombro direito e o ouvido, para que pudesse segurá-lo.

     - Alô – Atendeu um pouco hesitante.

     - Por favor, Hmmm... Esse é o numero de Jacob Black? – uma voz fina de mulher perguntou do outro lado da linha.

     - Sim, ele quem fala. Quem é? – mesmo tendo certeza de quem era, queria escutar ela dizendo.

     - Jacob. Quanto tempo. Nem sei se vai se lembrar de mim. Sou Leah... Leah Clearwater.

     Leah. O único nome que foi capaz de atormentá-lo durante exatos quatro anos, quando ele finalmente decidiu seguir em frente. Voltar a viver a sua vida. Sem ela. Leah Clearwater, a garota mais desejada do seu tempo de colégio, e que tinha dado a ele a chance de estar com ela.

     Leah e Jacob namoraram durante três anos, três perfeitos anos para ele. Ou era o que ele pensava. A amou de uma forma intensa, dando todo o seu ser, para depois do colégio ela entrar em uma agência de modelos, e o enxotar, trocando ele por um modelo de capa de revista. Ele sofreu durante os quatro anos seguintes, quando finalmente Quill – que estudava com ele desde pequeno – o apresentou a uma amiga da namorada dele: Renesmee.

     Nessie conseguiu tira-lo da profunda solidão em que ele entrou, e ele aprendeu a amar ela.

     - Jacob? Jacob, você ainda esta ai? – Jacob saiu da onda de pensamentos que entrava, e voltou aprestar a atenção no telefone e na estrada. Uma descida estava próxima, e ele tinha que estar atento por causa da neve.

     - Sim, sim Leah, ainda estou aqui. Quanto tempo. O que me trás essa sua ligação?

     - Eu estou de passagem na cidade, e estava com saudades.

     - Está na cidade – Jacob não sabia explicar, mas uma alegria se fez em seu coração ao saber disso. Mesmo amando Renesmee, ele sabia que ainda nutria algum tipo de sentimento por Leah, mesmo o mínimo dos sentimentos – Nossa, que bom. O pessoal vai gostar de saber disso. Já foi na casa de sua mãe?

     - Sim eu já fui. Mas então, eu estava pensando se podemos nos encontrar? Colocar o papo em dia, eu estava realmente com saudades.

     Nesse momento Jacob começou a descer a rua que o levaria à oficina. Ela estava muito escorregadia por causa de uma fina camada de gelo na pista. O pessoal do governo ainda não tinha passado naquela estrada com a máquina de tirar neve.

      Sem saber de onde veio, um cervo pequeno apareceu na frente do carro, fazendo Jacob desviar bruscamente, freando forte. Leah o chamou pelo telefone perguntando o que estava acontecendo. Mas ele não pode responder ou evitar em bater o carro fortemente contra o tronco grosso de uma árvore. A frente do carro amassou com o impacto, machucando suas pernas, ele também pode sentir uma forte dor na cabeça pela batida que deu contra o painel duro do carro e assim desmaiou. O para brisa quebrou espalhando vidro pelo chão estofado do veiculo e por todo o chão do lado de fora coberto de gelo.

     Algumas pessoas que estavam perto do local correram para socorrê-lo, enquanto outras discavam para a emergência.

     A tarde passou monótona, incrivelmente nenhuma vitima de acidente havia chegado desde as duas horas da tarde – onde o ultimo acidente tinha sido uma criancinha que havia caído de cima do escorrega da escola infantil local. Fim de ano era sempre muito trabalhoso no pequeno hospital de La Push, mas esse ano as coisas pareciam menos ruim.

     Renesmee estava lendo o livro “Eu sou o mensageiro”, na pequena bancada de emergência da recepção, onde ela atendia alguns enfermos quando o hospital estava cheio, quando ela escutou a sirene da ambulância vir da entrada de emergências.

     Dois médicos passaram correndo pela recepção, com um pequeno grupo de enfermeiros atrás. Renesmee suspirou cansada, ela queria muito que a noite caísse monótona como a tarde para ela chegar mais cedo em casa, mas pelo visto não seria isso que iria acontecer essa noite.

     Depois de alguns minutos com pessoas indo e vindo da recepção, Clarie – também enfermeira – parou em frente a bancada com uma fisionomia no mínimo assustada e hesitante. Havia alguns riscos de lagrimas no seu rosto, e seu nariz estava bastante vermelho. Renesmee percebendo o estado da amiga logo corre para seu lado preocupada.

     - Clarie, esta tudo bem? – Falou o mais calma que conseguiu, para não alarmar mais ainda a amiga.

     - Nessie, prefiro que você se sente. Vai ser mais fácil. – Ela diz com uma voz embargada.

     - Clarie, você esta me deixando preocupada. O que houve? – O tom de Renesmee aumenta uma polegada.

     - Senta que eu te digo – Mesmo relutante Renesmee se senta em um banco próximo a bancada da recepção, levando a amiga consigo.

     - Agora me diga. Por que você esta chorando? – Ela pode observar que Clarie torcia os dedos uns nos outros, como sinal de nervosismo.

     - Nessie, você viu a ambulância chegar a pouco né?

     - Sim, eu vi. O que tem? – Depois de uma parada para retomar o fôlego, Clarie continuou.

     - Nessie, o Jacob chegou nessa ambulância.

     - Oh Meu Deus, o Jacob? O que aconteceu? – Renesmee se sentia um pouco confusa com o que a amiga dizia. “Por que Jacob viria ao hospital em uma ambulância?”

     - Calma nós ainda não sabemos como ele está – A amiga dizia fungando.

     - Eu quero vê-lo. Onde ele esta Clarie? – Lágrimas enchiam os olhos de Renesmee, ao dizer isso.

     - Não Nessie espera. Ele esta em uma cirurgia. – Disse ela segurando a mão de Renesmee que se preparava para levantar.

     - Oh Meu Deus, cirurgia? – Nessie já estava chorando nessa, e pegou nos ombros da amiga a balançando – O que aconteceu? Por que ele esta numa cirurgia?

     - Quill, me disse que ele perdeu o controle do carro e bateu numa arvore. Mas fique calma tá, pelo que eu vi, ele estava desacordado, mas só tinha alguns cortes nas pernas. – Clarie estava claramente se esforçando para acalmar a amiga, o que não estava dando muito certo, pois a mesma chorava muito.

     - Me acalmar como? Clarie. MEU MARIDO ESTA NO MEIO DE UMA CIRURGIA POR QUE ENTÃO? – Renesmee se desesperou e começou a gritar.

     - Ele bateu com a cabeça, mas creio que não é nada grave. Fique calma. 0-Esta falava mais baixo, tentando desviar a atenção das duas.

     - E-Eu vou ligar para minha mãe. Vou pedir para ela vir para cá. Obrigada Clarie.

     Renesmee tentou dar um sorriso que saiu no mínimo uma careta triste para a amiga, e se pôs a ligar para mãe pelo telefone da recepção.

     - Alô – A voz tão conhecida da Senhora Cullen se fez ouvir do outro lado da linha. Renesmee não se agüentou ao ouvir a voz da mãe, e tornou a chorar.

     - Mãe... Mãe a senhora poderia vir aqui no hospital?

     - Nessie? Filha  o que aconteceu?

     - O Jake, sofreu um acidente e... A senhora poderia vir. - Continuou ela ainda chorando.

     - Claro, filha. Já estou indo. Fica calma ok?

     - Tá, mas vem, por favor. – Praticamente implorou a mãe.

     - Tá bom.

     Nessie desligou o telefone e voltou para o banco onde colocou a cabeça no colo de Clarie, e pode chorar livremente. Alguns minutos se passaram e nenhuma noticia, Renesmee estando cansada pelo dia que tivera e mais a noticia do acidente de Jacob, acabou adormecendo ali mesmo, sentada toda sem jeito.