Entre o ódio e o amor escrita por Teddie, Madu Alves


Capítulo 19
A loirinha e seu namorado




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Christopher’s POV

            - Minha vida acabou. Não tem mais sentido viver com essa dor no meu peito. Eu queria morrer para acabar com isso - disse, enquanto rolava no chão da sala.

            - Christopher, pare de fogo na bunda. Não tem nem um dia que ela foi, deixe para fazer esse drama todo depois da primeira semana - Charlie ralhou e Joe, que estava agarrado a ela no sofá, riu.

            - Você fala assim porque não sabe como é a dor da separação Charllote... pensando bem, você sabe sim - refleti.

            Antes que pensem coisas terríveis, Madeline não morreu. Apenas fora passar as férias da faculdade com o pai, em Londres. Ela me convidou para ir junto, mas eu sabia que ela queria ficar um pouco só com o pai, já que eles eram muitos chegados. Minha mãe também queria que eu fosse passar as férias em casa, mas eu recusei por causa da Madeline. Até saber que ela também viajaria.  Enfim, eu ficaria aqui em Oxford e a minha garota iria ficar com o pai.

            - Pelo amor de Deus, Christopher. Ela te bateria se te visse assim - Charlie disse.

            - Se ela estivesse aqui comigo, eu não precisaria de estar assim.

            Foi nesse momento que a Charlie se soltou do Joe, veio até mim e me deu um tapa na cara.

            - Obrigado - disse, massageando minha face.

            - Disponha. Agora tente relaxar, em 1 mês ela está ai.

            Depois do choque de realidade que levei - e que doeu, só para constar - ficamos conversando numa boa sobre tudo, embora eu tivesse noventa por cento de certeza de que estava segurando um castiçal.

(...)

            - Isso é definitivamente muito gay, mas é divertido - Charlie disse enquanto sacudia os braços ao ritmo de California Gurls.

            Estávamos eu e ela dançando no Wii do Joe, e ele estava rindo da minha cara. Só porque eu dançava bem.

            - Christopher - ele começou - Você não precisa rebolar igual a bonequinha enquanto dança. É só mexer os braços.

            - Mas se eu rebolar, eu ganho mais pontos. Eu faço movimentos iguais aos dela. Califórnia, Califórnia gurls. Califórnia, Califórnia gurls. - cantei a ultima parte enquanto rodava os braços e mexia os quadris.

            - O que a Madeline viu em você garoto?- perguntou Charlie, depois de perder feio para mim no jogo.

            - Minha beleza, inteligência, senso de humor, modéstia, humildade. Já disse beleza? - ela revirou os olhos e eu ri junto com o Joe.

            Foi nessa hora que ouvimos o barulho de malas rolando o chão, e a voz da Kate xingando baixinho. Quando a olhamos, ela acenou rapidamente e saiu porta afora. Era impressão minha ou lágrimas estavam saindo dos olhos da loirinha? Logo depois vimos Thomas chegando abatido e se sentando ao meu lado.

            - Eu sou um idiota. Faço tudo errado. Agora ela vai lá, pro namoradinho com nome de um Beatle, e fingir que ainda gosta dele - resmungou e eu automaticamente entendi. E pelos olhares de Joe e Charllote, eles também haviam entendido.

            - Calma cara, vai dar tudo certo. Logo ela volta para você - disse - Agora, vamos dançar um pouco e esquecer o clima chato que ficou agora.

            Puxei Thomas e escolhi Party Rock Anthem para eu Thomas dançarmos. Logo que a musica começou, eu comecei a imitar o bonequinho.

            - Sério que você tem que rebolar igual viado enquanto dança, Christopher? - Thomas perguntou, enquanto sacudia os braços.

            Ai, eu quero a minha menina de volta. Só ela me entende no meio desse bando de doido.

Thomas’s POV.

            Eu estava dançando, mas meus pensamentos não paravam de ir na cena vivida anteriormente. Kate não saia da minha cabeça e isso era horrível, principalmente depois do que aconteceu.

            Vamos voltar um pouco, para você, leitor, entender um pouco o que aconteceu.

            Eu estava saindo do meu quarto, feliz da vida, cheirosinho, arrumado, para chamar a Kate para sair. Como amigos, é claro.

            Quando entrei em seu quarto, levei um choque. Havia malas espalhadas pelo chão e Kate estava colocando as roupas dentro das mesmas. Meu sorriso foi diminuindo gradativamente.

            - Vai para onde? - perguntei.

            - Liverpool. Eu.. eu preciso ver John - respondeu com um sorriso triste.

            Nesse momento, eu senti que eu não podia só falar ‘tudo bem’, eu precisava agir.

            - Não vá Katherine, fique aqui comigo. Sabe, eu... eu não consigo ser só o seu amigo, que tem que te ver suspirar por causa do namorado que mora longe. Ou porque ele não anda te dando atenção. Eu... eu preciso de você do mesmo jeito que o Chris precisa da Madeline, e a Charlie do Joe. - eu a olhava intensamente e ela sustentava esse olhar, mas eu sentia que ela queria chorar.

            - Me desculpe Thomas, eu não posso - ela deixou uma lágrima cair e rapidamente a secou - Me desculpe se não posso retribuir. Eu amo o John - disse sem muita convicção.

            - Mentira - acusei - Há tempos que você não sente mais isso pelo cara. Não negue que você sente algo por mim, Katherine.

            Ela enxugou mais lágrimas.

            - Desculpa Thommy - e passou por mim, carregando as malas para fora de seu quarto.

            Pelo visto acabou, Thomas. É a segunda garota que prefere outro cara a você - pensei me referindo a Madeline.

            O resto vocês já sabem. Eu mal, Christopher dançando igual viado. Eu só queria que a Kate acordasse e visse que o John não valia nada.

Katherine’ s POV.

            O trem se movimentava rapidamente e eu sentia que logo iríamos chegar. Liverpool estava perto e eu não me sentia em casa. Eu queria estar lá com Thomas, em Oxford. Vivendo como eu nunca pensei, mas incrivelmente gostava muito. Meus pensamentos ainda estavam na hora que Thomas disse que gostava de mim mais do que como um amigo. Eu sabia que era errado, já que eu sempre tive certeza de que amava John mais do que tudo. Só que naquele momento, eu só queria pular em cima de Thomas e beija-lo.

            Era por causa de toda essa situação que eu estava voltando para casa. Eu queria expurgar o sentimento torto que eu tinha pelo Thomas. Logo que desembarquei, vi meus pais acenando para mim. Os abracei e segui com eles para casa.

            Eles conversavam animadamente comigo, porém eu só conseguia responder “aham” “sim” “é”. Logo que chegamos, fui para meu quarto. Ele era tão rosa. Antes eu amava, agora eu achava um tanto infantil. Tomei um banho demorado e logo uma coisa veio em minha mente. Por que John não viera me buscar? Ele deveria saber que eu estava voltando, já que ele sempre vinha a casa de meus pais. Suspirei e sai do banho, vestindo uma roupa qualquer que eu peguei da mala.

            Desci e meus pais estavam a mesa conversando enquanto lanchavam. Logo que me sentei, perguntei o que estava vindo à minha mente:

            - Por que John não foi me buscar?

            - Querida, você o avisou? - papai perguntou.

            - Não, eu nunca consigo falar com ele. Ele nunca atende e quando o faz, é grosso e desliga rápido. Pensei que vocês tivessem conseguido falar com ele, já que ele sempre vem aqui.

            - Tem quase 3 meses que John não dá as caras aqui em casa, Kate. Vocês andaram brigando? - mamãe perguntou.

            - Se eu conseguisse falar com ele pelo menos.

            Eles notaram que falar sobre isso não me fazia bem e começaram a perguntar coisas sobre a faculdade e enquanto eu falava, não pude deixar de citar o povo com quem eu vivia e Thomas. Era impressão minha, ou mamãe sorriu estranhamente enquanto eu falava de Thomas.

            Jantamos e logo eu fui me deitar, estava muito cansada da viagem e meus problemas afetivos não melhoravam nadinha a situação. Quando estava quase caindo no sono quando ouvi a porta do meu quarto se abrir e minha mãe veio sussurrando no meu ouvido:

            - Amanhã, quando for ver John, faça o que tenha que fazer, mas siga seu coração.

            Eu entendi o que ela queria dizer. E estava certa. Eu iria terminar com John.

            - Obrigada mamãe.

            Ela sorriu bondosamente para mim e saiu do quarto, não tardei a dormir depois disso.

            Acordei com uma sensação estranha. Esperei até ser quase tarde para sair da cama e enrolei até ser quase noite para ir ver John e resolver essa situação.

            Andando pelas ruas, resolvi reparar em como a cidade estava. Era tudo tão antigo e bonito e eu nunca reparara, em 19 anos. Contornei o submarino amarelo que havia atracado na rua e virei, entrando na rua onde John morava. Minhas mãos suavam, eu nunca pensei que terminaria com ele.

            Eu sempre pensei que viveria para sempre com ele, que nos casaríamos e teríamos filhos. E morreríamos velhinhos e enrugados. Pelo visto eu estava muito errada.

            A casa estava aberta, porem tudo escuro e vazio dentro. Cheguei a pensar que não tinha ninguém em casa, mas havia barulhos vindos do segundo andar. Subi as escadas com pressa, os barulhos vinham do quarto de John. Parecia que estavam esmagando meu coração com uma bigorna. A porta estava entreaberta e quando eu vi a cena, mau coração caiu de uma altura de 20 metros.

            John estava lá, com uma garota na cama.

            Desci correndo, e sai da casa batendo a porta com força. Por que tudo tinha que ser assim? Não poderíamos apenas ser felizes?

            As lágrimas que se acumulavam em meus olhos, não resistiram e caíram. A noite estava fria e não havia estrelas no céu. Não agüentando mais minhas pernas, me sentei no chão, e me apoiei no grande submarino amarelo que havia atracado no chão. Então chorei. Chorei como nunca.

            Chorei porque pensei que eu ficaria com John para sempre. Chorei porque eu nunca pensei que ele seria capaz de fazer aquilo comigo. Chorei porque ele era meu melhor amigo. E chorei por estar sozinha. Eu chorei porque Thomas não estava ali para me ajudar, para me consolar. Eu queria tanto os braços dele me envolvendo naquele momento...

            Cansada de ficar ali parada no frio, peguei um táxi e mandei o motorista ir até a estação de trem. Paguei, tendo certeza que deixei uma quantia um tanto grande e fui até a moça que vendia as passagens.

            Procurei por Oxford, o próximo trem sairia as 10h00min. Olhei as horas e eram 09h50min.

            - Moça, quero uma passagem para o próximo trem para Oxford. Rápido.

            - Infelizmente não posso, as portas do trem estão quase fechadas. Não posso vender mais passagens.

            Merda. Pensei em qualquer coisa, e a mais desesperada veio em minha mente,

            - Por favor, é muito importante - entreguei separadamente do dinheiro da passagem, uma boa quantia para a moça. Que pegou e me deu a passagem.

            - Obrigada - disse e ela sorriu.

            Corri com toda velocidade para a plataforma, me perdi brevemente, mas quando achei o caminho certo, entrei, dando a passagem para o bilheteiro um tanto desajeitada.

            Sentei no local indicado e respirei fundo, o apito soou e o trem logo começou a andar. Eu iria voltar para Oxford. Para minha... casa. E se eu desse sorte, Thomas iria ficar comigo. 


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